Desde as andorinhas e borboletas aos gelatinosos e às mantas e milhafres, aqui estão algumas interessantes ações de ciência cidadã a que nos podemos juntar, ajudando os cientistas ao mesmo tempo que aprendemos mais sobre o mundo fascinante que nos rodeia.
O projeto da associação Vita Nativa dedica-se à monitorização e conservação de andorinhas e andorinhões, muitos dos quais são espécies migradoras, que por estes meses chegam a Portugal para uma nova época de reprodução. Conhece alguma colónia de andorinhas? Costuma ver andorinhões a sobrevoar os telhados ao pé de casa? Então, esteja atento ao regresso destas aves e quando se aperceber de que iniciaram a nidificação, registe esse dado no portal do Andorin.
O Censo de Aves Comuns (CAC), organizado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) tanto no continente como nos Açores e Madeira, tem início em Abril e prolonga-se até Junho. Destina-se a quem já tenha conhecimento sobre diferentes espécies e consiga distingui-las pelo canto, o que pode ser difícil, e também por observação visual. Os dados do CAC são sempre partilhados no Esquema Pan-Europeu de Monitorização de Aves Comuns (PECBMS, na sigla inglesa) e servem para se calcularem todos os anos as tendências populacionais de diversas espécies a nível europeu. Sente-se preparado para participar? Saiba mais aqui.
Iniciados em Portugal em 2019, os Censos de Borboletas são coordenados pela associação Tagis e podem receber contribuições de duas maneiras diferentes, sempre com o apoio da app Butterfly Count. A primeira é através da realização de transetos, que são pequenos percursos fixos que devem ser feitos periodicamente, com o objetivo de identificar as borboletas que se veem ao longo do caminho. Outra é mais “livre” e necessita apenas de 15 minutos, durante os quais o voluntário pode dar um passeio registando as diferentes borboletas que encontrar. Estas contagens realizam-se em vários países europeus e os dados obtidos são utilizados no eBMS – European Butterfly Monitoring Scheme. Saiba mais no site da Tagis e também no canal de Youtube, onde está disponível um curso para aprender a identificar as borboletas mais comuns. E recorde também estas dez dicas.
Hoje com mais de 70 estações a funcionar em Portugal, esta rede de pontos de amostragem tem como objetivo contribuir para que se saiba mais sobre as cerca de 2.600 espécies de borboletas noturnas que se conhecem hoje no país, que começam a ficar mais ativas à medida que as noites se tornam mais quentes. A REBN teve início em Janeiro de 2021, por iniciativa de Helder Cardoso, ornitólogo que há vários anos se dedicava também às borboletas noturnas, e está aberta a todos os interessados – mesmo aqueles que não tem experiência na identificação dessas espécies, bem mais diversas e coloridas do que se costuma pensar. Pode saber mais nesta entrevista, publicada no final de 2022, e também nos dados mais recentes divulgados pelo projeto.
Lançada em português em 2024, a app FITCount vai permitir que qualquer um de nós ajude os investigadores a terem mais conhecimento sobre a situação dos insetos polinizadores em Portugal e sobre as plantas preferidas por diferentes espécies. “Os participantes podem selecionar uma planta em flor, delimitar uma área de 50×50 cm que inclua a respetiva flor-alvo e contar todos os polinizadores que interagem com flores dessa planta durante 10 minutos”, explicou recentemente Sílvia Castro, coordenadora do projeto PolinizAÇÃO – Plano de Ação para a Conservação e Sustentabilidade dos Polinizadores, juntamente com João Loureiro, ligados à Universidade de Coimbra. As contagens podem ser feitas ao longo de todo o ano, em qualquer momento do dia, desde que as condições meteorológicas estejam quentes e secas. E os meses de Primavera são um período ideal para começar.
Lançado pelo IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera em 2016, o GelAvista tem ajudado ao aumento da informação sobre as espécies de gelatinosos na costa portuguesa, tanto as diferentes espécies como as datas em que são mais observadas. Se morar perto de uma praia, ou mesmo que esteja um pouco mais distante, aproveite para ir passear à beira-mar e colabore com este projeto de ciência cidadã, que já tem também associada a app GelAvista, que facilita os registos. Saiba como colaborar aqui.
Este censo coordenado pela SPEA realiza-se tanto nos Açores como na Madeira, no fim-de-semana de 6 e 7 de Abril. As contagens debruçam-se sobre subespécies locais da águia d’asa redonda (Buteo buteo), ave de rapina que é comum em Portugal Continental. No arquipélago açoriano, a ave em causa (Buteo buteo rothschildi) é chamada de milhafre ou queimado e é endémica da região, único sítio do mundo onde habita. O mesmo se passa no arquipélago madeirense com a manta (Buteo buteo harterti), espécie semelhante, que é ali o alvo deste censo. Os milhafres açorianos e as mantas são semelhantes: a plumagem nas partes superiores é acastanhada; na parte inferior, castanho-claro com manchas e listas; a parte interior das asas é esbranquiçada e o bico é forte, preto e amarelo. Para saber mais, pode assistir a um webinar gratuito marcado para 27 de Março ao final da tarde, aqui.
O conteúdo Estes são 7 censos de Primavera que estão à nossa espera também está disponível em Wilder.
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou a versão em português da aplicação FITCount (do acrónimo inglês Flower-Insect Timed Count), uma ferramenta que possibilita aos cidadãos monitorizar de forma simples as interações planta-polinizador.
Desenvolvida no âmbito do Plano de Monitorização de Polinizadores do Reino Unido (UK PoMS), a aplicação FITCount é agora disponibilizada em língua portuguesa como parte do projeto PolinizAÇÃO – Plano de Ação para a Conservação e Sustentabilidade dos Polinizadores, coordenado por Sílvia Castro e João Loureiro, ambos docentes e investigadores no Centro de Ecologia Funcional (CFE) do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC.
