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Discursos de paz em tempos de guerra

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A operação 7 Dias com os Media 2024 realizar-se-á, como sempre, entre os dias 3 e 9 de maio e este ano a temática proposta é Discursos de ódio paz em tempos de guerra. A iniciativa é da responsabilidade do GILM (Grupo Informal para a Literacia Mediática, que a Rede de Bibliotecas Escolares integra), e disponibilizamos já um conjunto propostas de atividades para trabalhar esta matéria nas bibiotecas.

No entanto, esta operação constitui-se também como uma oportunidade para os jovens leitores descobrirem livros que nos ofereçam palavras de paz e que nos obriguem a pensar qual o verdadeiro sentido do ódio.

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O Duelo remete-nos para um cenário bélico, de zangas, raivas, ódios, desentendimentos, disputas, guerras, de combate, ou melhor, um duelo entre duas pessoas armadas, segundo regras estabelecidas e diante de testemunhas, mas verdadeiramente O Duelo é um livro delicioso que elogia a paz.

Abrimos o livro e nas guardas iniciais surge-nos um envelope. O leitor poderá ficar confuso, mas rapidamente entenderá que se trata de uma carta ilustrada, dirigida a Rodin Rostov, adversário do protagonista, que se sente ofendido. Mal-entendidos e quezílias que ferem as orelhas e o coração, não deverão ficar esquecidos. O duelo é marcado! De costas com costas… contam os passos que os separam, afinal, não é assim o procedimento num duelo?  1,2,3,4…. Lá vão eles, afastando-se; afastando-se… E, ao contrário do previsto, a separação diluía a dor, dando lugar ao sol, ao desabrochar das flores, ao perdão, à paz.

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A ilustração, em plena harmonia com a narrativa poética, conduz-nos pelo mundo colorido, feito de muitas pessoas, todas diferentes, de animais, de flores, paisagens deslumbrantes unidas pela minúcia e curiosidade. O traço ténue, quase invisível, transforma o múltiplo no uno, o insignificante em eloquente. A paleta de cores oscila entre o tom branco e cinza, azul e verde, amarelo e laranja; entre a frieza e o calor da vida.

O Duelo, de Inês Viegas Oliveira, é um livro belo, belíssimo. Inspirador.  Simples sem ser simplista. Moral sem ser moralizador. Um grito de alerta à diversidade, à tolerância e à paz.

Sugestão de outras leituras para o tema Discursos de ódio paz em tempos de guerra 

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“Nasce como uma doença sussurrada e cresce a partir do ódio, da ambição, da ganância e do medo. Não ouve, não vê, tão-pouco sente; mas esmaga e cala. A guerra é, porventura, o mais perene produto em série alguma vez inventado.

Num mundo armadilhado como nunca antes e conflituoso como sempre, este livro de José Jorge Letria (texto) e André Letria (ilustrações) funciona como um archote que se lança sobre a memória adormecida e nos alerta para os caminhos que queremos construir no futuro.”

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“Como será deixar tudo para trás e percorrer quilómetros e quilómetros rumo a um destino longínquo e estranho?

Este livro conta, de forma cuidada e sensível, a história de uma mãe que parte numa viagem com os dois filhos para fugir à guerra. Uma viagem carregada de medo do desconhecido, mas também de muita esperança. Uma autora com uma escrita sensível e ilustrações bonitas e sofisticadas. Aborda com sensibilidade a questão da guerra.”

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“Starr tem 16 anos e move-se entre dois mundos: o seu bairro periférico e problemático, habitado por negros como ela, e a escola que frequenta numa elegante zona residencial de brancos. O frágil equilíbrio entre estas duas realidades é quebrado quando Starr se torna a única testemunha do disparo fatal de um polícia contra Khalil, o seu melhor amigo. A partir daí, pairam sobre Starr ameaças de morte: tudo o que ela disser acerca do crime que presenciou pode ser usado a seu favor por uns, mas sobretudo como arma por outros.
O Ódio que Semeias é um poderoso romance juvenil, inspirado pelo movimento Black Lives Matter e pela luta contra a discriminação e a violência. O livro está a ser adaptado ao cinema e conta com Amandla Stenberg no papel principal.”

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Um dia, uma coisa má aparece gravada na parede da casa de banho da escola e tudo muda: deixa de haver a paz e a alegria que se sentia antes.

Um livro belo e oportuno, que nos mostra como uma escola se une para combater o discurso de ódio. Como a união de toda a comunidade, os gestos de bondade e a beleza da arte servem de antídoto para a maldade.”

