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“Ella e John” é uma obra cinematográfica dirigida por Paolo Virzì e estrelada por dois ícones do cinema, Helen Mirren e Donald Sutherland. Lançado em 2017, o filme oferece uma reflexão emocionante e, por vezes, humorística sobre o amor e o envelhecimento.
A trama segue Ella e John, um casal de idosos que decide embarcar em uma última aventura juntos a bordo de seu trailer apelidado de “The Leisure Seeker”. Diante de desafios de saúde e enfrentando o inevitável peso dos anos, os protagonistas decidem quebrar a monotonia da vida cotidiana e reacender a chama de sua juventude.
Helen Mirren entrega uma atuação cativante como Ella, uma mulher forte e cheia de vida, enquanto Donald Sutherland, como John, traz uma mistura habilidosa de vulnerabilidade e sabedoria. A química entre os dois veteranos atores é evidente, proporcionando momentos de ternura e humor que ressoam com o público.
A jornada de Ella e John é pontuada por paisagens pitorescas, encontros inusitados e, acima de tudo, por uma história de amor que transcende as limitações físicas impostas pelo tempo. O filme aborda questões profundas sobre a natureza efêmera da vida e a importância de valorizar cada momento, mesmo diante das adversidades.
A direção de Paolo Virzì é habilidosa ao equilibrar o tom do filme, transitando entre momentos emotivos e cômicos. A trilha sonora envolvente complementa a atmosfera nostálgica, proporcionando uma experiência cinematográfica rica e multifacetada.
“Ella e John” é uma celebração da vida, do amor duradouro e da coragem de enfrentar o desconhecido, mesmo quando o corpo já não responde da mesma maneira. Uma narrativa comovente que toca os corações de todas as gerações, lembrando-nos da beleza que reside nos laços que construímos ao longo do tempo.
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A norte-americana Dorothy Hoffner, com seus impressionantes 104 anos de idade, quebrou o recorde mundial ao se tornar a pessoa mais velha do mundo a realizar um salto de paraquedas. O emocionante feito foi registrado pela equipe da Skydive Chicago e agora está eternizado no Guinness World Records.
A empresa de paraquedismo compartilhou entusiasticamente o evento em suas redes sociais, descrevendo a experiência como “incrível” e destacando a inspiradora jornada de Dorothy Hoffner. “Foi incrível ajudar nossa amiga de 104 anos na tentativa de se tornar a pessoa mais velha do mundo a fazer um salto de paraquedas”, publicou a empresa, que não poupou elogios à coragem e determinação da idosa.
Esse feito não apenas quebra um recorde mundial, mas também inspira pessoas de todas as idades a perseguirem seus sonhos e desafiarem seus próprios limites. O vídeo do salto espetacular de Dorothy Hoffner está disponível online, permitindo que pessoas ao redor do mundo testemunhem sua coragem e determinação. Confira!
Com informações de CNN
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A mãe do cantor sertanejo Eduardo Costa, Maria Costa, de 64 anos, tornou-se alvo de muitos comentários nas redes sociais após compartilhar um vídeo em seu perfil no Instagram em que exibe uma aparência bem diferente da habitual.
Os internautas criticaram uma suposta intervenção estética que teria deixado os lábios de Dona Maria mais volumosos. Muitos também apontaram o exagero na maquiagem que ela usava durante a gravação do vídeo.
Uma seguidora escreveu: “O que aconteceu com a Dona Mary? Meu Deus!”. Outra pessoa sugeriu: “Jesus, que boca é essa? Alguém cuide dela, por favor”. Uma internauta lamentou: “Será que ninguém pode avisar que a maquiagem está exagerada? Coitada…”.
Apesar das críticas, Maria Costa negou ter se submetido a procedimentos estéticos. Em uma entrevista ao jornal Extra, ela declarou: “A mãe do cantor sertanejo Eduardo Costa, Maria Costa, de 64 anos, tornou-se alvo de muitos comentários nas redes sociais após compartilhar um vídeo em seu perfil no Instagram esta semana.
