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Mulher denuncia discriminação em entrevista de emprego por ser mãe: “Estou sem acreditar”

Por CONTI outra — 13 de Setembro de 2023, 22:43

Uma mulher que mora em Cariacica, no Espírito Santo, utilizou as redes sociais para denunciar um incidente de discriminação que experimentou durante o processo de seleção para uma vaga de emprego, devido ao fato de ser mãe. Samara Braga tornou público o episódio ao compartilhar capturas de tela de uma conversa com o recrutador, que manifestou que “sempre é difícil contratar alguém com filhos”, provocando indignação.

Conforme relatado pela mulher, o recrutador atrasou a entrevista em três horas, agendada para as 8h. Quando Samara expressou sua impossibilidade de realizar a entrevista naquele horário, que já estava bem distante do horário combinado, o recrutador questionou a “a rotina de tantos compromissos de um desempregado” e considerou complicado contratar alguém com filhos, após ela mencionar que estava cuidando da família.

O incidente ocorreu por meio de uma conversa no WhatsApp no início de setembro. Samara Braga optou por compartilhar a experiência no LinkedIn, como uma forma de desabafo e para expor o ocorrido aos seus amigos e seguidores na rede social. O post recebeu mais de 26 mil reações e acumulou mais de 3.900 comentários.

“Aconteceu comigo e estou sem acreditar que exista profissional assim. Não é o tipo de publicação que as recrutadoras gostam de ver no perfil [da rede social], mas é necessário compartilhar”, escreveu a mulher.

Nos comentários, amigos e seguidores dela ofereceram mensagens de apoio, condenando a atitude do recrutador. Embora tenha havido insistência por parte de algumas pessoas, Samara não revelou o nome da empresa envolvida.

Em relação à legislação, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) estabelece que a legislação trabalhista proíbe qualquer forma de discriminação em todas as fases do contrato de trabalho, inclusive durante o recrutamento e contratação. Isso engloba situações de gravidez, circunstâncias familiares e outros fatores, que não devem prejudicar os candidatos.

Qualquer candidato que se encontre nessa situação pode buscar os canais internos da empresa para relatar o problema. Além disso, o MTE dispõe da Coordenação Nacional de Combate à Discriminação e Promoção da Igualdade de Oportunidades no Trabalho, bem como coordenações regionais descentralizadas. O canal para denúncias está disponível através do e-mail denuncia.sit@mte.gov.br.

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Redação Conti Outra, com informações do Terra.
Fotos: Reprodução.

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Jojo Todynho rebate críticas depois de revelar que quer adotar angolano: ‘Brasil tem fila’

Por CONTI outra — 12 de Setembro de 2023, 20:11

A cantora Jojo Todynho enfrentou críticas após revelar seu desejo de adotar um menino chamado Francisco, que conheceu durante uma viagem a Luanda, em Angola. Em resposta às perguntas sobre por que não adotar uma criança brasileira, Jojo defendeu sua decisão, destacando a conexão emocional que sentiu com Francisco e compartilhando suas preocupações sobre o processo de adoção no Brasil.

“Você vê as pessoas falando: ‘Ah, mas tem muita criança aqui no Brasil precisando ser adotada, por que você não vai num lar de crianças carentes?'”, disse Jojo em seus Stories no Instagram. “Sabem o que é conexão? E outra coisa, vocês sabem como é o processo de adoção no Brasil? Minha irmã de criação ficou sete anos na fila, sabe o que é isso? Sete anos na fila?”

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Jojo também respondeu às perguntas sobre a situação da família de Francisco em Angola. “Gente, eu não sei, foi por isso que eu pedi para fazer um levantamento. Eu não sei a situação que ele vive, vamos fazer o levantamento. E vamos perguntar para a família se eles aceitam eu adotar ele, para dar uma vida melhor, uma estrutura. Eu não sei como é a situação deles, pelo que eu estive no colégio, não é uma situação fácil, não sei das condições deles.”

Mesmo que a adoção não seja possível, Jojo pretende manter uma relação com Francisco. “Se a família falar que sim, ele vem pro Brasil. Se a família falar que não, eu vou ajudar ele. Eu amadrinho, viro madrinha dele e abençoo ele daqui. E sempre que eu estiver em Angola, de uma certa forma, vou estar presente na vida dele, porque foi algo que eu não sei explicar.”

Jojo explicou que sua viagem a Angola não tinha como objetivo inicial adotar uma criança, mas a forte conexão que sentiu com Francisco a levou a considerar a adoção. “Eu nunca fui atrás, ‘eu vou adotar uma criança’. Nunca estive nessa posição de ir atrás de uma criança pra adotar. Aconteceu, foi uma coisa que eu não imaginava.”

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Ela compartilhou como conheceu o menino: “Fui visitar uma escola, e fizemos doações de materiais didáticos para eles. O menino que veio me homenagear era o Francisco. Eu estava tão empolgada olhando para outras crianças, que não prestei atenção que ele estava lendo de frente, estava de costas para mim.” Quando finalmente olhou nos olhos de Francisco, Jojo sentiu uma conexão profunda.

Segundo Jojo, o menino também expressou interesse em morar com ela no Brasil, aumentando seu desejo de se tornar mãe: “Perguntei para ele: ‘E se eu quiser te levar embora?’. Ele respondeu: ‘Vou embora com você’.” A cantora espera que a família de Francisco aceite a adoção e prometeu dar a ele uma vida melhor e oportunidades educacionais.

Jojo concluiu: “Fiquei tão encantada com o Francisco, que falei: ‘A gente precisa ser visto, como eu muitas vezes fui vista. Um olhar muda tudo’. Eu só sabia chorar, gente. Ele me homenageando e eu só sabia chorar. Se tudo der certo eu vou adotar o Francisco. Ele vai ser o meu filho. Vou dar a ele uma oportunidade de educação melhor, de uma vida melhor.” A cantora agora aguarda ansiosamente a resposta da família de Francisco para iniciar o processo de adoção.

Com informações de Notícias da TV, UOL

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Menino é colocado para fora de escola por estar usando chinelos

Por CONTI outra — 7 de Setembro de 2023, 22:02

Um jovem de 14 anos foi barrado na escola em Boa Vista, Roraima, simplesmente porque estava usando chinelos em vez de tênis. A história ganhou repercussão em todo o país e teve um desfecho surpreendente: o adolescente, cujo nome não foi divulgado, acabou ganhando três pares de tênis novos.

O episódio aconteceu no começo desta semana, no dia 28, na Escola Estadual São José. A mãe do garoto explicou em uma entrevista à Rede Amazônica, afiliada da TV Globo na região, que o tênis do filho estava todo rasgado e eles não tinham dinheiro para comprar outro, já que o pai não estava pagando a pensão.

A mãe contou que, junto com mais dez colegas, seu filho foi expulso da escola por não estar com o uniforme correto. O menino tentou argumentar com a orientadora, mas ela zombou dele na frente dos outros alunos, dizendo que “era problema dele” e que a mãe tinha dinheiro porque trabalhava em um garimpo.

Desesperada, a mãe entrou em contato com a direção da escola, mas não houve acordo. Foi então que ela chamou a polícia, que chegou ao local. Ela gravou um vídeo curto mostrando o garoto sentado na calçada da escola.

A mãe explicou que o filho ficou muito constrangido com toda a situação e agora “está com medo de voltar à escola”. Ela desabafou: “Meu filho não assistiu a aula, não deu pra ele assistir. Ele não tinha como assistir, a gente estava muito constrangido, não sabia o que fazer e veio embora. Ele está com medo e não quer mais ir para escola”.

A Secretaria de Educação e Desporto (Seed), responsável pela escola onde o ocorrido aconteceu, soltou um comunicado à TV Norte Boa Vista informando que vai tomar providências em relação ao comportamento da servidora da escola. Além disso, a escola já mandou um relatório à Divisão de Desenvolvimento Psicossocial da Seed e prometeu que o aluno e sua família serão atendidos na sexta-feira, dia 1º de setembro.

A Polícia Civil de Roraima confirmou que, como o garoto é menor de idade, o boletim de ocorrência feito pela mãe foi encaminhado ao 4º Distrito Policial e ao Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente, onde já estão tomando as providências cabíveis.

A solidariedade não demorou a chegar. Até quinta-feira, 31 de agosto, além dos tênis, o garoto já tinha recebido uma calça e uma camiseta. A mãe dele agradeceu, mas deixou claro que isso não apaga o que aconteceu. Ela destacou que a família também foi procurada por pessoas de outros países, mostrando que a história tocou corações além das fronteiras brasileiras.

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Redação Conti Outra, com informações do Terra.

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Gretchen se enfurece com internautas que apontaram que ela tem barba: “Desocupados”

Por CONTI outra — 6 de Setembro de 2023, 15:09

A cantora Gretchen, de 64 anos, se irritou com as críticas que recebeu de seus seguidores após postar uma foto tirando um cochilo com o marido e a neta no colo. Os internautas disseram que a dona do hit “Conga Conga Conga” parecia ter pelos loiros no rosto.

Revoltada, a cantora mandou um recado bastante direto para os seus haters:

“Para os desocupados e sem noção: Micropore do procedimento de colocação de fios. Pra ficar muito mais maravilhosa do que eu já sou”- escreveu a rainha do bumbum nos stories de seu Instagram.

O procedimento de colocação de fios é indicado para fazer o levantamento da face. Assim sendo, a técnica mais comum consiste em utilizar uma pequena cânula para fazer pequenos furos no rosto da paciente e, então, através desses furos inserir o fio no rosto (da região da bochecha para a orelha). Já o micropore é um esparadrapo bege usado para cobrir esses pontos.

Dias antes, Gretchen já havia se incomodado com críticas ao novo visual de seus cabelos. A mãe de Thammy Miranda havia surgido nas redes sociais com cabelos pretos com mexas platinadas.

“A gente vai estar gravando um clipe e eu precisava de um cabelo bem funkeira, bem moderno”, explicou a cantora sobre o visual novo.

Muitos internautas não aprovaram a mudança nos cabelos de Gretchen. Algumas pessoas afirmaram que Gretchen ficou parecida com a mulher que estampa a embalagem dos palitos de dente, Gina.

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Redação Conti Outra, com informações do Fashion Bubbles.

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Filha de Mingau faz desabafo indignado sobre oportunismo em momento difícil: “Gente imunda”

Por CONTI outra — 6 de Setembro de 2023, 13:51

Isabella Aglio, filha de Mingau, baixista do Ultraje a Rigor, recorreu às sociais na última terça-feira (5) para fazer um desabafo sobre o momento difícil que sua família vem enfrentando. Ela se quixou de oportunistas que estão se aproveitando do estado de seu pai para alimentar polêmicas: “Gente imunda”.

A jovem, que já havia pedido orações pela recuperação do pai, também afirmou que há pessoas tentando fazer com que o músico saia como culpado da situação de violênca que viveu. “Além de sofrermos ao ver uma pessoa a quem amamos muito em estado grave, encontramos oportunistas e quem se alimente de polêmicas e tentam transformar a vítima em réu”, lamentou.

“Deus nos livre dessa gente imunda, que não faz falta ao mundo e é incapaz de pensar ou dizer algo de bom”, completou a filha do baixista, que foi alvejado na cabeça no último fim de semana, em Paraty, na Costa Verde do Rio.