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“Como nasceram o símbolo e a pomba da paz? Que músicas são hino de pacifismo? Conheces algum monumento para a paz? Já leste a declaração universal de direitos humanos?

Encontrarás a resposta para todas estas perguntas nas páginas deste livro emocionante. Descobre as curiosidades, momentos históricos e conceitos fundamentais sobre a paz, enquanto conheces os heróis de carne e osso mais fascinantes da história.

Aristides de Sousa Mendes, Eleanor Roosevelt, Malala Yousafzai, John Lennon, Martin Luther King, Dalai Lama, Maria Montessori, Iqbal Masih, Henry David Thoreau, Oskar Schindler… e muitos mais!”

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Outros artigos da rubrica Tempo para ler

Missão: Democracia

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Para muitos, 2024 apresenta-se como o ano de todas as eleições. Na Europa irá haver eleições para o Parlamento Europeu, nos Estados Unidos e na Rússia acontecerão eleições presidenciais, no Reino Unido e na Índia também haverá eleições como em muitos outros países. Há eleições agendadas em mais de 60 países de todo o mundo, o que significa que haverá um número muito significativo de pessoas a votar, cerca de metade da população mundial. Em Portugal haverá eleições regionais, legislativas e europeias.

Votar é um dever cívico, um ato de liberdade. Todos deveremos exercê-lo. Neste ano de todas as eleições, há que ler e dar a ler livros sobre a democracia, os direitos e deveres, a liberdade e o pleno exercício de cidadania. É neste contexto que consideramos pertinente a partilha de uma nova coleção de livros-álbum informativos sobre a temática.

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A Edições da Assembleia da República publica uma coleção intitulada Missão: Democracia dedicada aos mais jovens (e não só) que explora “conceitos abstratos como «democracia» ou «liberdade» e, por outro, particularizam-se instrumentos democráticos como «lei» e «eleições». Os temas propostos são uma espécie de percurso através de conceitos e valores essenciais que refletem a imagem da própria instituição enquanto Casa da Democracia.”[i]

São doze os títulos que constituem a coleção para a qual foram convocados escritores e ilustradores portugueses de várias gerações e sensibilidades artísticas, Dora Batalim Sottomayor é a consultora da coleção. Esta coleção é uma homenagem à Democracia em Portugal que nasceu há 50 anos, é por isso, também, uma homenagem aos 50 anos do 25 de abril.

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O primeiro título da coleção é A Melhor Amiga da menina República, com texto de Isabel Zambujal e ilustrações de Bernardo P. Carvalho, que nos recordam o 1 de fevereiro de 1908, horas antes do regicídio e, de um modo brevíssimo, os conflitos e lutas que os republicanos travaram para libertar o país da monarquia. Os leitores são transportados ao dia 5 de Outubro de 1910 quando a “República conquistou o poder. E com a Democracia, a sua melhor amiga, partilhou sonhos e triunfos.” Ao longo das páginas do livro a Menina República partilha as suas vivências nesses dias, meses e anos de mudança com a Democracia, a sua melhor amiga. Muitas foram as mudanças: nas escolas e universidades, no desporto, a liberdade de impressa e o direito à informação, novas leis, novos símbolos, como a uma bandeira, um hino e uma moeda. Não são esquecidos grandes nomes republicanos, de mulheres e homens, que desempenharam um papel importante na vida da Menina República.

Outros títulos da coleção já publicados:

  • Voltas e Reviravoltas, de Ana Maria Magalhães, Isabel Alçada e Mantraste (ilust.)
  • Leva-me ao teu Líder, Afonso Cruz e Mariana Rio (ilust.)
  • Fantasmas, Bananas e Avestruzes, de Catarina Sobral (texto e ilust.)
  • E se fôssemos a votos?, de Luísa Ducla Soares e Rachel Caiano ( ilust.)

 

[i] In - ver mais em https://livraria.parlamento.pt/collections/missao-democracia

Movimento de Literacia pela Coragem

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Patrícia Aguiar e Laura Morais escreveram, em coautoria, o livro João Colagem, um livro inclusivo e que foi materializado através de uma campanha de crowdfunding.

“Através de uma escrita ritmada e simples a autora conta a história deste menino na sua jornada de bondade, procurando inspirar para a mudança no olhar, no nosso para com os outros. Apoiado numa ilustração com a técnica de collage, reflexiva e expansora da mensagem central do livro, com momentos visuais de grande profundidade interpretativa e imagética da ação do João Colagem para além da sua história.” [1]

A autora e a KicoLab propuseram à Rede de Bibliotecas Escolares a doação de 500 exemplares deste título. Formalizou-se esta oferta no dia 30 de janeiro e este livro, destinado aos alunos mais novos, será distribuído pelas bibliotecas das escolas que integram o Projeto “Todos Juntos Podemos Ler” e “aLer mais e melhor”.