Os internautas ficaram surpresos com a aparência de Dona Maria e expressaram críticas em relação a uma suposta intervenção estética que teria resultado em lábios mais volumosos. Além disso, a maquiagem que ela usava durante a gravação do vídeo também foi objeto de destaque e comentários.
Uma seguidora escreveu: “O que aconteceu com a Dona Mary? Meu Deus!”. Outra pessoa sugeriu: “Jesus, que boca é essa? Alguém cuide dela, por favor”. Uma internauta lamentou: “Será que ninguém pode avisar que a maquiagem está exagerada? Coitada…”.
Apesar das críticas, Maria Costa negou ter se submetido a procedimentos estéticos, incluindo harmonização facial ou cirurgia plástica. Em uma entrevista ao jornal Extra, ela declarou: “Não fiz nenhuma cirurgia plástica ou harmonização facial. Ainda não. Tenho muita vontade, mas estou muito satisfeita com a minha vida atual. As pessoas podem não gostar das minhas sobrancelhas grossas, mas sou uma mulher mais rústica e não acho que sobrancelhas finas combinariam comigo”.”.
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Redação Conti Outra, com informações da Isto É.
Fotos: Reprodução/Redes sociais.
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Helô Pinheiro, musa inspiradora da canção ‘Garota de Ipanema’, que conquistou muitos fãs ao redor do globo, está surpreendendo os internautas com suas fotos em trajes de banho. Aos 80 anos, completados em julho, ela exibe sua impressionante forma física em fotos que compartilha em seu perfil no Instagram.
Em uma dessas fotos publicada nas redes sociais, a musa é vista tomando sol à beira de uma piscina em um luxuoso resort. Vestindo um biquíni preto, boné e óculos de sol, ela irradia confiança e vitalidade.
Outra fotografia, compartilhada há uma semana, a mostra se exercitando no gramado de um sítio. Novamente usando um biquíni, ela impressiona a todos com sua invejável silhueta. Na legenda, ela escreveu: “Lembrando do tempo em que a ponte ficava mais perfeita.”
A famosa canção “Garota de Ipanema” foi composta por Tom Jobim e Vinícius de Moraes na década de 1960, quando a dupla de compositores se encantou ao ver a jovem Helô, então com 17 anos, caminhando despreocupadamente pela praia do bairro carioca. A canção se tornou uma das mais regravadas internacionalmente.
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Redação Conti Outra, com informações do Na Telinha.
Fotos: Reprodução/Redes sociais.
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Não tenho escrito muito sobre as minhas andanças. Às vezes é mesmo assim, a vida segue mais silenciosa. Quem me conhece bem sabe da importância que o acto de narrar tem para mim e entenderá bem o sentido desta publicação – aos poucos regresso ao mundo dos contos. Foi isso mesmo que aconteceu na Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, “Fábrica das Palavras”, onde fiz duas sessões de conto, uma para crianças (1º ciclo, a 11 de Maio) e outra para público sénior no dia 23 de Maio. Há muito tempo que não me sentia tão solto.... Soube bem comunicar com aquele público maior, rimos, conversámos e escutaram com gosto. Obrigado ao Sérgio, Mónica e Nuno pelo carinho e profissionalismo com que me receberam. Foi uma bela tarde...
No dia 5 de Janeiro os participantes no Pegar pela Palavra/Contador de Histórias da União de Freguesias de Montelavar, Pêro Pinheiro e Almargem do Bispo voltaram a encontrar-se. Técnicos (mediadores) e seniores almoçaram em D. Maria. O repasto foi acompanhado por poesia, canções, rimas populares, tudo com a habitual boa disposição. Fico a pensar como é importante dar continuidade a toda esta energia criativa que conseguiu vencer a solidão dos mais velhos com a realização desta iniciativa da responsabilidade da Câmara de Sintra (programa “a Cultura sai à rua"), em que a Laredo Associação Cultural se envolveu profundamente. Hoje comecei a fazer um esboço do que poderia dar força e continuidade ao trabalho desenvolvido na União de Freguesias de coração rural, em Sintra.
