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Antes de ontemLaredo

Ler para Crer Ler - Vila Verde dos Francos

Por Miguel Horta


Ler para Crer Ler
Vila Verde dos Francos 
13 de junho

As páginas deste blogue têm sido boas auxiliares da memória, tento registar regularmente as minhas vivências enquanto mediador artístico e, neste caso, mediador do livro e da leitura. No fundo, estas oficinas que estou a realizar no Agrupamento de Escolas da Merceana (Alenquer) são oficinas improváveis, seguindo um modelo surgido nas Bibliotecas Escolares de Torres Vedras, que vou aprimorando. O primeiro grupo que recebemos na Biblioteca Escolar da Escola Básica de Vila Verde dos Francos era inclusivo, constituído por uma bela variedade de crianças o que permitiu partilhar diferentes recursos de comunicação e mediação leitora. Sentámo-nos em torno de uma grande mesa, crianças, auxiliar e professoras e comecei a tocar uma caixinha de música que todos puderam experimentar: Ai que difícil é dar à manivela de uma coisa tão pequenina! De que lado a coloco? À direita ou à esquerda? Depois começámos a folhear os livros em conjunto, livros de cartonados, resistentes, próprios para alunos que não controlam bem a força dos dedos, e que trabalham essa motricidade a par das palavras, da história e da comunicação. Cruzámos o “livro com um buraco” de Herve Tullet com o “Puzzles 3D” (David Carter) e criámos uma escultura coletiva para uma praça cheia de trânsito. Um dos alunos que está a começar a falar sussurrou-me algumas palavras ao ouvido, usando o meu sussurrador – fiquei tão contente... 


De tarde foi a vez de trabalhar com um 2º ano que resolutamente se entregou à tarefa de encontrar os adjetivos correspondentes aos emojis que apresentei colados numa folha de papel de cenário – tratou-se do desafio Filacteraque propõem também a descoberta intuitiva de verbos partindo de onomatopeias, muitas destas vindas da linguagem da banda desenhada. Para além de se trabalhar o léxico ativo, sempre vamos propondo novos vocábulos e corrigindo os habituais erros de ortografia destas idades. Sobretudo é um jogo divertido em torno das palavras.


23 de junho

De regresso à Biblioteca Escolar de Vila Verde dos Francos, trabalhei a metodologia Filactera com uma turma muito inclusiva do 3º e 4º ano. Dividiram-se em dois grupos muito equilibrados. O nível da resposta foi bem elevado! Foi uma risada, imitar as vozes dos animais; ás tantas ninguém se lembrava qual era o verbo do burro… IÔN! IÔN! IÔN! Fartaram-se de trabalhar...No meio de todas aquelas crianças, uma com PEA, cada vez que se concentrava, acertava em cheio nos adjetivos; reparei como este aluno estava tão bem incluído na turma, tendo sempre um par para interagir com ele durante todo o desafio. Percebe-se que já existe, há muito tempo, uma prática inclusiva nesta escola básica do Agrupamento de Escolas Visconde de Chanceleiros (Merceana). Terminando a tarde, sentei-me à mesa com a professora bibliotecária e os dois professores titulares das turmas e conversámos sobre a atividade, o seu ponto de partida e objetivos, encerrando o encontro com a análise dos livros apresentados e que farão parte, em breve, do catálogo da biblioteca. Foi uma boa surpresa, este trabalho com as Bibliotecas da Merceana.


Gotas de vozes em Arraiolos

Por Miguel Horta


Uma sessão intensa na Biblioteca Municipal sobre um belo tapete de Arraiolos.

9 de Junho
Há muito tempo que tinha vontade de trabalhar com a Professora Bibliotecária Paula Gaspar; temos o mesmo gosto em trabalhar com crianças com necessidades educativas específicas em contexto de Biblioteca Escolar. Chegou finalmente esse dia, com o precioso apoio da Biblioteca Municipal de Arraiolos onde realizámos as sessões, em plena festa dos tapetes. A vila fica linda com aqueles tapetes pelo chão e nas varandas, ainda a possibilidade de assistir ao vivo à tosquia de uma ovelha (!) no meio da feira que montaram no centro. Realizámos a primeira sessão CEF (Tratadores de animais em cativeiro). E que bem que correu a sessão! Espero que tenha sido útil para os docentes envolvidos neste desafio. António Gedeão foi o poeta eleito e o livro Zoom fez com que todos viajassem pelo mundo através das memórias convocadas pelas imagens da obra. Aproveitei para ler dois textos do Rimas salgadas, com a participação alegre e ruidosa do "público marinho". A sessão foi transmitida em streaming por uma equipa da Câmara Municipal e ainda está disponível para visualização na sua página do facebook . Da parte da tarde, no contexto do projeto “Gotas de vozes” (tema central a água), estive com o 8º ano da Professora Bibliotecária, uma turma inclusiva, muito variada. Falei sobre os meus livros (em especial o Rimas Salgadas) e brinquei com eles, falei um pouco de mim, li um poema de Maria Alberta Menéres e fiz uma ilustração ao vivo (o Pedro lá ficou retratado no desenho...), aturei a lateral direita do campo, lancei algumas perguntas e levei o meu peixe – robô que nadou e nadou num aquário improvisado.


Só agora, com calma, consegui apreciar como deve ser a vossa produção escrita – Sim! Estou a falar para vocês, alunos. Fartaram-se de trabalhar; a vossa professora já me tinha enviado informação sobre a pesquisa que realizaram – Parabéns! Gostei bastante de estar convosco, apesar dos zangados do costume, vocês sabem bem quem são… Espero que tenha sido agradável o vosso início da tarde – Façam o favor de ter um Verão fantástico!

Gotas de vozes: que bonitas ficaram as capas dos trabalhos...


Fica aqui a minha palavra de apreço à
Carla Cândido, pela atenção e hospitalidade, reflexo do apoio do Município a esta iniciativa.