Para conhecer um pouco mais sobre percurso deste Movimento de Literacia pela Coragem consultar a página do Instagram. [2]

Desejamos que a leitura do livro “João Colagem” seja desafiante e prazerosa.

 

Referências:

[1]. PPL. (2024). João Colagem. https://ppl.pt/joaocolagem

[2] https://www.instagram.com/j_o_a_o____/

Gosto, logo existo

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Muitos são os jovens que recorrem aos computadores para pesquisar informações, ampliar conhecimentos ou satisfazer curiosidades. Imaginem que um dia ao pesquisar no Google o resultado obtido é: desconheço ou dirige-te à biblioteca mais próxima e procura num livro.

Acharia estranho? Possivelmente!

Esta seria uma excelente oportunidade para nós, educadores, esclarecermos os mais jovens que existem algoritmos que “são desenhados para nos mostrar aquilo que queremos ver, as opiniões ou conteúdos de quem respeitamos”. Sabemos que o Google não tem dúvidas, apenas certezas. Infelizmente, alguns resignam-se e aceitam toda a informação disponibilizada na web. Afortunados dos que gostam de fazer perguntas, duvidar, pensar e testar, mas também daqueles que acreditam que a leitura desenvolve o “pensamento crítico”.


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A informação e a desinformação (fake news) têm impacto nas nossas vidas, porque nos levam a tomar decisões. (…) Somos seguidores, seguimos influenciadores, influenciamo-nos com qual objetivo? Rimo-nos com vídeos virais, mas que vírus é este? Acreditamos em notícias sem pés nem cabeça, damos cabeçadas virtuais, cambalhotas emocionais, saltos mortais à retaguarda das palavras e, no final de tantas acrobacias, observamos a nossa própria solidão. Estamos mais ligados ou desligados do mundo que nos rodeia?  Este livro acredita que é importante fazer perguntas e que as respostas não estão todas no Google. Que a vida não é um questionário de escolha múltipla. Que precisamos de tempo para pensar e para sentir. Que o mundo não é a preto e branco. E que um emoji, por muito fofinho que seja, é só um emoji.


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Na preparação das atividades a desenvolver no âmbito do Dia da Internet Mais Segura, sugerimos hoje o livro Gosto, Logo Existo - Redes sociais, jornalismo e um estranho vírus chamado fake news, de Isabel Meira. É dirigido a jovens e a todos aqueles que se inquietam com as fake news, com o fenómeno das redes sociais, com os likes, com a “pegada digital” com o uso excessivo dos telemóveis, com os rumores, os boatos… a autora sublinha a importância de voltamos a pensar na famosa frase socrática “só sei que nada sei” para humildemente reconhecermos que ninguém sabe tudo sobre determinado assunto que e o que importa é ter disponibilidade para construir conhecimento, ampliar perspetivas, para nos questionarmos, duvidarmos, refletirmos e, desta forma, desenvolvermos o pensamento crítico que

a nossa ferramenta mais valiosa para alcançar um conhecimento mais profundo sobre a realidade em que vivemos e assim compreender a verdade (ou as várias verdades) que nos acompanham ao longo da vida

Os nativos digitais estiveram, estão e estarão sempre em contacto com as tecnologias. Vivem ligados. Apreciam o número de likes e partilhas. Acreditam no número de amigos e abraçam uma felicidade ilusória. Os nativos digitais creem no imediatismo e na gratuitidade. Mais uma ilusão. O acesso gratuito é pago com os nossos dados: as nossas preferências literárias, futebolísticas, gastronómicas ou outras mais íntimas. É importante dar tempo ao tempo, pois este é precioso e mestre na arte de fazer, de pensar e de sentir. A nossa relação com o mundo deve ser “ponderada, atenta e crítica.” A informação fidedigna implica

recolher informações, fazer perguntas, comparar dados, fazer contas, verificar factos, reunir opiniões. Voltar a verificar factos… há investigações que demoram meses ou mesmo anos! 


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Gosto, Logo Existo - Redes sociais, jornalismo e um estranho vírus chamado fake news é um livro híbrido onde a informação, os factos históricos, a estatística e o questionamento se cruzam com uma narrativa apelativa e estimulante.  Sem falsos moralismos, alerta o leitor para a valor do pensamento crítico, da liberdade e da privacidade. Uma verdadeira lição de literacia mediática.

Este é um livro para ler, refletir e dialogar. [1]

Este é um livro para divulgar!