Em uma coletiva de imprensa realizada na terça, o Hospital São Luiz, de São Paulo, atualizou o estado de saúde de Mingau. O baixista do Ultraje a Rigor teve traumatismo craniano.

Segundi a equipe, Mingau está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O músico segue sedado. Os médicos apontaram que ele foi atingido do lado esquerdo da cabeça, e o projétil atravessou o cérebro e saiu do corpo do artista.

No sábado (2), por volta das 22h30, o baixista do Ultraje a Rigor levou um tiro na cabeça em Paraty, no Rio de Janeiro. No domingo (3), quando ele completou 56 anos de idade, foi transferido para São Paulo de helicóptero e passou por cirurgia intracraniana.

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Redação Conti Outra, com informações do Na Telinha.
Foto destacada: Reprodução/Redes sociais.

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Polêmica: Passageira e motorista discutem depois de ele recusar pagamento por vale alimentação

Por CONTI outra — 5 de Setembro de 2023, 01:12

Um vídeo que se tornou viral nas redes sociais está gerando intenso debate sobre as políticas de pagamento em serviços de transporte por aplicativo. O vídeo mostra uma discussão acalorada entre uma passageira e um motorista de aplicativo depois que o motorista se recusou a aceitar um vale alimentação como forma de pagamento.

Nas imagens, a passageira tenta usar seu vale alimentação para pagar a viagem, mas o motorista informa que a máquina de pagamento não é compatível com esse método. Ele oferece alternativas, como usar outro cartão ou transferência via PIX, mas a passageira alega não ter dinheiro adicional e questiona por que seu cartão não é aceito, já que o utiliza em outros estabelecimentos.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

A discussão se intensifica, culminando com o motorista pedindo que a passageira saia do veículo. Nas redes sociais a discussão tomou grandes proporções, muitos entenderam a situação do motorista de não poder aceitar o vale alimentação, mas outros internautas também deram razão sobre os direitos que a moça possuía como cliente.

“Percebi várias coisas, menos inusitado. Infelizmente, o rapaz trabalhou e não recebeu.”, comentou um internauta. “Mas o cartão não já é cadastrado no App? Nunca vi pagar a corrida com maquineta depois.”, questionou outro.

Confira o vídeo:

➡ Um caso inusitado tomou conta das redes sociais no último fim de semana. Um motorista de aplicativo ficou revoltado após uma passageira tentar pagar uma viagem de carro usando um vale alimentação. Na declaração da mulher, o cartão já havia sido aceito em outros veículos.

O… pic.twitter.com/LZGtWYdyil

— Metrópoles (@Metropoles) September 4, 2023

Com informações de Metrópoles

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✇ Wilder

Joaquim Tapisso, de olho nos musaranhos, os mamíferos mais primitivos que existem

Por Helena Geraldes — 30 de Agosto de 2023, 13:17

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao investigador Joaquim Tapisso porque se interessa tanto por musaranhos.

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Joaquim Tapisso: Tenho 43 anos e sou técnico superior na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Mais concretamente, sou o gestor do Biotério onde, frequentemente, alojamos musaranhos capturados na Natureza para desenvolvimento de experiências de fisiologia e de comportamento animal. Estas experiências estão quase todas relacionadas com a adaptação destes animais às alterações globais, nomeadamente ao aquecimento global e à urbanização. Temos vindo a estudar, por exemplo, padrões de utilização do torpor (mecanismo fisiológico semelhante à hibernação mas de muito curta duração) a diferentes temperaturas ambiente ou diferenças comportamentais ao nível da personalidade entre animais capturados em áreas urbanas como Lisboa e zonas mais naturais como o Parque Natural de Sintra-Cascais. 

W: Porque é que se dedicou aos musaranhos?

Joaquim Tapisso: A principal razão que me levou a dedicar a minha investigação aos musaranhos foi o grande desconhecimento que existia e que, infelizmente, ainda existe sobre muitos aspectos da biologia e ecologia destas espécies. 

W: Como é que começou?

Joaquim Tapisso: Comecei a estudar musaranhos em 2006 no âmbito da minha tese de doutoramento. Na altura, existiam três espécies de musaranhos cuja categoria de ameaça no Livro Vermelho em Portugal era “Informação Insuficiente”. Fui então desafiado pelos meus orientadores a tentar aumentar o conhecimento sobre uma dessas espécies, o musaranho-de-água, Neomys anomalus. Desenvolvi então vários estudos sobre a ecologia, comportamento e genética desta espécie focando-me nas populações que ocorriam nos rios e ribeiros do Parque Natural da Serra da Estrela. Conseguimos concluir que a espécie estava bastante mais dependente do ambiente aquático do que se pensava, que havia diferenças genéticas bastante acentuadas em relação às populações fora da Península Ibérica e que esses dois fatores contribuem para aumentar a susceptibilidade da espécie às alterações globais. Na mais recente revisão do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal a categoria de ameaça foi atualizada e a espécie é agora considerada Vulnerável.

W: O que o fascina mais nestes animais?

Joaquim Tapisso: O que mais me fascina nos musaranhos é o facto de, apesar de serem considerados os mamíferos mais primitivos que existem, apresentarem um conjunto de particularidades únicas. Entre essas particularidades gostaria de destacar a relação entre o seu tamanho e o metabolismo. Os musaranhos são animais muito pequenos, com muitas espécies a não ultrapassarem os 10 gramas de peso em idade adulta, mas têm um metabolismo extremamente elevado o que leva a que algumas espécies tenham que comer diariamente enormes quantidades de comida. Como são espécies insetívoras um musaranho com cerca de 8 gramas pode chegar a comer diariamente mais de 5 gramas de invertebrados. Como estamos a falar em gramas pode parecer pouco mas se pensarmos em nós próprios isto significa que uma pessoa de 80 quilos com um metabolismo de um musaranho precisaria de comer diariamente mais de 50 quilos de comida!

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Joaquim Tapisso: O principal desafio na identificação de musaranhos é o facto de serem muito pequenos e de apresentarem muitas semelhanças morfológicas entre espécies. De facto, estamos perante animais que são quase todos muito pequenos, com uma forma corporal semelhante, com olhos e orelhas diminutos e com uma pelagem quase sempre de cor escura e uniforme. A identificação passa muitas vezes por pequenas diferenças no formato do focinho, na forma e coloração dos dentes ou na relação entre o tamanho do corpo e das patas. 

W: Como tem sido participar no “Que Espécie é Esta?”

Joaquim Tapisso: Participar nesta vossa iniciativa tem sido uma experiência fantástica. As semelhanças morfológicas entre os musaranhos e os roedores induzem muitas vezes o público em geral em erro. Tem sido muito interessante verificar que algumas pessoas conseguem perceber que estes animais são de alguma forma diferentes dos ratinhos e têm portanto curiosidade em saber exatamente “Que espécie é esta?”.

W: Tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies que gostasse de partilhar?

Joaquim Tapisso: A história mais curiosa que tenho sobre identificação de espécies de musaranhos é a já referida divergência genética encontrada nos musaranhos-de-água europeus. Quando comecei o meu doutoramento já havia alguns indícios de que as populações ibéricas eram de alguma forma divergentes. Já tinham sido apontadas algumas diferenças ao nível do tamanho dos animais (os animais ibéricos são ligeiramente maiores do que os restantes animais europeus) e até a nível genético. No entanto, as semelhanças entre os animais descritos eram também bastantes. O meu doutoramento veio ajudar a clarificar a situação a vários níveis biológicos e, posteriormente, colegas espanhóis confirmaram geneticamente que as populações ibéricas dos musaranhos-de-água são efectivamente uma espécie distinta das outras duas espécies de musaranhos-de-água que ocorrem no resto da Europa. As dificuldades na identificação de musaranhos são um problema recorrente mas isso deve ser encarado como um desafio e como uma oportunidade para continuar a estudar estas espécies.


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome.

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Marisa Orth revela que se “autodeu” um Boa Noite, Cinderela: “Fiquei em pânico”

Por CONTI outra — 28 de Agosto de 2023, 15:26

Em recente entrevista ao jornal O Globo, Marisa Orth falou sobre seu novo trabalho, o monólogo “Bárbara”, que está em cartaz no Teatro XP, no Rio de Janeiro, e sobre um tema muito importante abordado pela peça, a compulsão. Em um honesto desabafo, a atriz revelou que já sofreu muito com o transtorno e que chegou a se dar um “Boa noite, Cinderela”.

Completando 40 anos de carreira em 2023, Marisa Orth contou que a peça é baseada no livro “A Saideira”, da jornalista Barbara Gancia, que narra sua luta contra o alcoolismo. “Eu sempre tive muita curiosidade sobre o tema da compulsão”, disse. “Eu mesma tenho vários descontroles e impulsos, como comer, fumar e até dormir”, revelou a atriz.

“Quando passei pela menopausa, meu sono sumiu. Comecei a tomar meio comprimido diariamente, até que me ‘autodei’ um ‘boa noite, Cinderela’”, continuou antes de explicar. “Não aconteceu nada grave, mas fiquei em pânico. Pensei: ‘Agora, você vai ficar acordada até aprender a induzir o sono novamente’. Aguentei uma semana e meia de insônia e voltei ao normal.”

Marisa contou ainda que, na infância, viu os adultos ao seu redor se envolverem com o álcool e o tabaco. “Isso me marcou muito. Eu percebi que essas substâncias podem ser muito perigosas.” Orth diz que, apesar de não ser uma comédia, “Bárbara” tem momentos de humor. “Eu acho que o humor é uma forma de falar sobre temas sérios”, disse. “Ele ajuda a quebrar o gelo e a fazer o público refletir.”

Segundo a atriz, a peça pode ajudar a conscientizar o público sobre o problema da compulsão. “Eu espero que as pessoas saiam do teatro pensando sobre suas próprias vidas”, disse. [

A atriz tambpem falou sobre sua própria experiência com a compulsão. Ela relatou que, aos 23 anos, passou a fumar cigarro e que, apesar de ter feito várias tentativas, só conseguiu parar há cerca de dez anos.

“Eu também tenho um problema com sono”, disse. “Quando passei pela menopausa, comecei a tomar um remédio hipnótico, mas logo percebi que estava me tornando dependente.” Orth diz que, apesar de suas lutas, ela está sempre tentando superar suas compulsões. “Eu sei que não é fácil, mas é possível”, disse. “É importante buscar ajuda profissional e não desistir.”

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Redação Conti Outra, com informações do Na Telinha.

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Danielle Steel: Drama, Esperança e Amor no livro Complicações

Por Gonçalo Sousa — 23 de Agosto de 2023, 11:13

A autora mais popular em todo o mundo regressa com uma história comovente, que nos lembra que cada momento, mesmo mais difícil, é precioso. Espere por escândalo e tragédia, mas também segundas oportunidades em Complicações, o romance da autora favorita dos leitores: Danielle Steel. Publicado pela primeira vez em Portugal em 2023, o livro Complicações apresenta uma história comovente, em que tudo acontece debaixo do luxo e charme de um hotel de cinco estrelas em Paris frequentado por ricos e poderosos.