“Os dados relativos aos polinizadores selvagens em Portugal são escassos e é crucial obter um maior volume de dados para monitorizar a abundância e diversidade destes insetos por todo o país, assim como os serviços de polinização que estes organismos prestam às plantas”, justifica hoje a Universidade de Coimbra em comunicado. “A aplicação FITCount surge como uma ferramenta para ajudar a preencher esta lacuna de conhecimento, envolvendo os cidadãos no processo.”
Esta aplicação permite que qualquer cidadão interessado contribua para a recolha de dados sobre o número e diversidade de insetos polinizadores que visitam as flores.
“Os participantes podem selecionar uma planta em flor, delimitar uma área de 50×50 cm que inclua a respetiva flor-alvo e contar todos os polinizadores que interagem com flores dessa planta durante 10 minutos”, disse Sílvia Castro, acrescentando que as contagens podem ser feitas ao longo de todo o ano, em qualquer momento do dia, desde que as condições meteorológicas estejam quentes e secas.
“Não é necessário que os participantes identifiquem os insetos até ao nível da espécie, basta apenas categorizá-los em grupos amplos, como abelhas, moscas-das-flores, borboletas, vespas, escaravelhos, entre outros grupos de insetos, utilizando o guia de identificação totalmente adaptado para Portugal pela nossa equipa, disponível na aplicação”, explicou João Loureiro.
Além disso, acrescentou, “são solicitadas informações adicionais, como o tipo de habitat, o número e tipo de flor-alvo, as condições meteorológicas e a quantidade de flores no quadrado escolhido. Estas informações são cruciais para auxiliar os cientistas a interpretar os dados recolhidos pelos participantes”.
A ciência cidadã é um conceito que, pouco a pouco, está a ser adoptado em Portugal. “Ter dados recolhidos por Portugal inteiro, durante todo o ano, é algo extremamente valioso e que nós, cientistas, sozinhos, não teríamos a capacidade de recolher em tempo útil. A ajuda dos cidadãos é crucial”, concluem os investigadores.
A aplicação FITCount está disponível para descarregamento gratuito na Google Play Store para dispositivos Android e na App Store para dispositivos iOS (iPhone/iPad). Aqui pode ter mais informações sobre como participar e utilizar a aplicação.
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1. COP28
A 28.ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC) reúne anualmente os países (Partes) que assinaram o acordo de Paris de 2015, celebrado na COP21 e que limita o aumento da temperatura global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais até 2100.
Organizada pelos Emirados Árabes Unidos, realiza-se de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023, no Dubai e visa avaliar as medidas adotadas e determinar as responsabilidades e a ambição.
Destaca a reflexão sobre os progressos no âmbito de 4 temas: tecnologia e inovação, inclusão, comunidades da linha da frente e finanças.
Para envolvimento e apresentação da COP28 junto dos jovens destacam-se os vídeos Changes Start here [1] e Bringing the world together [2].
2. Acelerar a transição energética justa
No âmbito da mudança climática, um dos tópicos fundamentais é a transição justa e inclusiva em direção à descarbonização, “criando oportunidades de trabalho digno e não deixando ninguém para trás” (OIT - International Labour Organization/ Organização Internacional do Trabalho) [3].
Abordar mudanças climáticas numa perspetiva de transição justa tem, segundo a UNDP (United Nations Development Programme/ Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), benefícios, tais como:
A transição justa permite o progresso no âmbito de outros setores, designadamente “energia limpa e acessível, trabalho digno e crescimento económico, redução das desigualdades e produção e consumo responsáveis” - ODS 7, 8, 10 e 12, respetivamente – e é da responsabilidade de todos os níveis de governação, das empresas, de organizações de trabalhadores e de cidadãos.
3. Educação Ecológica
A comunidade internacional reconhece a importância crescente da educação para acelerar o progresso em todos os setores.
A TES (Transforming Education Summit/ Cimeira Transformar a Educação) estabeleceu como uma das prioridades temáticas a Educação Ecológica e lançou a Parceria para uma Educação Ecológica (Greening Education Partnership) [4], para acelerar a educação para a mudança climática.
A Parceria é liderada pela UNESCO e cobre 4 áreas de ação/ pilares:
“Tornar as escolas mais verdes;
Tornar os currículos mais ecológicos;
Tornar mais verde a formação de professores e as competências do sistema educativo;
Tornar mais verdes as comunidades” [5].
Através da Parceria visa-se promover competências, valores e atitudes compatíveis com a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), adotar formas de governação inclusiva e participativa e adaptar instalações, estabelecer alianças e certificação baseadas nos princípios de sustentabilidade.
Na COP28 a UNESCO coorganiza o primeiro Centro de Educação Ecológica que inclui inúmeras atividades educativas de mobilização, partilha de boas práticas e oportunidades de ação futura nas 4 áreas, lideradas por jovens.
A UNESCO tem vindo a organizar conversas globais (webinars) que reforçam a importância da educação para a ação climática, contribuem para o ACE (Action for Climate Empowerment/ Ação para o Empoderamento Climático) aprovado na COP27 e preparam os jovens para participação na COP28 [5].
4. IFLA: as bibliotecas na COP28
Para destacar o papel das bibliotecas, a IFLA apresentou contributos que foram integrados no resumo do Relatório de Atividades da Action for Climate Empowerment da COP28:
“A IFLA esclarece a posição única das bibliotecas como espaços comunitários públicos para a aprendizagem ao longo da vida, que podem alcançar pessoas de todos os grupos demográficos, defender o acesso à informação e permitir a participação pública nas políticas e ações climáticas. Desde janeiro de 2022, a Federação aumentou a comunicação com os seus membros e rede de profissionais de bibliotecas em todo o mundo para aumentar a sensibilização para o ACE, incentivar uma maior ação e defesa em relação ao ACE e amplificar a ação das partes interessadas das bibliotecas a todos os níveis para implementar o ACE” [6].
