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Qual é a Impressão Digital de Carbono da sua Biblioteca?

11 de Março de 2024, 09:00

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 1. O que é a Impressão Digital de Carbono?

O conceito de Impressão Digital/Manual de Carbono (Carbon Handprint) foi usado pela primeira vez pela UNESCO, em 2007, “como uma medida de ação de Educação para o Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de diminuir a pegada humana” [2].

Refere-se aos impactos ambientais positivos que uma organização pode alcançar e comunicar/ advocacy.

2. Qual é a sua importância?

A Rede de Bibliotecas Escolares contactou a Carbon Footprint Ltda, especialista em emissões de carbono, que informou que o cálculo da Impressão Digital é qualitativo e que o importante é medir com precisão a Pegada de Carbono, para que esta possa ser reduzida e ser feito um plano para atingir zero emissões nos próximos anos.

Ainda assim, é importante a comparação com “alternativas tradicionais típicas” que indicam a Impressão Digital, para que a biblioteca escolar possa demonstrar publicamente os seus benefícios de baixo carbono.

A biblioteca escolar pode usar a calculadora de carbono on-line gratuita da Carbon Footprint (nova versão Beta 2024 - Sustrax Lite) [3], encontrando os critérios do cálculo na fonte [4], para os quais deve compilar dados do último ano.

Para além desta calculadora, há muitas outras que pode usar, como a 2030 Calculator da Fin-TechDoconomia, parceira das Nações Unidas ou a Calculadora da Greebly, ou da CoolClimate ou da Conservation International. Nenhuma apresenta calculadora de Impressão Digital automática.

3. Que fatores podem ser contabilizados na Impressão Digital de Carbono?

A biblioteca contribui para o aumento da Impressão Digital adotando práticas de Economia de Partilha, como a disponibilização de coleções, dispositivos, serviços e espaços acessíveis a todas aas pessoas.

Obtém-se o grau de redução de CO², comparando a Pegada de Carbono de um recurso de referência – e.g. livro em papel – com a utilização do mesmo melhorada – e.g. livro emprestado a diversos leitores, ao longo do seu tempo de vida útil. Outro exemplo, é a comparação entre a deslocação através de carro elétrico e o seu equivalente a gasolina: segundo a ONG Transport & Environment, carros elétricos europeus emitem 3 vezes menos CO² [5].

Práticas de Economia Circular, como reparar equipamentos e reciclar e reutilizar resíduos - evitar a palavra lixo, pois este deve ser perspetivado como matéria-prima - também contribuem para aumentar a Impressão Digital da biblioteca.

Empresas e instituições parceiras com Impressão Digital de Carbono positiva têm sistemas de devolução dos produtos para reutilização/reciclagem - que pode implicar descontos ou benefícios na próxima compra/utilização - e contabilizam quantos produtos evitaram que fossem consumidos.

Economia Circular é um “modelo de produção e consumo, que envolve compartilhar, alugar, reutilizar, reparar, reformar e reciclar materiais e produtos existentes pelo maior tempo possível”, prolongando o ciclo de vida dos produtos, através da redução ao mínimo do desperdício e da reutilização contínua [6].

Adquirir produtos de garantia vitalícia, fazer uma visita de estudo com os alunos deslocando-se de bicicleta ou criar parcerias com fornecedores e parceiros com preocupações sociais e sustentáveis e de Comércio Justo, são outras formas de evitar emissões que podem ser contabilizadas.

A criação de um banco do tempo, ferramenta de Economia Solidária que consiste na troca de serviços, também reduz a Pegada de Carbono do leitor/utilizador e da biblioteca.

A criação de atividades – por exemplo, no Dia Mundial da Alimentação ou sobre a Dieta Mediterrânica, património cultural imaterial da humanidade da UNESCO ou cultivo de uma horta escolar de agricultura biológica - que incentivem a Estratégia do Prado ao Prato (Comissão Europeia, 2020) e que passam pela conceção do menu com alimentos locais, sazonais e orgânicos, sem pesticidas, também são contabilizadas.

Se a Pegada de Carbono da biblioteca deriva sobretudo dos consumos do Edifício e o seu aumento provoca a diminuição da Sustentabilidade Física da biblioteca, a Impressão Digital é um critério positivo, cujo aumento provoca uma maior Sustentabilidade Qualitativa e Social da biblioteca, que beneficia os utilizadores e a comunidade nos diversos setores [7].

A biblioteca é neutra em carbono quando a dimensão da sua Pegada de Carbono coincide com a dimensão da sua Impressão Digital e tem um impacto positivo no clima sempre que esta é superior aquela e, neste caso, significa que ela está a ajudar as pessoas a tornarem-se neutras em emissões.

4. Como compensar as emissões de que a biblioteca é responsável?

No caso de a Pegada de Carbono da biblioteca ser superior à sua Impressão Digital, é necessário realizar ações de compensação.

Tendo por base critérios de justiça, a Compensação de Carbono (Carbon Offsetting) permite equilibrar as emissões no Planeta e pode fazer-se realizando ações ou projetos que contribuam para a mudança climática, como plantar árvores ou fazer voluntariado junto de populações vulneráveis.  

Conscientes de que reduzir as emissões não é suficiente, eventos das Nações Unidas, da Cimeira de Davos ou da Jornada Mundial da Juventude têm calculadoras próprias que medem as emissões e propõem ações de compensação.