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Portabilidade numérica: confirmação em duas etapas da Anatel gera problemas para usuários

Por Vitoria Lopes Gomez — 22 de Agosto de 2023, 19:49

Para evitar golpes envolvendo a portabilidade de números sem a autorização do proprietário, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mudou a forma com que o procedimento é feito no Brasil, que agora exige confirmação em duas etapas. A mudança será concluída em 28 de agosto. No entanto, apesar de resolver um problema, cria outro: usuários relataram que não estão conseguindo realizar o processo quando realmente o solicitam.

Leia mais:

Portabilidade com confirmação em duas etapas

  • Golpes recentes envolviam a portabilidade de números de celular sem o consentimento do usuário. O influenciador Felipe Neto foi um dos que reclamou da insegurança em seu perfil no X (antigo Twitter).
  • Na busca por mais proteção, desde 24 de abril a Anatel supervisiona as operadoras brasileiras a realizar a confirmação da portabilidade numérica em duas etapas.
  • Na prática, o proprietário que quiser mudar de uma operadora para a outra e continuar usando o mesmo número deve sinalizar às duas empresas.
  • Então, na primeira etapa, ambas fazem uma checagem prévia para comprovar se o pedido é verdadeiro ou uma frade ou golpe.
  • Depois, a portabilidade é confirmada e o usuário recebe um SMS pedindo autorização para o procedimento. O proprietário da linha deve responder “SIM”.
  • A implantação da confirmação em duas etapas acontece de forma progressiva no Brasil e, no dia 28 de agosto, chegará ao Rio Grande do Sul, Nordeste e Sudeste, completando a migração.

A Agência trabalha para que isso aconteça. Com a medida não é possível que a portabilidade seja feita sem que o usuário faça a aprovação da mudança. A luta contra fraudes no ambiente digital é diária e novas medidas podem ser necessárias.

— Anatel (@AnatelGovBR) August 21, 2023

Medida não resolve tudo

No entanto, segundo apurado pelo site Tele.Síntese, o novo modelo criou outro problema: usuários que realmente querem realizar a portabilidade numérica não estão conseguindo por problemas no sistema.

Como mostrou um print de um proprietário, mesmo após responder ao “SIM” no SMS, a mensagem não chega e o processo tem de ser reiniciado, dificultando um procedimento que antes era simples.

Segundo Gustavo Borges, superintendente de Controle de Obrigações da Anatel, que falou com o Tele.Síntese, isso acontece porque, para garantir a proteção do usuário e dificultar golpes, a mensagem só pode ser respondida em até 30 minutos. Se não for respondida e ele tentar de novo, o tempo aumenta para 2 horas no dia seguinte e depois 6 horas.

Quanto menor a janela para resposta, menor é a possibilidade de o pedido de portabilidade ser fraudulento. A confirmação em duas etapas foi implantada justamente para coibir fraudes.

Gustavo Borges
Print de usuário mostra como a confirmação do “SIM” não chega à operadora (Foto: Reprodução de Tela/Tele.Síntese)

Resolução da Anatel

  • Para ouvir sobre os problemas, a Anatel criou um grupo de trabalho sobre portabilidade numérica, o GTOP.
  • O grupo está analisando a forma de mudar a ordem com que as etapas são feitas e estuda enviar o SMS antes do levantamento de dados sobre o cliente.
  • No entanto, segundo Borges, o primeiro sistema demorou 5 meses para ser implantado – ou seja, uma solução também demorará.

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O que é o passaporte digital da Worldcoin e por que é tão polêmico?

Por Lucas Gabriel Machado Henriques — 22 de Agosto de 2023, 12:04

Visando criar um passaporte digital universal, a Wordcoin é uma iniciativa da empresa Tools For Humanity, cujo presidente Sam Altman é também o CEO da OpenAI, criadora do ChatGPT. Nesta matéria, te explicaremos o que é o passaporte digital da Worldcoin, o que podemos esperar dessa novidade para o futuro e por qual motivo o projeto gera tanta polêmica.

Leia mais:

O que é o passaporte digital?

Criado pela Worldcoin com investimentos da Tools For Humanity, o passaporte digital é um projeto que visa criar uma identidade virtual única para cada pessoa, usando a tecnologia de reconhecimento de íris. O objetivo do passaporte digital é melhorar a segurança e a privacidade das pessoas, permitindo que elas acessem serviços e produtos online sem a necessidade de fornecer informações pessoais além da verificação de biometria. Por outro lado, especialistas criticam o projeto e acreditam que o passaporte digital pode aumentar o risco de violação de privacidade e discriminação.

imagem do passaporte digital
O Worldcoin poderá ser usado por pessoas de todo o mundo. (Imagem: Worldcoin)

Prós e contras do passaporte digital

O passaporte digital criado pela Worldcoin é um projeto com potencial de benefícios e riscos significativos. Vale ressaltar que os programadores envolvidos, precisam, nessa fase de desenvolvimento, analisar os riscos cuidadosamente antes de implementar o projeto em larga escala.

Vantagens do passaporte digital

Confira os pontos positivos ligados ao passaporte digital desenvolvido pela Worldcoin:

  • Universalidade: O passaporte digital poderá ser usado por pessoas de todo o mundo. Não há necessidade de ter um passaporte ou outro documento de identidade emitido pelo governo para usar o Worldcoin.
  • Redução de senhas: Com o passaporte digital, não será necessário o uso de várias senhas, sendo possível cadastrar vários tipos de conta em um único totem.
  • Múltiplas funções: Além de servir como senha para mídias sociais e serviços de streaming de música e vídeo, por exemplo. Com o uso do passaporte digital, será possível acessar ainda serviços bancários e do governo por meio do documento único.

Desvantagens e riscos potenciais do passaporte digital

Aqui estão alguns dos riscos potenciais do passaporte digital criado pela Worldcoin:

  • Violações de privacidade: As pessoas terão suas atividades online rastreadas e monitoradas pelo passaporte digital. Isso pode facilitar o roubo de identidade e outras formas de crimes, golpes e fraudes se não houver um sistema de proteção de dados extremamente robusto.
  • Crescimento em atos de discriminação: Empresas podem proibir pessoas de usar certos serviços com base em questões culturais ou étnicas, já que a biometria, teoricamente, também poderia revelar mais informações sobre as origens do indivíduo.
  • Aumento do risco de vigilância: o passaporte digital pode ser usado para monitorar as atividades das pessoas em espaços públicos. Isso pode levar à perda de privacidade e à violação dos direitos humanos.

Dividido em três atuações

A Worldcoin tem três atuações que prometem impactar positivamente a sociedade, de acordo com o site do projeto.

  • WLD: criptomoeda da Worldcoin, distribuída para quem cria um ID na plataforma;
  • World App: um aplicativo de carteira digital para gerenciar os tokens da WLD e o World ID.
  • World ID: uma espécie de “passaporte digital”, obtido com um código único após escanear a íris de cada pessoa.

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Rapaz tira o bigode para fazer tatuagem de bigode e viraliza

Por CONTI outra — 22 de Agosto de 2023, 01:10

Um vídeo intrigante chamou a atenção nas redes sociais nos últimos dias. Um jovem italiano decidiu passar por um procedimento inusitado: retirar seu bigode natural para dar lugar a uma tatuagem de bigode no rosto. O processo, conduzido pela tatuadora Maria Gina Altobelli, conhecida por suas tatuagens criativas e pouco convencionais, atraiu a atenção de milhões de internautas, gerando uma onda de discussões sobre autenticidade e autodescoberta.

O procedimento aconteceu na cidade de Lácio, na Itália, onde o cliente se submeteu à mão habilidosa de Altobelli, do estúdio Gipsyg Tattooer, amplamente reconhecida por suas tatuagens únicas e destemidas.

Fotos: Reprodução/Redes Sociais

O vídeo do procedimento, que detalha todo o processo desde a retirada do bigode original até a finalização da tatuagem, foi compartilhado no TikTok da própria artista. Nele, é possível observar a reação do italiano ao ver sua nova aparência no espelho, onde uma mistura de surpresa e ambivalência se expressa em seu rosto. Segundo a própria tatuadora, o cliente teria aprovado o resultado.

O vídeo, publicado no perfil oficial Gipsyg Tattooer, rapidamente se tornou um fenômeno viral, acumulando mais de 13 milhões de visualizações e recebendo mais de 200 mil curtidas.

@gipsygtattooerI like the result toooo much

♬ LALA – Myke Towers

Com informações de O Tempo

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Diarista de 63 anos paga curso de culinária com faxinas e realiza sonho

Por CONTI outra — 20 de Agosto de 2023, 15:24

Recentemente, uma história inspiradora passou a ter grande repercussão nas mídias sociais. Marli Silva, uma dedicada mãe de família de 63 anos lutou contra todas as adversidades para realizar seu sonho pessoal: se formar em culinária. Marli, que antes desempenhava a função de diarista, não apenas venceu barreiras, mas também se tornou um sucesso nas redes sociais, cativando o público com suas habilidades na cozinha.

Foto: Reprodução/ Instagram

Originária de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Marli da Silva concluiu seu curso de culinária, especializando-se em pratos franceses e confeitaria. A jornada até esse ponto não foi fácil; no entanto, sua determinação e paixão pela cozinha a impulsionaram a superar desafios financeiros e pessoais. Com o dinheiro obtido através de faxinas, Marli financiou integralmente seu curso de três anos. Essa jornada tripla incluía as atividades de diarista, a dedicação ao curso noturno e o compromisso com a educação de seus filhos.

Foto: Reprodução/ Instagram

Em uma entrevista ao G1, Marli compartilhou seus anseios e aspirações. Sua busca por aprendizado culinário a levou ao Instituto Gastronômico das Américas, onde encontrou o curso dos seus sonhos. Mesmo questionando se seria aceita devido à idade, Marli foi acolhida com entusiasmo, marcando assim o início de uma nova fase em sua vida.

O destaque para sua conquista veio por meio das redes sociais, quando seu filho, Patrik da Silva, que é especialista em informática, postou uma imagem de sua mãe sorridente e imersa em sua paixão: cozinhar. A postagem viralizou e o tweet agora acumula mais de 18 mil retweets, 1300 comentários e 225,4 mil curtidas.

Foto: Reprodução/ Instagram

Marli e Patrik compartilharam sobre os desafios enfrentados durante o curso e a alegria avassaladora que sentiram ao alcançar a formatura. A mulher, que por vezes era a única mulher negra em sua turma, ultrapassou obstáculos e conquistou o respeito de seus colegas. Sua experiência acadêmica foi enriquecida com aulas de francês, que somaram um toque especial à sua jornada.

Minha princesa preta formada em culinária francesa, merece o mundo 😍❤❤ pic.twitter.com/siwvREbcvu

— P K A L H A (@pkalha777) June 24, 2020

Além das repercussões online, Marli Silva já conquistou mais de 11 mil seguidores em sua conta no Instagram, onde compartilha sua rotina como chef e confeiteira. Suas criações culinárias variadas e saborosas, como mousse de queijo com goiaba, torta de doce de abóbora, quindim e quiche de linguiça com alho-poró, têm sido elogiadas por seus seguidores e até resultaram em encomendas.