28 de Novembro 2022
"Quillebeuf - Foz do Sena" . William Turner . óleo sobre tela . 1833 Museu Gulbenkian . Inv.2362 |
É um trabalho delicado, respirado calmamente e outras vezes vivo como uma cor. Tudo é feito a pensar no Agora, aqui no Museu, com a verdade dos seniores que experimentam a nossa proposta. Trabalhar com a demência no Museu, que desafio! Obrigado Diana Pereira pela oportunidade desafiante. Pegámos no percurso da visita desenhada “A Tempestade” e fomos fazendo alteração adaptações a esta nova realidade. Já fizemos a visita que mantém o artista abordado, William Turner mas a peça escolhida é ”Quillebeuf – Foz do Sena” sendo o início da visita em frente à tela “Barcos” de Claude Monet.
É por aqui que começamos a navegação com as duplas participantes: sénior e cuidador. O percurso é feito com atenção à diversidade das pessoas que nele estão. Fui buscar a canção “Rema, rema” (tradicional dos Açores) que cantei assim que levantámos a ancora. A visita vive daquilo que nos dão no momento, não tanto a memória mas a reação natural ao exposto e aos desafios que garantem a comunicação/conversa ao longo dos 60 minutos. O mar, o vento, chuva (que se faz sentir) o rumorejar das ondas são elementos que trazemos para a visita, através de um tubo sussurrador que propões o vento, uma cartolina mal comportada que provoca uma pequena corrente de ar, suficiente para fazer voar uma pluma, um pau de água que traz a escuta da chuva e um exercício a dois com duas caixas de água simulando o vai e vem das ondas sobre a areia. Também propomos um exercício simples de movimento em que cada um de nós é uma vaga e assim dançamos na galeria de exposições. A conversa segue naturalmente e aprofunda-se, os cuidadores são curiosos e a igreja que surge ao longe na pintura, com um portal românico, excita a curiosidade. Depois da visita procurei a Igreja de Quillebeuf e lá está ela restaurada, talvez, dos bombardeamentos da segunda guerra. Falamos muito sobre Turner, sobre as atmosferas; aliás, a sua composição, com os movimentos ascensionais de aves, nuvens, vento e águas que se tornam o mote para o pezinho de dança. Acho que nos correu bem a visita.
Como descrever a totalidade do que foi vivido durante o “Pegar pela Palavra”? Ao longo destes 6 meses, em encontros periódicos com dois grupos de seniores, um da Tapada das Mercês e outro da União das Freguesias de Montelavar Pero Pinheiro e Almargem do Bispo; um projeto inserido no programa “A cultura sai à rua” , muito bem pensado por Tânia Tobias (abraço grande!) Mexeu com uma mão cheia de profissionais de Teatro e um narrador mobilizando os mais velhos de diferentes instituições e , também aqueles que pelo próprio pé se foram juntando, no nosso caso, em torno da Palavra. Depois de muitos ensaios, o nosso grupo do “Contador de Histórias” como ficou conhecido, apresentou, com as demais companhias, os seus textos, dizeres, cantos...enfim palavras, no espetáculo que teve lugar no dia 30 do Olga Cadaval em Sintra. Foi uma festa! Acabei por viver profundamente estes dias e sentir a solidariedade dos participantes e dei por mim, estava à velocidade do coração. Ao longo dos meses fui fazendo uma espécie de diário das sessões que pode ser lido aqui no Miguelhorta.pt através da pesquisa, “Pegar pela Palavra” Como já vos disse anteriormente, esta iniciativa levantou um grande número de questões em torno do envelhecimento ativo e a comunidade que vale a pena levar em conta. A vontade de dar continuidade é muita! Obrigado Ana Cláudia. Obrigado Marlene! Gostei muito de conhecer as companhias de teatro envolvidas nesta proposta criativa da Câmara de Sintra que nos desinquietou a todos de um modo muito positivo.