Neste documento a IFLA apela à colaboração das bibliotecas de todos os países para lhe fazerem chegar evidências sobre comunicação e educação climática.
5. Questões éticas da COP28
A COP28 está a ser alvo de protestos e divisões por ocorrer num Estado que é um dos principais produtores de petróleo do mundo e por o líder das negociações, o sultão Ahmed al-Jaber, ser o presidente-executivo da Companhia Nacional de Petróleo estatal dos Emirados Árabes Unidos [7].
O petróleo, tal como o gás e o carvão, é uma das principais causas da crise climática porque é um combustível fóssil que, quando queimado para gerar energia, liberta gases de efeitos de estufa e CO2 que aquecem o planeta.
O país anfitrião e a ONU emitiram um comunicado assegurando que na COP28 haverá um “espaço disponível para os ativistas climáticos se reunirem pacificamente e fazerem ouvir as suas vozes”, designadamente daqueles que mais são alvo do problema e dos jovens.
Referências
2023 – Navegamos num mundo polarizado
Segundo o relatório global Edelman Trust Barometer 2023 (23.ª ed.), que resulta da resposta de mais de 32.000 pessoas de 28 países a questionários digitais, regista-se uma falta de confiança nas 4 principais instituições: empresas, governo, ONG e meios de comunicação social.
Portugal não participa no estudo, mas no contexto global, as suas conclusões podem ajudar a compreender e prevenir fenómenos nacionais.
Segundo o Relatório Global 2023, a falta de confiança nas instituições resulta de 4 fatores
1. Desempenho Económico e Expectativas de Renda Futura
24 dos 28 países “registam mínimos históricos” de confiança de que “as suas famílias estarão melhor em cinco anos”: 36% é o nível máximo de confiança dos países desenvolvidos.
Este medo/ansiedade ou pessimismo económico, nas palavras do Relatório, é menor nas economias em crescimento que lideram o índice de confiança económica: Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Singapura.
2. Desequilíbrio institucional
O governo é percecionado como incompetente e antiético, ao contrário das empresas que estão à frente do governo: 53 pontos na perceção de competência e 29 pontos na ética.
Esta tendência que se tem vindo a registar resulta provavelmente do desempenho das empresas durante a pandemia Covid-19, em relação à Agenda 2030 e ao abandono do mercado russo no contexto da invasão da Ucrânia: “As empresas estão sob pressão para ocupar o vazio deixado pelo governo”.
3. Divisão entre classes sociais
O nível de confiança anda a par dos rendimentos: “Aqueles que se encontram no quartil superior de rendimento têm uma visão profundamente mais positiva das instituições do que aqueles que se encontram no quartil inferior”. A crescente desigualdade de rendimentos faz com que as pessoas vivam vidas separadas, demonstrem “falta de identidade partilhada” e vontade em contribuir para os desígnios nacionais.
O Relatório mostra que, para cada país, ao longo do tempo, têm aumentado as divisões. Os países que lideram este aumento são, por ordem decrescente: Países Baixos/Holanda, Brasil, Suécia, França, Nigéria, EUA, Alemanha e Reino Unido.
4. A batalha pela verdade
A pandemia Covid-19 gerou – até hoje – uma contínua perda de confiança nos meios de comunicação social, sendo percecionados como fonte de desinformação: “Um ambiente mediático partilhado deu lugar a câmaras de eco, tornando mais difícil resolver problemas colaborativamente. Os media não são fiáveis, têm uma confiança especialmente baixa os media sociais”, pois há a perceção global de que a Internet não é segura nem confiável.
Também os governos são considerados fontes de informação falsa e enganosa. ONG e empresas são as únicas consideradas com informação confiável, conforme gráficos infra.
5. Injustiça sistémica e polarização
A “injustiça sistémica” (Systemic unfairness) resulta da maioria das pessoas considerar a ocorrência simultânea destes 4 fatores. Ela gera a perceção de que “navegamos num mundo polarizado”, conclusão do Relatório.
Quanto maior é a desigualdade, maior é a falta de confiança e de polarização e vice-versa, pois a polarização é causa e consequência da desconfiança.
Há 6 países que estão em risco de “polarização severa”: Brasil, França, Reino Unido, Japão, Alemanha e Itália.
A polarização agrava os medos de, por ordem decrescente: preconceito e de discriminação, decréscimo de desenvolvimento económico e violência nas ruas. 65% dos inquiridos considera que “o civismo e o respeito mútuo é hoje o pior que alguma vez viu”.
Professores, ONG e líderes de empresa são, por ordem decrescente, percecionados como fontes congregadoras e unificadoras das pessoas. Em contrapartida, são percecionados como forças que dividem e separam, por ordem decrescente, as pessoas ricas e poderosas, os governos – sobretudo estrangeiros e hostis – e os jornalistas.
“Só as empresas são competentes e éticas” - pelo terceiro ano consecutivo mantêm o aumento ético – e são confiáveis. Os inquiridos pretendem das empresas maior envolvimento social em áreas como, por ordem decrescente: mudança climática e desigualdade económica; informação confiável e requalificação de mão de obra. Este envolvimento social faz com que as empresas corram o risco de serem politizadas. O Relatório também evidencia que quando os governos e as empresas trabalham em conjunto, há melhores resultados sociais.
Para os inquiridos as empresas devem continuar a:
2017 – Confiança em crise ou implosão da verdade
No contexto da campanha presidencial dos EUA, que levou à eleição de Donald Trump nos EUA e do referendo do Brexit no Reino Unido, 2017 revelou “a maior queda de sempre na confiança nas instituições”, segundo o Comunicado de Imprensa do Relatório 2017 [2].
Em 2017 apenas 15% dos inquiridos acredita que o sistema está a funcionar. Inclusive, as elites com elevado rendimento, com formação universitária e bem informadas, entre 48 a 51% diz que o sistema falhou para eles.