Com informações de O Amor

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Surpreendente encontro: leoa ‘invade’ carro de turistas e age como gatinho curioso

Por CONTI outra — 19 de Agosto de 2023, 22:12

Essa cena inusitada e emocionante tem conquistado a atenção dos internautas nas redes sociais nos últimos dias. Um vídeo mostra o momento em que uma leoa decide surpreender um grupo de turistas, invadindo o carro no qual eles estavam durante um passeio em um safári. O incidente, capturado por diversos espectadores através de seus celulares, logo se tornou viral na internet.

Ao contrário do que se poderia presumir diante da proximidade de um animal selvagem de tal porte, a leoa não demonstrou hostilidade. Pelo contrário, ela parecia estar movida por uma curiosidade amigável ao se aproximar dos visitantes. As imagens registram os momentos incríveis em que os turistas interagem com a leoa, acariciando seu pelo majestoso e aproveitando a oportunidade única de estar tão perto de um exemplar tão magnífico da vida selvagem.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Segundo os relatos, a leoa não apresentou nenhum comportamento agressivo durante todo o episódio. Pelo contrário, seu comportamento se assemelhou mais ao de um gato doméstico em busca de carinho e brincadeira. Os turistas, inicialmente surpresos e cautelosos, logo se sentiram à vontade para interagir com o animal de maneira respeitosa e cuidadosa.

Nas redes sociais, o vídeo rapidamente ganhou repercussão, acumulando milhares de visualizações e compartilhamentos. Comentários de todos os tipos surgiram, variando entre admiração pela coragem dos turistas e pelo comportamento cativante da leoa, e advertências sobre os riscos inerentes a se aproximar de animais selvagens, mesmo que aparentemente amigáveis.

Um internauta não deixou de expressar seu ponto de vista, enfatizando a delicada linha entre interação amistosa e o perigo latente: “É só uma gatinha muito grande. A diferença é que em vez de arranhar, ela arranca um pedaço.”

Confira os vídeos de diferentes pontos de vista:

Leoa invade carro com turistas e se comporta como uma ‘gata carente’; veja vídeohttps://t.co/nWC9qFIgBU pic.twitter.com/4TxIrevzc4

— Daltro Emerenciano Instagram @blogdedaltroemerenci (@BlogdeDaltro) August 16, 2023

Com informações de O Tempo

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Rui Simão e os fungos, “seres absolutamante fantásticos”

Por Helena Geraldes — 18 de Agosto de 2023, 14:33

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao engenheiro biofísico Rui Simão porque se interessa tanto por fungos.

Rui Simão, 49 anos, é apaixonado pela micologia e dedicou-se a estes seres que considera tão peculiares. “São uns seres absolutamente fantásticos, com enormes potencialidades.” 

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Rui Simão: Tenho 49 anos, sou engenheiro biofísico. Trabalho na Câmara Municipal de Lisboa e coordeno a Divisão de Manutenção de Espaços Verdes.

W: Porque é que se dedicou a este grupo de espécies?

Rui Simão: Decorre da minha formação académica, como engenheiro biofísico. Formei-me em Évora e iniciei a minha atividade profissional na área da fitossociologia, no âmbito de trabalhos em ordenamento do território. 

W: Como é que começou?

Rui Simão: A paixão pela micologia ingressou na minha vida por esta via, uma vez que tinha muito trabalho de campo e os cogumelos começaram a despertar o meu interesse por serem uns seres muito peculiares, que estavam no meio da vegetação que eu estudava. Qual a relação entre ambos? Porquê nesse local? Todas estas questões foram crescendo na minha cabeça e levaram-me a procurar mais informação e a estudar e frequentar ações de formação e integrar grupos, para aprender mais.

W: O que o fascina mais nos fungos e cogumelos?

Rui Simão: Tudo. São uns seres absolutamante fantásticos, com enormes potencialidades. Estão associados à História do Homem em quase todos os momentos e por diversas razões, tanto no campo da medicina, como no campo da fantasia/magia, da biotecnologia, da biologia, da gastronomia, da religião, etc. São fundamentais para a vitalidade das florestas e, por outro lado, são os inimigos públicos da agricultura em algumas situações.

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Rui Simão: Essencialmente, e presentemente, a rápida evolução da Ciência no campo da biologia molecular. Neste momento a nomenclatura taxonómica está em constante mutação e é dificil acompanhar estas mudanças, uma vez que a informação ainda é escassa. No nosso país, por exemplo, ainda há poucos trabalhos na área da micologia que nos indiquem o estado da arte quanto ao nosso património micológico. 

W: Como tem sido participar no “Que Espécie é Esta?” 

Rui Simão: Tem sido muito desafiante e positivo. A pedagogia é uma forma de educar e de criar sinergias para que mais e mais pessoas se interessem por esta matéria e pela conservação dos fungos, mas especialmente da natureza. Os tempos atuais exigem que haja essa preocupação e mobilização. Através desta participação deixamos o nosso pequeno contributo.


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome. Sai todos os dias, de 1 a 18 de Agosto.

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José Manuel Grosso-Silva, o guardião de milhares de insectos

Por Helena Geraldes — 17 de Agosto de 2023, 13:29

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao entomólogo José Manuel Grosso-Silva porque se interessa tanto por insectos.

José Manuel Grosso-Silva, 49 anos, é o curador das coleções entomológicas do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto. Já encontrou na janela da sala lá de casa um escaravelho que ainda nunca tinha sido visto na Península Ibérica. A diversidade e abundância dos insectos são coisas que o fascinam.

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

José Manuel Grosso-Silva: Tenho 48 anos, sou biólogo especializado em insetos e sou o curador das coleções entomológicas do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto. Sou, por isso, o responsável pela gestão e conservação destas coleções no Museu, o que inclui catalogar, informatizar e monitorizar coleções com tamanhos e idades muito variados (algumas têm mais de 50.000 exemplares e as mais antigas têm quase 150 anos), mas também estudar e ampliar as coleções. Uma outra tarefa, fruto do processo de reabilitação de espaços e coleções que decorre no Museu, é a transferência das coleções, que estão guardadas em armários e caixas muito variados, para caixas novas que são depois guardadas em condições controladas num dos espaços já reabilitados do Museu.

W: Porque é que se dedicou a este grupo de espécies?

José Manuel Grosso-Silva: Desde que me lembro que gosto de insetos e de outros invertebrados. Na verdade, de quando era miúdo o que me lembro melhor é das explorações que fazia na praia durante o verão, que eram um misto de caça e pesca. Não envolvia insetos, mas crustáceos, moluscos, anémonas, peixes das poças de maré. Esse interesse que já tinha materializou-se enquanto estudava na faculdade.

W: Como é que começou?

José Manuel Grosso-Silva: Como dizia, comecei a trabalhar com os insetos de Portugal enquanto tirava o curso de Biologia, pois foi nessa altura que comecei a estudar fauna portuguesa, quer fazendo uma coleção de insetos, quer recolhendo e organizando a informação publicada sobre a fauna de Portugal continental. Os primeiros registos de interesse que encontrei surgiram ainda nessa altura e foram publicados quando ainda era estudante.

W: O que o fascina mais nos insectos?

José Manuel Grosso-Silva: A diversidade e a abundância dos insetos são uma parte da razão desse fascínio: não precisamos de ir para áreas naturais longínquas, mesmo num passeio numa zona urbana (principalmente se houver jardins e quintais) podemos ver muita variedade de espécies e nunca sabemos que espécie que nunca lá vimos antes iremos encontrar. Em termos ecológicos, é mesmo a forma como participam em tudo, como herbívoros, predadores, parasitas, decompositores, polinizadores; é incrível a importância que têm para a restante biodiversidade! Nós vivemos verdadeiramente na era dos insetos e das plantas com flor, a importância dos dois grupos é esmagadora!

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

José Manuel Grosso-Silva: As coisas têm melhorado muito nas últimas décadas, mas o principal desafio continua a ser a bibliografia. Ou porque não há estudos sobre um grupo, ou porque são muito antigos, ou porque simplesmente é difícil termos acesso às publicações. Mas houve mesmo mudanças radicais. Quando comecei passávamos dias nas bibliotecas a recolher a informação, agora já se encontra muito do que necessitamos online. Um segundo desafio, não menos importante, surge na sequência do primeiro: é a necessidade de termos a informação organizada para quando encontramos uma espécie sabermos se o registo é interessante, se a espécie é conhecida da área, etc. Isto resolve-se construindo bases de dados nas quais esta informação é inserida, que é uma das coisas que faço há quase 30 anos sobre a fauna portuguesa.

W: Como tem sido participar no “Que Espécie é Esta?” 

José Manuel Grosso-Silva: É uma experiência muito recompensadora: por um lado vemos que as pessoas se interessam por conhecer o que encontram, as espécies com que partilham o espaço, por outro, podemos ajudar a que saibam que espécies são, o que fazem e em que condições vivem. E claro, os leitores, mesmo que não tenham encontrado as espécies, também aprendem e ficam mais atentos, por isso toda a gente ganha – e a biodiversidade também!

W: Tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies que gostasse de partilhar?

José Manuel Grosso-Silva: Há sempre aspetos interessantes, curiosos ou engraçados (mesmo que às vezes só nós achemos isso…), mas tenho sempre alguma dificuldade em lembrar-me de exemplos. Uma das coisas muito interessantes que me tem acontecido é encontrar espécies que nunca tinham sido encontradas em Portugal e um aspeto curioso é que nalguns casos isso aconteceu dentro da minha casa: por exemplo, atualmente vivo num segundo andar em Vila Nova de Gaia, em plena área urbana e a poucos metros da autoestrada Porto-Lisboa. No entanto já encontrei em minha casa um escaravelho que não só era desconhecido de Portugal como de Espanha, ou seja, foi encontrado pela primeira vez na Península Ibérica na janela da minha sala.

Um bom exemplo de uma situação engraçada é quando vamos de viagem para uma área com interesse em termos de biodiversidade, como um Parque Natural, onde queremos fazer amostragens e esperamos registar espécies raras ou que nunca vimos antes, e quando paramos numa área de serviço descobrimos uma espécie mais interessante do que as que acabamos por encontrar no nosso destino. Isso tanto pode acontecer durante a noite, quando as luzes estão ligadas e é graças a elas que encontramos o inseto, como durante o dia, quando vemos o inseto numa janela no café ou num canteiro junto à esplanada. Há uns anos pousou em cima de mim uma vespa muito rara quando estava a tomar café numa esplanada num parque aquático em Trás-os-Montes. O que vale é que ando sempre com um ou dois frascos para estas eventualidades!…


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome. Sai todos os dias, de 1 a 18 de Agosto.

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Guilherme Caeiro-Dias mantém a curiosidade sobre cobras e lagartos que tem desde criança

Por Helena Geraldes — 14 de Agosto de 2023, 15:05

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao biólogo Guilherme Caeiro-Dias porque se interessa tanto por répteis.

Guilherme Caeiro-Dias, investigador de 38 anos, foi um dos responsáveis por elevar ao estatuto de espécie a lagartixa-lusitânica (Podarcis lusitanicus), anteriormente descrita apenas como uma subespécie da lagartixa-do-noroeste (Podarcis guadarramae). Fique a conhecer melhor este especialista português actualmente a trabalhar nos Estados Unidos. 

