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Movimento de Literacia pela Coragem

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Patrícia Aguiar e Laura Morais escreveram, em coautoria, o livro João Colagem, um livro inclusivo e que foi materializado através de uma campanha de crowdfunding.

“Através de uma escrita ritmada e simples a autora conta a história deste menino na sua jornada de bondade, procurando inspirar para a mudança no olhar, no nosso para com os outros. Apoiado numa ilustração com a técnica de collage, reflexiva e expansora da mensagem central do livro, com momentos visuais de grande profundidade interpretativa e imagética da ação do João Colagem para além da sua história.” [1]

A autora e a KicoLab propuseram à Rede de Bibliotecas Escolares a doação de 500 exemplares deste título. Formalizou-se esta oferta no dia 30 de janeiro e este livro, destinado aos alunos mais novos, será distribuído pelas bibliotecas das escolas que integram o Projeto “Todos Juntos Podemos Ler” e “aLer mais e melhor”.

Para conhecer um pouco mais sobre percurso deste Movimento de Literacia pela Coragem consultar a página do Instagram. [2]

Desejamos que a leitura do livro “João Colagem” seja desafiante e prazerosa.

 

Referências:

[1]. PPL. (2024). João Colagem. https://ppl.pt/joaocolagem

[2] https://www.instagram.com/j_o_a_o____/

Entre histórias e abraços: Ler para (Entre)Ter

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A Rede de Bibliotecas de Tavira dá mais um passo significativo em direção à promoção da leitura e à integração intergeracional com o desenvolvimento do projeto Ler para (Entre)Ter.

ler para entreter 2 - Ana Marta E. Branco da Silva

Esta iniciativa visa criar um espaço onde jovens e idosos compartilham não apenas leituras, mas experiências, conhecimentos e momentos especiais. O grande objetivo que sustenta este projeto é conectar diferentes gerações através da magia da leitura.

As atividades estão a ser desenvolvidas pelos professores bibliotecários e os alunos que frequentam as bibliotecas escolares do concelho de Tavira, com idades compreendidas entre os 6 e os 18 anos, que mensalmente visitam duas instituições da cidade para a realização de atividades de leitura (Hora do Conto adaptada ao Público Sénior; Leituras Encenadas; Leitura de Poemas e Atividades de Expressão Plástica).

O projeto Ler para (Entre)Ter não é apenas mais um projeto de leitura, é uma iniciativa que visa a construção de pontes entre gerações, a partilha de histórias e a criação de memórias duradouras. Ao unir jovens e idosos em torno do amor pela leitura e pelas histórias, Tavira está a construir uma comunidade mais forte, mais sábia e mais conectada. Que o Ler para (Entre)Ter inspire outras comunidades a abraçar a riqueza que a leitura e o diálogo intergeracional podem oferecer.

UNESCO: Desafios e recomendações políticas para a MIL

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O documento de referência para o Relatório Monitoramento Global da Educação de 2023: Tecnologia e educação (Global Education Monitoring – GEM, UNESCO), Literacia dos Media e da Informação/Media and Information Literacy (MIL) [2], da autoria de Divina Frau-Meigs - professora de sociologia de media e tecnologia da informação e comunicação e TIC da Université Sorbonne Nouvelle, França e representante da UNESCO e da União/Comissão Europeia - examina, numa perspetiva crítica, a situação global e dos países, incluindo Portugal, no âmbito da MIL e reflete sobre os seus usos, benefícios e desafios.

1. Desafios da MIL

Divina Frau-Meigs afirma que a MIL enfrenta desafios:

- Ausência de currículo, inclusivo e significativo, que reflita os interesses e as expetativas dos jovens e que permita incluí-la plenamente nas competências dos sistemas educativos.

- Reduzida formação de professores - a aprendizagem autónoma através de cursos/workshops digitais é a forma habitual de desenvolverem competências de MIL - e escassa oferta de recursos/materiais.

Os governos têm vindo a delegar o ensino da MIL a atores não estatais e a empresas privadas (editoras, empresas de media, plataformas digitais, universidades, organizações não governamentais e da sociedade civil), gerando-se falta de coordenação entre setores e intervenientes.

O documento destaca, em Portugal, o papel da Universidade Lusófona que dispõe de curso de mestrado em Literacia dos Media e da Informação e Cidadania Digital, bem como de parceiros da RBE, como a plataforma LEME (Literacia e Educação para os Media Em linha) e o projeto de literacia mediática Público na Escola, na área do jornalismo.

-  Falta de estudos sobre “avaliação das competências e impacto efetivo das pedagogias e dos projetos MIL” - “Não há um estudo internacional abrangente sobre como as competências MIL são implementadas nas escolas, embora existam estudos nacionais ou regionais (European Audiovisual Observatory, 2016)”.

Estes desafios resultam da “discrepância entre o plano das formulações (política oficial) e o plano das realizações (implementação efetiva nas escolas)”.

2. Recomendações para o futuro da MIL

Frau-Meigs apresenta recomendações para responder a estes desafios:

  • - Inscrever a MIL no currículo e sistemas educativos, do ensino primário ao secundário;

  • - “Preencher a lacuna entre a formulação de políticas e a implementação efetiva, tornando a formação em MIL componente obrigatório da certificação de professores”, para que estes possam estar envolvidos nas MIL desde a sua conceção e para que esta seja integrada nos sistemas de educação formal;

  • - “Promover mais coordenação entre os atores do setor e uma governança global da MIL”.

Este artigo tem uma segunda parte que será publicada no dia 05 de fevereiro.

 

Referências

  1. (2023). Divina Frau-Meigs. https://www.unesco.org/en/weeks/media-information-literacy-2023/speakers
  2. Divina, Frau-Meigs. (2023). Media and information literacy. Global Education Monitoring Report Team. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000386080.locale=en
  3. 📷 Imagem de pch.vector no Freepik

A Biblioteca Escolar no PADDE do Agrupamento de Escolas de Sardoal

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A integração das tecnologias da informação e comunicação em Educação tem sido uma necessidade e prioridade já há várias décadas. No Agrupamento de Escolas de Sardoal, o interesse e a preocupação com o desenvolvimento de competências digitais, quer dos alunos, quer dos professores, tem já um longo percurso que se iniciou com o apetrechamento das escolas, ainda nas velhas instalações, com pelo menos um computador por sala, projetor e, na Biblioteca Escolar, equipamentos variados desde computadores fixos, portáteis, tablets, projetores portáteis, disponíveis para uso em sala de aula. A utilização desses equipamentos foi sempre assegurada por uma equipa de docentes, pronta a resolver os problemas e falhas dos aparelhos e a dar apoio à sua utilização em contexto educativo.