Neste período, a comunicação social – inclusive medias tradicionais – é percecionada como menos confiável que o governo e as instituições, ONG e empresas. Esta “falta de confiança nos meios de comunicação social também deu origem ao fenómeno das notícias falsas e aos políticos que falam diretamente às massas”, sem intermediários de imprensa ou sem ser na Assembleia/ Parlamento [3].
Um dos 10 insights/perceções do Barómetro 2017 [4] é que os media são percecionados como camaras de eco (the media echo chamber): 53% das pessoas não escutam regularmente pessoas ou organizações das quais discordam e ignoram informação contrária à que acreditam.
Esta quebra de confiança nos media e nos governos – a segunda instituição menos confiável – associada aos efeitos da globalização e ao ritmo crescente de desenvolvimento de tecnologias digitais e de inovação, “transforma-se em medos, estimulando o aumento de ações populistas que agora ocorrem em várias democracias”. “Populistas” e nacionalistas: em Portugal, temos o exemplo da rápida ascenção do Chega. Esta tendência política surge associada ao crescimento de movimentos inorgânicos de fragmentação do poder e de fragilização dos governos e das democracias.
Para reconstruir a confiança nas instituições, o Barómetro 2017 propõe que estas reformulem o seu modus operandi tradicional e criem um novo modelo “mais integrado que coloque as pessoas — e a abordagem dos seus medos — no centro de tudo o que fazem” [5].
Para todos serem parceiros e co-construtores das instituições e criarem relações de confiança, a literacia da informação e media e a educação para a cidadania é componente essencial de todas as ações e projetos com a biblioteca escolar, co-criados e postos em prática com as crianças e jovens.
Referências
A maior área verde de Lisboa vai ser visitada este sábado por biólogos, amantes de natureza e simples curiosos. A Wilder falou com a organização e conta-lhe como vai ser.
As libélulas e borboletas nocturnas migradoras do Outono e os pequenos papa-moscas-pretos e cinzentos que por estes meses passam em Portugal, em trânsito da Europa do Norte para África, são algumas das espécies que poderão surpreender quem se juntar ao bioblitz de Outono agendado para este sábado, 23 de Setembro, no Parque Florestal de Monsanto, explicou à Wilder Patrícia Tiago, da equipa organizadora.
Mas o que é um bioblitz? Quem se juntar a uma destas acções de ciência cidadã tem como objectivo a identificação e o registo das espécies de animais, plantas e outros grupos, como por exemplo os líquenes, numa determinada área e num curto espaço de tempo, com a ajuda de biólogos e de outros especialistas.
No caso deste sábado, o ponto de encontro será o Anfiteatro Keil do Amaral. De acordo com o programa divulgado pela plataforma Biodiversity4All, que organiza esta iniciativa em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, o dia começa pela observação de aves, entre as 9h e as 11h, seguindo-se as plantas até à hora do almoço. Da parte da tarde, vão procurar-se espécies de insectos, répteis, líquenes e, mais para o final, morcegos e borboletas nocturnas, até às 21h30.
As primeiras iniciativas deste género em Monsanto realizaram-se em 2015, 2016 e 2017, no âmbito da Noite Europeia dos Investigadores. Patrícia Tiago, coordenadora da Biodiversity4All, recorda que em Março passado, quando ali se realizou o último bioblitz, foram registadas um total de 133 espécies. Entre essas estiveram a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), o pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) e a estrelinha-real (Regulus ignicapilla), a salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra), o cardo-dos-picos (Galactites tomentosus) e a serralha (Sonchus oleraceus), a abelha-carpinteira (Xylocopa violacea), a malhadinha (Pararge aegeria), a borbolea-limão (Gonepteryx rhamni) e ainda o morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus).
Assim, para este sábado, a meta da equipa é ir um pouco mais longe, “nem que chegássemos às 150”, atira Patrícia. Por outro lado, aponta, nesta altura do ano observam-se várias espécies que dificilmente se vêem na Primavera, como é o caso dos papa-moscas-pretos (Ficedula hypoleuca) e de vários insectos migradores. Entre as espécies que esta bióloga ali gostaria de ver identificadas pela primeira vez, no âmbito deste bioblitz, estão as cobras-cegas (família Typhlopidae), o tritão-marmoreado-pigmeu (Triturus pygmaeus) e os morcegos arborícolas (género Nyctalus).
As inscrições para sábado são gratuitas, não têm limites de idade e fazem-se aqui. E se não conseguir participar desta vez, terá pelo menos mais uma oportunidade, já na Primavera, uma vez que está previsto um novo bioblitz para Março do próximo ano.
O conteúdo Para fazer: Descubra os animais e plantas do parque florestal de Monsanto, num bioblitz de Outono também está disponível em Wilder.
Numa palestra recente organizada pelo Frontiers Forum, o renomado pensador contemporâneo, Yuval Noah Harari, leva-nos a uma jornada filosófica que revela o potencial revolucionário da inteligência artificial (IA) como uma forma de vida inorgânica no nosso planeta. Com perspicácia, Harari expõe a ameaça que essa inteligência "alienígena" representa para as civilizações humanas, mesmo sem ser consciente ou capaz de navegar no mundo físico. Ele ressalta a urgência de uma regulamentação imediata, abrindo caminho para uma análise provocativa sobre o impacto da IA na sociedade e na condição humana.
Harari conduz-nos a uma reflexão profunda sobre a influência da IA na moldagem das narrativas culturais. Ele lembra-nos que a cultura é forjada por narrativas partilhadas e que o avanço das ferramentas de IA está a criar e disseminar narrativas verdadeiramente “novas” e de forma amplificada. A capacidade da IA de processar e analisar grandes volumes de dados tem o poder de remodelar valores, comportamentos e relações sociais, o que nos desafia a repensar as nossas crenças e identidades.