5. Instrumento para melhoria das políticas públicas

O método da pegada centrado no utilizador, de modo a que ele tenha controlo de todo o processo, é usado para “medir e comunicar o potencial impacto ambiental do ciclo de vida” de um produto ou organização e é recomendado pela Comissão Europeia porque é de fácil adoção, facilita a comparabilidade de dados e informa os decisores políticos constituindo uma importante ferramenta para a tomada de decisões políticas [8].

Referências

  1. Go Climate Positive. (2024). What Is a Carbon Handprint? https://go-positive.co.uk/what-is-a-carbon-handprint
  2. Grönman et al. (2018). Carbon handprint – An approach to assess the positive climate impacts of products demonstrated via renewable diesel case. Journal of Cleaner Production, vol. 206, pp. 1059-1072. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2018.09.233
  3. Carbon Footprint Ltd. (2024). Free Carbon Calculators: for Individuals and Small Businesses. https://www.carbonfootprint.com/calculator1.html
  4. Carbon Footprint Ltd. (2024). Leading Online Carbon Calculation Tools. https://www.carbonfootprint.com/small_business_calculator.html
  5. Transport & Environment. (2022). How clean are electric cars? https://www.transportenvironment.org/discover/how-clean-are-electric-cars/
  6. European Commission. (2020a). A new Circular Economy Action Plan For a cleaner and more competitive Europe. https://eur-lex.europa.eu/resource.html?uri=cellar:9903b325-6388-11ea-b735-01aa75ed71a1.0017.02/DOC_1&format=PDF
  7. International Federation of Library Associations and Institutions. (2024). IFLA Green Library Award 2024 Evaluation Criteria. https://www.ifla.org/g/environment-sustainability-and-libraries/ifla-green-library-award-2024-evaluation-criteria/
  8. Comissão Europeia. (2021). Recomendação da Comissão sobre a utilização dos métodos da pegada ambiental para a medição e comunicação do desempenho ambiental ao longo do ciclo de vida de produtos e organizações. https://eur-lex.europa.eu/resource.html?uri=cellar:75e0de0f-5e6d-11ec-9c6c-01aa75ed71a1.0023.02/DOC_1&format=PDF
  9. 📷 1.

Veja também

Conhece a Pegada de Carbono da sua Biblioteca?

Seg | 04.03.24

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Conhece a Pegada de Carbono da sua Biblioteca?

4 de Março de 2024, 07:35

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Para tornar as bibliotecas mais sustentáveis, é necessário conhecer e compreender a sua Pegada de Carbono (Carbon Footprint) e criar um plano estratégico eficiente que contribua para a redução de emissões.

 1. Quais são os fatores a ter em conta no cálculo da Pegada de Carbono?

O cálculo da Pegada de Carbono incide sobre a Sustentabilidade Física da biblioteca [2], que inclui:

- As características e os processos que estão na origem da construção e funcionamento do edifício:

  • Eficiência energética e aquecimento/refrigeração;
  • Localização e acessibilidade/mobilidade;
  • Aquisição e logística.

- As atividades de rotina da biblioteca:

  • Separação de resíduos;
  • Reciclagem/reutilização de papel, livros e outros materiais;
  • Redução de energia (desligar equipamentos e luzes).

Incide ainda sobre fatores de Sustentabilidade Económica [2] da biblioteca:

  • Redução do consumo;
  • Economia circular e partilhada (recursos, dispositivos, espaços…).

 2. Quais são as vantagens do cálculo da Pegada de Carbono?

- Tomar consciência da quantidade de CO2 que um produto, atividade ou serviço provoca;

- Identificar as principais fontes de emissões;

- Fundamentar a decisão/ação;

- Obter dados comparáveis que podem gerar uma ação conjunta e a melhoria global do setor.

3. Que calculadora(s) usar?

Há diversas calculadoras de CO² digitais e de acesso livre que podem ser usadas no contexto da biblioteca.

 Calculadora da Global Footprint Network

Dos testes que realizamos, a calculadora da Global Footprint Network (GFN) [3] foi a que se mostrou mais completa. Pode ser consultada em 8 idiomas, incluindo português.

Segundo esta ONG formada por cientistas, o uso da calculadora é a primeira etapa de uma abordagem de redução de CO² abrangente e integrada no contexto local, que inclui as seguintes etapas: 

- Definição de objetivos de sustentabilidade quantificáveis;

- Adoção de estratégias de redução de CO²;

- Adoção de estratégias de compensação de CO²;

- Comunicação/Advocacy;

- Conformidade (Compliance) e requisitos legais, adotando certificações de eficiência energética ou outras.

 Calculadora de Papel e de Azoto

Há outras calculadoras automáticas e de acesso livre que podem complementar este diagnóstico e/ou ser usadas em projetos específicos da biblioteca, como:

  • A Paper Calculator 4.0 [4], calculadora da pegada de papel da ONG americana Environmental Defense Fund, que permite conhecer os impactos ambientais de diferentes tipos de papel, podendo aplicar-se a indivíduos ou organizações;
  • A N-Print (Nitrogen Footprint - N, símbolo químico do Azoto) [5], calculadora da Pegada de Azoto (designação portuguesa) ou de Nitrogénio (designação brasileira) da Universidade de Virgínia, EUA. Está disponível em 6 idiomas, incluindo português e permite calcular as emissões individuais resultantes de hábitos alimentares, utilizando dados per capita/país.

Destaca que a maior parte do azoto reativo (Nr) provém da produção de alimentos, designadamente da pecuária e do uso de fertilizantes na agricultura.