O tempo vai passando e estamos todos cada vez mais soltos no “Pegar pela Palavra” (“Cultura sai à rua”). Na Tapada das Mercês, vamos afinando os textos e a participação coletiva. Aproveitei o final da última sessão para oferecer ao Sr. Malane um desenho a esferográfica do Lubu (hiena) feito por um artista popular de Beja (Vilas). O Lubu ocupa o lugar da raposa na tradição oral Mandinga. Esta oferta simboliza o momento de partilha mais profundo no grupo, para além das histórias de vida surgem os contos da infância, neste caso, da Guiné-Bissau.
Antes do trabalho mais a fundo, a Tânia Tobias (grande impulsionadora deste projeto) da Câmara de Sintra, entrevistou alguns participantes prosseguindo o esforço de registo das diferentes vertentes do trabalho de “A cultura sai à rua” (Câmara Municipal de Sintra). Depois sentámo-nos em volta da mesa do auditório e começámos a ensaiar a “saudação”, bem à maneira da Guiné-Bissau, batendo palmas, conduzidos pelo Senhor Malan Sane: “Grupo Tapada é na Tapada” (...) Dá sempre bastante risada pois é algo completamente diferente da cultura da maioria dos participantes – mas vamos em frente! A boa disposição tem sido o mote destas sessões do Pegar pela Palavra. Depois cantámos a canção do “João Pestana”, proposta pela Senhora Maria, com que vamos encerrar a participação da Tapada no espetáculo do Olga Cadaval. Trata-se de uma canção para adormecer crianças, neste caso cantada a um neto; gesto pequeno que representa um elo fundamental entre os maiores e as suas famílias. Às vezes só temos mesmo uma pequena canção para vencer a solidão. A maior riqueza deste grupo é a sua diversidade, povoada por personalidades fortes em plena comunicação; por vezes é necessário moderar habilmente as sessões para que os equilíbrios se mantenham. Muito tenho aprendido ao longo destes dias...
Fotografias, por cortesia da Câmara Municipal de Sintra.
Boa disposição! |
A nossa sessão de 26 de Outubro do “Pegar pela palavra”, no edifício da Junta de Freguesia de Montelavar, foi bem produtiva e divertida. Passámos em revista todas as necessidades logísticas para a apresentação no Centro Cultural Olga Cadaval e trabalhámos conteúdos. A sessão foi quase toda ocupada com a apresentação da Dona Milu e do João Leal sobre “As lavadeira e carroceiros” desta zona saloia. Cada vez que o Sr. João fala, aprendo sempre qualquer coisa. Acho que este momento da apresentação vai ser bem interessante. Estes amigos mais velhos apropriam-se da sua cultura local e divulgam-na com um detalhe impressionante.
Quando a Dona Alice de Camarões (Dona Maria) sentiu que era o momento, propôs uma brincadeira/desfio a todos quanto estavam na sala. Mostrou um saquito de pano vermelho fechado com umas fitas, coma data da sua execução (1958) e disse: “Quem conseguir abrir este saco fica com os 10 Euros que lá estão dentro! Mas vai ter de descobrir o segredo das fitas, para o abrir. Ora eu bem tentei abrir saco, dando voltas para cá, tentando desfazer as fitas, mas nada. Depois foi a Ana Varanda a tentar afincadamente mas com o mesmo resultado, comentando. “Este é que é um exercício mental prático para fazer com os mais velhos, bem melhor do que as atividades de computador.” (Concordo) Entretanto a Sr. Alice ria, bem divertida. Depois foi a vez do Poeta João Mota igualmente sem sucesso. A nossa amiga ensinou-nos o segredo daquela simples brincadeira, que vem de longe, muito longe quando os serões eram longos e não havia televisão. A sessão terminou com algumas brejeiradas divertidas – a oralidade popular está cheia destas coisas...
Tentando resolver o quebra-cabeças da Dona Alice |
"Uma memória das lavadeiras, cosida num pano:
Marcas para apontar roupa e pôr sinais".