Harari confronta-nos com algumas questões perturbadoras. Ele coloca em evidência o domínio da IA sobre a intimidade humana, levantando preocupações acerca da privacidade, autonomia e liberdade individual - Como podemos preservar a nossa singularidade e conexão humana quando a IA é capaz de compreender os nossos desejos e emoções, antecipando até mesmo as nossas necessidades mais íntimas?
Este tipo de questionamento levam-nos a ponderar se a ascensão da IA pode marcar o fim da história humana, já que o seu poder e capacidade de processamento ultrapassam os nossos próprios limites. No entanto, a História mostra-nos, em muitas das suas encruzilhadas, a resiliência e capacidade de adaptação do ser humano, que encontrou maneiras de se reinventar diante dos desafios tecnológicos. Mesmo diante das mudanças profundas que a IA pode trazer, é na natureza humana que encontramos caminhos para florescer e criar novas perspetivas.
Além disso, Harari também nos incita a refletir sobre o acesso, controle e implicações éticas da IA num contexto de ampla participação democrática - Como garantir que a IA seja utilizada de forma responsável e benéfica, sem agravar as desigualdades sociais e os riscos de manipulação?
A regulação da IA emerge, portanto, como um desafio crucial neste contexto. À medida que se torna mais autónoma e sofisticada, é necessário estabelecer estruturas éticas e legais para orientar o seu desenvolvimento e uso. Contudo, é importante reconhecer que não existem respostas definitivas para essas questões que são muito complexas. O futuro da IA e o seu impacto na humanidade são incertos, exigindo um diálogo contínuo e o engajamento de todos os setores da sociedade.
O destino da humanidade repousa nas nossas escolhas éticas e responsáveis diante do avanço tecnológico. Como indivíduos conscientes, devemos participar ativamente destas discussões, forjando um futuro onde a IA coexista de maneira benéfica com a humanidade. É na nossa capacidade de adaptação, criatividade e pensamento crítico que encontramos a força para moldar um mundo em que a humanidade e as suas capacidades únicas possam florescer.
Como dizia Milan Kundera, na Insustentável Leveza do Ser,” são precisamente as perguntas para as quais não existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e traçam as fronteiras da nossa existência”.
Neste contexto de reflexão, sobre o impacto da inteligência artificial (IA) na sociedade e na condição humana, as bibliotecas escolares podem desempenhar um papel fundamental na colaboração desta discussão.
As bibliotecas têm sido tradicionalmente espaços de conhecimento, aprendizagem e diálogo, e à medida que a IA ganha destaque em diversos setores, elas podem servir como centros de informação e disseminação de conhecimentos sobre essa temática. Podem disponibilizar materiais de estudo, pesquisas e literatura sobre inteligência artificial, implicações éticas, regulamentações e os seus efeitos na cultura e sociedade.
Adicionalmente, as bibliotecas podem promover eventos e palestras que envolvam especialistas e pensadores na área da IA, assim como debates com a participação da comunidade escolar. Ao criar um ambiente propício ao diálogo, as bibliotecas permitem que alunos, educadores e pais discutam e compreendam os desafios e oportunidades trazidos pela inteligência artificial.
Outro aspeto importante é a formação dos alunos para serem cidadãos críticos e conscientes em relação à IA. As bibliotecas podem desenvolver programas de literacia que abordem não apenas os aspetos técnicos da IA, mas também os seus impactos sociais, éticos e filosóficos. Essa formação pode ajudar os alunos a tomar decisões informadas, a compreender o papel da tecnologia nas suas vidas e a desenvolver uma visão mais abrangente sobre o mundo em que vivem.
Além disso, as bibliotecas escolares podem tornar-se espaços de criação e inovação, incentivando a experimentação e o desenvolvimento de projetos relacionados com a IA. Ao integrar tecnologias e outras ferramentas de IA em atividades educativas, os alunos podem vivenciar de forma prática os potenciais e limitações dessas tecnologias.
Em suma, as bibliotecas escolares têm a oportunidade de se tornarem verdadeiros centros de conhecimento e reflexão sobre a IA, contribuindo para o desenvolvimento de uma comunidade educada, informada e preparada para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades trazidas pela inteligência artificial.
Assim, unidos, podemos construir um futuro em que a IA e a humanidade caminhem lado a lado, aproveitando os benefícios e enfrentando os desafios de forma responsável. O destino está nas nossas mãos, e cabe-nos moldá-lo em prol da sociedade e do mundo em que vivemos. É imperativo inaugurar um novo mundo, repensá-lo aqui e agora e, dessa forma, responder com serena acuidade ao desafio que nos é apresentado, mesmo que abdiquemos de utilizar essa clarividência para obter resultados imediatos.
Não perca a oportunidade de escutar Yuval Noah Harari e de se envolver nesta discussão em https://www.youtube.com/watch?v=azwt2pxn3UI
Gostava de colaborar em iniciativas de ciência cidadã que visam conhecer melhor a biodiversidade em Portugal e não sabe como? A Wilder oferece-lhe oito sugestões.
O projecto de ciência cidadã Algas na Praia, do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) e da Universidade do Algarve (UAlg), quer reunir o maior número possível de observações de grandes acumulações de algas no mar ou nas praias da costa portuguesa, incluindo Açores e Madeira. Isto porque esses acontecimentos podem indiciar “desequilíbrios nos ecossistemas marinhos”, uma vez que o crescimento excessivo de algas pode “prejudicar a biodiversidade, as pescas e a qualidade ambiental da praia”, explica a equipa responsável pelo projecto.
Quem encontrar uma acumulação excessiva de algas, pode enviar a informação através deste formulário.
Lançada em Maio de 2019 no âmbito do Plano Europeu de Monitorização de borboletas, esta iniciativa do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal pede a voluntários que percorram regularmente um percurso fixo com cerca de um quilómetro, sempre com atenção às borboletas diurnas.