A Praceta da Palavra

Por Miguel Horta

é parte integrante do projeto
 A Cultura sai à Rua 
Câmara Municipal de Sintra.
Surge através da candidatura
 Cultura para Todos
 integrada na Ação 11 da operação
 Lisboa-06-4538-FSE-000016 
idade Mais-Estratégia Municipal
 para o Envelhecimento
 Ativo e Saudável, cofinanciada
 pelo Fundo Social Europeu.

Mercês - 17 de Junho Desta vez realizámos o nosso encontro no jardim da praceta Francisco Ramos da Costa, mesmo em frente à mesquita. Um local fresco, com espaço e sombras. Comecei por fazer uma pequena dinâmica em roda de corpo e concentração e depois fomos em busca da memória sentados no murete do jardim. Contámos com a presença da Maria José Vitorino e da Benita Prieto. Acho que o grupo central das histórias já se consolidou. Toda a gente falou animadamente e deu a opinião e isto é fundamental para se encontrar uma forma de participar que seja o retrato deste grupo de pessoas. Já nos estamos a habituar ao tempo lento, próprio da Guiné, de usar as palavras, sobretudo quando temos de encontrar a expressão exata em português – O Senhor Malan cativou-nos a todos com a descrição do seu casamento. Falou-se do casamento tradicional Mandinga da oferta das nozes cerimoniais de cola à entrega da vaca ao pai da noiva, embora o animal passe a ser propriedade da nubente. A sessão terminou com um texto muito bonito que a Senhora Maria nos leu que descrevia o seu jardim do Amor, com todas as cores, cheiros e paisagem. Comovi-me. A partir daqui vamos começar a trabalhar a participação de cada um, melhorando a postura, a dicção ou encontrando outras soluções de comunicação e partilha das suas histórias. 



A Barca em Almada

Por Miguel Horta


Quando era menino, na praia do Vau (Algarve) gostava de fazer pequenos veleiros de osso de choco, com penas espetadas, pauzinhos e bandeirinhas, que competiam em regatas nas poças da maré vazia. Ficou-me daí o gosto pelas brincadeiras simples. Esta oficina propõem a construção lúdica de barquinhos recuperando o brincar em família, num museu que nos pertence a todos, gente de Almada.

Sábado 18 de junho, dia de visita/oficina no Museu de Almada/Casa da Cidade. Partimos das embarcações da Fonte da Telha, Arte Xávega, para criar os nossos barcos reaproveitando materiais diversos: garrafas de plástico, esferovite, desperdícios de madeira, canas e outros pauzinhos, mas não consegui encontrar nenhum osso de choco inteiro. Mesmo assim o grupo familiar que se juntou no Museu conseguiu fazer várias barcas que aguentaram bem o peso dos bonecos da Lego, os tripulantes de serviço. O modelo mais escolhido foi a jangada. Experimentámos os navios num tanque improvisado e no chafariz e foram autorizados a navegar. Aposto que algumas embarcações, no final do dia de Sábado, foram parar à banheira no meio da esponja, espuma e sabonete. Passámos uma manhã tranquila e divertida no Museu da Cidade de Almada onde tive o precioso apoio da mediadora Eurídice. Entre os participantes estava um avô ilustre, o Vereador António Matos, que muito gostei de rever. Em breve vos darei conta de outra oficina promovida pelo Museu da Cidade que acontecerá nas ruas da cidade velha...o que será?
Adivinhem quem estava ali ao lado no jardim do Museu...a Biblioteca Itinerante Aletria - que bela companhia!

Somos Comunidade Poética

Por Miguel Horta

 


Ao fim da tarde de dia 21 de Junho teve lugar mais uma sessão de “Leituras à solta” com os habitantes e mediadores do bairro dos Ameais (Torres Vedras) no projeto “Somos Comunidade”. Já tinha prometido que partilharia, com este grupo fiel, a metodologia da Máquina da Poesia” e a sessão correu bastante bem – surgiram muitos versos bem profundos e outros que nos fizeram rir. No final fizemos um poema coletivo pedindo emprestadas as palavras de Luís de Camões , “o Amor é fogo que arde sem se ver”. E que fazer com a produção poética que pode surgir, fértil? Apresentei uma solução possível, sussurrar poemas aos ouvidos utilizando sussurradores. Desafiei o grupo a organizar uma partilha poética no centro da cidade. Podem fazer novas sessões da Máquina com públicos diferentes, fazer uma oficina de construção plástica e personalização das ferramentas sussurradoras e partir para as ruas com um grupo grande à semelhança de Montemor-o-Novo. Vamos ver se pega… Esta iniciativa tem o precioso apoio da Memória Imaterial, numa parceria com o Projeto Somos Comunidade. Para o mês que vem teremos outra aventura.

preparada para escrever poesia, até de olhos vendados...

Uma máquina simples


Pegar pela Palavra nos "Sabuguenses"

Por Miguel Horta

Pegar pela palavraé parte integrante do projeto
A Cultura sai à Rua – Câmara Municipal de Sintra
Surge através da candidatura Cultura para Todos,
integrada na Ação 11 da operação Lisboa-06-4538-FSE-000016
Idade Mais - Estratégia Municipal para o Envelhecimento Ativo e Saudável,
cofinanciada pelo Fundo Social Europeu

O mais recente encontro do Pegar pela Palavra teve lugar na bela sede da Associação de reformados, pensionistas e idosos “Os Sabuguenses”, onde fomos recebidos afavelmente pela pequena equipa do centro de dia. Esta sessão que juntou os participantes da União das Freguesias de Almargem do Bispo, Pêro Pinheiro e Montelavar foi bem concorrida e acho que trabalhámos bem. A equipa da Laredo teve uma presença alargada nesta sessão do Projeto. Escutámos algumas histórias de vida, poemas e outros contributos muito genuínos dos amigos e amigas que ali se juntaram. Estas pessoas fantásticas que se juntaram a nós não param se me surpreender com a sua criatividade! Começámos a pensar como poderia ser a participação de cada um nesta iniciativa, ficando decidido que na sessão de trabalho de 20 de julho (que será neste mesmo espaço) nos iremos dividir em pequenos grupos de trabalho para dar forma e expressão à participação de cada um. Na próxima sessão, dia 13 de junho pelas 15.00h, farei uma sessão de contos no Auditório da Junta em Pêro Pinheiro, aberta a todos, família, amigos e vizinhos.