 

[1] Nota: Recordamos as propostas metodolõgicas associadas a Leituras para refletir e dialogar:

 

 

 

 

A Lídia no País das Armadilhas

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Lídia é uma jovem muito popular, na sua escola, “sabe responder na ponta da língua a quase todas as perguntas que lhe fazem, e isto quer as perguntas sejam postas por colegas, quer por professores”, mas também por ser muito imaginativa. Lídia, a jovem curiosa, provavelmente uma excelente leitora, foi com os seus colegas de turma e a Setôra Ideias visitar a Imprensa Nacional. Uma verdadeira aventura através do tempo!

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A visita ao edifício da Imprensa Nacional começou pela biblioteca, outrora denominada “Biblioteca da Impressão Régia”, instalada no Palácio de D. Fernando Soares de Noronha, encantou todos que permaneceram “um bocado a olhar para as paredes e para os livros. Entre os volumes encontravam-se coleções de revistas antigas com encadernações vistosas”.

Sabemos que atualmente, a biblioteca da Imprensa Nacional é a fiel guardiã de um acervo com cerca de 20 mil livros, incluindo os incunábulos e as primeiras edições da Imprensa Régia. A visita continua e Lídia acompanha os diferentes momentos históricos que atravessam a vida da Imprensa Nacional, assim ficamos a saber que “dentro da impressa nacional existiu uma escola. Ou melhor: várias escolas. Na verdade, desde a sua criação, cada oficina recebia aprendizes, normalmente com 14 anos, que eram ensinados a compor, imprimir, desenhar, gravar e fabricar letras” ou que a Imprensa Nacional “imprimiu obras e documentos importantes que hoje nos ajudam a compreender o impacto da ocupação francesa” ou ainda aprender sobre o trabalho feminino, entre o final do século XIX e o início do século XX, nas oficias.

A Lídia no País das Armadilhas - A história maravilhosa da Imprensa Nacional é uma aproximação ao livro informativo. O subtítulo indica-nos o tema, o glossário surge no final do livro, o texto é preciso, claro e rigoroso historicamente, mas a narrativa é pincelada com imaginação, dando ritmo à leitura. As imagens não são as típicas fotografias ou gráficos, que usualmente se encontram num livro informativo, mas sim, ilustrações elucidativas que ampliam a compreensão do texto. Nas últimas páginas muito aprendemos sobre a evolução dos prelos, das máquinas de impressão litográficas ou da primeira geração da offset. Sempre em tons de vermelho e verde recordando as cores da pátria.

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Conhecem a Gazeta de Lisboa? Talvez não. E, se vos perguntar se conhecem o Diário da República? Talvez já tenham ouvido falar ou necessidade de consultar. A publicação da legislação oficial hoje é disseminada em formato digital, mas nem sempre assim foi. Aqui fica o desafio para que os jovens leitores descubram a evolução desta publicação, assim como as capas de algumas das obras simbólicas da Imprensa Nacional.

 

O Natal está no ar!

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Os dias estão mais curtos. O frio começa a sentir-se. O Natal aproxima-se.

É tempo de nos reunirmos e, em conjunto, exaltarmos a família, os amigos e a alegria de viver. Juntos celebramos a amizade e o amor, a generosidade e a solidariedade.

É tempo de presentear os que mais gostamos. Haverá melhor presente do que um livro?

A Rede de Bibliotecas Escolares disponibiliza algumas sugestões de leitura, neste Natal, para os mais pequenos.

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O Meu Primeiro Elmer de Natal é um  livro divertido que nos recorda  que é hora de levar o pinheiro de Natal para casa e enfeitá-lo para festejar os dias natalícios que estão quase… quase a chegar. “Elmer estava a dar uma volta com os elefantes mais novos, para escolherem uma árvore de Natal. Foi então que um alce disse: - Deixa-os ver o Papá Vermelho esta noite, mas fiquem escondidos.”  

Faltam apenas dois dias para a véspera de Natal, noite em que o Papá Vermelho faz a sua visita anual, para carregar os presentes para o trenó e os elefantes mais pequeninos estão muito agitados. Este ano para além de escolher, colher e transportar cuidadosamente o pinheiro, Elmer prepara uma surpresa especial, mas terão de se manter sossegados e escondidos…. Será que os jovens elefantes conseguem? 

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Todos sabemos que o Natal é mágico. A família reunida, um pinheiro com luzes a piscar, guloseimas e alguns presentes… O Pai Natal que Não Comia Queijo ou O Pai Natal das Memórias apresenta-nos as crianças do n. º4 da Rua das Papoilas, que adoravam surpresas de Natal e estavam longe de saber que uma surpresa as esperava. Estas crianças pensavam que as memórias eram coisas de velhos – mas será que o são? Naquele dia inesquecível, conheceram o minúsculo Pai Natal das Memórias que oferecia momentos únicos. Será que os mais jovens também guardam memórias?