Inspirada nesta calculadora, Portugal disponibiliza uma versão desta calculadora adaptada à dieta mediterrânica, que pode ser usada de acordo com 3 faixas etárias: 5 - 12, 12 - 18, a partir dos 18 anos [6].

 

Estes modelos de cálculo da pegada de CO²/papel/azoto ajudam a biblioteca – e cada pessoa – a compreender o seu papel nas emissões globais, incentivando a consciencialização e a ação, para além de apresentarem medidas acessíveis para diminuir a pegada.

Para além destas calculadoras, destacam-se:

  • A Calculadora de GEE (Gases de Efeito de Estufa) das Nações Unidas que se aplica a indivíduos e organizações e, brevemente, a eventos [7];
  • A Calculadora da Pegada Consumidor da Comissão Europeia que avalia o impacto ambiental do estilo de vida de cada um tendo em vista o consumo responsável (ODS 12) [8].

4. Dia da Sobrecarga da Terra

Para além de disponibilizar a calculadora digital acima referida, a Global Footprint Network disponibiliza, na sua página, o cálculo anual da Pegada Ecológica da espécie humana [9].

A Pegada Ecológica é a única métrica que compara a procura de recursos e a absorção de resíduos com a capacidade de regeneração da Terra.

O Dia da Sobrecarga da Terra/Earth Overshoot Day “marca a data em que a procura da humanidade por recursos e serviços ecológicos num determinado ano excede o que a Terra consegue regenerar nesse ano”.

A Global Footprint Network calcula e organiza esta data e disponibiliza na sua página, em acesso livre:

- Dados globais e por país;

- Recursos pedagógicos para crianças e professores;

- Soluções para decisores organizadas em 5 categorias – Planeta, Cidades, Energia, Alimentação, População - e exemplos por país que contribuem para adiar esta data (#MoveTheDate) - e manter uma relação sustentável com o Planeta. No mapa global dos países [10], Portugal surge representado com a Eco Quinta Villa Maria, turismo de natureza na Pampilhosa e a campanha de Limpeza do Parque Natural da Ria Formosa feita por alunos, em Olhão.

A evolução da Pegada Ecológica mostra que o Dia da Sobrecarga da Terra ocorre cada vez mais cedo (défice ecológico), levando a maioria dos países a roubar recursos às futuras gerações (crédito ecológico).

Não obstante a imensa disparidade de consumos por país – os países mais ricos são os maiores responsáveis pela emissão de CO² e pelo esgotamento de recursos - o gráfico infra mostra que 2023 precisou em média de 1,7 planetas.

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Fonte da imagem [9]

A data de sobrecarga da Terra de cada ano é divulgada a 5 de junho, Dia Mundial do Ambiente.

A calculadora da ONG também permite determinar o Dia da Sobrecarga da Terra individual, avaliando o estilo de vida de cada um e propondo ações para adiamento da data.

 

Recolher dados sobre a Pegada de Carbono – e sobre o Dia de Sobrecarga da Terra – da biblioteca escolar ajuda a esclarecer o seu papel no desenvolvimento sustentável, permite-lhe progredir com base em evidências e faz dela um exemplo.

 

Este artigo tem continuação. O próximo é sobre Estratégias de Compensação de Emissões e Impressão Digital de Carbono (carbon handprint) da biblioteca.

 

Outros artigos sobre o tema:

Referências

  1. Global Footprint Network. (2024). Global Footprint Network researchers recognized with AASHE Sustainability Award. https://www.footprintnetwork.org/
  2. International Federation of Library Associations and Institutions. (2024). IFLA Green Library Award 2024 Evaluation Criteria. https://www.ifla.org/g/environment-sustainability-and-libraries/ifla-green-library-award-2024-evaluation-criteria/
  3. Global Footprint Network. (2024). Carbon Footprint. (https://www.carbonfootprint.com/
  4. Environment Paper Network. (2024). Paper Calculator 4.0. https://calculator.environmentalpaper.org/home
  5. International Nitrogen Initiativ. (2024). N-Print. https://n-print.org/
  6. Instituto Superior de Agronomia et al. (2024). Pegada do Azoto. http://www.pegadadoazoto.pt/
  7. United Nations. (2024). Measure your emissions. https://unfccc.int/climate-action/climate-neutral-now/measure-your-emissions
  8. European Commission. (2024). Consumer Footprint Calculator. https://knowsdgs.jrc.ec.europa.eu/cfc
  9. Global Footprint Network. (2024). Earth Overshoot Day 2023 Fell On August 2. https://overshoot.footprintnetwork.org/
  10. Global Footprint Network. (2024). Power of Possibility. https://overshoot.footprintnetwork.org/power-of-possibility/
  11. Imagem de Rosy / Bad Homburg / Germanypor Pixabay

 

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UN: COP28 e o papel das bibliotecas

30 de Novembro de 2023, 09:00

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1. COP28

A 28.ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC) reúne anualmente os países (Partes) que assinaram o acordo de Paris de 2015, celebrado na COP21 e que limita o aumento da temperatura global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais até 2100.

Organizada pelos Emirados Árabes Unidos, realiza-se de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023, no Dubai e visa avaliar as medidas adotadas e determinar as responsabilidades e a ambição.

Destaca a reflexão sobre os progressos no âmbito de 4 temas: tecnologia e inovação, inclusão, comunidades da linha da frente e finanças.