Recolectores de palavras na Cova da Piedade

Por Miguel Horta


 Apesar da caloraça, decorreu neste sábado (9 de julho) mais uma sessão dos Recolectores de Palavras que partiu do Museu de Almada/Casa da Cidadepara as ruas da Cova da Piedade. O percurso escolhido foi curto e à sombra, tínhamos muitas crianças pequenas connosco. De x-acto na mão, recolhemos palavras em cartazes desbotados abandonados pelas paredes, com lápis de cera desenhámos verbos e nomes que nos interessavam, colhendo a sua textura. Depois, interpelámos transeuntes, entrámos nas lojas perguntando aos vizinhos qual as suas palavras favoritas. Também, se tivessem de escolher uma palavra para caracterizar Almada que palavra seria? Assim foram surgindo palavras ao mesmo tempo que o grupo se descontraia na comunicação. Fomos colocando no saco uma bela coleção que serviu para construir dois poemas que criámos, colando as palavras sobre papel de cenário. Finalizámos fixando os dois poemas coletivos na parede do Museu. Gostei de conhecer aquele grupo que participou nesta iniciativa da Casa da Cidade. A 8 de Outubro regresso aos Museus de Almada com a oficina Caça Texturas, em Almada Velha – a não perder! (por reserva)

Conversando com os vizinhos e recolhendo as suas palavras.
 Contámos com o precioso apoio da Eurídice, Almadense da cidade velha




Palavras tranquilas e encaloradas

Por Miguel Horta
Pegar pela Palavra é parte integrante do projeto
A Cultura sai à Rua – Câmara Municipal de Sintra
Surge através da candidatura Cultura para Todos,
integrada na Ação 11 da operação Lisboa-06-4538-FSE-000016
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cofinanciada pelo Fundo Social Europeu

Pegar pela palavra

Sintra

Mas que grande caloraça que estava no dia 13 de Julho de manhã lá na Tapada das Mercês! Tínhamos preparado uma sessão de conto aberta a toda a vizinhança e famílias mas apareceram apenas três fieis participantes. Acho que foi por causa do calor que o quórum diminuiu... Resolvemos trabalhar na mesma e combinar a forma de apresentação da canção-memória do “João Pestana”, no encontro público dos projetos da iniciativa “Cultura sai à rua”, que acontecerá em Novembro no Centro Cultural Olga Cadaval. Mais adiante na sessão, o Sr. Conde levou-nos ao outro lado do Mundo, a Macau, e escutámos episódios da sua fantástica história de vida. Foi uma bela conversa que terminou com a leitura do bonito texto da Sr.ª Maria de Jesus, “O meu jardim”. Dia 20 deste mês temos encontro marcado no espaço comunidade da Fundação Aga KhanPortugal (Tapada das Mercês).



Pegar pela Palavra em Pêro Pinheiro

Por Miguel Horta

 


Pegar pela Palavra é parte integrante do projeto
A Cultura sai à Rua – Câmara Municipal de Sintra
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Apesar da canícula que se fazia sentir no dia 13 de julho, o fiel grupo de participantes do Pegar pela Palavra da União das Freguesias de Almargem do Bispo, Pêro Pinheiro e Montelavar acorreu ao auditório da Junta de Freguesia, no mercado de Pêro Pinheiro. E trouxeram mais uma mão cheia de amigos para a sessão de contos convocada para esse dia. Comecei por contextualizar a ação no contexto da iniciativa A Cultura sai à Rua (Câmara Municipal de Sintra) e lá fui contando algumas histórias, sobretudo da tradição oral até que fui interrompido pela participação de um dos nossos seniores, com um poema da sua lavra, e de seguida, logo outro amigo nos fez rir com o poema/história do casamento de uma franga lá na sua capoeira. Os nossos participantes tinham tomado o poder da palavra em plena sessão! A minha colega mediadora local olhou para mim surpreendida e eu sorri como se lhe estivesse a dizer: é deixar andar livremente... E foi tão belo e forte aquele pegar pela palavra que todos ficámos surpreendidos. Imaginem que até cantaram um poema de um dos participantes num coro afinado!


Acho que uma boa parte do sucesso desta iniciativa se deve ao empenho da UJFAPM, sempre com a presença da Ana Varandas e do João Francisco que junto com a Tânia Tobias (CMS), vem cuidado da logística e contatos desta iniciativa. Bem sei que vai ser difícil coordenar tanta criatividade no encontro previsto para o Centro Cultural Olga Cadaval (30 de Novembro) mas fico muito contente por ver surgir tantas palavras num ambiente que sessão a sessão se vai tornando mais familiar. A cada encontro vou insistindo na necessidade de todos escreverem “no computador” os seus trabalhos literários, o que levanta a questão sobre a existência de uma resposta local ao nível da literacia sindromática, para preservar e valorizar o labor dos mais velhos. Gostaria de vos falar de uma fantástica participante que não sabe escrever mas é uma poetisa repentista de primeira mão, quase ao estilo de António Aleixo, que bem merecia ser gravada, ou passada a escrita como Tossan fez com o grande mestre da poesia popular. Para além de tudo isto, esta Senhora inventou uma linguagem de símbolos (gráfica) que utiliza para deixar recados a amigas que entendem bem o que lá vem escrito, com aqueles hieroglíficos. (mas afinal, que é saber ler e escrever?)