 

 

 

 

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Preparados para dormir? 5… 4… 3… 2… 1…. Só faltam cinco noites até ao Natal!  Conseguem esperar? Os pacientes conseguirão, mas os mais ansiosos talvez não. As noites parecem longas, o sono teima em não chegar. Que fazer?  Sonhar com os presentes que irão chegar?  Ou ouvir as tradicionais canções de Natal? Talvez não fosse má ideia preparar um lanche para o Pai Natal e as suas Renas. Enquanto nada acontece, o tempo avança lentamente, continua-se a esperar” a visita do senhor das barbas, enquanto os sinos tocam as badaladas.”

O dia 25 de dezembro talvez seja o mais esperado pela maioria dos pequenos jovens por esse mundo fora.  Quem nunca sentiu a emoção da chegada do Natal? A magia da época, o desejo de que os dias passem depressa... E que tal tornar a última semana até ao Natal ainda mais emocionante?
Tic … Toc …Tic … Toc… a hora aproxima-se!

 

Feliz Natal a todos!

 

Outras sugestões:

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Se numa Noite de Inverno um Viajante

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Neste ano de 2023, comemora-se o centenário de nascimento de Italo Calvino (1923-1985), um dos mais amados e apreciados escritores italianos do século XX, a sua obra é conhecida no mundo inteiro.

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A sua obra é extensa, a sua escrita fantástica, interventiva, caleidoscópica e considerada, por muitos, experimental e inovadora. Selecionar um livro para partilhar é tarefa difícil e redutora, mas arriscamos eleger Se numa Noite de Inverno um Viajante para partilhar na rubrica Tempo para Ler.

 Em 1979, Italo Calvino escreve Se numa Noite de Inverno um Viajante, um romance com uma arquitetura original: narrativas interligadas, ao longo de doze capítulos, numa estrutura não linear e numa cartografia de cruzamentos e desencontros, de histórias dentro de histórias, de surpresas deliciosas e desprezíveis, temos o prazer de conhecer os protagonistas, o leitor e a leitora, que pretendem desvendar o enigma dos romances inacabados e dos manuscritos roubados e falsificados.

Estás a começar a ler o novo romance Se numa noite de Inverno um viajante de Italo Calvino. Descontrai-te. Recolhe-te. Afasta de ti todos os outros pensamentos. Deixa esfumar-se no indistinto o mundo que te rodeia. A porta é melhor fechá-la; lá dentro a televisão está sempre acesa. Diz aos outros: “Estou a ler! Não quero que me incomodem! (…) Arranja a posição mais cómoda: sentado, estendido, enroscado, deitado. Deitado de costas, de lado, de barriga. Na poltrona, no sofá, na cadeira, de baloiço, na cadeira de praia, no pufe. Numa cama de rede, ser tiveres alguma cama de rede, Em cima da cama, naturalmente, ou dentro da cama. Até podes pôr-te de cabeça para baixo, em posição de ioga. Com o livro virado ao contrário, bem entendido. (…) Bem, afinal, o que estás à espera?”

No cerne da trama encontra-se o personagem tradutor Hermes Marana, o qual serve não só como recurso narrativo para aumentar o grau de desconfiança do leitor e da leitora como também para questionar o papel do autor e do tradutor dentro do universo literário. Italo Calvino, por meio do personagem tradutor, ironiza a idealização do autor como criador absoluto do texto literário.  Num permanente jogo entre o “leitor”, a “leitora” personagens que estão no centro da narrativa e o leitor e leitora comuns, quer dizer nós, há um envolvimento cúmplice que permanece ao longo da deslumbrante leitura desta obra-prima pós-modernista.

 “Apareceste pela primeira vez ao Leitor numa livraria, ganhaste forma destacando-te de uma parede de estantes, como se a quantidade dos livros tornasse necessária a presença de uma Leitora”.

O leitor e a leitora têm como missão ler romances, embora tenham consciência de que “há livros com que simpatizo, e livros que não consigo suportar e que me vêm para sempre às mãos” e é neste encontro e desencontro de hectares e hectares de livros “que Podes Passar Sem Ler, os Livros Feitos Para Outros Usos Além Da Leitura, os Livros Já Lidos Sem Ser Preciso Sequer Abri-los Por Pertencerem À Categoria Do Já Lido Antes  De Ser Escrito (…) Livros Que Se Tivesses Mais Vidas Para Viver Certamente Lerias Também De Bom Grado Mas Infelizmente Os Dias Que Tens Para Viver São Os Que Tens Contados ” , de géneros literários, preferências que oscilam entre o mistério, a angústia, a literatura erótica ou a de viagens, entre outras, que se constroem mapas literários inimagináveis.

