Neste mês de Março teve lugar, no Colégio Valsassina, um conjunto de sessões da oficina “Máquina da Poesia” ( Laredo Associação Cultural) dedicado aos alunos do 7º ano. Como não podia deixar de ser, o dia mais intenso, com duas sessões. Foi 21 de Março, Dia da Poesia. Os jovens do Colégio aderiram com empenho à proposta de escrita poética, tendo surgido versos muito bonitos que Manuela Santos, Bibliotecária da escola, por certo divulgará. Uma palavra de apreço para as professoras das turmas que se entrosaram facilmente com a metodologia, incentivando os alunos para a criatividade. O ambiente vivido naquele auditório foi bastante envolvente, tendo os jovens conseguido escrever um poema coletivo no final da sessão. A metodologia que apresentei é para ser copiada, aplicada, adaptada e melhorada. E viva a poesia!
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De 17 a 18 de Março, teve lugar em Albergaria-A-Velha, o encontro “Para além de princesas e dragões - a Biblioteca e a Aprendizagem Criativa"- promovido pela Biblioteca Municipal. Foi com gosto que participei neste encontro intervindo em plenário, desenvolvendo formação e apresentando as ilustrações do meu livro “Rimas salgadas”.
Foi um prazer rever a professora Bibliotecária Dália Santos e aproveito aqui para agradecer aos docentes que me apoiaram e antecedendo este momento de contacto com informação sobre o meu trabalho junto dos alunos escutadores. José Fanha, António Felgueiras e Carla Rodrigues estão de parabéns por terem erguido este festival repleto de encontros com escritores e pensadores da palavra. Mafra ficou mais rica. Das sessões a que assisti, gostei particularmente de escutar Cristina Carvalho em torno da obra de António Gedeão. Também assisti com igual prazer ao encontro sobre o Crioulo e a nossa língua, que trouxe Dulce Pereira ladeada por Germano Almeida e pelo veloz José Luiz Tavares.
A sessão de contos que marcou o meu início de Outubro foi, sem dúvida, a que realizei na Biblioteca Escolar da Escola Básica de Alfazina (Monte de Caparica), abrindo a IX edição do Rio de Contos (Encontro de Narração Oral de Almada). Nessa manhã, no Miradouro de Alfazina, o público multicultural da escola começou meio adormecido, mas depois surgiu a escuta e a sessão fluiu com grande naturalidade. Assinalo o facto de o público ter sido alargado a um número muito significativo de adultos que assim escutaram a minha viagem pelos contos, da nossa costa até Moçambique. É sempre determinante o empenho do Professor Bibliotecário para tornar vivos estes encontros com a palavra. Fiquei com vontade de regressar à Biblioteca. Obrigado, também à Margarida Raimundo (Rede de Bibliotecas Municipais de Almada) pela atenção e empenho nesta realização. E viva o Rio de Contos!
Devolvendo o "anel da Caganita" à proprietária deste objeto mágico, a Professora Bibliotecária Olga Duarte |
Ler e dar a ler
Ao longo deste ano letivo, levámos ao Alto Alentejo e a Trás-os-Montes as nossas oficinas de mediação leitora, inseridas no programa “Ler e dar a Ler”/ Plano Nacional de Leitura (“leitura orientada na sala de aula”), a turmas do 3º ano de 10 escolas do país, em preciosa articulação com os Professores Bibliotecários locais. Cada turma tem uma realidade distinta, um Perfil Leitor específico, ditando um modo próprio de desenvolver a atividade. Trabalhei com turmas que aderiram imediatamente à proposta, demonstrando grande autonomia criativa, outras crianças tiveram mais dificuldade em mergulhar no pensamento poético por estarem mais formatadas na resposta “como deve ser”. Ainda, outras turmas, mereceram uma atenção especial pela inclusão de alunos com necessidades educativas específicas. No geral, considero que estas intervenções correram muito bem, tendo siso muito bem preparadas pela coordenadora interconcelhia da RBE, Fátima Bonzinho. Em vários casos foi bastante evidente a “cumplicidade” dos professores bibliotecários e os professores titulares de turma, a quem deixo um abraço reconhecido – não é qualquer uma que aceita que as crianças desarrumem a sala de aula, logo no início, preparando a ambiente para a leitura, a voz e a escrita.