Aprendo sempre alguma coisa a cada sessão do “Pegar pela Palavra” (“A Cultura sai à rua) na União das Freguesias de Montelavar, Pêro Pinheiro e Almargem do Bispo . No dia 11 de Outubro, no edifício da junta em Montelavar, no final da sessão, o Sr. João mostra-me um pano com uns sinais cosidos que era, nem mais nem menos do que um mini dicionário das marcas que as lavadeiras locais faziam nas sacas e trouxas da roupa que vinha de Lisboa para ser lavada, isto para identificarem as clientes que as enviavam e assim puderem remeter tudo limpinho, sem receio de se trocarem.
Esta e outras particularidades (curiosidades) têm sido apresentadas pelo Sr. João e pela Dona Milú, à medida em
que vão preparando connosco a sua apresentação a dois, para o encontro de 30 de Novembro no Centro Cultural Olga Cadaval. No meio
do nosso trabalho, onde não faltou um fadinho cantado pelo Sr
Albino, confessou-nos o Sr Mateus: “Isto é quase um vício,
farto-me de escrever!” E o que lá estava escrito?...Reflexões, pensamentos... Durante a sessão, todos apresentaram as suas
intervenções, que foram cronometradas, pois dispomos de pouco tempo
para a apresentação. Ah, de vez em quando surge uma anedota vinda
de um participante – ninguém se aborrece neste grupo…O Sr. Mateus folheando
o seu caderno de preciosidades
Sr, Albino (com outro caderno de preciosidades) e o Sr. João. Treinando a leitura |
13 de Outubro 2022
O Senhor Malane Sané regressou às sessões, trazendo uma proposta para o grupo: uma saudação cantada de apresentação do coletivo da Tapada das Mercês, a ser executada no espetáculo do projeto “A cultura sai à rua” no Olga Cadaval. Uma toada bem ao jeito da Guiné-Bissau; ensaiamos divertidos! Vamos ver o que isto dará....Para já estamos a contar os tempos de cada poema, cada canção ou cada história de vida. O ambiente é muito descontraído mas importa ensaiar a preceito!
Mais sobre o projeto, aqui.
Lubu, a hiena das histórias do Sr. Malane (Guiné-Bissau) (ilustração a esferográfica de Vilas, artista popular de Beja) |
Sessões de 8, 14 e 28 de Setembro em diversas localidades do Concelho de Sintra
Bem que posso inventar nomes para o projeto, como “Pegar pela palavra”, mas os mais velhos, que nele participam, chamam-lhe “O Contador de Histórias”. Segue tudo tão depressa, que não consigo fazer publicações no ritmo que gostaria, sobre o trabalho que estamos a desenvolver. Ao longo do tempo, ficou mais visível a diferença entre os dois grupos de seniores participantes, um na Tapada das Mercês e o outro na União das Freguesias de Montelavar, Pêro Pinheiro e Almargem do Bispo”. O grupo das Mercês com grande profundidade na relação entrepares e uma criatividade mais urbana, embora o Sr Malane traga os contos da ruralidade Mandinga para o grupo. Temos ensaiado a leitura dos textos, poesia e histórias de vida, com grande autonomia dos participantes, o que me deixa bem contente. Nas aldeias, como me costumo referir à UFMPPAB, estamos em plena erupção criativa, dos fados aos cantos com letras originais, à poesia (de qualidade), quadras populares e histórias locais. Entretanto surgiu uma participação bastante interessante: o trabalho simultâneo da Dona Milú e o Sr João. A partir das bonecas criadas com grande esmero e detalhe pela Dona Milú, que retratam as antigas profissões de Vale de Lobos/Almargem, o Sr João, sem dúvida um sábio local, vai falando da história desta zona da região saloia. Estão os dois a trabalhar em conjunto e tenho muita curiosidade em ver o resultado final. O nosso trabalho não se esgota na meia hora que dispomos para partilhar a nossa criatividade, na apresentação pública que terá lugar no Auditório Olga Cadaval na manhã de dia 30 de Novembro. A vontade de seguir em frente é grande. O apoio dos técnicos locais, impar! Pela minha parte, gostaria de continuar a apoiar estes dois grupos de gente tão bonita e a fazer crescer novas ideias.