Na leitura dá-se qualquer coisa sobre a qual não tenho poder”, o verdadeiro leitor apenas tem a certeza de que a leitura provoca inquietação e infinitas possibilidades para que se (re)comece um processo sempre inacabado de novos eus, vivências e novas geografias.

Ler Se numa Noite de Inverno um Viajante é um verdadeiro desafio para nós, leitores reais, incitados a (re)pensar a literatura com a própria literatura, bem como a envolver-nos com outros personagens que fazem parte do universo literário, tais como o tradutor, o agente literário, o editor, o crítico literário ou o próprio autor. Ao longo da leitura, compreende-se os desassossegos de Calvino, muito vanguardistas para a época, entrelaçando a metalinguagem com uma narrativa de amor, suspense, erotismo e paixão. Afinal, o que faz de um romance um bom romance?

Sete Razões para amar a filosofia

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Em 2002, a UNESCO instituiu o Dia Mundial da Filosofia, reconhecendo a esta área do saber um papel essencial nas nossas vidas. A filosofia é frequentemente considerada um saber complicado, difícil, demasiado abstrato, mas não para aqueles que a amam. Ler, estudar e compreender filosofia é um exercício benéfico para as pessoas, para a Humanidade. Giuseppe Cambiano[1] encontra muitas razões para uma aproximação à atividade que se apresenta pelo nome de Filosofia, assim, no mês em que se comemora o Dia Mundial de Filosofia[2] partilhamos a leitura do livro Sete Razões para Amar a Filosofia[3]. Afinal, porque devemos amar a filosofia? Porque nos liberta da “tirania da habituação, sacode o dogmatismo arrogante e mantém desperto o nosso espanto”, porque a leitura dos textos e os  ensinamentos filosóficos poderão ajudar nas atitudes, assim como “a avaliar e a orientar o que se diz ou que se faz habitualmente, ou se encontra formulado em textos impressos ou nos ecrãs dos computadores, para tentarmos ser livres em relação a eles, sem sofremos passivamente condicionamentos ou pressões externas.”

Entre muitas razões para amar a filosofia, o autor do livro propõe sete motivos que se prendem com aspetos intrínsecos deste saber, são eles:

1) Fazer perguntas.

Perguntamos quando sentimos falta de algo, quando queremos compreender, o mundo e tudo o que nos rodeia. Sem perguntas “a vida quotidiana acabaria por se paralisar”, o espanto talvez não existisse e a simples curiosidade da vida, em geral, perderia o significado.  Cambiano esclarece-nos que há diferentes tipos de perguntas, que há no mundo pessoas que não gostam de fazer perguntas apesar do “jogo das perguntas” ser o mais antigo do mundo e que as respostas “são frequentemente procuradas naquilo que, em tempos antiquíssimos, se chamava «natureza», isto é, no próprio universo”. O território das perguntas filosóficas é um mundo gigantesco e simultaneamente fabuloso. 

2) Usar palavras.

 Não é fácil fazer uma pergunta, ao contrário do que muitos pensam. Para se fazer perguntas é preciso dominar os termos, as palavras. Afinal, o “uso das palavras na vida quotidiana permite orientar-nos com sucesso, consoante a abundância de vocabulário de que se dispõe: cada palavra é como uma janela nova que se abre para o mundo na sua imensa variedade, para as inúmeras tonalidades dos sentimentos e para os mais subtis itinerários do pensamento.” Os filósofos gostam de pensar nas palavras, elas são apropriação do real, um verdadeiro instrumento do pensamento. Com elas compreendemos situações, atitudes de algumas pessoas, aliviamos a dor, criamos, fazemos crescer ou matamos amizades, amores e cumplicidades.

3) Procurar respostas.

Todos ansiamos por respostas, desde a mais tenra idade. Na adolescência as respostas parecem ser mais importantes que as perguntas. Queremos respostas para edificar a nossa visão do mundo. Envolvidos numa ansiedade desmedida pode-se correr o risco de aceitar respostas baseadas em crenças não justificadas ou limitarmo-nos a permanecer nos imediatismos do senso comum.  Nem sempre os filósofos encontram respostas, mas sentem, muitas vezes, a necessidade de as encontrarem mesmo que sejam satisfatórias.

4) Apreciar a discordância.