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Guilherme Caeiro-Dias: Tenho 38 anos. Sou biólogo e o meu campo de investigação é Genética Populacional, que é uma área da Biologia Evolutiva que tenta interpretar padrões de variação genética nas populações e perceber que fatores originam esses padrões. Neste momento sou investigador de pós-doutoramento no Departamento de Biologia da Universidade do Novo México (EUA) e estou a trabalhar no desenvolvimento de marcadores genéticos que possam ser usados na avaliação da diversidade genética de espécies ameaçadas de peixes de água doce no sudeste dos Estados Unidos. Além disso continuo a colaborar com investigadores do Biopolis/CIBIO-InBio (Universidade do Porto, Portugal) e CEFE (Universidade de Montpellier, França) num projeto que tem como objetivo geral compreender os fatores que originaram e mantêm o isolamento reprodutivo entre as várias espécies de lagartixa do género Podarcis que ocorrem na Península Ibérica e que contribuíram para a sua evolução.

W: Porque é que se dedicou aos répteis?
Guilherme Caeiro-Dias: O interesse por répteis (e por anfíbios) começou antes de ter a oportunidade de focar a minha investigação nestes animais. Embora na maior parte dos casos seja necessário procurar ativamente estes animais, eles são relativamente fáceis de observar de perto e, para mim, é sempre excitante quando os encontro, quer seja a fazer trabalho de campo ou em passeios de lazer. E foi esse interesse que inicialmente me levou a procurar projetos de investigação relacionados com répteis e/ou com anfíbios.

W: E como é que começou?
Guilherme Caeiro-Dias: Desde criança que ouvia mitos e estórias sobre répteis, que para mim não faziam muito sentido, mas que, em geral, as pessoas tomam como certo. Penso que isso terá despertado em mim mais curiosidade do que medo. Mas foi mais tarde, durante o curso de Biologia na Universidade Évora, que comecei a saber mais sobre estes animais. Em particular, ajudou bastante ter conhecido e feito amigos com interesse em ir para o campo e observar estes animais. A partir daí a curiosidade aumentou ainda mais.

W: O que é que o fascina mais nos répteis?
Guilherme Caeiro-Dias: Poder observá-los de perto é, sem dúvida, uma das coisas mais fascinantes para mim.

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?
Guilherme Caeiro-Dias: Depende das espécies em questão. Para mim, as espécies de lagartixa do género Podarcis que ocorrem na Península Ibérica, e que foram o objeto de estudo do meu doutoramento, incluem algumas das espécies mais difíceis de identificar. Talvez ache isso porque são as espécies com as quais tenho mais experiência. A maior dificuldade é que a variabilidade morfológica e de cores é tão grande que, por vezes, indivíduos de populações diferentes da mesma espécie são mais diferentes entre sim do que comparados com indivíduos de outras populações de espécies diferentes. É necessário observar várias características em muitos indivíduos para começar a ter termos de comparação e a partir daí distinguir essas espécies com mais confiança.

W: Tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies que gostasse de partilhar?

Guilherme Caeiro-Dias: Durante o meu doutoramento, em Maio e Junho de 2015, juntei-me a três colegas em Espanha para fazer trabalho de campo em várias localidades a norte e noroeste de Madrid. Um dos locais era perto de Torrelaguna, a norte de Madrid. O objetivo era encontrar população de duas espécies em particular, a lagartixa-verde (Podarcis virescens) e a lagartixa-de-Guadarrama (Podarcis guadarramae), que ocorressem exatamente no mesmo local e recolher amostras para análises genéticas. Em geral estas duas espécies são fáceis de distinguir morfologicamente e pelos padrões de coloração. Já sabíamos que a norte dessa localidade existia uma das espécies e que dentro da localidade existia a outra. Nos primeiros dias de amostragem fiquei muito contente porque dentro da localidade conseguimos encontrar exatamente as duas espécies. Era exatamente o que queria encontrar. Consegui identificar indivíduos que claramente pertenciam a dois grupos com padrões de coloração diferentes. Então recolhemos um total de cerca de 70 amostras das duas espécies e fotografei todos esses indivíduos. Quando voltei a Portugal comecei a fazer trabalho de laboratório e um dos primeiros passos foi identificar geneticamente a espécie a que cada indivíduo pertencia. Quando obtive os resultados da identificação genética senti uma enorme frustração porque todos os indivíduos foram identificados como pertencentes à mesma espécie, a lagartixa-verde. Repeti a identificação genética de alguns dos indivíduos e obtive o mesmo resultado. Voltei a ver todas as fotografias e não percebi como é todos os indivíduos eram da mesma espécie, pois os padrões de coloração eram obviamente diferentes. Enviei algumas fotos para um dos meus orientadores em Franca que, juntamente com outro colega com décadas de experiência na identificação destes répteis, conseguiram perceber que a coloração de um dos grupos de indivíduos não era uma coloração típica para a espécie, mas que outros aspetos da morfologia correspondiam com o esperado para a lagartixa-verde. Foi frustrante, mas penso que faz parte da aprendizagem e reflete exatamente um dos maiores desafios na identificação de várias espécies de lagartixa deste género, que referi na questão anterior.


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome. Sai todos os dias, de 1 a 16 de Agosto.

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Gonçalo Elias, de engenheiro electrotécnico a embaixador das aves

Por Helena Geraldes — 11 de Agosto de 2023, 14:46

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao ornitólogo Gonçalo Elias porque se interessa tanto por aves.

Responsável pelo portal Aves de Portugal, Gonçalo Elias colabora com o consultório “Que Espécie é Esta?” desde o nascimento do projecto, em 2017. Fique a conhecer melhor este ornitólogo português. 


WILDER: Que idade tem e qual é a sua ocupação profissional?

Gonçalo Elias: Tenho 55 anos. Sou escritor, formador e ornitólogo. A minha formação académica é em Engenharia Electrotécnica e de Computadores.

W: Porque é que se dedicou à ornitologia?

Gonçalo Elias: Porque me apercebi de que era uma área com grandes lacunas a nível de conhecimento e constatei que poderia contribuir para aumentar esse conhecimento com as minhas observações.

W: E como é que começou?

Gonçalo Elias: O interesse surgiu na década de 1980 através de uma pessoa de família que começou a ver aves nos tempos livres e às vezes me convidava. Ao princípio eu ia apenas pelo passeio, mas a partir de certa altura tive vontade de começar a sistematizar os meus registos e então passei a anotar tudo aquilo que via. Ou seja, sempre que via uma ave, fazia o respectivo registo num caderno. E esse hábito mantém-se até à actualidade, com a diferença de que agora os registos são feitos de forma mais rápida directamente no telemóvel, graças à tecnologia que entretanto evoluiu.

W: O que é que o fascina mais nas aves?

Gonçalo Elias: Muitas coisas, mas há três que gostaria de destacar: as migrações, as distribuições e as vocalizações.

As migrações, porque as considero um fenómeno fascinante, em particular o facto de muitas espécies de aves percorrerem milhares de quilómetros todos os anos e conseguirem regressar no ano seguinte ao local onde nasceram.

As distribuições, porque são muito mais complexas do que imaginamos e gosto de tentar entender porque é que as espécies ocorrem em determinados locais e não noutros locais próximos, apesar das condições aparentemente favoráveis.

As vocalizações, porque nos dão a possibilidade de localizarmos e identificarmos as aves sem as vermos, através dos sons que produzem, o que faz aumentar de forma tremenda a nossa capacidade de detecção.

W: E quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Gonçalo Elias: Não cometer erros de identificação. Embora saiba que os enganos são inevitáveis, não gosto de informação incorrecta e por isso, quando não tenho a certeza de uma identificação, prefiro omitir o registo do que fazer um registo incorrecto apenas com base em probabilidades. Há aqui alguma subjectividade, mas tento ser tão rigoroso quanto possível.

W: Como é que tem sido colaborar com o “Que Espécie é Esta”?

Gonçalo Elias: Tem sido uma experiência gratificante, na medida em que estou a ajudar outras pessoas a conhecerem melhor o mundo natural que as rodeia. Gosto de ajudar as pessoas a progredir, tal como outros me ajudaram a mim quando eu estava a começar.

W: E tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies, que gostasse de partilhar?

Gonçalo Elias: Tenho várias, mas há uma de que gosto especialmente. Estávamos em finais de 1989 e, por essa altura, eu já tinha observado a maior parte das aves que ocorrem regularmente no nosso território. Mas o cortiçol-de-barriga-negra continuava a escapar-me. Nessa altura não havia muita informação publicada nem sites na internet com a informação dos avistamentos e por isso não era fácil saber onde é que cada espécie ocorria. 

Um dia, alguém me disse que a estrada que liga Castro Verde a Mértola seria um dos melhores locais para encontrar estes cortiçóis e assim, num fim-de-semana de Novembro, desafiei um amigo e juntos tomámos o comboio em direcção ao Baixo Alentejo, levando connosco as bicicletas, a fim de percorrermos a referida estrada e tentarmos encontrar a mítica ave. 

Em Castro Verde tivemos necessidade de nos dirigirmos à oficina local, para que fosse reparado um furo numa das bicicletas e desde logo aproveitei para perguntar ao dono da oficina se conhecia o cortiçol. Ao ouvir este nome, o homem sacudiu a cabeça, mas quando lhe mostrei a ilustração do meu guia de campo, a reacção não se fez esperar: “Ah, sei muito bem o que isso é! Isso é a barriga-negra! Isso dantes via-se muito! Mas vocês já não vão ver isso, que eles agora são muito raros. A não ser que tenham a sorte de vos passar um bando por cima da cabeça!”.

Apesar das perspectivas pouco animadoras, fizemo-nos à estrada. Lá para as bandas de Alcaria Ruiva, parámos para observar um corvo, eis senão quando avistámos duas aves castanhas, de silhueta pouco familiar, vindas de nordeste em voo rasante, que se dirigiam para nós a grande velocidade, exibindo o seu ventre escuro. Tão depressa como surgiram, assim desapareceram – Eram dois cortiçóis-de-barriga-negra!!! Tal como aventara o homem da oficina, as aves passaram mesmo “por cima da nossa cabeça”.


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome. Sai todos os dias, de 1 a 16 de Agosto.

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Albano Soares diz que com os insectos há sempre coisas novas à espera de serem descobertas

Por Helena Geraldes — 9 de Agosto de 2023, 17:01

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao entomólogo Albano Soares porque se interessa tanto por insectos.

Especialista em libélulas e abelhas, Albano Soares colabora com o consultório “Que Espécie é Esta?” desde o nascimento do projecto, em 2017. Fique a conhecer melhor este entomólogo português. 

WILDER: Que idade tem e qual é a sua ocupação profissional?

Albano Soares: Tenho 53 anos e trabalho como técnico de entomologia na associação Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal. No meu trabalho faço amostragens, identifico insectos, trato das colecções de insectos que temos e dos dados que reúnem toda essa informação.

W: Porque é que se dedicou à entomologia?

Albano Soares: Eu próprio me questiono às vezes sobre o que me atraiu para esta vida. Sempre gostei de animais. E um dos principais factores é que gosto de “encaixar as coisas em gavetas” e tentar perceber como o mundo funciona. Sei que nasci assim. E os insectos dão para fazer isso para o resto da vida e mais além!

W: E como é que começou?