Um encontro memorável
No dia 28 de Setembro teve lugar um encontro entre os seniores das duas localizações, na Associação de Pensionistas e Reformados de Dona Maria. O grupo da Tapada das Mercês foi muito bem recebido. Durante quase duas horas, os participantes partilharam parte do que têm estado a criar – foi um encontro alegre. Para além do nosso grupo de participantes, assistiram ao encontro alguns idosos de Dona Maria que seguiram com atenção tudo o que foi acontecendo. Fica aqui um pequeno apontamento em vídeo de um momento da tarde. A Sra. Alice com os seus ditos e quadras populares, servindo-se de uma pequena “cábula” escrita na sua língua privada. Acontece que a nossa amiga é analfabeta, então inventou uma escrita própria que a apoia no seu quotidiano; sabemos que uma das suas amigas sabe decifrar aqueles hieróglifos, que mostramos em detalhe. Se tivesse mais tempo para dedicar à Sra. Alice, estou certo que facilmente surgiriam belos contos da nossa tradição oral. Para estes projetos precisamos de tempo; saber regar e esperar pelos resultados, facilitados por uma relação de continuidade e verdadeira.
A Dona Alice, de Camarões, diz as suas quadras populares com ajuda de uma escrita que inventou para lhe avivar a memória - Que Senhora! |
Foram realizadas 15 sessões junto dois grupos de seniores em duas localizações distintas do Concelho de Sintra, um Tapada das Mercês e outro em diversas coordenadas da com na União das Freguesias de Montelavar, Pêro Pinheiro e Almargem do Bispo. Todas as sessões tiveram o precioso apoio dos técnicos locais, quer da UFMPPAB, da Câmara Municipal de Sintra ou da Fundação Aga Khan Portugal, parceira do “Pegar pela Palavra”, designação criada para identificar este segmento do projeto “A Cultura sai à rua” da responsabilidade do Município de Sintra. Miguel Horta (Laredo Associação Cultural), mediador cultural/contador de histórias associado à iniciativa, tem promovido o trabalho colaborativo, sendo o rumo do projeto construido a várias vozes, sobretudo a dos idosos que dele beneficiam. Depois de um conjunto de sessões iniciais que promoveram o conhecimento mutuo e a partilha dos objetivos pensados para o projeto, começámos, de imediato, a escuta crescente do contributo dos seniores que um a um foram contando histórias pessoais, locais ou da tradição oral, lendo poemas, proferindo pensamentos e adivinhas e ainda, recordando canções. Aos poucos os grupos foram-se consolidando nas duas localizações geográficas, a velocidades diferentes, assumindo cada um uma personalidade própria; uma caraterística mais rural na UFMPPAB e mais urbana na Tapada das Mercês. Face à proposta de apresentação coletiva do trabalho dos diferentes grupos prevista para o Centro Cultural Olga Cadaval, os idosos participantes têm vindo a combinar a melhor forma de partilhar o que têm produzido e selecionando os textos /palavras com que se sentem mais à vontade para apresentar em público no dia 30 de Novembro do projeto. Os técnicos presentes têm feito o registo iconográfico das sessões bem como pequenos vídeos que expressam bem o ambiente positivo das sessões.
Tapada das Mercês, 8 de Setembro de 2022
Terminada a pausa de Agosto, as histórias regressaram ao “Pegar pela palavra” ( “Cultura sai à Rua”) na Tapada das Mercês. Foi uma sessão muito agradável, profunda nos pensamentos e na comunicação, à medida que íamos lendo histórias e combinando a forma de as apresentar no dia 30 de Novembro no Centro Cultural Olga Cadaval. Ontem gostei muito de escutar a história de vida do Sr. José Abrantes; cada vez tenho mais respeito pelas batalhas individuais ao longo da vida. Também o Sr. Conde, para além de ter escrito uma história de vida, tem vindo a ilustrar os textos dos colegas de projeto – estamos a pensar na possibilidade de projetar estas imagens na apresentação pública. A minha colega mediadora da Fundação Aga Khan, Marlene Vaz, tem vindo a passar para o computador os textos dos nossos autores; com outra apresentação, a leitura é mais fácil e corrigem-se vírgulas e uma ou outra palavra que ande por lá à solta. Todos escutam, propõem e opinam. Começámos o treino de leitura...estamos no bom caminho. Começaram a circular livros entre nós, começou com um livro meu, depois de lido passou a outro companheiro. Ontem ofereci à biblioteca do grupo outro livro. Vamos introduzir na roda de leitura “o Beijo da Palavrinha” por sugestão da Sr.ª Maria, que pela sua mão escreveu um reconto do belo texto de Mia Couto. E ainda há muito para ensaiar...