A construção da escola nova, em 2019, e a vontade de ter instalações modernas reforçou ainda mais esse interesse. Mas não é só o equipamento que favorece a aquisição de competências. A partir da BE, enquanto centro de informação e inovação, também se têm vindo a realizar várias formações para os docentes, no âmbito da literacia da informação e ferramentas digitais, bem como ações destinadas aos alunos, numa articulação entre a sala de aula e a BE.

Já no Projeto Educativo do Agrupamento, elaborado para o triénio 2021/2024, se fazia referência à utilização de recursos educativos, tendo-se definido como uma das metas a “Realização de 3 atividades com recurso às TIC, por ano e grupo”.

Assim, quando em abril de 2021, surge o Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas (PADDE) a sua elaboração foi encarada com naturalidade, bem como a frequência de ações de formação, quer por parte da direção e equipa responsável pela elaboração do plano de ação da escola, quer da Professora Bibliotecária. Dessa forma, e porque o trabalho colaborativo e a articulação com os docentes é uma aposta no nosso Agrupamento há vários anos e uma prática recorrente, na formação “Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas: Contributos da biblioteca escolar”, a planificação de uma ação estratégica para a dimensão tecnológica e digital e organizacional levou à criação da “Biblioteca Digital@Banco de Recursos”.

Este projeto surge da vontade de fazer curadoria digital com a criação de recursos educativos em diferentes grupos disciplinares com apoio da BE e a partilha entre todos os intervenientes, através da criação de um banco de recursos educativos digitais.

Apresentada a proposta de criar um banco de recursos digitais à direção, esta é integrada no PADDE, promovendo a produção/ utilização/ partilha e disponibilização de conteúdos digitais educativos potenciadores do processo de ensino e de aprendizagem.

Logo no início do ano letivo seguinte (2021/2022), deu-se início a esse trabalho, com a nomeação de uma equipa de docentes, em que estava integrada a Professora Bibliotecária, com a função de definir o modelo de banco, a sua construção e manutenção, alimentando-o com os recursos educativos digitais elaborados pelos docentes do Agrupamento em reuniões de articulação disciplinar e disponibilizando-os de forma pública com uma licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

Para dar corpo a este banco de recursos, foi criado um sítio web no Google Sites, intitulado  REDSardoal, onde é disponibilizada uma página para cada departamento curricular e subpáginas para cada disciplina.

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Os recursos enviados por cada coordenador de departamento estão já disponíveis para todos os que os quiserem usarem livremente.

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A partir do ano letivo de 2022/2023, a BE ficou responsável pela recolha de recursos junto dos departamentos curriculares e pela atualização do Banco REDSardoal, dando apoio ou formação informal sempre que necessário e solicitado. Consequentemente, e porque algumas das contas gratuitas das diversas ferramentas digitais escolhidas pelos docentes esgotaram rapidamente a capacidade de criação de atividades, a BE elaborou uma candidatura à RBE no âmbito do concurso “Imprevistos da Leitura”, para adquirir assinaturas das ferramentas mais utilizadas na criação de materiais/ recursos digitais.

É de referir que as formações de docentes promovidas pelo centro de formação para os três níveis de competências digitais, nestes últimos anos, contribuíram de forma relevante para a construção de materiais e recursos de forma mais ágil.

Neste ano letivo, 2023/2024, o PADDE sofreu uma adenda, passando o processo de criação de recursos digitais a ser alargado aos alunos, devendo cada turma elaborar pelo menos um recurso em três disciplinas por semestre a disponibilizar no banco REDSardoal. Para tal, o site foi reformulado, tendo sido criada mais uma página dedicada aos trabalhos dos alunos.

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Todo este trabalho reforça a colaboração com a BE, mas, sobretudo, entre os docentes, contribuindo de forma significativa para o cumprimento de objetivos do PADDE, tais como potenciar a utilização de ferramentas digitais nas práticas profissionais e pedagógicas dos docentes, nas suas rotinas e procedimentos diários, na vida dos alunos, nas suas práticas de aprendizagem e no exercício de cidadania; contribuir para o desenvolvimento de aprendizagens inovadoras e para a diversificação de estratégias de ensino aprendizagem, que integrem diferentes modalidades de trabalho; fomentar o trabalho colaborativo através da produção, utilização e partilha de materiais/recursos digitais, permitindo capacitar docentes e alunos para esta realidade digital que nos rodeia a cada minuto.

A professora bibliotecária, Jaquelina Almeida

Bibliotecas escolares –  detalhes que transformam

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São várias as metáforas que, comummente, se podem associar à biblioteca escolar:

coração da escola; farol do saber; jardim do conhecimento; oficina da imaginação…

No entanto, para que estas metáforas se consubstanciem, é fundamental valorizar e cuidar do espaço físico da biblioteca. Assim, para além das questões associadas à sua localização e acesso; climatização e iluminação, urge repensá-la em termos de organização do espaço e da coleção, mobiliário e equipamento.

Sabemos que a biblioteca é um ecossistema formado por vários elementos, muito centrado nas expectativas e necessidades dos seus utilizadores e que se quer o mais equilibrado possível. Parece, por isso, óbvio que a primeira preocupação a ter se prenda com a sua localização. Esta deve ocupar um espaço central e bem localizado da escola (preferencialmente, no piso térreo e por onde todos os utilizadores passem).

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Não sendo possível garantir esta localização privilegiada, há que fazer todos os possíveis para que a biblioteca não passe despercebida:

📍 Vamos utilizar uma sinalética eficaz e atrativa em loca indicando a direção e a localização da biblioteca, por exemplo, com setas, cores vibrantes e mensagens apelativas que convidem os utilizadores a conhecer/frequentar o espaço?

📍 E se transformarmos a entrada da biblioteca (com elementos visualmente cativantes) para que os alunos se sintam motivados a entrar e a conhecer o espaço? Podemos até criar, por exemplo, uma mensagem de boas-vindas personalizada e positiva que os valorize!

📍 Também será interessante publicitar, na entrada e nos corredores da escola (vitrines/placares), as atividades, recursos e novidades da biblioteca. Mas atenção, é necessário criar, desde o início, um protocolo de atualização regular desses espaços…

📍 E que tal levarmos a biblioteca para “fora da biblioteca”:

  • preparando pequenos eventos ou atividades nos espaços mais concorridos da escola (leituras encenadas, flash mobes…), atraindo a atenção dos alunos para a biblioteca…

  • distribuindo panfletos, marcadores de livros ou brindes relacionados com a biblioteca…
  • ...