Ao longo destas reflexões que irei publicando, espero conseguir referir a participação individual de todos os amigos presentes. Todo este movimento criativo leva-nos a algumas conclusões e recomendações, por exemplo, a criação de um espaço on line que vá publicando a produção escrita e dita (gravada) destes seniores; quem sabe, talvez uma publicação (impressa e cuidada) das suas contribuições artísticas... Na ocasião, ofereci um dos meus livros ao coletivo, entregando o livro à mediadora local, logo um dos participantes se quis apropriar da oferta. Percebi que não existe uma biblioteca associada a este trabalho da Junta de Freguesia – talvez fosse a altura de começar a pensar na criação um pequeno núcleo, um pequeno armário em cada um dos espaços onde nos temos vindo a reunir.

A próxima sessão está marcada para dia 27 de julho ás 15h.00 no Centro de Dia “Os Sabugenses”.







Pegar pela palavra e escutar

Por Miguel Horta

Pegar pela Palavra é parte integrante do projeto
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20 de Julho de 2022

O nosso Pegar pela Palavra (A Cultura sai à Rua/Câmara Municipal de Sintra). A última sessão na Tapada das Mercês (Espaço da Fundação Aga Khan) teve um ambiente muito especial; serenidade e cumplicidade na leitura de textos, o tempo de silêncio dado ao outro para que termine o seu ponto de vista, uma articulação mais fluida pois quase todos os participantes se conhecem bem. Para além das histórias, tivemos tempo para uma pequena brincadeira de corpo e palavra que obrigava a uma certa concentração, depois de alguma confusão inicial, fizemos o jogo na perfeição. O Sr. Conde, cuja área de expressão favorita é a pintura e o desenho, ofereceu-se para ilustrar algumas histórias, poemas e outros textos que veem surgindo com qualidade assinalável. Gosto do momento de leitura em voz alta; nesses momentos sinto que o projeto ganha corpo. Fiquei muito contente por ter escutado a uma das nossas participantes uma história da tradição oral portuguesa: O moleiro, o neto e a burra. Seria tão bom se esta amiga concordasse em trabalhar o conto comigo... Tudo tem o seu tempo. Terminei a sessão contando uma história tradicional; acho que gostaram...







Um Clube da Palavra...

Por Miguel Horta
Pegar pela Palavra é parte integrante do projeto
A Cultura sai à Rua – Câmara Municipal de Sintra
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Montelavar, edifício da Junta de Freguesia, 27 de julho de 2022. Último encontro do Pegar pela Palavra antes da interrupção do Verão. Voltaremos a 8 de Setembro nos dois territórios (Montelavar, Almargem do Bispo, Sabugo, Pero Pinheiro, Vale de Lobos e, o outro, Tapada das Mercês). O grupo está consolidado e entusiasmado, sobretudo com grande actividade criativa. Na sessão de hoje surgiram poemas cantados, outros muito tocantes, ainda alguns divertidos, tudo isto num ambiente descontraído. O Sr. Albino falou-nos do seu passado como guarda prisional e contou um episódio em que ele e uma criança, na brincadeira, puseram todos os que se encontravam na sala das visitas da prisão a rir com gosto, aliviando assim o peso daquele encontro. Acabei por referir o nosso trabalho nas Bibliotecas Prisionais. 
Com o fito de preparar a nossa apresentação para o dia 30 de Novembro no Olga Cadaval passámos em revista o material partilhado até aqui para que se faça uma seleção. Voltámos a escutar o poema do vento que faz dançar as folhas em torno de uma grande árvore e sugeri uma outra leitura do texto, mais leve, esvoaçante; vamos ter de ensaiar este e outros poemas. Algumas propostas serão colaborativas, por exemplo, ligando um conjunto de bonecas feitas pela Senhora Maria de Lurdes e a sabedoria de João Miguel. Vai ser difícil escolher um poema no meio de muitos, de assinalável qualidade, produzidos pelo Sr João; o mesmo problema vai ter o amigo António Mateus na escolha de um dos seus textos que lê cantando na toada do Alentejo.

Acho que estes dois grupos que se formaram em Sintra no contexto da iniciativa camarária A cultura sai à rua, são uma espécie de clubes da palavra. Hoje falámos na necessidade de criar um blogue para partilha do que se vai fazendo. E, digam-me lá se não seria bonito fazer um encontro público destas histórias, poemas canções e adivinhas, num lugar bem visível da freguesia? Talvez conseguíssemos trazer para o nosso grupo mais gente sénior e criativa que está fechada em casa; é que nós por cá, gostamos muito da conversa que vai acontecendo a cada sessão – faz-nos bem.




Caça Texturas em Vila de Rei

Por Miguel Horta

Nas bancas do mercado...
 

O Caça Texturas esteve em Vila de Rei
uma iniciativa da CIM Médio Tejo
incluída no programa “Caminhos das pessoas”

No campo das artes plásticas e intervenção urbana, esta é a minha oficina criativa que mais apresentações públicas teve. Desde 2003, partindo do Teatro Viriato (Viseu), que tenho andado pelo país a propor um outro ponto de vista, mais tátil, sobre as aldeias, cidades e vilas; para além de desenharmos em conjunto, de forma inclusiva, conversamos com os vizinhos e vamos contando histórias locais e outras que surgem sem pedir licença.


Foi assim em Vila de Rei nos dias 3 e 4 de Agosto. Trabalhei com crianças dos programas municipais de férias e com um grupo muito interessante e divertido da Fundação João e Fernanda Garcia (Vila de Rei). Faz todo o sentido propor oficinas artísticas no nosso interior, a resposta é sempre muito positiva.



Namoro de Verão

Por Miguel Horta

Ilustração: Miguel Horta

Nas férias
que tal aproveitar
para conhecer um pouco melhor
o precioso Museu da nossa costa?