Foi assim a última Sessão
Acho que estes dois grupos que se formaram em Sintra no contexto da iniciativa camarária A cultura sai à rua, são uma espécie de clubes da palavra. Hoje falámos na necessidade de criar um blogue para partilha do que se vai fazendo. E, digam-me lá se não seria bonito fazer um encontro público destas histórias, poemas canções e adivinhas, num lugar bem visível da freguesia? Talvez conseguíssemos trazer para o nosso grupo mais gente sénior e criativa que está fechada em casa; é que nós por cá, gostamos muito da conversa que vai acontecendo a cada sessão – faz-nos bem.
20 de Julho de 2022
O nosso Pegar pela Palavra (A Cultura sai à Rua/Câmara Municipal de Sintra). A última sessão na Tapada das Mercês (Espaço da Fundação Aga Khan) teve um ambiente muito especial; serenidade e cumplicidade na leitura de textos, o tempo de silêncio dado ao outro para que termine o seu ponto de vista, uma articulação mais fluida pois quase todos os participantes se conhecem bem. Para além das histórias, tivemos tempo para uma pequena brincadeira de corpo e palavra que obrigava a uma certa concentração, depois de alguma confusão inicial, fizemos o jogo na perfeição. O Sr. Conde, cuja área de expressão favorita é a pintura e o desenho, ofereceu-se para ilustrar algumas histórias, poemas e outros textos que veem surgindo com qualidade assinalável. Gosto do momento de leitura em voz alta; nesses momentos sinto que o projeto ganha corpo. Fiquei muito contente por ter escutado a uma das nossas participantes uma história da tradição oral portuguesa: O moleiro, o neto e a burra. Seria tão bom se esta amiga concordasse em trabalhar o conto comigo... Tudo tem o seu tempo. Terminei a sessão contando uma história tradicional; acho que gostaram...
Apesar da canícula que se fazia sentir no dia 13 de julho, o fiel grupo de participantes do Pegar pela Palavra da União das Freguesias de Almargem do Bispo, Pêro Pinheiro e Montelavar acorreu ao auditório da Junta de Freguesia, no mercado de Pêro Pinheiro. E trouxeram mais uma mão cheia de amigos para a sessão de contos convocada para esse dia. Comecei por contextualizar a ação no contexto da iniciativa A Cultura sai à Rua (Câmara Municipal de Sintra) e lá fui contando algumas histórias, sobretudo da tradição oral até que fui interrompido pela participação de um dos nossos seniores, com um poema da sua lavra, e de seguida, logo outro amigo nos fez rir com o poema/história do casamento de uma franga lá na sua capoeira. Os nossos participantes tinham tomado o poder da palavra em plena sessão! A minha colega mediadora local olhou para mim surpreendida e eu sorri como se lhe estivesse a dizer: é deixar andar livremente... E foi tão belo e forte aquele pegar pela palavra que todos ficámos surpreendidos. Imaginem que até cantaram um poema de um dos participantes num coro afinado!