 

O espaço físico influencia e condiciona o comportamento de quem dele usufrui: um espaço acolhedor, organizado e confortável é muito mais estimulante e potenciador de uma fruição que facilitará a promoção de situações formais e informais de aprendizagem. Assim, para além dos aspetos mais funcionais da biblioteca, terá de existir um foco e um cuidado que permita transformar a biblioteca, em primeiro lugar, num espaço atrativo e proporcionador de bem-estar. Deve ainda ser um espaço flexível e multifuncional, facilmente adaptável a diferentes solicitações e valências.

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Para que a biblioteca seja confortável e se constitua como um local aconchegante e esteticamente agradável, não é imprescindível que o seu mobiliário seja da última moda ou tenha sido recentemente adquirido. Para isso, é sobretudo necessário que seja um local vivido, acarinhado e diariamente observado e intervencionado:

📍 A informação disponível nos diferentes expositores continua atualizada e pertinente ou beneficiaria de uma alteração? Aqueles trabalhos produzidos pelos alunos do 4.º B não poderão dar lugar a nova exposição? Ou a um espaço em branco a aguardar o próximo contributo?

📍 Alguém colocou inadvertidamente um cartaz num espaço envidraçado e por lá continua por distração?

📍 A disposição do mobiliário é a mais funcional ou seria de recolocar esta ou aquela estante, reorganizar certa zona informal, adaptar uma mesa para constituir um espaço criativo…?

📍 Não serão excessivas algumas estantes, algumas mesas, algumas cadeiras? A flexibilidade de que necessitamos não exigirá que repensemos o mobiliário efetivamente necessário?

📍 Os títulos de estante e/ou de prateleira ainda estão de acordo com as sucessivas reorganizações da coleção que vai sendo necessário fazer à medida que esta se desenvolve? Continuam esteticamente agradáveis ou já caíram ao chão tantas vezes que estão danificados e com um aspeto deteriorado?

📍 Mantemos um fundo documental desajustado aos tempos de hoje, apenas porque vai ficando? Ainda são úteis aquelas cassetes VHS que ocupam duas estantes ou aquela enciclopédia que ninguém abre há cinco anos…?

📍 Os livros disponíveis estão todos em condições aceitáveis ou, sem nos apercebermos, foram ficando envelhecidos de tão manuseados? Temos um sistema de deteção sistemática de necessidades de intervenção e restauro fácil e simples que permita minimizar os efeitos do uso?

📍 Os expositores de periódicos têm periódicos verdadeiramente periódicos? Ou os exemplares mais recentes que disponibilizamos são contemporâneos da última vez que se abriu a enciclopédia de que falávamos acima?

📍 E os caixotes cheios de material da última Semana da Leitura (que certamente será reutilizado no final do ano letivo) não teremos forma de os colocar noutro espaço? Ou de os tornar discretos com alguma bricolagem associada?

📍 E a luz? Como a tratamos? Temos uma biblioteca luminosa ou deixamos corridos os estores, escurecendo o espaço e tornando a entrada pouco apetecível? Temos ecrãs que recebem diretamente a luz do sol, impedindo uma visualização mais confortável?

Estes são alguns detalhes que, em conjunto, contribuem para uma experiência de biblioteca obsoleta e pouco motivadora. Obviamente, nenhuma das bibliotecas escolares concentra em si todos os senãos que  , mas estes são apenas alguns aspetos sobre os quais devemos refletir. Teremos algo a aperfeiçoar? 😉

UNESCO: Recomendação sobre Educação para a Paz

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1. Informação e paz

A missão fundamental das bibliotecas é garantir o acesso a informação de qualidade (integridade da informação) e desenvolver competências que promovam os direitos humanos e A Nossa Agenda Comum.

No começo de um Novo Ano e perante os crescentes e novos ataques ao ecossistema de informação – por via de desenvolvimentos vertiginosos em IA generativa que ameaçam levar o discurso de ódio e a desinformação a patamares nunca experienciados – lembramos que a informação é importante para alcançar todas as liberdades fundamentais e, em especial, a paz, a justiça e a democracia (ODS 16). A Agenda 2030 reconhece-o ao considerar, na meta 16.10 relativa à Paz, a importância de “Assegurar o acesso público à informação e proteger as liberdades fundamentais, em conformidade com a legislação nacional e os acordos internacionais”.

2. Nova definição da paz

Neste contexto, a Rede de Bibliotecas Escolares destaca a Recomendação sobre Educação para a Paz, os Direitos Humanos e o Desenvolvimento Sustentável [2] adotada na Conferência Geral da UNESCO e que estabelece uma nova compreensão da paz que “não requer apenas a ausência de guerra ou de conflitos armados, mas também um processo inclusivo, democrático e participativo”, que contribua ativamente para o cuidado por nós próprios e pelos outros e pelo planeta (UNESCO, 2023, p. 2). Esta abordagem leva cada pessoa/comunidade a compreender e a assumir as suas responsabilidades/deveres na prevenção de conflitos, violência, discurso de ódio.

3. Educação para um futuro pacífico

A educação molda a forma como o ser humano compreende e se relaciona com o mundo e é o caminho mais eficaz para construir uma paz duradoura e o desenvolvimento humano e sustentável.

A Recomendação baseia-se nas conclusões da Cimeira Transformar a Educação que considera que a educação/escola é um direito humano fundamental e um bem público que deve ser acessível a todos e permite construir um futuro pacífico e sustentável e no relatório Futures of Education que a precede e que reconhece que a educação/escola para se tornar relevante deve gerar progressos concretos na relação com o planeta, a sociedade e a paz - "as guerras começam nas mentes dos homens e das mulheres e é nas mentes dos homens e das mulheres que deve ser construída a defesa da paz" [3] (UNESCO, 2021, p. iii).

A educação inclusiva e de qualidade, em todos os seus contextos e formas (sala de aula/escola e informal/comunidade; desportiva, artística e científica…), ao longo da vida/contínua e envolvendo todos os seus atores, inclusive líderes locais e representantes de tradições, pode ser uma ferramenta tão importante para construir a paz como as negociações dos líderes políticos.

4. Educação Transformadora, Educação para o Desenvolvimento Sustentável e Educação para a Cidadania Global

A Recomendação reconhece que o alcance da paz resulta de um trabalho diário que deve envolver todos os setores da sociedade, requerendo uma abordagem interdisciplinar e colaborativa.

Interrelaciona-se com questões centrais como o desenvolvimento sustentável, as mudanças climáticas, o respeito pela diversidade, a igualdade de género e a literacia mediática e informativa.