Albano Soares: Sou autodidacta na Biologia, nunca fiz uma formação académica nesta área. Foi já com 30 e tal anos que decidi largar tudo e criar o meu próprio posto de trabalho. Na altura trabalhava em optometria. Desisti de tudo. Não sabia bem no que queria trabalhar, só sabia que queria trabalhar com insectos. 

Quando deixei o meu trabalho, em 2008, dediquei dois anos a aprofundar os meus conhecimentos sobre insectos e a percorrer o país – o que só foi possível graças ao Fundo de Desemprego. Na altura estava a estudar o grupo das libélulas e comecei a trabalhar na elaboração de um guia sobre este grupo. 

Apesar de serem poucas espécies, havia muito desconhecimento sobre estes insectos, que são também muito atractivos visualmente, e isso atraía o interesse das pessoas. E o desenvolvimento das novas tecnologias também ajudou: tanto o aparecimento das redes sociais como as máquinas fotográficas digitais, que democratizaram a Fotografia. Foi em 2008 que comecei a ter contactos com o Tagis. Dois anos depois, comecei a trabalhar ali.

W: Alguma vez pensou em fazer formação académica nesta área? 

Albano Soares: Já me passou pela cabeça, mas não me sinto associado ao formato académico. Acho que o curso devia ser mais vocacional. 

Na entomologia e noutras partes ligadas à zoologia, as pessoas muitas vezes saem da licenciatura com uma formação muito ligeira; a não ser que encontrem um professor apaixonado por taxonomia, que goste de trabalhar com a identificação de espécies. Assim, posso eu escolher os meus professores e as pessoas que quero acompanhar; não quero que escolham isso por mim. 

Muitos investigadores também não têm tempo para se dedicarem à taxonomia, ou seja, à identificação de novas espécies, até porque isso não é valorizado em termos de carreira académica. Às vezes temos a sorte de encontrar alunos excepcionalmente motivados, mas não é isso que lhes vai influenciar a nota. E por isso, muitas vezes acabam por ser os amadores que se dedicam a isso. 

Ainda assim trabalho na faculdade [de Ciências, em Lisboa]. Quando não estou em trabalho de campo vou para o laboratório trabalhar nas colecções de insectos. Só de abelhas temos 25 caixas enormes guardadas, cada uma com capacidade para 300 a 500 espécimes. Estou a inserir toda essa informação em tabelas de Excel.

W: O que é que o fascina mais nos insectos?

Albano Soares: Desde logo, a diversidade deste grupo, que faz com que haja sempre coisas novas à espera de serem descobertas. Depois, também o facto de os insectos serem tão antigos que estão relacionados com praticamente tudo na Terra. São, aliás, um dos principais motores para a vida no planeta.

W: E quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Albano Soares: Identificar bichos é uma cena doutrinal. É preciso estar sempre a ir para o campo, mas é isso que gosto de fazer. O mais difícil é encontrar referências sobre as características determinantes de um insecto, que permitam fazer a ligação à espécie. Nas abelhas, por exemplo, existem géneros com mais de uma centena de espécies, até mesmo com 200 espécies diferentes.

E muitas vezes tens um exemplar de abelha na mão mas só tens acesso a referências ultrapassadas, escritas há várias décadas, em alemão ou holandês. É um desafio, mas a taxonomia é uma cena vocacional; só com vocação é que vais para essa área. Eu, por exemplo, estou sempre a apanhar abelhas e sempre a pensar neste grupo de insectos, sempre a tentar perceber mais.

W: Como é que tem sido colaborar com o “Que Espécie é Esta”?

Albano Soares: Já vi espécies muito interessantes. E também já me aconteceu deparar-me com um insecto que tem uma área de distribuição limitada e depois, por exemplo, há uma senhora que fotografa essa espécie num local que não tem nada a ver com o que se sabia. O “Que Espécie é Esta?” é também importante para aproximar as pessoas em geral dos insectos.

W: E tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies, que gostasse de partilhar?

Albano Soares: Submetemos uma nota sobre uma nova espécie de abelha para Portugal. Quando a capturei, vi logo que era bastante diferente e por isso contactei um amigo especialista nesse grupo de insectos. 

Ele indicou-me que se trata de uma espécie nova para Portugal e que na Península Ibérica só há um outro registo: uma fêmea na Serra de Gredos, em Espanha, a mais de 1000 metros de altitude. No meu caso, capturei um macho desta espécie a 80 metros de altitude, em Vila Velha de Ródão. 

Trata-se de uma abelha com uma área de distribuição conhecida desde o sul de França até à Ucrânia. E é curioso haver apenas estes dois registos na Península Ibérica, tão diferentes um do outro. 

Uma outra história é bastante mais antiga: passou-se em 2008 e foi a confirmação do meu momento de viragem de vida. Nesse ano tinha-me prontificado a fazer um guia de libélulas. Havia uma espécie que nunca tinha sido registada ou fotografada em Portugal – a Macromia splendens, um bicho enorme e lindo – mas havia registos em Espanha e em Trás-os-Montes, já tinham sido encontradas exúvias (peles largadas pela ninfa à medida que esta cresce). Era o lince-ibérico das libélulas.

Numa altura em que ainda vivia no Porto, fui a Valongo de autocarro e quando lá cheguei vi uma libélula enorme, preta e amarela, parada no ramo de uma árvore: era a Macromia splendens! Não era suposto o bicho estar numa zona suburbana do Porto. Gastei um cartão inteiro a tirar fotografias e fiquei sem bateria no telemóvel, mas foi como que uma epifania. “É isto mesmo”, pensei.


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome. Sai todos os dias, de 1 a 16 de Agosto.

O conteúdo Albano Soares diz que com os insectos há sempre coisas novas à espera de serem descobertas também está disponível em Wilder.

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Francisco Álvares dedica-se aos carnívoros, animais “icónicos e extremamente relevantes” para nós

Por Helena Geraldes — 8 de Agosto de 2023, 18:29

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao biólogo Francisco Álvares porque se interessa tanto por carnívoros.

Francisco Álvares, 51 anos, estuda o lobo-ibérico há quase 30 anos e desde criança que anda no campo a aprender a identificar espécies de animais e de plantas. Elegeu os carnívoros para se dedicar e considera-os espécies icónicas e extremamente relevantes para as nossas vidas. 

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Francisco Álvares: Tenho 51 anos, sou licenciado em Biologia com doutoramento em Biologia da Conservação e atualmente sou investigador no CIBIO/InBIO – Associação BIOPOLIS. A minha principal área de trabalho é em ecologia e conservação de mamíferos carnívoros, com maior ênfase no lobo-ibérico, espécie que estudo há quase 30 anos. Em particular, o meu trabalho de investigação incide sobre as interacções entre o lobo e os humanos, focando temáticas como a predação no gado, respostas comportamentais a actividades humanas e a etnozoologia relacionada às crenças e práticas das comunidades locais em relação a este predador. Além disso, também tenho participado em inventários faunísticos direcionados aos mamíferos em geral (como seja o Atlas de Mamíferos de Portugal) e em estudos ecológicos sobre outras espécies de carnívoros, nomeadamente em outras regiões do mundo, como por exemplo o lobo africano (Canis lupaster) no norte de África, o mabeco (Lycaon pictus) em Angola e o chacal-dourado (Canis aureus) no Irão.

W: Porque é que se dedicou a este grupo de espécies?

Francisco Álvares: Os mamíferos carnívoros são um modelo de estudo fascinante e um desafio em termos de biologia da conservação! Este grupo de fauna inclui espécies ameaçadas e icónicas, como seja o lobo ou o lince, com uma grande relevância não só do ponto de vista ecológico, mas também em termos socio-económicos devido às frequentes interacções com os humanos. Tudo isto torna-os um grupo extremamente interessante para estudar, pois implica uma abordagem multidisciplinar, fundamentada nas ciências biológicas, sociológicas e antropológicas. Além disso, exige uma investigação aplicada que permita promover a transferência de conhecimento a instituições públicas (por exemplo, ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, ICNF), empresas privadas (p.e., promotores de parques eólicos e redes viárias) e outras partes interessadas relacionadas com a conservação destas espécies (p.e. caçadores e proprietários de gado). Com esta abordagem, o trabalho nestas espécies permite implementar acções concretas de conservação, como sejam diretrizes sobre as melhores práticas e zonamento das atividades humanas como forma de mitigar os impactos e conflitos. Um exemplo é a proposta de medidas efetivas em relação ao desenvolvimento sustentável das atividades humanas, principalmente relacionadas com o desenvolvimento de infra-estruturas e a actividade pecuária. 

W: Como é que começou?

Francisco Álvares: Desde a minha infância, sempre gostei de andar no campo a descobrir a biodiversidade que nos rodeia e a aprender a identificar espécies de fauna e flora. Por isso, optei por tirar a licenciatura em Biologia na Universidade de Lisboa, durante a qual participei como voluntário em vários projectos que estavam a ser desenvolvidos, nomeadamente pela Associação Grupo Lobo. Tal, permitiu-me aprofundar o conhecimento relativo ao lobo-ibérico e facultou-me, após a licenciatura, as primeiras oportunidades de trabalho nesta espécie.

W: O que o fascina mais nos mamíferos carnívoros?

Francisco Álvares: Basicamente, as mesmas caracteristícas que me levaram a dedicar o meu trabalho científico a este grupo de fauna, e que já referi anteriormente. Por isso, o que me fascina nos mamiferos carnívoros é serem espécies que normalmente possuem uma grande relevância nas cadeias alimentares e no imaginário humano, são frequentemente ameaçadas e têm uma grande relevância do ponto de vista ecológico e socio-económico.

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Francisco Álvares: Os mamíferos carnívoros são difíceis de observar na natureza devido aos seus hábitos elusivos e nocturnos. Por isso, são frequentemente detetados através dos seus indícios de presença, como sejam dejetos e rastos. No entanto, este tipo de indícios pode ser bastante semelhante entre espécies, sendo necessário uma grande experiência por parte do observador ou a sua confirmação através de análises genéticas. Além disso, a recolha de registos fotográficos obtidos por cidadãos (por exemplo, através da iniciativa “Que Espécie é Esta” da WILDER) torna-se uma importante fonte de conhecimento, apesar da qualidade dos registos fotográficos condicionar muitas vezes a correcta identificação da espécie em causa. 

W: Como tem sido participar no “Que Espécie é Esta?” 

Francisco Álvares: Tem sido um grande prazer e privilégio, pois trata-se de uma importante iniciativa de ciência-cidadã, que permite sensibilizar e educar a sociedade sobre a biodiversidade que nos rodeia. Além disso, o enorme volume de registos compilados e validados por especialistas no âmbito do “Que Espécie é Esta” revela-se de grande importância para um melhor conhecimento da distribuição nacional das espécies de fauna e flora e, consequentemente, para a sua eficaz conservação.

W: Tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies que gostasse de partilhar?

Francisco Álvares: Sinceramente, não me ocorre nenhum episódio em particular. Mas seja em Portugal ou noutra região do mundo, é muito recompensador quando conseguimos detetar populações ou comportamentos desconhecidos de espécies raras ou com elevado estatuto de ameaça. Além disso, ao estudar mamíferos carnívoros possibilita-me ter o privilégio de conhecer e observar no seu ambiente natural, um conjunto de espécies que de outra forma seriam muito difíceis de visualizar. Por fim, o meu trabalho de investigação sobre estes animais tem-me possibilitado conhecer regiões e países remotos, com paisagens e gentes muito interessantes!