Nesta altura do ano, em zonas da nossa costa menos pressionadas pelo homem, é possível encontrar à beira mar uns cachos de cor grená escuro (quase preto), gelatinosos, que mais parecem algas; ora bem, trata-se de ovos de choco (Sepia Officinalis). É o resultado de um belo namoro entre estes moluscos que só afortunados e discretos observadores das marés conseguem assistir. Tal como o polvo ou a lula, o choco comunica (também) através da exibição e mudança de padrões da sua pele, expressando uma miríade de situações e reações, incluindo o discurso amoroso. Os machos, um pouco antes da cópula, apresentam um padrão às riscas e as fêmeas uma aparência mais neutral, enquanto flutuam num suave vai e vem com pequenos toques laterais, até se unirem num prolongado abraço de tentáculos. Às vezes, um maroto de um machozito mais pequeno decide envergar o padrão miudinho das fêmeas para se aproximar e, num momento de distração, zás! Engana o galã mais velho, no meio da confusão. Depois, cabe à fêmea colar os seus ovos, em cachos de cápsulas, a algas, rochas e até objetos submersos, onde ficam até à eclosão. Deixo-vos aqui o poema “Namoro” do meu livro “Rimas Salgadas”, para acompanhar estes dias de Verão.

Namoro


Namora o choco
a choca
na baixa-mar
sobre a areia
abre os tentáculos
e beija
a sua amante salgada

Deste enlace
delirante
que pode ser demorado
nascem cachos de filhotes
mais parecendo
uvas do mar



Caça Texturas em Mação

Por Miguel Horta


Não queremos que Mação seja conhecida apenas pelos fogos” - Desaba a vereadora Margarida Lopes, que acompanhou ativamente a realização da oficina Caça Texturas no seu Município. Não é todos os dias que se tem uma vereadora a apoiar, no terreno, uma iniciativa cultural nas aldeias; um raro privilégio. Existe uma proximidade invejável entre quem vota e quem é eleito. Também Vera António, técnica da Câmara Municipal, acolheu e organizou o percurso desta oferta da CIM Médio Tejo (“Caminho das Pessoas”) que decorreu nos dias 12 e13 de Agosto. Vera, a quem agradeço o carinho com que nos recebeu, publica fielmente detalhes e curiosidades da Vila e do território numa rubrica batizada de “Postal do dia”, alojada na (concorrida) página do Município no Facebook. Mação tem muito mais para oferecer a quem passa, a começar pelas praias fluviais, continuando pelos trilhos e nascentes, sobretudo a hospitalidade e um espírito de resiliência optimista que se reconhece em quem por cá vive. Apenas uma nota gastronómica: na vila existe um restaurante de uma família de pescadores do rio (Tejo) que nos dá a provar algumas espécies exóticas, transformadas em iguarias pela mão de quem cozinha; para além da fataça ou do achigã, podemos saborear a lucio-perca e, imagine-se, o siluro! Coisa de quem gosta de peixes...


Cada local de Mação revelou a sua identidade própria, ao longo destas 4 oficinas do Caça-Texturas. A primeira sessão foi muito concorrida e inclusiva. Juntaram-se às famílias crianças da oferta lúdica de férias do município, e, ainda um grupo muito dinâmico e divertido com diversidade funcional. Começámos no jardim e seguimos rua acima até ao centro aproveitando os relevos das velhas paredes e outras texturas mais atuais. 



Demos uma atenção especial aos edifícios antigos; num deles, um par de batentes em bronze exibia duas representações de Faunos o que deu lugar a uma bela brincadeira. Em Cardigos tivemos o privilégio de contar o Professor António Silvaque foi contextualizando cada objeto ou monumento encontrado, partilhando a rica história local – foi muito interessante, apesar de ter sido um grupo pequeno. Gostei muito da sessão de Carvoeiro, não só por ter comigo um monitor muito especial, mas também pela presença de Margarida Lopes que ajudou a criar um bom grupo de caçadores de texturas. Foi bem engraçado recolher texturas junto ao banco das vizinhas e propor aos habitantes um olhar lúdico, diferente, sobre o seu lugar. Hoje, dia 22 de Agosto, foi inaugurada uma exposição dos trabalhos produzidos pelos “caçadores” no Centro Cultural Elvino Pereira (Mação); quem estiver por perto pode visitá-la até 7 de Setembro. 

O banco das vizinhas no Carvoeiro

Já está pronta a exposição!




Contos em Buarcos

Por Miguel Horta


 

Contos em Buarcos

Por Miguel Horta

 



Tem sido difícil contar; ainda estou a recuperar de lesões na minha boca. Este regresso aos contos teve um sabor especial e foi num ambiente protegido: a feira do livro da Figueira da Foz (Buarcos). Já conhecia o trabalho da Livraria “
Ao pé das letras”, organizam também a feira do Livro da Ericeira. Fui muito mimado neste domingo à noite e os contos lá foram saindo, cativando a atenção de um pequeno grupo de escutadores e outros, que fingindo que procuravam livros, se foram aproximando e escutando. A sessão começou com uma escola de samba (por sinal boa) no exterior da tenda – só depois da “banda passar” é que o público foi entrando. Ao que parece fui muito “gráfico” com a história da “hiena e a lebre”, impressionando alguns presentes... De qualquer forma soube bem voltar a contar. A livraria “ao Pé das Letras” desenvolve um trabalho variado de promoção da leitura elegendo como parceiros de trabalho escolas, bibliotecas escolares, bibliotecas públicas, câmaras municipais, coletividades e associações que queiram receber este projeto itinerante que tira os livros da prateleira dando-lhes vida.