A Recomendação destaca “o importante papel que os jovens podem desempenhar na prevenção e resolução de conflitos” (p. 2) e a importância de 3 formas de educação:

- Educação Transformadora: envolve contextos de aprendizagem cocriados com os jovens e “capacita para refletir criticamente, tornando-os agentes de mudança e protagonistas do próprio futuro” (UNESCO, 2023, p. 5);

- Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD): capacita para “decisões informadas e ações responsáveis em prol da integridade ambiental, da viabilidade económica e de uma sociedade justa, para as gerações atuais e futuras, no respeito pela diversidade cultural" (UNESCO, 2023, p. 5);

- Educação para a Cidadania Global (GCED - Global Citizenship Education) – “inclui a educação para a paz e os direitos humanos, bem como a educação intercultural e a educação para a compreensão internacional” (UNESCO et al, 2015, p. 49) [4].

Segundo os representantes do movimento A Carta da Terra, a Recomendação está alinhada com as metas 4.7, 12.8, 13.3 e 16 da Agenda 2030 [5].

5. Competências para construir a paz duradoura

Para além de promover uma “base sólida de literacia e numeracia”, a escola/educação deve contribuir para o desenvolvimento de competências como o “Pensamento analítico e crítico: capacidade de questionar normas, práticas e opiniões” e “compreender sistemas complexos e ambientes multiculturais (…) e dinâmicas de poder” e a “Literacia mediática e da informação, comunicação e competências digitais”:

“capacidade de procurar, aceder, avaliar criticamente, produzir, utilizar e divulgar eticamente informações e conhecimentos através de vários canais e tecnologias. Implica também ser resiliente, ser capaz de detetar e combater a desinformação e a informação incorreta, o discurso de ódio, todas as formas de violência (…), compreender os seus direitos e responsabilidades em linha e fora de linha e participar em ambientes digitais de uma forma segura, eficaz, criteriosa e respeitadora que reforce a segurança digital e proteja a privacidade” (UNESCO, 2023, p. 6).

O documento destaca outras competências como:

- Antecipação: capacidade de atuar como agente de mudança e de avaliar e compreender as oportunidades e ameaças”;

- Autoconsciência: capacidade de reconhecer e refletir criticamente sobre os seus valores, perceções e ações pessoais” e de “estar em paz consigo próprio, compreender e gerir as emoções, sentir e mostrar empatia e respeito pelos outros”;

- Sentido de ligação e de pertença a uma humanidade e a um planeta comuns e diversos”;

- Cidadania e participação ética e responsável e

- Resolução e transformação pacífica de conflitos”, contribuindo para a sua prevenção e mediação (UNESCO, 2023, p.

6. Princípios para construir a paz

A Recomendação adota 14 princípios para uma educação transformadora, de qualidade, holística e humanista e que promova a paz, dos quais se destacam:

- Promover uma ética do cuidado e da solidariedade”;

- Reconhecer que “todos os alunos, sem discriminação, criam e cocriam ativamente o conhecimento” (aprendizagem centrada no aluno e participativa);

- Capacitar os indivíduos para a resolução de problemas na comunidade, “nomeadamente através da utilização ética e responsável de tecnologias”.

7. Nota conclusiva

Adotada na 42ª sessão da Conferência Geral, a Recomendação resultou de um intenso processo de consulta e participação, que incluiu um inquérito global e demorou 2 anos a ser redigida.

Trata-se de um documento não vinculativo, que representa uma aspiração da UNESCO, na qual Portugal está representado e que se destina a influenciar práticas e legislação, de forma a reimaginar e moldar um mundo mais sustentável, justo e pacífico.

Substitui a Recomendação de 1974 sobre A Educação para o Entendimento, Cooperação e Paz e Educação Internacionais Relativa aos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais.

Os 194 Estados Membros que adotaram a Recomendação apresentarão, de 4 em 4 anos, relatórios sobre a sua implementação ao Conselho Executivo da UNESCO.

Referências

  1. UNESCO. (2015). What you need to know about UNESCO’s Recommendation on Education for Peace, Human Rights and Sustainable Development. https://www.unesco.org/en/articles/what-you-need-know-about-unescos-recommendation-education-peace-human-rights-and-sustainable?hub=87862
  2. UNESCO. (2023). Draft revised 1974 recommendation concerning education for international understanding, cooperation and peace and education relating to human rights and fundamental freedoms. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000386924
  3. UNESCO. (2021). Reimagining Our Futures Together: A New Social Contract for Education. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000379707
  4. UNESCO, UNICEF, World Bank, UNFPA, UNDP, UN Women & UNHCR. (2015). Incheon Declaration and Framework for Action. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000245656
  5. Earth Charter. (2023). UNESCO Special Committee Meeting on the revision of the 1974 Recommendation successfully concluded with a proposed revised text. https://earthcharter.org/unesco-revision-of-the-1974-recommendation/
  6. 📷 UNESCO (2024). The UNESCO Recommendation on Education for Peace, Human Rights and Sustainable Development: an explainer. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000388330

 

Cientificamente provável: esclarecer e empoderar os/as jovens

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O ‘Ano Internacional da Juventude: Participação, Desenvolvimento e Paz’, estabelecido em 1985, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, marca um momento decisivo na preocupação para com os direitos e as necessidades específicas dos jovens.

Desde então, para efeitos estatísticos nos diversos estudos que têm sido realizados – nos âmbitos da educação, emprego, saúde, etc., - a ONU entende como ‘jovens’ todos as pessoas entre os 15 e os 24 anos de idade (ONU, s.d.). No entanto, na ‘Convenção sobre os Direitos da Criança’, a mesma ONU define como “criança” todo/a aquele/a que tenha até 18 anos de idade – justificando-se esta extensão dilatada pelo intuito de estender a égide e proteção das Nações Unidas a um grupo etário o mais amplo possível.

Assim, os jovens entre os 15 e os 18 anos são abrangidos por ambos os estatutos. Efetivamente, esta faixa etária corresponde a uma fase de transição, na qual, em muitos países, não obstante não se possuir ainda a maioridade, são já reconhecidos um conjunto de direitos e deveres de cidadania.

Essa faixa etária corresponde ainda à frequência escolar do ensino secundário ou equivalente (com denominações diversas consoante as nações). Fase durante a qual se reconhecem, aos jovens, competências e capacidades decisionais para tomar um conjunto de opções relacionadas com a sua vida profissional, em articulação e sequência da sua vida escolar: concretamente, optar, por um ensino secundário de tipo científico-humanístico ou profissional; e, depois dele, seguir para estudos superiores ou diretamente para o mercado de trabalho, com ou sem passagem por alguma componente de formação.