O objectivo é ajudar a resolver as lacunas de conhecimento sobre essas borboletas em Portugal, numa altura em que há “notícias alarmantes do declínio de insectos um pouco por todo o mundo”, afirma a equipa do projecto.
Descubra cinco novidades recentes graças a estes censos, contadas pela coordenadora do projecto. E saiba como participar através do site do Tagis, onde tem acesso a um Guia das Borboletas Comuns de Portugal Continental, e neste artigo da Wilder.
Este projecto de ciência cidadã nasceu de uma parceria entre o MARE-Centro de Ciências do Mar e do Ambiente/ISPA e o cE3c-Centro de Ecologia, Alterações e Evoluções Ambientais, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O objectivo é “promover o registo de avistamentos de golfinhos e baleias” e também “contribuir para o conhecimento da biodiversidade de cetáceos em Portugal”, explica a página do CETASEE, na plataforma BioDiversity4All.
Lançado em 2020, até hoje já foram alcançadas mais de 3700 observações por toda a costa portuguesa, incluindo Açores e Madeira. Em causa estão 25 espécies diferentes de cetáceos, com destaque para o golfinho-comum (Delphinus delphis), com 774 registos, o golfinho-roaz (Tursiops truncatus), observado 638 vezes, e também o golfinho-pintado-do-atlântico (Stenella frontalis), com 572 observações.
Gostava de participar? Comece por procurar estas sete espécies, com a ajuda da investigadora Catarina Eira.
O projecto Cigarras de Portugal pede aos portugueses que gravem o som ou façam vídeos quando ouvirem o canto de uma cigarra e partilhem o resultado com esta equipa de investigadores. O objectivo é saberem qual a situação das 13 espécies de cigarras conhecidas em Portugal. Basta gravar o som de uma cigarra e registar qual é a sua localização GPS, recorrendo de preferência à plataforma Biodiversity4All.
Esta campanha de ciência cidadã começou em 2019. Saiba mais aqui, neste artigo publicado pela Wilder.
Iniciativa do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o GelAVista foi lançado em 2016, com o objectivo de se obter mais conhecimento sobre as medusas e outros organismos gelatinosos que habitam em águas portuguesas, com a ajuda de todos os cidadãos.
Assim, se encontrar um ou mais “gelatinosos” ao passear pela praia ou de barco, pode fotografá-los e enviar a imagem para o email do projecto (plancton@ipma.pt), juntamente com a data, hora e local e o número de organismos avistados, que eles respondem com o nome da espécie. Já estão também disponíveis apps para ‘smartphones’.
Para saber mais, visite o site do GelAVista, tal como a página no Facebook.
A ‘app’ Grande Caça aos Ovos (“The Great Eggcase Hunt”, na versão original), foi trazida para Portugal pelo projecto Shark Attract e pela Associação para o Estudo e Conservação dos Elasmobrânquios (APECE).
A ideia é procurar ovos de raia e de tubarão, quando estiver na praia, e enviar o registo para uma base de dados internacional através desta ‘app’, que ajuda a identificar qual a espécie a que o ovo pertence e como devemos fazer para o reidratar, entre outras informações. Além de ajudar os cientistas a saberem mais, quem participa fica também sensibilizado para a conservação destes seres marinhos.
Descubra mais sobre a Grande Caça aos Ovos neste artigo da Wilder e visite também o site do projecto internacional (em inglês), da Shark Trust.
O projecto Marine Forests (ou “florestas marinhas”, em português), coordenado pelo CCMAR-Centro de Ciências Marinhas, da Universidade do Algarve, quer descobrir onde estão as florestas marinhas em Portugal e por todo o mundo. Em causa estão diferentes povoações compostas por plantas marinhas, ou por macro-algas, ou ainda por “florestas de animais”, como é o caso de um grupo de corais chamados de gorgónias.
Em geral, estas florestas incluem espécies marinhas fáceis de observar na maré baixa, ou por quem gosta de usar máscara de mergulho ou de fazer ‘snorkling’ (mergulho com máscara e tubo de respiração).
Se quiser participar, visite o site marineforests.com (em inglês), registe-se, tire fotografias aos organismos de florestas marinhas que observar e envie para a equipa, juntamente com o local e data da observação. E se não conseguir identificar a espécie não se preocupe, que eles fazem isso por si.
O objetivo deste projecto de ciência cidadã, lançado em 2016, é compilar e organizar informação enviada pelos cidadãos sobre a distribuição e estado das populações da vaca-loura (Lucanus cervus), a maior espécie de escaravelho da Europa, e dos restantes membros da família Lucanidae em Portugal.
A vaca-loura é mais fácil de observar em Junho e Julho, no auge da época de reprodução, mas as fêmeas podem geralmente ser avistadas até Setembro. Em Portugal, este escaravelho vive apenas no Norte e Centro do país e também na zona de Sintra. As observações são registadas na plataforma BioDiversity4All, que até hoje contabiliza quase 2000 registos desta espécie. Também no âmbito do projecto, o segundo mais visto é o escaravelho vaquinha (Dorcus parallelipipedus), seguido pelo escaravelho-rinoceronte-europeu (Oryctes nasicornis).
O VACALOURA.pt foi lançado pela associação Bioliving, em parceria com a Universidade de Aveiro, a Sociedade Portuguesa de Entomologia e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
A nossa missão é inspirar todas as pessoas a apreciar a natureza e a melhorar a biodiversidade em Portugal, através de conteúdos jornalísticos abertos a todos os leitores. Precisamos do apoio de toda a nossa comunidade para continuarmos a dar cada vez mais voz à natureza.
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Um ususário do Twitter resolveu usar a inteligência artificial para gerar imagens que correspondam ao estereótipo de cidadãos de 30 diferentes países. Ele compartilhou o resultado do trabalho no Twitter e o post rapidamente viralizou, atingindo quase 4 milhões de pessoa.