Caça Texturas em Vila Nova da Barquinha

Por Miguel Horta

 



Vila Nova da Barquinha 4 e 5 de Setembro de 2022

A presença da água faz-me bem. O Tejo em Vila Nova da Barquinha é bonito; nas margens um Jardim-Museu com esculturas contemporâneas. Vale a pena visitar, com calma. A Vila é mimosa, agradável e abriu-me o apetite para o desenho – transformei o quarto do hotel num pequeno ateliê e risquei, risquei. E o desenhou continuou pelas ruas, agora com a oficina Caça Texturas, desvendando uma vila que passa despercebida aos seus habitantes: a cidade tátil com os seus detalhes e grandes relevos. Propus adivinhas: quem consegue encontrar uma carta de correio? E um raio elétrico? Sabem que descobri um cavalo? Os pequenos participantes não tiveram nenhuma dificuldade em encontrar esses “tesouros” (como disse uma dos meninos) e guardá-los a lápis de cera em folhas de papel. Foram grupos pequenos mas com famílias muito participativas e fui sempre muito apoiado por técnicos do Município, da área da cultura. Na última sessão contámos com a agradável presença da Vereadora da Cultura. Gostei bastante dos trabalhos de grandes, uma parede de retalhos de mármore e uma grande ilustração no interior de um café que despertou a atenção dos clientes. O Caça Texturas tem percorrido o Médio Tejo integrado numa iniciativa da CIM, os “Caminhos das Pessoas



O regresso das palavras

Por Miguel Horta


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Tapada das Mercês, 8 de Setembro de 2022

Terminada a pausa de Agosto, as histórias regressaram ao “Pegar pela palavra” ( “Cultura sai à Rua”) na Tapada das Mercês. Foi uma sessão muito agradável, profunda nos pensamentos e na comunicação, à medida que íamos lendo histórias e combinando a forma de as apresentar no dia 30 de Novembro no Centro Cultural Olga Cadaval. Ontem gostei muito de escutar a história de vida do Sr. José Abrantes; cada vez tenho mais respeito pelas batalhas individuais ao longo da vida. Também o Sr. Conde, para além de ter escrito uma história de vida, tem vindo a ilustrar os textos dos colegas de projeto – estamos a pensar na possibilidade de projetar estas imagens na apresentação pública. A minha colega mediadora da Fundação Aga Khan, Marlene Vaz, tem vindo a passar para o computador os textos dos nossos autores; com outra apresentação, a leitura é mais fácil e corrigem-se vírgulas e uma ou outra palavra que ande por lá à solta. Todos escutam, propõem e opinam. Começámos o treino de leitura...estamos no bom caminho. Começaram a circular livros entre nós, começou com um livro meu, depois de lido passou a outro companheiro. Ontem ofereci à biblioteca do grupo outro livro. Vamos introduzir na roda de leitura “o Beijo da Palavrinha” por sugestão da Sr.ª Maria, que pela sua mão escreveu um reconto do belo texto de Mia Couto. E ainda há muito para ensaiar...

Foi assim a última Sessão



Programa RIO de CONTOS 2022

Por Miguel Horta




 

Caça Texturas no Sardoal

Por Miguel Horta

 

Fotografias por cortesia do Município do Sardoal

10 e 11 de Setembro 2022

No Sabugal a “caça” às texturas foi pouco concorrida. Os dois grupos de participantes eram pequenos mas as sessões foram muito agradáveis, quase familiares. Gostei de conhecer a equipa da cultura do Município. Seria bom aproveitar a minha próxima itinerância pelo alto Alentejo para regressar a estes lugares mais interiores do Médio Tejo.


O Sabugal é uma vila pequena e tranquila, com gente prestável. Como foi fim de semana, percebi que havia um movimento constante de pessoas que aproveitam para percorrer a Estrada Nacional 2, parando no turismo local para carimbar os passaportes da iniciativa.



Cultura Sai à Rua (Sintra): Refletindo a meio do caminho

Por Miguel Horta

 

Tapada das Mercês: O Senhor Conde lendo a sua história de vida aos outros companheiros de projeto.


Pegar pela Palavra é parte integrante do projeto
A Cultura sai à Rua – Câmara Municipal de Sintra
Surge através da candidatura Cultura para Todos,
integrada na Ação 11 da operação Lisboa-06-4538-FSE-000016
Idade Mais - Estratégia Municipal para o Envelhecimento Ativo e Saudável,
cofinanciada pelo Fundo Social Europeu

Em final de Agosto escrevi estas linhas
como contributo para um relatório
Ficam como balanço a meio do caminho

Foram realizadas 15 sessões junto dois grupos de seniores em duas localizações distintas do Concelho de Sintra, um Tapada das Mercês e outro em diversas coordenadas da com na União das Freguesias de Montelavar, Pêro Pinheiro e Almargem do Bispo. Todas as sessões tiveram o precioso apoio dos técnicos locais, quer da UFMPPAB, da Câmara Municipal de Sintra ou da Fundação Aga Khan Portugal, parceira do “Pegar pela Palavra”, designação criada para identificar este segmento do projeto “A Cultura sai à rua” da responsabilidade do Município de Sintra. Miguel Horta (Laredo Associação Cultural), mediador cultural/contador de histórias associado à iniciativa, tem promovido o trabalho colaborativo, sendo o rumo do projeto construido a várias vozes, sobretudo a dos idosos que dele beneficiam. Depois de um conjunto de sessões iniciais que promoveram o conhecimento mutuo e a partilha dos objetivos pensados para o projeto, começámos, de imediato, a escuta crescente do contributo dos seniores que um a um foram contando histórias pessoais, locais ou da tradição oral, lendo poemas, proferindo pensamentos e adivinhas e ainda, recordando canções. Aos poucos os grupos foram-se consolidando nas duas localizações geográficas, a velocidades diferentes, assumindo cada um uma personalidade própria; uma caraterística mais rural na UFMPPAB e mais urbana na Tapada das Mercês. Face à proposta de apresentação coletiva do trabalho dos diferentes grupos prevista para o Centro Cultural Olga Cadaval, os idosos participantes têm vindo a combinar a melhor forma de partilhar o que têm produzido e selecionando os textos /palavras com que se sentem mais à vontade para apresentar em público no dia 30 de Novembro do projeto. Os técnicos presentes têm feito o registo iconográfico das sessões bem como pequenos vídeos que expressam bem o ambiente positivo das sessões.  