Para envolvimento e apresentação da COP28 junto dos jovens destacam-se os vídeos Changes Start here [1] e Bringing the world together [2].

2. Acelerar a transição energética justa

No âmbito da mudança climática, um dos tópicos fundamentais é a transição justa e inclusiva em direção à descarbonização, “criando oportunidades de trabalho digno e não deixando ninguém para trás” (OIT - International Labour Organization/ Organização Internacional do Trabalho) [3].

Abordar mudanças climáticas numa perspetiva de transição justa tem, segundo a UNDP (United Nations Development Programme/ Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), benefícios, tais como:

  • Conquistar “apoio público para uma maior ambição climática” que permita abandonar combustíveis fósseis e formas de produção e consumo poluentes;

  • Apoiar “uma revolução de empregos verdes” que crie novos empregos e “garanta salários dignos, proteções adequadas de segurança no local de trabalho e benefícios de saúde”;

  • “Impulsionar soluções locais”, adaptadas a cada contexto e baseadas em processos consultivos.  

A transição justa permite o progresso no âmbito de outros setores, designadamente “energia limpa e acessível, trabalho digno e crescimento económico, redução das desigualdades e produção e consumo responsáveis” - ODS 7, 8, 10 e 12, respetivamente – e é da responsabilidade de todos os níveis de governação, das empresas, de organizações de trabalhadores e de cidadãos.

3. Educação Ecológica

A comunidade internacional reconhece a importância crescente da educação para acelerar o progresso em todos os setores.

A TES (Transforming Education Summit/ Cimeira Transformar a Educação) estabeleceu como uma das prioridades temáticas a Educação Ecológica e lançou a Parceria para uma Educação Ecológica (Greening Education Partnership) [4], para acelerar a educação para a mudança climática.

A Parceria é liderada pela UNESCO e cobre 4 áreas de ação/ pilares:

“Tornar as escolas mais verdes;

Tornar os currículos mais ecológicos;

Tornar mais verde a formação de professores e as competências do sistema educativo;

Tornar mais verdes as comunidades” [5].

Através da Parceria visa-se promover competências, valores e atitudes compatíveis com a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), adotar formas de governação inclusiva e participativa e adaptar instalações, estabelecer alianças e certificação baseadas nos princípios de sustentabilidade.

Na COP28 a UNESCO coorganiza o primeiro Centro de Educação Ecológica que inclui inúmeras atividades educativas de mobilização, partilha de boas práticas e oportunidades de ação futura nas 4 áreas, lideradas por jovens.

A UNESCO tem vindo a organizar conversas globais (webinars) que reforçam a importância da educação para a ação climática, contribuem para o ACE (Action for Climate Empowerment/ Ação para o Empoderamento Climático) aprovado na COP27 e preparam os jovens para participação na COP28 [5].

4. IFLA: as bibliotecas na COP28

Para destacar o papel das bibliotecas, a IFLA apresentou contributos que foram integrados no resumo do Relatório de Atividades da Action for Climate Empowerment da COP28:

“A IFLA esclarece a posição única das bibliotecas como espaços comunitários públicos para a aprendizagem ao longo da vida, que podem alcançar pessoas de todos os grupos demográficos, defender o acesso à informação e permitir a participação pública nas políticas e ações climáticas. Desde janeiro de 2022, a Federação aumentou a comunicação com os seus membros e rede de profissionais de bibliotecas em todo o mundo para aumentar a sensibilização para o ACE, incentivar uma maior ação e defesa em relação ao ACE e amplificar a ação das partes interessadas das bibliotecas a todos os níveis para implementar o ACE” [6].

Neste documento a IFLA apela à colaboração das bibliotecas de todos os países para lhe fazerem chegar evidências sobre comunicação e educação climática.

5. Questões éticas da COP28

A COP28 está a ser alvo de protestos e divisões por ocorrer num Estado que é um dos principais produtores de petróleo do mundo e por o líder das negociações, o sultão Ahmed al-Jaber, ser o presidente-executivo da Companhia Nacional de Petróleo estatal dos Emirados Árabes Unidos [7].

O petróleo, tal como o gás e o carvão, é uma das principais causas da crise climática porque é um combustível fóssil que, quando queimado para gerar energia, liberta gases de efeitos de estufa e CO2 que aquecem o planeta. 

O país anfitrião e a ONU emitiram um comunicado assegurando que na COP28 haverá um “espaço disponível para os ativistas climáticos se reunirem pacificamente e fazerem ouvir as suas vozes”, designadamente daqueles que mais são alvo do problema e dos jovens.

Referências

  1. (2023). Waiting on the World to Change. Playing For Change. https://www.youtube.com/watch?v=yTU2J2xnkbg 
  2. (2023). COP28: Bringing the world together. United Arab Emirates. https://youtu.be/tSek0dk-uh4
  3. (2022). O que é apenas transição? E por que isto é importante? United Nations Development Programme. https://climatepromise.undp.org/news-and-stories/what-just-transition-and-why-it-important
  4. (2023). Parceria para uma educação mais ecológica. United Nations. https://www.un.org/en/transforming-education-summit/transform-the-world
  5. (2023). Educação sobre alterações climáticas para a transformação social: abordagem de toda a instituição para tornar todas as escolas mais ecológicas. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. https://www.unesco.org/en/education-sustainable-development/cop28-cce-webinars
  6. (2023). IFLA e bibliotecas apresentadas no relatório de atividades da COP28 Action for Climate Empowerment. International Federation of Library Associations and Institutions. https://www.ifla.org/news/ifla-and-libraries-featured-in-cop28-action-for-climate-empowerment-activity-report/
  7. BBC News. (2023). Divisões profundas antes das negociações climáticas cruciais da ONU. https://www.bbc.com/news/science-environment-67271688
  8. 📷 (2023). COP28 UAE - United Nations Climate Change Conference. United Arab Emirates. https://www.cop28.com/
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O Papa Francisco e a Ecologia Integral

15 de Setembro de 2023, 08:00

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No documento de trabalho Pacto Educativo Global: Instrumentum Laboris (“O contexto”), o Papa Francisco afirma que há “necessidade de uma educação ecológica integral”, que pense a natureza na sua relação e interdependência com o ser humano e que esta educação faz parte do Pacto Educativo Global.