Tais competências e capacidades decisionais deveriam, portanto, corresponder a escolhas autónomas e livres. Tal acaba, muitas vezes, por não acontecer, tendo em conta os diversos constrangimentos, socioeconómicos, regionais/ locais, familiares e outros, que se interpõem como obstáculos à autonomia dos jovens para decidirem sobre o seu futuro.

O programa Cientificamente Provável pretende constituir-se como um contributo para a diluição de obstáculos e o avigoramento das possibilidades de escolha dos e das jovens a respeito do seu futuro.

Estabelecido na charneira entre o Ministério da Educação e o da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, este programa visa oferecer o enquadramento para que as escolas – através das bibliotecas escolares - e as entidades de ensino superior acordem num conjunto estruturado de atividades que tenham como foco aumentar o esclarecimento dos/as jovens relativamente aos contextos que os/as esperam depois da escolaridade obrigatória, apoiando a sua agência relativamente à definição do seu futuro profissional.

Significativamente, as ‘recomendações’ do Relatório Mundial sobre Juventude (ONU, 2020) sugerem a inclusão de conhecimentos e competências na área do empreendedorismo nos curricula escolares.

A questão é que não se pode esperar dos/as jovens uma autonomia que não estejam em condições de exercer. E no que respeito às decisões sobre o caminho pós-secundário, os obstáculos são, essencialmente, de duas ordens:

  • Contexto socioeconómico e familiar

A frequência de ensino superior implica despesa; e adia, por alguns anos, a possibilidade de ingressar no mercado de trabalho e auferir o correspondente salário. Nas famílias economicamente mais frágeis, este é um fator de peso, avolumado quando, por motivos geográficos, a distância à instituição de ensino superior implique grandes deslocações, ou mesmo residência temporária, fora da morada familiar.

Apesar de as estatísticas reiteradamente confirmarem que os níveis de rendimento auferidos por trabalhadores com o ensino superior se situam bastante acima dos que não possuem além do secundário, a diversidade de situações concretas e a persistência de informação incorreta a este respeito faz com que, em muitas famílias, se considere que o investimento em estudos superiores não compensa.

  • Pré-conceitos e receios associados ao ensino superior

O desconhecimento relativamente às instituições de ensino superior faz muitas vezes recear um ambiente hostil, elitista, ou um grau de exigência para o qual se considera não estar preparado/a. A expressão ‘a faculdade não é para mim’ ou ‘não é para o meu filho/ a minha filha’ denota, na sua vaguidade, a ansiedade de muitos/as jovens e das suas famílias relativamente à prossecução de estudos superiores.

Por outro lado, o desconhecimento quanto às saídas profissionais de cada área e curso, não permite aos/as jovens antever as suas possibilidades de construção de carreira; o que vem a acrescentar-se à volatilidade e instabilidade atual dos contextos laborais, relativamente aos quais se vulgarizou dizer que ‘a maior parte dos empregos do futuro ainda não foram inventados’ - o que naturalmente, só o futuro confirmará.

 Informar, desmistificar e empoderar são, por todas estas razões, as palavras-chave que devem estar na mente dos/as professores/as bibliotecários/as que desenharem as iniciativas no âmbito do programa Cientificamente Provável: disponibilizar aos/as jovens informação e conhecimento sobre as áreas profissionais ao seu dispor; desmistificar o acesso e a frequência de níveis superiores de ensino, seja em que domínio for; e apoiarem os/as jovens no assumir das suas decisões.

Pela sua criatividade e agência, o papel dos/as jovens na construção de sociedades mais prósperas e desenvolvidas tem sido crescentemente reconhecido. Não é apenas por eles/as que a nossa preocupação comporta sensatez:

A participação e empoderamento da juventude são os principais impulsionadores do desenvolvimento sustentável e da paz em todo o mundo” (ONU, 2020).

Expressivamente, eles/elas têm sido chamados os/as “portadores de tochas” da Agenda 2030 (ONU, s.d.). Tais são as expectativas que devemos depositar na forma como assumem, com crescente seriedade, o papel de transformadores do seu, e nosso, mundo.

Referências

  1. Organização das Nações Unidas. Centro Regional de Informação para a Europa Ocidental. (s.d.). Juventude. https://unric.org/pt/juventude/ Acedido a 18 de janeiro de 2024.

  2. Organização das Nações Unidas. (2020). World Youth Report: Youth Social Entrepreneurship and the 2030 Agenda. https://www.un.org/development/desa/youth/world-youth-report/wyr2020.html Acedido a 18 de janeiro de 2024.

  3. 📷 [1]

 

Gosto, logo existo

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Muitos são os jovens que recorrem aos computadores para pesquisar informações, ampliar conhecimentos ou satisfazer curiosidades. Imaginem que um dia ao pesquisar no Google o resultado obtido é: desconheço ou dirige-te à biblioteca mais próxima e procura num livro.

Acharia estranho? Possivelmente!

Esta seria uma excelente oportunidade para nós, educadores, esclarecermos os mais jovens que existem algoritmos que “são desenhados para nos mostrar aquilo que queremos ver, as opiniões ou conteúdos de quem respeitamos”. Sabemos que o Google não tem dúvidas, apenas certezas. Infelizmente, alguns resignam-se e aceitam toda a informação disponibilizada na web. Afortunados dos que gostam de fazer perguntas, duvidar, pensar e testar, mas também daqueles que acreditam que a leitura desenvolve o “pensamento crítico”.


Fonte da imagem - https://www.planetatangerina.com/wp-content/uploads/2020/11/gosto-logo-existo-1.jpg

A informação e a desinformação (fake news) têm impacto nas nossas vidas, porque nos levam a tomar decisões. (…) Somos seguidores, seguimos influenciadores, influenciamo-nos com qual objetivo? Rimo-nos com vídeos virais, mas que vírus é este? Acreditamos em notícias sem pés nem cabeça, damos cabeçadas virtuais, cambalhotas emocionais, saltos mortais à retaguarda das palavras e, no final de tantas acrobacias, observamos a nossa própria solidão. Estamos mais ligados ou desligados do mundo que nos rodeia?  Este livro acredita que é importante fazer perguntas e que as respostas não estão todas no Google. Que a vida não é um questionário de escolha múltipla. Que precisamos de tempo para pensar e para sentir. Que o mundo não é a preto e branco. E que um emoji, por muito fofinho que seja, é só um emoji.