O trabalho desenvolvido gerou um conjunto
de reflexões produtivas que são
úteis para o desenvolvimento atual deste projeto e que se projetam para o futuro, num conjunto de recomendações que permitirão a continuidade e aprofundamento dos objetivos estabelecidos. A continuidade, a permanência da resposta, dá segurança aos mais velhos; uma espécie de permanência fiel do serviço público. 
Um dos objetivos e talvez o mais central, afirma a necessidade de dar voz aos mais velhos, dando força ao seu papel no seio da família e da comunidade. Ora o que podemos afirmar é que os seniores aproveitaram nesta oportunidade e pegaram na palavra, constituindo grupos que parecem ser “clubes da palavra”, onde apresentam a sua grande criatividade. Algumas necessidades e soluções surgidas no desenvolvimento do projeto prendem-se com a partilha do que foi produzido, com destaque para o trabalho em torno da literacia digital, pois torna-se necessário passar os textos para o computador ou gravar depoimentos e intervenções dos não alfabetizados. A meu entender, este trabalho de contínuo registo das palavras dos mais velhos faz parte do esforço de preservação da memória local que não se esgota no final desta iniciativa Camarária. Tem sido referido ao longo das sessões a possibilidade de criar um lugar digital (privado ou público) onde se pudesse partilhar a produção criativa, sendo moderado pelos técnicos envolvidos na iniciativa. Também, a possibilidade de promover um encontro entre os dois grupos de seniores participantes é vista por todos com bons olhos. Na última sessão em Montelavar, levantou-se a possibilidade de fazer uma sessão pública num dos cafés da terra, de apresentação dos textos e outros materiais surgidos, atraindo assim outros seniores à nossa proposta. Gostaria de sugerir a continuidade dos estágios profissionais ou escolares durante a realização deste projeto – trata-se de uma oportunidade única de capacitação no terreno. Este projeto também levanta a necessidade de criar pequenos núcleos de Biblioteca,  nas diferentes aldeias por onde temos passado, com material livro e não livro, bem adaptados às características de cada grupo (“Perfil Leitor”).





As palavras juntam amigos maiores

Por Miguel Horta

Lubu, a hiena das histórias do Sr. Malane (Guiné-Bissau)
(ilustração a esferográfica de Vilas, artista popular de Beja)

 Pegar pela Palavra é parte integrante do projeto
                                                                                                    A Cultura sai à Rua – Câmara Municipal de Sintra
Surge através da candidatura Cultura para Todos,
integrada na Ação 11 da operação Lisboa-06-4538-FSE-000016
Idade Mais - Estratégia Municipal para o Envelhecimento Ativo e Saudável,
cofinanciada pelo Fundo Social Europeu

Sessões de 8, 14 e 28 de Setembro em diversas localidades do Concelho de Sintra

Bem que posso inventar nomes para o projeto, como “Pegar pela palavra”, mas os mais velhos, que nele participam, chamam-lhe “O Contador de Histórias”. Segue tudo tão depressa, que não consigo fazer publicações no ritmo que gostaria, sobre o trabalho que estamos a desenvolver. Ao longo do tempo, ficou mais visível a diferença entre os dois grupos de seniores participantes, um na Tapada das Mercês e o outro na União das Freguesias de Montelavar, Pêro Pinheiro e Almargem do Bispo”. O grupo das Mercês com grande profundidade na relação entrepares e uma criatividade mais urbana, embora o Sr Malane traga os contos da ruralidade Mandinga para o grupo. Temos ensaiado a leitura dos textos, poesia e histórias de vida, com grande autonomia dos participantes, o que me deixa bem contente. Nas aldeias, como me costumo referir à UFMPPAB, estamos em plena erupção criativa, dos fados aos cantos com letras originais, à poesia (de qualidade), quadras populares e histórias locais. Entretanto surgiu uma participação bastante interessante: o trabalho simultâneo da Dona Milú e o Sr João. A partir das bonecas criadas com grande esmero e detalhe pela Dona Milú, que retratam as antigas profissões de Vale de Lobos/Almargem, o Sr João, sem dúvida um sábio local, vai falando da história desta zona da região saloia. Estão os dois a trabalhar em conjunto e tenho muita curiosidade em ver o resultado final. O nosso trabalho não se esgota na meia hora que dispomos para partilhar a nossa criatividade, na apresentação pública que terá lugar no Auditório Olga Cadaval na manhã de dia 30 de Novembro. A vontade de seguir em frente é grande. O apoio dos técnicos locais, impar! Pela minha parte, gostaria de continuar a apoiar estes dois grupos de gente tão bonita e a fazer crescer novas ideias.


Um encontro memorável

No dia 28 de Setembro teve lugar um encontro entre os seniores das duas localizações, na Associação de Pensionistas e Reformados de Dona Maria. O grupo da Tapada das Mercês foi muito bem recebido. Durante quase duas horas, os participantes partilharam parte do que têm estado a criar – foi um encontro alegre. Para além do nosso grupo de participantes, assistiram ao encontro alguns idosos de Dona Maria que seguiram com atenção tudo o que foi acontecendo. Fica aqui um pequeno apontamento em vídeo de um momento da tarde. A Sra. Alice com os seus ditos e quadras populares, servindo-se de uma pequena “cábula” escrita na sua língua privada. Acontece que a nossa amiga é analfabeta, então inventou uma escrita própria que a apoia no seu quotidiano; sabemos que uma das suas amigas sabe decifrar aqueles hieróglifos, que mostramos em detalhe. Se tivesse mais tempo para dedicar à Sra. Alice, estou certo que facilmente surgiriam belos contos da nossa tradição oral. Para estes projetos precisamos de tempo; saber regar e esperar pelos resultados, facilitados por uma relação de continuidade e verdadeira.

A Dona Alice, de Camarões, diz as suas quadras populares
com ajuda de uma escrita que inventou para lhe avivar a memória - Que Senhora!