Muitos são os filósofos que discordaram, na história da filosofia encontramos com alguma frequência, filósofos que se contradizem.  Talvez a razão de tal atitude é que gostam de dialogar, de escutar e argumentar. “O mundo dos filósofos é um mundo de competições” e esta ideia não é negativa, pelo contrário. Os filósofos gostam de disputar ideias e argumentos, encontrar falácias, evitar percursos erróneos e o formular o melhor dos raciocínios. Sabem que a divergência, desde que sustentada por argumentos fortes, é um excelente exercício.  A divergência é um exercício de liberdade, onde cada um escolhe os seus próprios argumentos, as suas razões e toma as suas decisões.

5) Abrir horizontes.

A filosofia não pretende ter o monopólio nem das perguntas nem das respostas, apenas deseja exercitar o pensamento, pensar criticamente, ser capaz de entrelaçar ideias, diferentes conceções do mundo e deste modo ampliar conhecimentos e perspetivas. É neste ambiente que, por exemplo, a bioética cresce procurando refletir sobre escolhas possíveis perante dilemas, indecisões que a vida nos coloca.

6) Compreender os outros: outros tempos.

“A exigência de compreender os outros, aquilo que dizem e fazem, é central para a vida quotidiana.”  Sem os outros seria difícil conhecermo-nos e ser quem somos. A leitura, a análise e discussão de textos filosóficos são verdadeiras ferramentas de reflexão, promovendo a relação com as palavras de outros e desafiando-nos ao exercício da compreensão, de nos colocar no lugar do outro, de questionar, de apresentar argumentos, de viver noutros tempos e de transformar o passado em presente.

7) Compreender os outros: outros mundos.

Quando a leitura, a análise e discussão de textos filosóficos ecoam em nós concretiza-se uma abertura a outros mundos, a outras formas de pensar, de ser e de estar, a outras tradições e geografias.

Por último, ousamos acrescentar que amar a filosofia é também amar a literatura e neste pequeno, mas intenso, livro habitam múltiplas referências à literatura. Afinal, foram muitos os escritores que se inspiraram e amaram, consciente ou inconscientemente, a filosofia.

Notas

[1] Giuseppe Cambiano licenciou-se em Filosofia em 1965. É professor emérito de História da Filosofia Antiga na Scuola Normale Superiore di Pisa e docente na Universidade de Torino. É também sócio da Academia Nacional de Lincei e diretor da revista Antiquorum Philosophia, fundada em 2007. Tem uma vasta obra publicada em Itália. Em Portugal, Sete Razões Para Amar a Filosofia é o único título disponível. 

[2] Em 2002, a UNESCO proclamou a celebração do DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA, em todo o mundo, na terceira quinta-feira do mês de novembro.

[3] Cambiano, G. (2020). Sete razões para amar a Filosofia. Edições 70

Veja outros artigos no âmbito desta rubrica

Porque é que o nosso futuro depende das bibliotecas, da leitura e de sonharmos acordados.

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O Que Se Vê da Última Fila é um livro sobre paixões. Num tom intimista e pessoal o leitor ficará a conhecer discursos, ensaios e introduções de livros do próprio Neil Gaiman[1] ou de outros autores que admira, mas também algumas pessoas e escritores que influenciaram reflexões significativas para o autor. 

No mês em que se festeja, por esse mundo fora, a relevância das Bibliotecas Escolares e no Dia da Biblioteca Escolar em Portugal, fica o convite para (re)ler um dos capítulos deste livro - Porque é que o nosso futuro depende das bibliotecas, da leitura e de sonharmos acordados.  Trata-se do discurso feito, em Londres, em 2013, na Palestra da Reading Agency[2], cujo tema principal é o ato de ler e os efeitos da leitura e das mudanças que se ocorrem em nós, mas não só. Esclarece-nos sobre o poder da imaginação, o valor inestimável da palavra, de como a leitura de ficção ajuda a criar empatia e de como a descoberta da leitura é, por si só, um prazer.

Partilhamos da ideia de que todos nós temos a obrigação de falar de leitura e de livros, afinal, segundo nos dizem, “tudo muda quando lemos.” Naquela noite, na palestra, Neil Gaiman proclamou uma verdadeira ode à leitura, às bibliotecas e aos bibliotecários. 

Falou dos bibliotecários da sua vida, homens bons, que “gostavam de livros e que os livros fossem lidos”, uns verdadeiros ilusionistas, fazendo aparecer os mais incríveis livros sobre fantasmas, foguetões, vampiros, bruxas, prodígios, aventuras ou outros. Não eram snobs em relação às escolhas e preferências dos leitores, verdadeiros divulgadores das novidades editoriais, pedagogos na arte de requisitar livros em qualquer biblioteca, e na literacia da informação. Conseguiam a preciosidade de tratar os leitores com respeito.