A cada projeto desta natureza, a Laredo Associação Cultural aprimora as suas propostas e o mediador de serviço aprende mais um pouco; sobretudo fica-se com um retrato mais completo da situação educativa no nosso país – o interior não cessa de nos surpreender... O fotógrafo Samuel Amaral registou as sessões da Laredo, estando em fase de montagem um pequeno vídeo que dá ideia dos dias vividos aos saltinhos de terra em terra.
De olhos vendados, a Poesia... |
Diz a Laredo sobre este trabalho...
Ler e Dar a Ler foi um convite endereçado pelo Plano Nacional de Leitura em 2022 a alguns mediadores da leitura para abordar a Leitura em sala de aula no 3º ano do ensino básico. Dividimos a nossa intervenção em duas partes, uma primeira de experimentação poética, onde não faltou a leitura em voz alta, com ritmo e expressão das intenções próprias das palavras e um segundo momento, seguindo a metodologia “Máquina da poesia”, propusemos um mergulho no universo poético, brincando com as palavras, escrevendo pequenos versos originais e construindo, no final, um grande poema coletivo. Trabalhámos sempre em sala de aula, com os alunos de uma turma, e os seus professores.
Foi assim que Miguel Horta começou cada uma das duas sessões de Mediação Leitora que tiveram lugar no auditório do Colégio Valsassina nos dias 7 e 9 de junho.Compareceram quatro turmas do 7º ano ( 2 por sessão) num encontro participado e animado com o autor/mediador, da Laredo Associação Cultural, que se socorreu da “tecnologia sofisticada” da escrita para resolver o desafio poético: A “Máquina da poesia”. Trata-se de uma metodologia simples de escrita imaginativa que parte de um quadro de palavras construído sobre uma grande folha de papel de cenário que apresenta diferentes categorias gramaticais tornando mais acessível a imersão no universo poético. O resultado foi bastante positivo a avaliar pela produção poética individual dos jovens que se atreveram a “brincar com as palavras”.. As sessões terminaram partindo de um soneto sobre o Amor de Luís de Camões para a escrita de um grande poema coletivo, onde cada um contribuiu com um verso. Todas as sessões contaram ainda com a participação de docentes das turmas e da Bibliotecária do Colégio, Manuela Santos. Maria José Vitorino e Miguel Horta foram os dois interventores de serviço.
Fotografias gentilmente cedidas por Samuel Amaral
Vamos brincar com as palavras!
A primeira coisa que faço
A Laredo Associação Cultural iniciou as suas intervenções no contexto do programa “Ler e dar a Ler” (PNL/Losa) com um conjunto de oficinas de escrita e leitura em sala de aula na cidade de Portalegre. A Câmara Municipal que pertence ao grupo de Cidades Educadoras, associou-se a esta iniciativa reforçando-a com um financiamento que permitirá abranger mais crianças do 3º ano das escolas da cidade. De 5 a 7 de Dezembro estive em diversas salas de aula desenvolvendo propostas de Mediação Leitora, em articulação com as bibliotecas escolares do Agrupamento do Bonfim e do Agrupamento José Régio. O trabalhou fluiu em torno da poesia e das palavras que a compõem; partilhei a metodologia “Máquina da Poesia” e propus diferentes exercícios do dizer individual e coletivo, partindo de um pequeno grupo de autores selecionados: José Fanha, Álvaro de Magalhães, António Torrado, Miguel Horta, David Machado, Fernando Pessoa e Luís de Camões. A máquina da poesia permite uma viagem ao âmago da poesia, desvendando o significado de metáforas, dando sentido ás palavras encontradas casualmente e construindo versos que por vezes não rimam, mesmo. Já o trabalho em torno da leitura, aborda o ritmo (a toada com a presença de compassos, sons e silêncios). Trabalhamos a intencionalidade, o tom em que se fala, cantamos palavras em conjunto e inventamos músicas a partir das sílabas. Aos poucos, as crianças vão ganhando, também, o sentido da performance, do puro divertimento a partir dos textos usando o corpo como parte essencial dessa expressão. Os professores atentos podem bem aproveitar as metodologias que vou partilhando e continuar a exploração de livros e temas nas aulas seguintes.