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Na preparação das atividades a desenvolver no âmbito do Dia da Internet Mais Segura, sugerimos hoje o livro Gosto, Logo Existo - Redes sociais, jornalismo e um estranho vírus chamado fake news, de Isabel Meira. É dirigido a jovens e a todos aqueles que se inquietam com as fake news, com o fenómeno das redes sociais, com os likes, com a “pegada digital” com o uso excessivo dos telemóveis, com os rumores, os boatos… a autora sublinha a importância de voltamos a pensar na famosa frase socrática “só sei que nada sei” para humildemente reconhecermos que ninguém sabe tudo sobre determinado assunto que e o que importa é ter disponibilidade para construir conhecimento, ampliar perspetivas, para nos questionarmos, duvidarmos, refletirmos e, desta forma, desenvolvermos o pensamento crítico que

a nossa ferramenta mais valiosa para alcançar um conhecimento mais profundo sobre a realidade em que vivemos e assim compreender a verdade (ou as várias verdades) que nos acompanham ao longo da vida

Os nativos digitais estiveram, estão e estarão sempre em contacto com as tecnologias. Vivem ligados. Apreciam o número de likes e partilhas. Acreditam no número de amigos e abraçam uma felicidade ilusória. Os nativos digitais creem no imediatismo e na gratuitidade. Mais uma ilusão. O acesso gratuito é pago com os nossos dados: as nossas preferências literárias, futebolísticas, gastronómicas ou outras mais íntimas. É importante dar tempo ao tempo, pois este é precioso e mestre na arte de fazer, de pensar e de sentir. A nossa relação com o mundo deve ser “ponderada, atenta e crítica.” A informação fidedigna implica

recolher informações, fazer perguntas, comparar dados, fazer contas, verificar factos, reunir opiniões. Voltar a verificar factos… há investigações que demoram meses ou mesmo anos! 


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Gosto, Logo Existo - Redes sociais, jornalismo e um estranho vírus chamado fake news é um livro híbrido onde a informação, os factos históricos, a estatística e o questionamento se cruzam com uma narrativa apelativa e estimulante.  Sem falsos moralismos, alerta o leitor para a valor do pensamento crítico, da liberdade e da privacidade. Uma verdadeira lição de literacia mediática.

Este é um livro para ler, refletir e dialogar. [1]

Este é um livro para divulgar!

 

[1] Nota: Recordamos as propostas metodolõgicas associadas a Leituras para refletir e dialogar:

 

 

 

 

Biblioteca Escolar – espaço de aprendizagem e colaboração

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A organização da Escola e dos tempos escolares está muito focada num currículo formal rígido, extenso e compartimentado, o que causa constrangimentos a todos os atores educativos. Alunos e professores vivem numa constante luta contra o tempo para fazer todas as aprendizagens, realizar todos os momentos de avaliação, obter bons resultados nas provas de avaliação externa.

O Agrupamento de Escolas de Loureiro identificou a Biblioteca como um vetor importante no desenvolvimento de políticas de autonomia e flexibilidade curricular que visam um currículo mais articulado e integrado. O nosso Projeto Educativo reconhece as bibliotecas escolares como polos de aglutinação, articulação e dinamização de diferentes tipos de iniciativas e identifica-as como oportunidades de integração de projetos desenvolvidos na escola nas atividades letivas. Neste documento de política educativa do agrupamento, considera-se que

 A biblioteca favorece a educação inclusiva e enriquece os contextos e as estratégias de ensino e de aprendizagem, promovendo o desenvolvimento das literacias essenciais ao exercício de uma cidadania plena.

Esse desígnio pressupõe a existência de uma liderança da Biblioteca que se caracteriza pelo dinamismo, que aposta na proximidade e que está articulada com a direção, com os líderes das estruturas de orientação educativa e com os coordenadores das escolas. O coordenador da Biblioteca é reconhecido por todas as crianças e alunos do agrupamento e os docentes das várias áreas disciplinares assumem-no como um parceiro no desenvolvimento dos seus projetos.

O contexto de trabalho que criámos para o coordenador da Biblioteca é de grande autonomia para desenvolver atividades que se articulam com as disciplinas e com os projetos e clubes do agrupamento. Da parte da direção há uma total abertura e espírito de apoio e colaboração.

A título de exemplo, apresentam-se algumas atividades que têm sido desenvolvidas:

  • Currículo, literacias e aprendizagens - trabalho desenvolvido com as turmas do 3.º ao 7.º ano de escolaridade, através de sessões de formação, especialmente em articulação com a Cidadania e Desenvolvimento nos seus vários domínios.

  • Leitura e escrita - trabalho desenvolvido com todos os níveis de ensino através dos projetos Hora do Conto, 10 Minutos a Ler, Clube de Leitura e sessões de escrita.

  • Projetos e parcerias - são lançados desafios oriundos de entidades externas para todos os níveis de ensino, sendo de destacar a colaboração regular dos docentes dos Departamentos de Primeiro Ciclo, Línguas, Expressões, Ciências Sociais e Humanas e Matemática e Ciências Este ano, destacam-se as iniciativas Concurso Interconcelhio de Leitura, Campeonato de Ciência e Escrita Criativa, Campeonato PesquisOAz, Intercâmbio Internacional de Marcadores de Livros, Abril depois de Abril, Histórias da Ajudaris, Miúdos a Votos, 7 Dias com os Media e Media@ção.

Ana Rio
Diretora do AE de Loureiro, Oliveira de Azeméis

Tem conversado com os seus documentos ultimamente?

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Tenho falado frequentemente sobre o impacto da IA nos profissionais da informação e, até há pouco tempo, centrava-me sobretudo nas ferramentas de IA generativa de uso geral, como o ChatGPT e o Claude.ai, e nos chatbots de pesquisa, como o Google Bard e o Perplexity.ai. Sim, os chatbots de uso geral são ótimos para resumir texto e redigir correspondência comercial (veja, por exemplo, o que obtém quando lhe pede para escrever uma carta de um diretor de biblioteca a pedir um aumento de financiamento). E os chatbots de pesquisa fazem um bom trabalho ao agregar os principais resultados de pesquisa num resumo coeso.

No entanto, a minha perspetiva mudou quando me deparei com um novo conjunto de ferramentas de IA, incluindo o PDF.ai e o ChatDOC, que permitem carregar um documento e utilizar uma interface do tipo ChatGPT para fazer perguntas ao documento e obter respostas precisas, perspicazes e sensíveis ao contexto.