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Carine Azevedo: “As plantas fascinam-me pela sua beleza e singularidade”

Por Helena Geraldes — 7 de Agosto de 2023, 17:29

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos à engenheira florestal Carine Azevedo porque se interessa tanto por plantas.

Carine Azevedo trabalha como consultora nas áreas de jardinagem e da floresta e considera a Botânica uma ciência “fascinante”, que permite conhecer cada planta com todas as particularidades que a tornam “única e especial”. Fique a conhecer melhor esta perita.

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Carine Azevedo: Tenho 46 anos, sou engenheira florestal, mestre em biodiversidade e biotecnologia vegetal. Dedico-me à consultoria nas áreas da jardinagem e floresta, mais em particular na concepção e acompanhamento de projetos sustentáveis e na gestão, reabilitação, conservação e segurança de património vegetal. 

W: Porque é que se dedicou à Botânica?

Carine Azevedo: As plantas têm um papel fundamental para a vida na Terra, contudo a Botânica é ainda para muitos uma ciência pouco atrativa, apontada como desinteressante e teórica. 

Na maioria das vezes, as plantas não são vistas com a mesma importância concedida aos animais. A maioria das pessoas pouco ou nada conhecem sobre as plantas, muito menos sobre a flora nativa da região onde habita, desconhecendo os seus nomes, utilidades, importância, etc. 

O facto de as plantas não se moverem e não emitirem sons, como o ser humano e os outros animais, leva a que muitas pessoas as ignorem e desconheçam o peso significativo que têm para a sobrevivência dos outros seres vivos na Terra. 

A Botânica é, sem dúvida, uma ciência fascinante. Conhecer as particularidades específicas de cada planta, cada elemento morfológico, a sua história, a variedade de bens e serviços que podem fornecer, essenciais à vida dos restantes seres vivos, tornam cada uma delas única e especial.

W: E como é que começou?

Carine Azevedo: A botânica surgiu há muitos anos, quando iniciei a minha atividade profissional como formadora. Além de dar a conhecer as espécies vegetais, também tive a oportunidade de mergulhar no mundo fantástico das plantas e de aprofundar o meu conhecimento nesta área.

W: E o que a fascina mais nas plantas? 

Carine Azevedo: De forma resumida, posso dizer que as plantas fascinam-me pela sua beleza e singularidade. Seja a planta mais minúscula ou a árvore mais alta, a observação de cada detalhe desperta curiosidade, envolvimento e o reconhecimento da sua importância. 

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Carine Azevedo: Os desafios são inúmeros, dependendo da espécie que tenho de identificar. O primeiro desafio passa por conseguir reunir todos os elementos morfológicos necessários à identificação. A folha, a flor ou o fruto por si só, nem sempre são suficientes para identificar uma espécie. É fundamental recolher o máximo de informação para que se consiga uma identificação plena. 

O segundo desafio passa por identificar o local e época de colheita. Esta informação vai ajudar a perceber se estamos perante uma espécie nativa ou exótica e reconhecer o estado fenológico da planta na altura da colheita. O estado fenológico não é mais do que o estudo do desenvolvimento da planta ao longo de suas diferentes etapas de vida: germinação, crescimento, desenvolvimento, floração, frutificação, formação de sementes e maturação.

O terceiro desafio é o de explorar a espécie identificada. Muitas vezes conhecemos as espécies por um ou outro elemento, mas desconhecemos muitas das suas características ou particularidades únicas.

W: Como tem sido participar no Que Espécie é Esta?

Carine Azevedo: Um desafio. É maravilhoso perceber que as pessoas cada vez estão mais abertas ao conhecimento botânico. Além disso, também é interessante perceber que começam a despertar para as plantas de uma maneira geral. 

Não são só as plantas de flores mais atraentes e mais coloridas que as atraem. Hoje em dia já são muitas as pessoas que começam a despertar para a vegetação nativa, para as ervas e plantinhas aparentemente pouco atrativas mas que são fundamentais para a conservação dos ecossistemas naturais de uma dada região. 

A identificação de plantas através de fotografias nem sempre é fácil. Uma das maiores dificuldades é a falta de elementos morfológicos fundamentais para a identificação plena da espécie. Por vezes tenho apenas fotografias de folhas, de flores ou do hábito da planta (forma). Também acontece ter fotografias a uma grande distância, ou turvas, que não permitem uma aproximação com qualidade para estudar certos elementos. 

Quanto mais elementos morfológicos registados individualmente (folha, flor, fruto, tronco, etc.) e em conjunto (hábito), mais fácil será a análise e a identificação. Isso nem sempre acontece, sendo necessário pedir ao leitor mais informação. A nitidez e a proximidade das fotografias aumentam a chance de uma identificação mais exata.

W: Tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies que gostasse de partilhar?

Carine Azevedo: A história mais curiosa que posso contar está relacionada com o desafio de identificar espécies raras, que nunca tinha visto antes, e que me levam a viajar pelo mundo sem sair da cadeira. Em frente ao ecrã do computador, a navegar na Internet ou envolvida em livros e Floras, para encontrar aquela espécie especial e conhecer um pouco mais a sua história.


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Rui Rebelo: “É engraçado que haja pessoas a fotografar anfíbios um pouco por todo o país”

Por Helena Geraldes — 4 de Agosto de 2023, 14:24

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao biólogo Rui Rebelo porque se interessa tanto por anfíbios.

Rui Rebelo, 53 anos, sempre gostou de muitos animais. Mas decidiu dedicar-se aos anfíbios, seres incríveis que se podem facilmente apanhar, medir, fotografar. Saiba o que mais o fascina nestes animais.

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Rui Rebelo: Tenho 53 anos, sou professor auxiliar na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no Departamento de Biologia Animal. Leciono várias unidades curriculares, entre as quais a Ecologia e Conservação de Répteis e Anfíbios, no âmbito do Mestrado em Biologia da Conservação que é oferecido por esta Faculdade.

W: Porque é que se dedicou a este grupo de espécies?

Rui Rebelo: Em primeiro lugar porque sempre gostei de muitos grupos de animais, incluindo os anfíbios e os répteis. E depois porque na altura de planear o doutoramento, rapidamente percebi que era um dos grupos em que podia facilmente apanhar, medir e fotografar muitos animais.

W: Como é que começou?

Rui Rebelo: Com o doutoramento, na altura de âmbito bastante geral, sobre a demografia e biologia da reprodução da salamandra de pintas amarelas, ao longo de todo o país.

W: O que o fascina mais nos anfíbios?

Rui Rebelo: Muita coisa! As cores, a pele, o facto de terem formas larvares que se metamorfoseiam, o canto, a longevidade, a frequência com que são descobertos em sítios improváveis.

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Rui Rebelo: No “Que Espécie é Esta” o principal desafio é ter de analisar fotos que nem sempre mostram todos os aspetos que deveríamos observar para um identificação 100% garantida.

W: Como tem sido participar no “Que Espécie é Esta?”

Rui Rebelo: Não tenho muito trabalho; por isso a experiência tem sido positiva! É engraçado que haja pessoas a fotografar anfíbios um pouco por todo o país.

W: Tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies que gostasse de partilhar?

Rui Rebelo: Já tive um caso de identificação errada, que um leitor identificou! E errei por estar com pressa e olhar de relance para a foto… É uma lição para não me esquecer e dar importância ao pormenor.

E as identificações mais engraçadas são as improváveis – alguém que encontra uma espécie ameaçada ou rara no jardim, ou numa zona urbana. Nos anfíbios é talvez mais frequente que se encontrem animais em sítios improváveis.


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome. Sai todos os dias, de 1 a 16 de Agosto.

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Gonçalo Calado estuda caracóis, lapas gigantes e lesmas-do-mar. E mais animais a precisar de ajuda

Por Helena Geraldes — 2 de Agosto de 2023, 12:07

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao biólogo e professor Gonçalo Calado porque se interessa tanto por estes animais.

Gonçalo Calado, 51 anos, começou por coleccionar conchas aos 14 anos. Dedicou-se aos nudibrânquios, animais com estratégias de vida fascinantes, e aos caracóis terrestres, por estarem esquecidos e a precisar de ajuda. Diz que o “Que Espécie é Esta?” é uma forma de retribuir toda a ajuda que teve quando estava a começar.

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Gonçalo Calado: Tenho 51 anos. Sou professor há 23 anos na Universidade Lusófona, em Lisboa. Neste momento dou aulas de Biologia Marinha e Biologia e Gestão da Conservação a futuros biólogos. Além das aulas, estou envolvido em três projetos de investigação: a inventariação dos caracóis de uma futura área protegida de génese local, a lista vermelha dos invertebrados de Portugal continental e o estudo da biologia da lapa gigante das Ilhas Selvagens.

W: Porque é que se dedicou a estes grupos de espécies?

Gonçalo Calado: Desenvolvi muito trabalho em nudibrânquios (o grupo mais numeroso de lesmas-do-mar), por ser um grupo com adaptações muito interessantes em termos de defesa (não têm concha) e de estratégias de vida. Muitas vezes estão intimamente associados ao seu alimento (esponjas, corais, anémonas, etc.) e permitem estudar relações predador-presa muito raras em termos evolutivos. Eu e o meu colega João Pedro Silva fizemos um guia destas espécies do Algarve em 2012.

Mais tarde na minha carreira, apercebi-me de que os caracóis terrestres de Portugal continental estavam negligenciados em termos de conservação e estatuto de proteção, que tínhamos espécies endémicas de distribuição muito restrita e que “precisavam de ajuda”. Comecei assim a interessar-me por este grupo, no sentido de contribuir para a sua proteção.

W: Como é que começou?

Gonçalo Calado: Comecei a colecionar conchas aos 14 anos e a andar pelas praias e pelas redes dos pescadores à procura das espécies que aí se encontram. Só quando comecei o curso de Biologia é que me apercebi do vasto leque de grupos de moluscos e da sua diversidade de estratégias evolutivas. Interessei-me pelos nudibrânquios pelas razões já expostas.

W: O que o fascina mais nos caracóis, nudibrânquios e outras espécies marinhas?

Gonçalo Calado: Em geral fascina-me a diversidade biológica. Cada espécie é, regra geral, o resultado de um processo evolutivo longo, resistente e, por isso, vencedor. Seja uma planária ou um golfinho. Os grupos que escolhi para estudar não são melhores ou piores do que outros. Tão-só apareceram na minha vida em momentos-chave de tomadas de decisão e de oportunidade.

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Gonçalo Calado: A memória visual (onde é que eu já vi isto? Quais são as características-chave?) e a escolha do habitat: “se eu fosse uma lesma comedora de esponjas, viveria aqui e não aqui”, “se eu fosse um caracol X viveria debaixo desta pedra e não debaixo desta”, etc.

W: Como tem sido participar no “Que Espécie é Esta?” 

Gonçalo Calado: É muito gratificante pôr o nosso conhecimento à disposição dos que se interessam pela diversidade biológica. Eu desde cedo que tive a ajuda de muita gente, amadores ou especialistas, e sinto que é também uma forma de retribuir toda a ajuda que tive.