Construindo cidades no Museu de Almada

Por Miguel Horta

 


No dia 6 de Outubro, realizei a oficina “Construindo cidades” no Museu de Almada – Casa da Cidade. Esta proposta está interligada com o tema da coleção; fala de urbanismo, construção de casas e propõe o trabalho manual com desperdícios de madeira (gentilmente cedidos pelo carpinteiro da Charneca de Caparica, António Correia). Sobretudo o Museu da Cidade fala de nós, os habitantes e o seu território, este conceito é conversado com os participantes que, neste caso, foram alunos do 4º ano de Almada. A palavra eleita para este ateliê foi escalamostrei bonecos de diferentes dimensões e perguntei que tamanho deveria ter a casa correspondente a cada um; depois entreguei uns bonequinhos da lego que serviriam de escala para todas as construções. Uma turma reduzida, com alguns alunos com dificuldades, atirou-se aos materiais e construiram casas. Trabalharam todos animadamente, em pares, exceto um colega bem singular que construiu uma estrutura que fazia lembrar a Capela de Ronchamp de Corbusier. Gostei particularmente de uma casa que tinha um pátio para se poder jogar à bola. Muitas casas apresentavam algum mobiliário e divisões com funções específicas. Assim correu o trabalho neste estaleiro de criatividade onde cada proposta de construção foi “negociada” a dois. No final, juntámos todas as casas e surgiu um bairro.

Esta oficina é uma adaptação de “ideias na ponta dos dedos”, Centro de Arte Moderna/Fundação Calouste Gulbenkian, mantendo todo o seu pendor inclusivo.

Dia Mundial da Doença Mental no Museu Gulbenkian

Por Miguel Horta

Dia Mundial da Doença Mental
Museu Gulbenkian
Centro Hospitalar Médio Tejo

Ontem, no Museu Gulbenkian, realizámos duas visitas com utentes do Centro Hospitalar do Médio Tejo (Tomar) associando-nos, assim, às comemorações do Dia Mundial da Doença Mental. A impulsionadora desta iniciativa foi a enfermeira Paula Carvalho, já nossa conhecida. Miguel Horta, Margarida Vieira e Rita Ruiz foram os Mediadores de serviço, conduzindo e interagindo com os visitantes pelas salas do Museu; uma resposta específica pensada para as pessoas com doença mental, com longa tradição no setor das necessidades educativas específicas dos museus da Fundação Gulbenkian. Rita Ruiz convidou os visitantes a "irem" (visita "IR -Interpertar e relacionar") e  a dupla testemunhou um "naufrágio" (visita "A tempestade").


De novo, foi dia de “tempestade” no Museu. Com a minha colega Margarida Vieira propusemos um “mergulho” na obra de William Turner, em particular no “Naufrágio de um cargueiro”. Como introdução começámos por apresentar uma outra pintura, em frente à grande peça do naufrágio, “Quillebuef - foz do Sena", convocando as memórias dos participantes. “Quem já assistiu a uma tempestade?”. Margarida Vieira interpelou o grupo, trabalhando em torno dos sentidos, “desmontando” as peças da composição (em que o Mestre era especialista) o que ajudou cada um dos convidados a construir uma imagem interior, mais completa, da obra de arte. Feito este aquecimento passámos para o “Naufrágio de um cargueiro” dando seguimento à descoberta da expressão dos elementos presentes na tela: o movimentos das águas com a sua rebentação envolvente e circular, um vento que assola a tela varrendo a parte superior da peça, uma luz de fim de tarde (opinião dos visitantes) que ilumina o centro da peça, atraindo o nosso olhar, como bem observou outra participante. Uma série de perguntas fez com que o olhar dos visitantes fosse cada vez mais preciso, identificando elementos menos visíveis da peça: roda do lema, arca, gaivota, homem que acena desesperado. Alguém exclama na sala : “ouvem-se os gritos aflitos!”

Fonte: Museu Gulbenkian número de inventário 260


Depois seguiu-se a expressão do sentido. Entreguei a cada um uma folha grande de cartolina e desafiei o grupo a fazer o som da tempestade abanando energicamente as folhas – o resultado sonoro foi muito engraçado. Então, cada um escolheu o seu lugar no chão para desenhar, longitudinalmente às obras expostas, para permitir a passagem, sem problema, de outros visitantes do museu.. Nas folhas de papel surgiram riscas as grandes vagas do quadro, o vento que despedaça as velas e cabos e a chuva que não pára. No fim entreguei um círculo recortado em papel, que poderia ser uma lua ou um sol e desafiei-os a introduzir este novo elemento nos desenhos ou criar uma nova situação no verso da folha de cartolina. Esta proposta, um pouco disruptiva, fez com que o mar se acalmasse ou o sol brilhasse, encerrando a nossa visita oficina à obra de Turner.

Ao longo da parte oficinal é muito engraçado escutar o som da grafite conversando sobre o papel. Deixo aqui um pequeno registo do momento em que os nossos amigos registaram sobre as folhas a grande bátega que se abateu sobre a embarcação..

Pegar pela palavra - "A cultura sai à rua" na Tapada das Mercês

Por Miguel Horta
Bantendo palmas, o Senhor Malane ensina uma canção
 

 Pegar pela Palavra é parte integrante do projeto
                                                                                                        A Cultura sai à Rua – Câmara Municipal Sintra                                                                                             Surge através da candidatura Cultura para Todos,
integrada na Ação 11 da operação Lisboa-06-4538-FSE-000016
Idade Mais - Estratégia Municipal para o Envelhecimento Ativo e Saudável,
cofinanciada pelo Fundo Social Europeu


13 de Outubro 2022

O Senhor Malane Sané regressou às sessões, trazendo uma proposta para o grupo: uma saudação cantada de apresentação do coletivo da Tapada das Mercês, a ser executada no espetáculo do projeto “A cultura sai à rua” no Olga Cadaval. Uma toada bem ao jeito da Guiné-Bissau; ensaiamos divertidos! Vamos ver o que isto dará....Para já estamos a contar os tempos de cada poema, cada canção ou cada história de vida. O ambiente é muito descontraído mas importa ensaiar a preceito!


Mais sobre o projeto, aqui.




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