A crise ecológica atual, que compromete o futuro das gerações e do planeta, resulta da quebra de relação do ser humano com a natureza e é um problema essencialmente antropológico. No Ocidente e, sobretudo a partir da Modernidade, considera-se “a natureza como algo separado de nós ou como uma mera moldura da nossa vida”, como sendo exterior ao ser humano e podendo ser usada como recurso ou instrumento, numa lógica extrativa e cumulativa que conduziu ao individualismo e desequilíbrio ambiental:

“Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. […] Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (Génesis 2,7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos” (Laudatio Si § 2) [2].

A ecologia integral “nasce da plena consciência de que ‘tudo está interligado’, ‘tudo está relacionado’”, que o ser humano é parte da natureza. Desta consciencialização decorre um compromisso com as futuras gerações e as pessoas mais pobres - as mais afetadas pela crise ambiental - e com o planeta e uma mudança no estilo de vida. De acordo com esta abordagem, é possível redescobrir “um mistério a contemplar numa folha, numa vereda, no orvalho, no rosto do pobre. O ideal não é só passar da exterioridade à interioridade para descobrir a ação de Deus [ou da transcendência] na alma, mas também chegar a encontra-Lo em todas as coisas (LS§ 233)”.

Laudato Si’/ “Louvado Sejas” é uma encíclica, carta pública, do Papa Francisco dirigida a “todas as pessoas que habitam este planeta” (LS § 3) e resulta da contribuição de números cientistas, filósofos, teólogos e organizações sociais.

Principia com os versos do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis que lembra que devemos respeitar a Terra e louvar e honrar Deus através da sua criação: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras”.

A Encíclica divide-se em seis capítulos, dos quais gostaríamos de destacar o primeiro, “O que está a acontecer à nossa casa”, possível fonte de reflexão e discussão dos jovens, que faz um diagnóstico dos problemas atuais: poluição atmosférica que “produz uma vasta gama de efeitos sobre a saúde, particularmente dos mais pobres, e provocam milhões de mortes prematuras” (LS 20) e poluição produzida pelos resíduos:

“Produzem-se anualmente centenas de milhões de toneladas de resíduos, muitos deles não biodegradáveis: resíduos domésticos e comerciais, detritos de demolições, resíduos clínicos, eletrónicos e industriais, resíduos altamente tóxicos e radioativos. A terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”.

Estes problemas decorrem de uma “cultura do descarte” e do desperdício, gerada pelo consumismo e atitude de indiferença pelo bem comum. Afeta “tanto os seres humanos excluídos como as coisas que se convertem rapidamente em lixo. […] Ainda não se conseguiu adotar um modelo circular de produção que assegure recursos para todos e para as gerações futuras e que exige limitar, o mais possível, o uso dos recursos não-renováveis, moderando o seu consumo, maximizando a eficiência no seu aproveitamento, reutilizando e reciclando-os” (LS § 22).

Reconhece que “O clima é um bem comum” e, neste contexto, lembramos que, a 8 de outubro de 2021, o Conselho de Direitos Humanos da ONU reconheceu (resolução 48/13) que “ter um meio ambiente limpo, saudável e sustentável é um direito humano”.

Por conseguinte, clima e ambiente são da responsabilidade de todos: ”Quem possui uma parte é apenas para administrá-la em benefício de todos “(LS, § 95). Sublinha que “A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento [global] ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam” (LS 23). E destaca que os países em vias de desenvolvimento são os mais afetados (LS 25), apelando a uma ética do cuidado e à cooperação internacional - problemas ambientais têm um âmbito transfronteiriço, global.

Aborda a questão da água: o acesso a água potável e segura, negado a muitas pessoas pobres – “é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas” (LS § 30) - e a da sua qualidade – “Entre os pobres, são frequentes as doenças relacionadas com a água, incluindo as causadas por microrganismos e substâncias químicas” (LS § 29).

Levanta o problema da perda de biodiversidade: florestas - “implica simultaneamente a perda de espécies que poderiam constituir, no futuro, recursos extremamente importantes não só para a alimentação, mas também para a cura de doenças e vários serviços” (LS § 32) e milhares de espécies da flora e da fauna, devido à atividade humana (LS § 33) – “Visto que todas as criaturas estão interligadas, deve ser reconhecido com carinho e admiração o valor de cada uma, e todos nós, seres criados, precisamos uns dos outros” (LS § 42).

A abordagem ecológica “deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres” (LS § 49) e sugere que os países privilegiados, que mais recursos extraíram e mais CO2 produziram, deem assistência financeira aos mais pobres para que eles possam fazer a transição para práticas sustentáveis (LS § 25).