Por exemplo, pode carregar o registo anual 10-K de uma empresa junto da Comissão de Títulos e Câmbio dos EUA e fazer-lhe perguntas como: "Em que é que esta empresa gastou mais dinheiro?" ou "Quanto dinheiro é que esta empresa ganhou com o seu produto mais vendido?". Se tiver um manual do utilizador de um produto ou um manual do trabalhador extenso, pode fazer-lhe uma pergunta sobre a sua situação ou problema específico e ser encaminhado para o local específico do documento que aborda o problema. Pode até pegar num trabalho de investigação e perguntar-lhe qual o aspeto mais interessante das conclusões.

A maior parte destas ferramentas que permitem uma interação dinâmica com os documentos estão disponíveis para um período de teste gratuito e depois custam menos de 30 dólares por mês. Naturalmente, a primeira pergunta que qualquer profissional da informação fará é o que acontece aos ficheiros que são carregados para qualquer uma destas ferramentas de IA: Se carregar um documento confidencial ou interno, este é guardado na plataforma ou utilizado para treinar o chatbot? Muitos dos serviços que investiguei afirmam que não retêm o documento no seu armazenamento na nuvem, embora possa querer consultar as políticas de privacidade específicas do seu serviço preferido.

Embora a possibilidade de ter uma interação dinâmica com um documento possa ser uma verdadeira poupança de tempo, uma bibliotecária catalogadora indicou recentemente uma utilização específica para estas ferramentas. Descreveu uma coleção especial de relatórios na sua biblioteca que não tinha sido adequadamente catalogada e questionou se poderia utilizar uma ferramenta de IA generativa para criar registos de catalogação para o material. À medida que falávamos, apercebi-me de que estas ferramentas para criar documentos interativos podiam ser utilizadas de uma forma ainda mais poderosa, saltando a etapa de identificação de um documento específico e levando o utilizador diretamente para uma conversa com toda a coleção especial de uma só vez. Os metadados e a catalogação só levam o utilizador até certo ponto, e mesmo a pesquisa em texto integral nem sempre oferece um acesso significativo à informação certa que responde às necessidades do utilizador. A possibilidade de conversar com o conteúdo, fazendo-lhe perguntas que só podem ser respondidas através da análise e síntese de todo o conteúdo consultado, pode revolucionar a forma como fornecemos acesso à informação aos utilizadores.

Lembrei-me de quando fui apresentado ao HyperCard no final da década de 1980. Já nessa altura, esse programa de base de dados baseado em Mac permitia hiperligações dentro de um documento, bem como com outros documentos no mesmo computador. Nessa altura - quando a única forma de navegar no conteúdo da Internet era através de ferramentas simples como o Gopher, o FTP e o Telnet - tive dificuldade em compreender a ideia de como estas hiperligações iriam transformar a descoberta de informação, como os primeiros utilizadores prometiam. Parece que nos encontramos num ponto de inflexão semelhante com os documentos interativos. Temos acesso a novas ferramentas que nos permitem descobrir ideias e explorar dados de formas inovadoras e muito mais eficientes. Estamos apenas a começar a ver os casos de utilização desta tecnologia.

Uma das melhores formas de explorar as possibilidades dos documentos interactivos no seu contexto pode ser desenvolver uma plataforma de IA generativa para os seus utilizadores e ver o que eles conseguem fazer (e obter apoio para financiar uma ferramenta empresarial robusta na sua organização). Identifique alguns exemplos de relatórios ou outros documentos que seriam relevantes para os seus utilizadores e subscreva algumas das ferramentas para conversar com esses documentos. Pergunte aos seus utilizadores quais são os seus maiores obstáculos na procura e organização de informação e incentive-os a pensar de forma abrangente sobre onde estas novas ferramentas podem ser utilizadas para resolver os seus desafios de informação. Seja paciente; tal como eu demorei muito tempo a perceber o valor das hiperligações quando as vi pela primeira vez, os pesquisadores, investigadores e analistas vão demorar algum tempo a descobrir a melhor forma de incorporar documentos inteligentes no seu fluxo de trabalho de informação. Como profissionais da informação, podemos liderar esta conversa e defender ferramentas que possam transformar o panorama da informação.

 

O texto deste artigo foi traduzido e publicado com a autorização de InformationToday:

Bates M. (2023, 9 de novembro). Have You Chatted With Your Documents Lately? Computers in Libraries. https://www.infotoday.com/cilmag/nov23/Bates--Have-You-Chatted-With-Your-Documents-Lately.shtml

📷 Imagem de Chen por Pixabay

A biblioteca como pilar da integridade da informação

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Na sequência do lançamento do Resumo de Políticas Information Integrity on Digital Platforms [link do artigo anterior] e, em parceria com a Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas (IFLA), a Biblioteca Dag Hammarskjold da sede das Nações Unidas, Nova Yorque, organizou um encontro com bibliotecários, organizações de apoio às bibliotecas dos 5 continentes e membros da ONU, como a Subsecretária-Geral para Comunicações Globais, Melissa Fleming e a responsável pela integridade da informação, Charlotte Scratton.

O objetivo é “determinar onde e como as mais de 2,8 milhões de bibliotecas do mundo poderiam ajudar a alcançar os objetivos do futuro Código de Conduta para a Integridade da Informação” e reforçar a coerência e ambição [2].

O Relatório Preliminar do encontro, que serve de base a este artigo, apresenta 10 pontos de convergência que destacam “a biblioteca como infraestrutura-chave” para alcançar a integridade da informação pública e apresentam soluções concretas.

1. Ao destacar a importância do “acesso a informações exatas, coerentes e fiáveis” nas sociedades da informação atuais, Information Integrity on Digital Platforms preenche uma lacuna da Agenda 2030. Segundo Melissa Fleming, “um ecossistema de informação saudável não pode ser considerado um dado adquirido, mas precisa de atenção e investimento sustentados” e esta pode ser uma missão fundamental de todas as bibliotecas, ao enfatizarem a importância da informação e “ajudarem os utilizadores a utilizar a informação de forma eficaz e ética”.

2. “Precisamos de uma forte infraestrutura de instituições e pessoas que trabalhem para promover a integridade da informação nas comunidades” e as bibliotecas podem garantir esta oferta de forma personalizada. Intervenções exclusivamente a nível macro, por exemplo, ao nível das plataformas, podem ter efeitos prejudiciais.

3. Confiança na internet: “Não devemos tornar-nos negacionistas da Internet, mas sim procurar enfrentar os desafios que ela traz, de forma responsável e eficaz. Em alguns casos, tecnologias como a inteligência artificial podem ajudar a fornecer soluções […] A credibilidade na Internet exige transparência e regras eficazes, mas também utilizadores com competências e confiança”.