Fotografia de Carla Tavares |
No dia 22 de Novembro estive em Oliveira de Azemeis no Encontro Concelhio de Bibliotecas Escolares. Fiquei agradavelmente surpreendido pela dinâmica da RBE na zona, como ficou demonstrada nesta jornada formativa que contou com belo naipe de convidados. Na mesa em que participei moderada pela Professora Isabel Pardal, embora o tema fosse “A função das bibliotecas – do mundo virtual para o mundo real”, o rumo seguido foi um pouco mais livre. Antes de começar o meu colega Bruno Batista propôs que interrogássemos os docentes presentes sobre aquilo que gostariam mesmo de saber, o que fosse realmente útil para o seu dia a dia educativo, aproveitando a oportunidade de ter ali dois animadores culturais/Mediadores culturais muito empenhados na intervenção em escolas. Da assistência, muito participativa e atenta, chegaram uma série de perguntas e aquela conversa matinal seguiu o seu rumo. Receita para ter um animador cultural na Escola, assim surgiu a primeira questão. Foi muito interessante e panorâmica a resposta do Bruno que ainda referiu (e muito bem) a visão errada que continua a persistir, na escola, sobre o papel dos Animadores Culturais. Dei umas achegas sobre a presença dos mediadores na escola, comprometidos com os projetos da Biblioteca Escolar. Uma Professora Bibliotecária interrogou: Como faço para motivar para a Leitura? Foi a deixa para narrar, no tempo disponível, o trabalho da LaredoAssociação Cultural em parceria com as Bibliotecas Escolares do Forte da Casa, com forte participação de docentes e assistentes operacionais, um projeto que nasceu com o 14/20 a Ler+ (Plano Nacional de Leitura) e se prolongou por 3 anos acompanhando o crescimento dos jovens de 3 turmas do ensino profissional, curso de apoio à infância. Um projeto que apanhou a pandemia e desconfinou, utilizando, amiúde, os meios tecnológicos/virtuais para estar próximo dos alunos, mantendo o vínculo e a relação com a leitura. Houve ainda tempo para responder ao professor José Rosa sobre a oficina Caça Texturas, referindo a potencialidade das propostas em educação artística na escola, em articulação com a comunidade envolvente. . A conversa foi seguindo sem dificuldade com a assistência viva. Falou-se, ainda do trabalho da Biblioteca Pública e da articulação com as BE. Gostei da intervenção do Professor Bibliotecário José Saro que chamou a atenção para a necessidade de a escola concorrer aos fundos disponíveis com apoio dos municípios, estruturando projetos dando força à capacidade de proposta das Bibliotecas Escolares. Tempo ainda para um agradecimento ao Nuno Granja por toda a atenção dispensada e um beijo especial para a São Pimenta, uma das responsáveis pelo belo projeto 14/20 Ler+ no A E Forte da Casa.
Uma sessão intensa na Biblioteca Municipal sobre um belo tapete de Arraiolos. |
Gotas de vozes: que bonitas ficaram as capas dos trabalhos... |
De regresso à Biblioteca Escolar de Vila Verde dos Francos, trabalhei a metodologia Filactera com uma turma muito inclusiva do 3º e 4º ano. Dividiram-se em dois grupos muito equilibrados. O nível da resposta foi bem elevado! Foi uma risada, imitar as vozes dos animais; ás tantas ninguém se lembrava qual era o verbo do burro… IÔN! IÔN! IÔN! Fartaram-se de trabalhar...No meio de todas aquelas crianças, uma com PEA, cada vez que se concentrava, acertava em cheio nos adjetivos; reparei como este aluno estava tão bem incluído na turma, tendo sempre um par para interagir com ele durante todo o desafio. Percebe-se que já existe, há muito tempo, uma prática inclusiva nesta escola básica do Agrupamento de Escolas Visconde de Chanceleiros (Merceana). Terminando a tarde, sentei-me à mesa com a professora bibliotecária e os dois professores titulares das turmas e conversámos sobre a atividade, o seu ponto de partida e objetivos, encerrando o encontro com a análise dos livros apresentados e que farão parte, em breve, do catálogo da biblioteca. Foi uma boa surpresa, este trabalho com as Bibliotecas da Merceana.