A ecologia integral assenta em valores como o respeito com a natureza, a finitude/ sobriedade, a solidariedade universal e o futuro da sociedade/ intergeracionalidade. É uma componente da educação integral que ajuda a formar pessoas comprometidas com o cuidado da casa comum e com a justiça ambiental e social.

Outros artigos sobre o tema

Referências

  1. Fonte da imagem: Vaticano, (2021. Plataforma de Ação Laudato Si. Itália: Vaticano. https://plataformadeacaolaudatosi.org/mais-informacoes/
  2. Papa Francisco (2015). Carta Encíclica Laudato Si’ - Sobre o Cuidado da Casa Comum. Itália: Libreria Editrice Vaticana. https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html 
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Qual o futuro da energia eólica offshore? Esse relatório responde

Por Pedro Borges Spadoni — 29 de Agosto de 2023, 20:33

A indústria global de energia eólica offshore deu passos significativos em 2022. É o que mostra a edição de 2023 de um relatório anual publicado nesta semana pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês).

Para quem tem pressa:

  • O ano de 2022 foi o segundo melhor ano já registrado para a indústria global de energia eólica offshore, segundo relatório do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC);
  • Um total de 64,3 GW de capacidade global do setor em três continentes e 19 países estava em operação até o final de 2022 (7,1% da instalação global de energia eólica);
  • Mais de 380 GW de capacidade do setor, em 32 mercados, deverá ser adicionada nos próximos dez anos (2023-2032);
  • Quase metade desse crescimento é esperado vir da região Ásia-Pacífico, seguida pela Europa (41%), América do Norte (9%) e América Latina (1%);
  • Até 2026, o GWEC vê possíveis gargalos em todas as regiões do mundo, exceto na China;
  • Para enfrentar esses gargalos, o Conselho afirma que será necessário mais investimento e cooperação global.

O setor de energia eólica offshore registrou mais um ano de crescimento impressionante para reforçar os números recordes do ano passado. Este relatório destaca que o potencial está presente para um crescimento recorde a cada ano a partir de agora. Isso resultaria em um sistema de energia transformado, limpo e seguro – especialmente na região da Ásia-Pacífico.

Ben Backwell, CEO do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC)

Leia mais:

Segundo o documento, 8,8 GW foram adicionados na capacidade de geração de energia limpa. Isso tornou 2022 o segundo melhor ano já registrado neste setor.

Energia eólica offshore no mundo

(Imagem: MingYang Smart Energy)

Até o final de 2022, um total de 64,3 GW de capacidade de energia eólica offshore – quando empresas têm a sua contabilidade num país distinto daquele(s) onde exerce a sua atividade – estava em operação em 19 países e três continentes, de acordo com o relatório. Isso representa 7,1% das instalações do setor no mundo.

O Relatório Global de Energia Eólica Offshore 2023 do GWEC também destacou a contínua proeminência da China como líder no crescimento da energia eólica offshore para o próximo ano.

Embora as novas instalações da China tenham caído para 5 GW em 2022, ante um recorde de 21 GW em 2021, o país permaneceu na vanguarda do desenvolvimento global de energia eólica offshore – inclusive, é lá onde fica a maior turbina eólica do mundo. Essa queda foi atribuída ao fim do programa de tarifa de alimentação (FiT), que impulsionou o crescimento excepcional em 2021.

No entanto, o relatório também observa que, embora as previsões para o crescimento da energia eólica offshore na região da Ásia-Pacífico tenham sido revisadas para cima, a Europa e a América do Norte viram um rebaixamento de 17% em suas previsões de curto prazo.

Isso se deve a atrasos causados por questões de licenciamento e regulamentação, com gargalos na cadeia de suprimentos representando um risco para todas as regiões, exceto a China, de acordo com o documento.

Horizonte do setor

As projeções do GWEC indicam que uma capacidade nova significativa de energia eólica offshore de 380 GW deve ser construída até 2032. A região da Ásia-Pacífico deve contribuir com quase metade dessa capacidade, seguida pela Europa (41%), América do Norte (9%) e América Latina (1%).

Se concretizada, essa expansão resultaria numa capacidade total de energia eólica offshore de 447 GW até o final de 2032. No entanto, o relatório destaca que apenas um terço dessa capacidade projetada será adicionado nos anos de 2023 a 2027, devido a condições desafiadoras de mercado, que exigem mais investimento e colaboração global para abordar os gargalos.

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Startup transforma gás carbônico em fios para roupas; como?

Por William Schendes — 4 de Julho de 2023, 11:32

A startup Rubi Laboratories quer mudar a realidade da indústria têxtil, responsável pelo alto volume de emissão de carbono com sua nova tecnologia com seu sistema de enzimas que capta emissões de carbono para transformar em celulose, material usado na produção de tecidos.

  • A empresa garante que seu processo é negativo em carbono, neutro em água e biodegradável;
  • No ano passado a empresa levantou US$4,5 milhões em financiamento inicial das empresas Talis Capital, Necessary Ventures e uma série de outras empresas e investidores anjos;
  • A Rubi Laboratories também recebeu um investimento de US$250.000 da Fundação Nacional de Ciência, uma agência governamental dos Estados Unidos.

Como é o

Em entrevista à Fast Company, Neeka Mashouf, cofundadora e CEO da startup, explica que o processo da empresa é semelhante ao que é feito pelas árvores:

As árvores respiram CO2 e usam enzimas – proteínas que ajudam as reações a acontecer – para converter o CO₂ em fortes polímeros de carbono no tronco e nas folhas chamados celulose

Neeka Mashouf, cofundadora e CEO da Rubi Laboratories.