O twitteiro, que se identifica na rede social apenas como Medeiros, explicou aos seus seguidores que, primeiro, pediu que o ChatGPTdescrevesse o cidadão de cada um dos 30 países. “Achei engraçado que o único país que a IA especificou que tinha que estar sorrindo foi o Brasil”, comentou, sobre o fato de a tecnologia ter reproduzido o clichê de “povo alegre” brasileiro.
Em seguida ele lançou os dados na plataforma Midjourney, especificando que a imagem deveria ser “feita” com uma determinada câmera, a Kodak Portra 400.
Embora muitas pessoas tenham elogiado a iniciativa de Medeiros, muitos outro usuários do Twitter apontaram a importância de refletir criticamente à respeito do que havia sido gerado pela tecnologia. Por exemplo, pelo fato de ignorar a diversidade de etnias e culturas de cada localidade.
“[A brasileira] É maravilhosa sim, mas eu acho impossível achar um(a) brasileiro(a) típico(a). A gente tem várias etnias misturadas”, escreveu uma seguidora. “Engraçado que todos poderiam ser brasileiros”, disse outra.
Também houve quem ponderasse que um estereótipo não representa necessariamente o perfil típico do cidadão do país. “O estereótipo da Irlanda parece muito com o que eu achei que veria morando aqui, mas o padrão que vejo é bem diferente”, afirmou um internauta.
Confira abaixo as imagens que viralizaram nas redes sociais:
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Redação Conti Outra, com informações d’O Globo.
Imagens: Reprodução/Twitter @rdfmedeiros
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No dia 11 de maio, às 12 horas, realizou-se, nas instalações do IMultimédia a sessão de entrega de prémios aos jovens autores de textos centrados no tema da Crise Climática, no âmbito do Concurso “Escrever é Viver” que já vai na sua 3.ª edição. Durante a sessão, foi lançado o livro digital do concurso: Concurso Escrever é Viver III_CRISE CLIMÁTICA.
Foi recebida uma quantidade significativa de textos para o concurso, abrangendo diversos géneros literários, todos eles centrados no tema do ano. O texto “Não há corpo B”, de Lua Afonso, foi o grande vencedor pela analogia que foi construída.
A sessão decorreu no Estúdio do Instituto, com a presença do júri, presidido pelo escritor João Pedro Mésseder, com a participação de Susana Ferreira Baião, representante da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE); Carla Maia, representante do Instituto Multimédia (IM); Ilídia Ferreira, representante da Associação de Professores de Português (APP); e Paulo Cardoso, representante da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), dos alunos premiados, familiares e professores.
Ao promover a escrita sobre a crise climática, o concurso não só reconhece o talento literário dos participantes, mas também os incentiva a serem agentes de mudança. Através das suas palavras, podem sensibilizar a sociedade para a necessidade de preservar o nosso planeta e adotar práticas mais sustentáveis.
Ao abordar questões relevantes da nossa sociedade, os jovens autores têm a oportunidade de expressar as suas preocupações e ideias, despertando consciências e incentivando a reflexão sobre o impacto das alterações climáticas no nosso planeta. O Concurso "Escrever é Viver" promove não apenas a criatividade e o talento dos participantes, mas também a consciencialização e a sensibilização para os desafios urgentes que enfrentamos. Ao lançar o livro digital com os textos selecionados, o concurso amplia ainda mais a difusão dessas vozes literárias e a disseminação das mensagens que nos fazem refletir sobre a crise climática e a importância de agirmos para proteger o nosso ambiente.
A escrita tem o poder de provocar mudanças, inspirar e unir pessoas em torno de causas importantes. O Concurso "Escrever é Viver" ajuda a dar voz aos jovens escritores, incentivando-os a utilizar a sua criatividade para transmitir mensagens poderosas e despertar consciências já que através da literatura, podemos criar empatia, aumentar a compreensão e estimular a ação em relação aos mais diversos temas.
O Concurso "Escrever é Viver" e a sua cerimónia de entrega de prémios são exemplos louváveis de como a arte da escrita pode ser um veículo poderoso para a mudança social. Ao dar voz aos jovens talentosos e ao destacar a importância da escrita sobre temas emergentes, como a crise climática, estamos a encorajar uma nova geração de escritores conscientes, capazes de influenciar positivamente o mundo à sua volta.
De realçar o papel fundamental que a biblioteca escolar desempenha na capacitação dos alunos em relação à escrita. Sendo um espaço que oferece orientação e apoio aos jovens escritores, a biblioteca escolar estimula a criatividade e a reflexão crítica, encorajando os alunos a explorar temas emergentes e contribuindo para a formação de uma nova geração de escritores conscientes e comprometidos, capazes de utilizar a literatura como uma ferramenta poderosa para gerar mudanças significativas na nossa sociedade.
1. Nova definição de museu
No âmbito da 26.ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus/ International Council of Museums (ICOM) - Praga, República Checa, 24. ago. 2022 - foi aprovada uma nova definição de museu, em linha com os princípios da inclusão, participação da comunidade e sustentabilidade:
"um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativo e ao serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o património material e imaterial. Abertos ao público, acessíveis e inclusivos, os museus fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Com a participação das comunidades, os museus funcionam e comunicam de forma ética e profissional, proporcionando experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimentos" [2].
Portugal faz parte do ICOM - Luís Raposo é o representante nacional do seu Conselho Executivo
2. Dia Internacional dos Museus 2023
A visão do museu voltado para responder aos grandes problemas da atualidade está subjacente ao tema apresentado pelo ICOM para o Dia/ Noite Internacional dos Museus, que se comemora, respetivamente, a 18/ 13 de maio: Museus, Sustentabilidade e Bem-Estar.