Ao longo destas reflexões que irei publicando, espero conseguir referir a participação individual de todos os amigos presentes. Todo este movimento criativo leva-nos a algumas conclusões e recomendações, por exemplo, a criação de um espaço on line que vá publicando a produção escrita e dita (gravada) destes seniores; quem sabe, talvez uma publicação (impressa e cuidada) das suas contribuições artísticas... Na ocasião, ofereci um dos meus livros ao coletivo, entregando o livro à mediadora local, logo um dos participantes se quis apropriar da oferta. Percebi que não existe uma biblioteca associada a este trabalho da Junta de Freguesia – talvez fosse a altura de começar a pensar na criação um pequeno núcleo, um pequeno armário em cada um dos espaços onde nos temos vindo a reunir.
A próxima sessão está marcada para dia 27 de julho ás 15h.00 no Centro de Dia “Os Sabugenses”.
Mas que grande caloraça que estava no dia 13 de Julho de manhã lá na Tapada das Mercês! Tínhamos preparado uma sessão de conto aberta a toda a vizinhança e famílias mas apareceram apenas três fieis participantes. Acho que foi por causa do calor que o quórum diminuiu... Resolvemos trabalhar na mesma e combinar a forma de apresentação da canção-memória do “João Pestana”, no encontro público dos projetos da iniciativa “Cultura sai à rua”, que acontecerá em Novembro no Centro Cultural Olga Cadaval. Mais adiante na sessão, o Sr. Conde levou-nos ao outro lado do Mundo, a Macau, e escutámos episódios da sua fantástica história de vida. Foi uma bela conversa que terminou com a leitura do bonito texto da Sr.ª Maria de Jesus, “O meu jardim”. Dia 20 deste mês temos encontro marcado no espaço comunidade da Fundação Aga KhanPortugal (Tapada das Mercês).
Ao fim da tarde de dia 21 de Junho teve lugar mais uma sessão de “Leituras à solta” com os habitantes e mediadores do bairro dos Ameais (Torres Vedras) no projeto “Somos Comunidade”. Já tinha prometido que partilharia, com este grupo fiel, a metodologia da Máquina da Poesia” e a sessão correu bastante bem – surgiram muitos versos bem profundos e outros que nos fizeram rir. No final fizemos um poema coletivo pedindo emprestadas as palavras de Luís de Camões , “o Amor é fogo que arde sem se ver”. E que fazer com a produção poética que pode surgir, fértil? Apresentei uma solução possível, sussurrar poemas aos ouvidos utilizando sussurradores. Desafiei o grupo a organizar uma partilha poética no centro da cidade. Podem fazer novas sessões da Máquina com públicos diferentes, fazer uma oficina de construção plástica e personalização das ferramentas sussurradoras e partir para as ruas com um grupo grande à semelhança de Montemor-o-Novo. Vamos ver se pega… Esta iniciativa tem o precioso apoio da Memória Imaterial, numa parceria com o Projeto Somos Comunidade. Para o mês que vem teremos outra aventura.
preparada para escrever poesia, até de olhos vendados...
Uma máquina simples
Mercês - 17 de Junho Desta vez realizámos o nosso encontro no jardim da praceta Francisco Ramos da Costa, mesmo em frente à mesquita. Um local fresco, com espaço e sombras. Comecei por fazer uma pequena dinâmica em roda de corpo e concentração e depois fomos em busca da memória sentados no murete do jardim. Contámos com a presença da Maria José Vitorino e da Benita Prieto. Acho que o grupo central das histórias já se consolidou. Toda a gente falou animadamente e deu a opinião e isto é fundamental para se encontrar uma forma de participar que seja o retrato deste grupo de pessoas. Já nos estamos a habituar ao tempo lento, próprio da Guiné, de usar as palavras, sobretudo quando temos de encontrar a expressão exata em português – O Senhor Malan cativou-nos a todos com a descrição do seu casamento. Falou-se do casamento tradicional Mandinga da oferta das nozes cerimoniais de cola à entrega da vaca ao pai da noiva, embora o animal passe a ser propriedade da nubente. A sessão terminou com um texto muito bonito que a Senhora Maria nos leu que descrevia o seu jardim do Amor, com todas as cores, cheiros e paisagem. Comovi-me. A partir daqui vamos começar a trabalhar a participação de cada um, melhorando a postura, a dicção ou encontrando outras soluções de comunicação e partilha das suas histórias.