Leia mais:

A empresa imita esse processo em sua fábrica criando polímeros de celulose transformados em fios que podem ser aproveitados para produzir liocell, tecido feito pela dissolução de madeira ou bambu, viscose e rayon, fibras geralmente feitas de celulose.

Fazemos o mesmo liocell de alta qualidade sem os métodos de fabricação intensivos em carbono, água e terra baseados no desmatamento e no processamento significativo com uso intensivo de energia

Neeka Mashouf, cofundadora e CEO da Rubi Laboratories.

A empresa afirma que seu sistema de enzimas patenteado consegue capturar e converter CO₂ de entradas de gás de qualquer concentração, inclusive na captação direta de ar. Mas, conforme explica outra cofundadora da Rubi, Leila Mashouf, faz mais sentido capturar CO₂ de fontes relacionadas à produção textil.

O que é empolgante é que nossa tecnologia é realmente muito flexível na fonte de CO 2 . Testamos e comprovamos que ele pode funcionar até mesmo na captação direta de ar, que tem baixíssimos níveis de CO₂.

Leila Mashouf, cofundadora da Rubi Laboratories.

Em breve, a startup planeja trabalhar com fábricas para captar e converter as emissões produzidas no local.

A Ganni, marca de roupas sediada em Copenhage será a primeira a testar os fios produzidos pela Rubi para fazer roupas.

Com informações de Fast Company e TechCrunch.

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Museus, Sustentabilidade e Bem-Estar

18 de Maio de 2023, 08:00

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1. Nova definição de museu

 No âmbito da 26.ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus/ International Council of Museums (ICOM) - Praga, República Checa, 24. ago. 2022 - foi aprovada uma nova definição de museu, em linha com os princípios da inclusão, participação da comunidade e sustentabilidade:

"um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativo e ao serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o património material e imaterial. Abertos ao público, acessíveis e inclusivos, os museus fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Com a participação das comunidades, os museus funcionam e comunicam de forma ética e profissional, proporcionando experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimentos" [2].

Portugal faz parte do ICOM - Luís Raposo é o representante nacional do seu Conselho Executivo

2. Dia Internacional dos Museus 2023

A visão do museu voltado para responder aos grandes problemas da atualidade está subjacente ao tema apresentado pelo ICOM para o Dia/ Noite Internacional dos Museus, que se comemora, respetivamente, a 18/ 13 de maio: Museus, Sustentabilidade e Bem-Estar.

Sobretudo desde 2020 as celebrações destes eventos têm apoiado a realização da Agenda 2030 - lembramos os temas das três edições anteriores:

  • 2022 - “O Poder dos Museus“ para o Desenvolvimento;
  • 2021 - “O futuro dos museus: recuperar e reimaginar”;
  • 2020 - "Museus para a Igualdade: Diversidade e Inclusão".

Em 2023 o tema foca-se em três Objetivos: ODS 3. Saúde e bem-estar globais (Pessoas), ODS 13. Ação Climática e ODS 15. Vida na Terra (Planeta).

Celebrado anualmente, o Dia Internacional dos Museus foi organizado pela primeira vez em 1977 pelo ICOM.  

O programa nacional de atividades do Dia e da Noite dos Museus [3] inclui visitas com informação em braile e língua gestual para todos os visitantes, programas em parceria com as populações residentes, peddy-papers, exposições, concertos, conferências e muitas outras atividades de qualidade e inteiramente gratuitas.

Ibermuseus, programa de cooperação para mais de dez mil museus da Ibero-América e que integra Portugal, lançou este mês o “Guia de Autoavaliação em Sustentabilidade de Museus: uma ferramenta exclusiva e inovadora para promover práticas sustentáveis” para que os museus possam fortalecer o seu impacto nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030. Trata-se de um instrumento de autoavaliação/ diagnóstico – acessível e gratuita para todos os museus ibero-americanos - que permite a cada museu conhecer o nível em que se encontra, de acordo com as quatro vertentes da sustentabilidade - económica, social, ambiental e cultural – e tendo por base “55 indicadores que formam um conjunto de questões relacionadas com as funções primárias dos museus: educação, preservação, comunicação e investigação; e uma quinta função transversal que é a governança”. Participaram na construção do Guia profissionais de museus dos 12 países ibero-americanos da Mesa Técnica de Sustentabilidade do Ibermuseu [4].

3. Em maio há outras efemérides no âmbito das artes

De 20 a 26 de maio comemora-se a Semana Internacional de Educação Artística (UNESCO) e a página oficial destaca:

“Hoje, as habilidades, valores e comportamentos promovidos pela educação artística são mais importantes do que nunca. Essas competências - criatividade, colaboração e solução imaginativa de problemas - desenvolvem resiliência, nutrem a valorização da diversidade cultural e da liberdade de expressão e cultivam habilidades de inovação e pensamento crítico. Como vetor de diálogo no sentido mais elevado, a arte acelera a inclusão social e a tolerância em nossas sociedades multiculturais e conectadas” [5].

A Aliança Mundial para a Educação das Artes solicita contribuições que ajudem a mapear atividades ou projetos de educação artística em todo o mundo [6].