As bibliotecas têm que ver com liberdade.”

Liberdade de aceder.
Liberdade de ler.
Liberdade de perguntar.
Liberdade de criar e imaginar.
Liberdade de refletir, descobrir e pesquisar.
Liberdade de comunicar.
...

Uma biblioteca é um lugar que serve de repositório da informação e permite a todos terem igual acesso à informação. […] é um espaço comunitário. “

As bibliotecas são espaços democráticos. Inclusivos.
Lugares de aprendizagem, de colaboração e cooperação.
Lugares de acessibilidade e conhecimento.
Lugares de imaginação e criatividade.
Lugares do “público, antes de ser o das coleções[3].
Lugares de descontentamento. Só os insatisfeitos “podem mudar e melhorar os seus mundos, deixá-los melhor do que os encontraram, torná-los diferentes.”
Lugares de conforto.
Lugares seguros, acolhedores e verdadeiros refúgios do mundo.
Lugares de leitura.
Lugares onde se cruzam a literatura, a arte e a ciência, o impresso e o digital, o áudio e o silêncio.
Lugares onde todos cabem.

Temos a obrigação de ler em voz alta aos nossos filhos. De lhes lermos coisas de que eles gostem. (…) De fazermos vozes, de as tornarmos interessantes e de não deixar de lhes ler só porque eles já sabem ler sozinhos. Temos a obrigação de usar esse tempo de leitura em voz alta como forma de fortalecer os laços que nos unem, um tempo em que não estamos a olhar para o telemóvel, em que pomos de parte as distrações do mundo.

As crianças e jovens que escutam o som das palavras ou que leem em voz alta com os pais, educadores, familiares ou amigos ampliam o sentido do texto, aguçam a curiosidade, esboçam os lugares mais inimagináveis e melhoram a sua relação com o mundo e com os outros.

A leitura pode não salvar, mas poderá ser prazerosa e isso é bom, muito bom. Devemos mostrar ao mundo que ler é uma coisa boa, inspiradora.

Deveremos dar a ler, abraçando diferentes géneros literários, e não esquecendo que a leitura de ficção é um ato de fuga. Oferece-nos o sabor da conquista de “lugares e mundos que de outra maneira nunca conheceríamos”, possibilita-nos o exercício da imaginação. Liberta-nos da realidade.

 Precisamos de bibliotecas. Precisamos de livros. Precisamos de cidadãos letrados.”

Nós, leitores, pais e educadores, cidadãos do mundo, temos o dever de apoiar as bibliotecas e “incentivar os outros a frequentá-las, de protestar contra o encerramento de bibliotecas.” Frequentar bibliotecas é valorizar a literatura, as artes e as ciências, as literacias, mas também dar voz a muitas vozes. É acreditar no futuro e não esquecer o passado.

Por último, ecoam, em nós, as palavras de Neil Gaiman:

Temo que, no século XXI, as pessoas não percebam o que são as bibliotecas e para que servem. Se pensarmos nas bibliotecas como sendo estantes de livros, a ideia poderá parecer-nos antiquada ou ultrapassada, especialmente numa época em que a maioria dos livros, embora não todos, estão disponíveis digitalmente. Mas pensar assim é falhar o essencial.”

Acreditemos no poder das bibliotecas, do livro e da leitura, mas também da palavra e da informação.

Acreditamos que ler poderá fazer a diferença.

Notas

[1] Neil Gaiman é autor de vários bestsellers, tais como Coraline e a Porta Secreta, Deuses Americanos, Mitologia Nórdica, O Oceano no Fim do Caminho, entre outros. Muitos são os títulos publicados em Portugal. Ao longo da sua carreira, foi distinguido com importantes prémios, entre os quais Newbery, Carnegie, Hugo, Nebula, World Fantasy, Will Eisner.  Neil Gaiman é romancista, dramaturgo, guionista para cinema e televisão, criador de novelas gráficas e BD.  Nasceu em Inglaterra, mas atualmente vive nos Estados Unidos da América, onde é professor na Bard College.

[2]  Reading Agency – uma” instituição de beneficência cuja missão é a de conferir oportunidades de vida idênticas a toda a gente, ajudando-as a tornarem-se leitores convictos e entusiastas. Uma instituição de beneficência que apoia programas de literacia, bibliotecas e indivíduos, e que, de forma pura e desinteressada, incentiva o ato da leitura. “Saiba mais em: https://readingagency.org.uk/

[3] Expressão usada por Michèle Petit, no livro Ler o Mundo.

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