Sobretudo desde 2020 as celebrações destes eventos têm apoiado a realização da Agenda 2030 - lembramos os temas das três edições anteriores:
Em 2023 o tema foca-se em três Objetivos: ODS 3. Saúde e bem-estar globais (Pessoas), ODS 13. Ação Climática e ODS 15. Vida na Terra (Planeta).
Celebrado anualmente, o Dia Internacional dos Museus foi organizado pela primeira vez em 1977 pelo ICOM.
O programa nacional de atividades do Dia e da Noite dos Museus [3] inclui visitas com informação em braile e língua gestual para todos os visitantes, programas em parceria com as populações residentes, peddy-papers, exposições, concertos, conferências e muitas outras atividades de qualidade e inteiramente gratuitas.
Ibermuseus, programa de cooperação para mais de dez mil museus da Ibero-América e que integra Portugal, lançou este mês o “Guia de Autoavaliação em Sustentabilidade de Museus: uma ferramenta exclusiva e inovadora para promover práticas sustentáveis” para que os museus possam fortalecer o seu impacto nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030. Trata-se de um instrumento de autoavaliação/ diagnóstico – acessível e gratuita para todos os museus ibero-americanos - que permite a cada museu conhecer o nível em que se encontra, de acordo com as quatro vertentes da sustentabilidade - económica, social, ambiental e cultural – e tendo por base “55 indicadores que formam um conjunto de questões relacionadas com as funções primárias dos museus: educação, preservação, comunicação e investigação; e uma quinta função transversal que é a governança”. Participaram na construção do Guia profissionais de museus dos 12 países ibero-americanos da Mesa Técnica de Sustentabilidade do Ibermuseu [4].
3. Em maio há outras efemérides no âmbito das artes
De 20 a 26 de maio comemora-se a Semana Internacional de Educação Artística (UNESCO) e a página oficial destaca:
“Hoje, as habilidades, valores e comportamentos promovidos pela educação artística são mais importantes do que nunca. Essas competências - criatividade, colaboração e solução imaginativa de problemas - desenvolvem resiliência, nutrem a valorização da diversidade cultural e da liberdade de expressão e cultivam habilidades de inovação e pensamento crítico. Como vetor de diálogo no sentido mais elevado, a arte acelera a inclusão social e a tolerância em nossas sociedades multiculturais e conectadas” [5].
A Aliança Mundial para a Educação das Artes solicita contribuições que ajudem a mapear atividades ou projetos de educação artística em todo o mundo [6].
No âmbito da Noite Europeia dos Museus/ Nuit Européenne des Musées de 13 de maio, da iniciativa do Ministério da Cultura em França - UNESCO e a ICOM são parceiras - realiza-se La classe, l'oeuvre! que visa o enriquecimento da formação artística e cultural de alunos de todos os níveis de ensino. Com a ajuda dos seus professores, constroem um projeto de educação artística e cultural, a partir do estudo de uma obra de arte ou elemento da coleção, dos museus franceses e nesta Noite partilham o trabalho, realizado ao longo do ano, com os visitantes. O objetivo é tornarem-se atores e transmissores do património local e nacional e reforçar parcerias entre escolas e museus [7].
4. Museus, palácios e monumentos, parceiros privilegiados da biblioteca
Há uma ligação privilegiada das escolas – e suas bibliotecas – aos museus porque, conforme defende Fátima Roque, Diretora do Departamento de Museus Monumentos e Palácios da Direção-Geral do Património Cultural. o seu papel não é promover o entretenimento, mas provocar o questionamento, a reflexão crítica, a formação, valores e até a intervenção cívica na comunidade em ligação às suas coleções, bem como às grandes interrogações do nosso tempo [8].
Totalmente em linha com a nova definição de Museu do ICOM e com o tema deste ano, a Rede de Bibliotecas Escolares publicou um conjunto de informações, que incluem orientações, fontes, exemplos acessíveis a todos que podem ser postos em prática pelas bibliotecas escolares em articulação com os museus locais, divulgando, recriando ou expandindo e fazendo perdurar na memória da comunidade as coleções do património de proximidade.
Outras fontes RBE:
Artes e património com a biblioteca escolar
Referências
No passado dia 21 de abril de 2023, a convite do EUROPE DIRECT Região de Coimbra e de Leiria, a Rede de Bibliotecas Escolares, através da coordenação interconcelhia, participou na sessão de apresentação da obra “Lançar e acertar, diverte-te a jogar!”, com autoria de docentes e investigadores do Politécnico de Leiria - Rui Matos, José Amoroso, Nuno Amaro e Raul Antunes. Com publicação promovida pelo Europe Direct Região de Coimbra e Leiria que envolve respetivamente 19 e 10 municípios, foi dinamizada e cofinanciada pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra e pelo Centro de Documentação Europeia de Leiria e apoiada pelas Bibliotecas do Instituto Politécnico de Leiria.
“Lançar e acertar, diverte-te a jogar!” é uma coletânea com 27 jogos tradicionais dos estados-membros da União Europeia, com temática transversal a diferentes conteúdos curriculares e que representa um orientador para ensinar os miúdos e os jovens a brincarem à moda antiga, mas numa europa muito global. Paula Silvestre, gestora do Europe Direct da Região de Coimbra e de Leiria, afirmou, na apresentação, que este é um livro “para todas as faixas etárias e será também uma forma de preservar a história da Europa, no âmbito do desporto e da etnografia”.
Tal como inicialmente planeado, as 27 propostas explicadas e ilustradas vão ficar disponíveis nas bibliotecas escolares da área deste Europe Direct, onde já começaram a chegar. Devidamente integradas em situações de aprendizagem que configurem pesquisa e aprendizagens associadas à cultura e cidadania, serão, sem dúvida, um ponto de partida para saber+ sobre o estados da União Europeia.
Brevemente este produto será disponibilizado em formato digital/ebook e encontra-se em fase de preparação para que seja um livro multiformato, integrando o projeto de #parcerias #cidadania #inclusão