No âmbito da Noite Europeia dos Museus/ Nuit Européenne des Musées de 13 de maio, da iniciativa do Ministério da Cultura em França - UNESCO e a ICOM são parceiras - realiza-se La classe, l'oeuvre! que visa o enriquecimento da formação artística e cultural de alunos de todos os níveis de ensino. Com a ajuda dos seus professores, constroem um projeto de educação artística e cultural, a partir do estudo de uma obra de arte ou elemento da coleção, dos museus franceses e nesta Noite partilham o trabalho, realizado ao longo do ano, com os visitantes. O objetivo é tornarem-se atores e transmissores do património local e nacional e reforçar parcerias entre escolas e museus [7].

4. Museus, palácios e monumentos, parceiros privilegiados da biblioteca

Há uma ligação privilegiada das escolas – e suas bibliotecas – aos museus porque, conforme defende Fátima Roque, Diretora do Departamento de Museus Monumentos e Palácios da Direção-Geral do Património Cultural. o seu papel não é promover o entretenimento, mas provocar o questionamento, a reflexão crítica, a formação, valores e até a intervenção cívica na comunidade em ligação às suas coleções, bem como às grandes interrogações do nosso tempo [8].

Totalmente em linha com a nova definição de Museu do ICOM e com o tema deste ano, a Rede de Bibliotecas Escolares publicou um conjunto de informações, que incluem orientações, fontes, exemplos acessíveis a todos que podem ser postos em prática pelas bibliotecas escolares em articulação com os museus locais, divulgando, recriando ou expandindo e fazendo perdurar na memória da comunidade as coleções do património de proximidade.

Outras fontes RBE:

UNESCO: Mondialcult 2022

IFLA: Direitos Culturais

Artes e património com a biblioteca escolar

Referências

  1. Conselho Internacional de Museus. (2022, 10 dez.). Museus, Sustentabilidade e Bem-estar. Dia Internacional dos Museus 2023. Portugal: ICOM. https://icom-portugal.org/2022/12/10/museus-sustentabilidade-e-bem-estar-dia-internacional-dos-museus-2023/
  2. Conselho Internacional de Museus. (2022, 30 set.). Nova Definição de Museu. Portugal: Portal. https://icom-portugal.org/2022/09/30/nova-definicao-de-museu-2/
  3. Direção Geral do Património Cultural. (2023, 13/ 18 maio). Noite e dia internacional dos museus. Portugal: DGPC. https://w3.patrimoniocultural.pt/museus2023
  4. (2023, 10 mai.). Guia de autoavaliação em sustentabilidade de museus. Lisboa: Ibermuseus. http://www.ibermuseos.org/pt/
  5. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization . (2023). International Arts Education Week. Paris: UNESCO. https://www.unesco.org/en/weeks/arts-education
  6. IDEA, InSEA, ISME, WDA. (2023). World Alliance for Arts Education. https://www.waae.online/waae_arts_education_week_2023.html
  7. Réseau Canopé. (2023). La classe, l'oeuvre! France: CANOP. https://www.reseau-canope.fr/la-classe-loeuvre/accueil.html
  8. Antena 1. (2023, 15 mai.). Uma Noite em Forma de Assim (Ep. 70). Portugal: RTP Play. https://www.rtp.pt/play/p10960/uma-noite-em-forma-de-assim#collapse-text-program

 

 

 

 

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Bibliotecas escolares sustentáveis

17 de Maio de 2023, 08:00

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No dia 2 de maio, no auditório da Biblioteca Municipal de Palmela foi apresentado o Guia de Boas Práticas Ambientalmente Sustentáveis em Bibliotecas Escolares.

Este guia é fruto de um trabalho colaborativo da equipa de professores bibliotecários do concelho de Palmela, da Bibliotecária Olga Cidades, do Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares de Palmela, e de Fábio Cardona, da Agência da Energia e do Ambiente da Arrábida.

a Mudança, abrupta e irreversível, na atitude do ser humano perante a rede de vida natural, marcada pelo aquecimento global, poluição atmosférica, contaminação da água e acidificação dos oceanos e extinção de espécies de seres vivos, numa escala sem precedentes que agravará as desigualdades sociais e colocará em perigo a sobrevivência do ser humano na Terra. (…) 

O século XX e XXI produziu a clivagem ser humano - natureza, mas não conseguiu criar a mudança de mentalidade necessária para responder aos seus efeitos.»

Liliana Silva, do Gabinete Coordenador da RBE, seguindo Paul Crutzen e Eugene Stoermer, em 2020

Este guia surge, assim, como uma proposta para desenvolver a ecoliteracia[1] nas nossas escolas com a participação ativa da Biblioteca Escolar. Porque os bibliotecários e professores bibliotecários têm a responsabilidade social, ética e moral na mentoria de práticas que impulsionem a valorização e preservação do património comum da humanidade, sem esquecer a defesa da dignidade humana e da justiça, o compromisso com a equidade e o valor da diversidade, da democracia e da liberdade.

O conceito de Biblioteca Escolar «Verde» afirma-se como um serviço de mentoria para auxiliar a transformação para uma sociedade mais sustentável. Deste modo, as  bibliotecas podem contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável, tendo por base a Agenda 2030, elaborada pela Organização das Nações Unidas para orientar a ação humana e sensibilizar para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas suas dimensões social, económica e ambiental, promovendo a paz, a justiça e o desenvolvimento de instituições eficazes na defesa destes Objetivos.

 

Referência

[1] Aytac, S. (2022, Jul.). Libraries as Agents of Climate Change Literacy. IFLA. https://repository.ifla.org/handle/123456789/2076

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