W: Tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies que gostasse de partilhar?

Gonçalo Calado: No verão, é costume muitas lebres-do-mar do género Aplysia irem dar às praias, em final de ciclo de vida. Às vezes são aos milhares e as pessoas assustam-se. O desconhecimento gera comportamentos de precaução, compreensíveis, mas também leva por vezes a decisões lamentáveis por parte mistura explosiva de autoridade e ignorância, como foi o caso do comunicado da ARS do Algarve em 2018 relativo à presença de uma destas espécies em grandes quantidades referindo-se a “picadelas destes invertebrados”. Foi muito interessante como a notícia se espalhou antes de me pedirem para atestar que a espécie é inofensiva. Uma lição de como a vida real funciona.


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Eva Monteiro, uma vida dedicada às borboletas, gafanhotos e grilos

Por Helena Geraldes — 1 de Agosto de 2023, 21:45

Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos à bióloga e entomóloga Eva Monteiro porque se interessa tanto por estes insectos.

Eva Monteiro, 44 anos, acredita ser crucial o contacto “com os bichos” e a partilha de histórias e de momentos passados na natureza. Fique a conhecer melhor esta especialista que dedica a sua vida à entomologia e que é coordenadora dos Censos de Borboletas de Portugal. 

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Eva Monteiro: Tenho 44 anos, sou bióloga e investigadora do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal. Dedico-me ao estudo e divulgação dos insetos de Portugal, especialmente borboletas e gafanhotos e grilos. Sou coordenadora dos Censos de Borboletas de Portugal, que fazem parte do plano europeu de monitorização de borboletas diurnas, provavelmente um dos projetos mais famosos e antigos de ciência cidadã dedicado a um grupo de insetos. Desenvolvo ainda atividades de educação ambiental, que têm os insetos por protagonistas, e investigação em didática das ciências, procurando perceber como a experiência da natureza e a identificação de organismos pode contribuir para um maior conhecimento da biodiversidade e no engajamento em ações de conservação.

W: Porque é que se dedicou a este grupo de espécies?

Eva Monteiro: Sempre gostei de invertebrados. Atrai-me a diversidade, a enorme diferença nas estratégias de vida quando comparados com os vertebrados, as inúmeras formas. Embora tenha tido uma cadeira de Entomologia na universidade, só no Tagis comecei a debruçar-me sobre as borboletas. Pode dizer-se que o meu começo como entomóloga foi principalmente uma contingência profissional, mas fiquei completamente rendida ao fim de pouco tempo. Os ortópteros chegaram mais tarde, por questões práticas – são relativamente poucos, cerca de 150 espécies em Portugal (embora ainda não haja uma lista definitiva) uma diversidade que se pode abarcar -, mas também porque são giros, cantam, têm algumas espécies endémicas no nosso país e porque as questões da sua taxonomia ainda não estão bem resolvidas.

W: Como é que começou?

Eva Monteiro: Com as borboletas comecei no final de 2006, no Lagartagis, o borboletário do Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, onde trabalhei pela primeira vez com insetos. Criava borboletas e fazia visitas guiadas para escolas e para o público em geral. Tive de aprender primeiro a identificar as espécies comuns: borboletas, lagartas, ovos, crisálidas e também as plantas hospedeiras. Nessa altura foi bastante rápido, aprendi com as minhas colegas a observar e a criar as espécies que estavam no borboletário em cada momento. Também aprendi muito durante o trabalho de campo. O contacto direto com as espécies é, de facto, indispensável. Outra coisa que ajuda imenso é haver informação publicada. Lembro-me de devorar o livro “As Borboletas de Portugal” publicado em 2003, o primeiro livro dedicado à identificação de um grupo de insetos editado no nosso país. Lia-o à noite como se fosse um romance, muitas espécies de borboletas portuguesas conheci-as primeiro neste livro e algumas delas ainda não as vi ao vivo! 

No caso dos ortópteros foi mais difícil, não havia livros… O meu interesse por gafanhotos e grilos começou em 2009 com o projeto das Estações da Biodiversidade, quando o Tagis “se abriu” ao estudo e divulgação de outros grupos de insetos. Além das questões práticas já referidas, ter testemunhado uma explosão de grilos-de-sela (Neocallicrania sp., uma das espécies cuja taxonomia ainda está por resolver) na EBIO Souto da Casa (Serra da Gardunha) fez-me querer saber mais sobre este grupo. Ali estava todo um género endémico da Península Ibérica, com espécies de grandes dimensões, que “cantam” de forma ritmada e característica, e eu, que pretendia saber um bocadinho sobre insetos, não fazia a mínima ideia da sua existência! Toda a gente devia ficar a conhecer essa beleza! Mais tarde escolhi os ortópteros como caso de estudo para o meu projeto de doutoramento, onde avaliei a influência das atividades de identificação de organismos na aprendizagem da biodiversidade e no conhecimento de ações de conservação. A proposta era uma atividade de identificação com 30 espécies comuns de gafanhotos, grilos e saltões ibéricos, usando uma ferramenta de identificação disponível on-line e especialmente concebida para o efeito: o Orthopter-ON (uma homenagem à Flora-ON).

W: O que a fascina mais nos insectos?

Eva Monteiro: Tudo! A diversidade. O facto de haver sempre coisas novas para aprender, para ver, espécies novas para descobrir, seja para um local (por exemplo um jardim de Lisboa, ou uma Estação da Biodiversidade por mais visitas que já se tenham feito), seja para uma pessoa (os entomólogos gostam muito de dizer “esta é nova para mim”, ou seja, é uma espécie que nunca tinham visto), seja para um país (todos os anos se descobrem novas espécies de insetos para Portugal), seja para a Ciência (a maior ambição de qualquer entomólogo é encontrar uma espécie que nunca tenha sido descrita). O facto de poderem ser observados, tocados mesmo, em qualquer lugar, proporcionando a experiência da natureza até em sítios com pouca diversidade biológica. A sua longevidade e sucesso evolutivo: os insetos estão cá há 400 milhões de anos! A evolução e o equilíbrio da vida na Terra está intimamente ligada aos insetos, não é por acaso que E. O. Wilson lhes chama “os pequenos seres que governam o mundo”. Proporcionam inúmeros serviços de ecossistema da decomposição e reciclagem de nutrientes, à polinização, ao controlo biológico de pragas e a servirem de alimento a outros organismos, como aves e restantes vertebrados.

Além disso os insetos são extremamente bonitos e inspiradores. Estou convencida que foram os insetos voadores, como as borboletas, as libélulas ou as crisópas, que inspiraram as histórias das fadas, o que não é de todo descabido já que são estes seres misteriosos que fazem o trabalho invisível de manter a teia da vida a funcionar!

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Eva Monteiro: A incerteza e a falta de informação acessível. Quando comecei a identificar gafanhotos e grilos apenas conhecia outra pessoa em Portugal que já tinha trabalhado com este grupo de insetos, a Sónia Ferreira, especializada em grilos. Ela emprestou-me toda a sua bibliografia o que foi uma grande ajuda, mas não havia, nem há até ao momento, nenhum guia ou trabalho especializado nas identificação de ortópteros portugueses. A bibliografia sobre o assunto encontra-se repartida por muitas publicações, há chaves e guias sobre esta fauna mas são de territórios estrangeiros, deixando várias espécies que ocorrem no nosso país de fora. Além disso as chaves utilizam caracteres de difícil interpretação, uma linguagem hermética e são pensadas para espécimes em coleção, descoloridos e em que é necessário observar características à lupa. Há características que permitem distinguir as espécies quando vivas, mas que se perdem após a secagem ou no álcool. Normalmente estas características não são referidas nas chaves. Era fundamental que houvesse um guia fotográfico, que se pudesse usar no campo, para colmatar esta falta. 

W: Como tem sido participar no “Que Espécie é Esta?”

Eva Monteiro: Eu gosto de partilhar o meu gosto e aquilo que sei sobre os “bichos”, é isso que tento fazer quando participo no “Que Espécie é Esta?”. Para mim foi muito importante começar a ir para o campo com os colegas Sílvia Pina e Francisco Barros (que também me ajudam muitas vezes com a identificação de ortópteros), ter pessoas que se interessam pelos mesmos bichos que eu, poder tirar dúvidas e conversar. Com a ajuda deles, muito mais metidos na identificação de ortópteros do que eu (que sou antes de mais uma generalista), fui capaz de passar a ver características identificativas que não via porque não vinham referidas nas chaves, de começar a ouvir o “canto”, a perceber os habitats e as épocas e alturas do dia mais favoráveis. Como já disse, o contacto com os bichos é muito importante, mas também a partilha com as pessoas, o passar a palavra, as histórias, os momentos que se passam juntos na natureza! Participar no “Que Espécie é Esta?” também é isso: passar a palavra, passar momentos “à volta” da natureza, mesmo que virtualmente. Por isso, mais do que apenas dizer o nome tento que as pessoas fiquem a saber identificar o que estão a ver, contando histórias e curiosidades sobre os aspetos da sua biologia e ciclo de vida. Porque acredito que a observação e identificação é o começo de uma relação com as restantes formas de vida que ultimamente conduzirá à compreensão de que todos fazemos parte deste superorganismo que é a vida na Terra.


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome. Sai todos os dias, de 1 a 16 de Agosto.

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“Via no lixo vontade de estudar”, diz ex-catador que ganhou vaga em Harvard

Por CONTI outra — 28 de Julho de 2023, 22:05

Ciswal Santos, de 31 anos, está prestes a embarcar em uma jornada que antes lhe parecia inviável. Ele foi agraciado com a rara oportunidade de estudar na renomada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, conhecida mundialmente por sua excelência acadêmica e tradição centenária.

No entanto, a história de Ciswal vai muito além de sua conquista acadêmica. Originário de Juazeiro do Norte, ele enfrentou inúmeras dificuldades financeiras e obstáculos aparentemente intransponíveis. Como ex-catador de latinhas, Ciswal trabalhou em empregos temporários para juntar o dinheiro necessário para comprar materiais escolares básicos. Mas sua determinação em buscar conhecimento abriu caminho para um futuro brilhante.

“Eu via no lixo uma oportunidade de suprir minhas necessidades e minha vontade de estudar”, conta Ciswal, recordando os dias em que se esforçava para juntar alguns trocados catando latinhas após as aulas.

Foto: Valéria Alves/TV Verdes Mares

A trajetória de Ciswal foi marcada por momentos de desânimo, quase o levando a desistir. No entanto, ele encontrou apoio inesperado. “Eu me senti um fracasso e chorei”, revela. “Contei ao dono de um comércio o motivo da minha angústia, e ele colocou a mão no meu ombro, dizendo que eu não precisava sentir vergonha. Ele me aconselhou a não voltar tarde da noite e a utilizar esse tempo para estudar.”

A generosidade do proprietário do comércio foi um ponto de virada na vida do homem. “Ele guardou aquelas latinhas para que eu as pegasse pela manhã”, lembra emocionado. “Graças a esse anjo e às latinhas de cerveja que encontrei no lixo, consegui me formar.”

Ciswal pretende estudar a energia solar e tem o objetivo de torná-la acessível a todos. Com sua trajetória na renomada universidade, seus sonhos agora estão cada vez mais próximos.

Com informações de Manualidades Fáceis

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