4. Só se pode garantir um ecossistema de informação saudável (healthy information ecosystem) – no qual há oportunidades “de acesso a informação exata, coerente e fiável” e em que estas são efetivamente acedidas pelos cidadãos - promovendo “uma prática científica ética”, o acesso livre e a ciência/educação, que “facilita a verificabilidade” e responde ao direito de cada um à informação.

5. Para promover um currículo completo (full curriculum) junto das crianças e jovens, “as bibliotecas são suportes naturais para os esforços de verificação de factos”, para aproximação à imprensa de qualidade – “bibliotecas e jornalistas são aliados naturais” - e desenvolvimento da argumentação.

6. As pessoas têm um sentido de curiosidade natural e uma necessidade de ter voz no espaço público. Quando têm medo da complexidade e incerteza existentes no mundo e aceitam ideias sem espírito crítico, “a desinformação e o discurso de ódio prosperam”. Ora, “Esta curiosidade é algo que se pode desenvolver através da exposição a um leque mais alargado de ideias e materiais desde tenra idade, por exemplo, através das bibliotecas”. É importante que esta curiosidade seja alimentada pelo “valor do jornalismo de qualidade, da ciência ética e da informação fiável”.

7. A IA (Inteligência Artificial) acrescenta “um novo nível de complexidade ao funcionamento da Internet e à forma como a experimentamos”, pelo que é fundamental a partilha de “experiência e conhecimentos sobre ética da informação na conceção de sistemas de IA” e “o desenvolvimento da literacia em IA entre os utilizadores da Internet de todas as idades - algo que as bibliotecas estão bem posicionadas para apoiar”.

8. As bibliotecas são “os atores de referência na promoção do respeito e do interesse por informação de qualidade”, promovendo “a verificação dos factos, ajudando estudantes, investigadores e profissionais a aprender a encontrar a informação correta e dando às pessoas as ferramentas para se manterem seguras na internet. A nível local, por exemplo, quando os governos municipais estão a tentar desenvolver a inclusão e os direitos digitais, a biblioteca é muitas vezes o principal ator”.

9. O Relatório Preliminar destaca ainda a necessidade de as bibliotecas contribuírem para promover a “compreensão da integridade da Informação e questões conexas em todas as partes do mundo”, o que exige a criação de instrumentos e materiais diversos, que tenham em contam culturas e necessidades diferentes da Europa e América do Norte, geografias nas quais esta investigação tem estado centrada. 

10. A eficácia de um ecossistema de informação saudável que garanta a integridade da Informação pública implica a colaboração de uma variedade de intervenientes e as bibliotecas têm esta capacidade de mobilização. Apoiam ainda o jornalismo e meios de comunicação independentes, criam oportunidades de verificação de factos, proporcionam acesso aberto e publicações científicas abertas e formam utilizadores de Internet confiantes e seguros, valorizando “uma informação exata, coerente e fiável”.

Concluindo, quando se pretendem implementar soluções de baixo para cima (bottom-up) que envolvam o maior número de pessoas, as bibliotecas escolares que trabalham no terreno com as crianças e jovens, têm um papel fundamental no combate à poluição da informação (information pollution) – informações falsas, enganosas, manipuladas [3] - que se dissemina muito mais rapidamente do que a proveniente de fontes fiáveis e corrói a confiança nas instituições democráticas, gera oposição às políticas públicas (climáticas, de inclusão social…) e violações aos direitos humanos e dificulta o alcance da Agenda 2030.

Referências

  1. Fleming, Melissa. (2023). Healing Our Troubled Information Ecosystem. https://melissa-fleming.medium.com/healing-our-troubled-information-ecosystem-cf2e9e8a4bed
  2. (2023). Pillars of Information Integrity. https://repository.ifla.org/handle/123456789/3136
  3. Oslo Governance Centre. (2023). Information Integrity. https://www.undp.org/policy-centre/oslo/information-integrity
  4. 📷 [1.]

 

Rede Concelhia de Bibliotecas Escolares (RCBE) de Santa Maria da Feira

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A Rede Concelhia de Bibliotecas Escolares (RCBE) de Santa Maria da Feira, foi criada no ano 2000, após assinatura de um protocolo entre o Ministério da Educação e a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, através da sua Biblioteca Municipal e dos Agrupamentos de Escolas de Santa Maria da Feira.

 A RCBE é constituída por 34 Bibliotecas Escolares. Assumindo a sua missão no âmbito da promoção do livro e das literacias alinha com as políticas educativas municipais. É uma estrutura dinâmica de trabalho colaborativo e cooperativo entre a Biblioteca Municipal e as Bibliotecas Escolares, consolidada através da transferência dos catálogos informáticos individuais de cada uma das BE para um catálogo coletivo, pesquisável através da Internet, que encerra em cada registo a relação dos exemplares e a sua localização concreta. Desta forma, a produção de recursos de informação, torna-se uma realidade mais presente, na medida em que existe uma efetiva partilha de registos bibliográficos e a adoção das tabelas de autoridade utilizadas na Biblioteca Municipal. Esta iniciativa tem por base um dos grandes objetivos das Bibliotecas Escolares: fornecer informação organizada a fim de ajudar a alargar o conhecimento de base dos alunos dos diferentes níveis de ensino, transformando-os em adultos críticos, criativos e consumidores de bens culturais diferenciados, com competência para usar plenamente o direito da cidadania.

São objetivos da Biblioteca Municipal, em articulação com a Rede Concelhia de Bibliotecas Escolares de Santa Maria da Feira:

  • Potenciar as sinergias existentes entre a Biblioteca Municipal e a Rede de Bibliotecas Escolares;

  • Acompanhar e estimular o desenvolvimento das Bibliotecas Escolares;

  • Gerir, de forma normalizada, o catálogo coletivo da Rede Concelhia de Bibliotecas Escolares;

  • Realizar reuniões regulares com os Professores Bibliotecários e a Coordenadora Interconcelhia da Rede de Bibliotecas Escolares, que têm como finalidade a troca de experiências no âmbito da organização, da gestão e da dinamização de projetos, de acordo com os princípios técnicos e de biblioteconomia;

  • Promover empréstimos de recursos documentais entre a Biblioteca Municipal e as Bibliotecas Escolares;

  • Divulgar as atividades do serviço educativo junto dos coordenadores das BE, com especial destaque para a atividade intitulada “Estafeta de Contos: Conto (com)tigo!” em que contadores andarilhos da biblioteca municipal e das bibliotecas escolares difundem estórias e contos, apresentando o que de melhor se faz na área da promoção da leitura, partindo da Biblioteca Municipal e percorrendo as Bibliotecas Escolares do concelho;

  • Fomentar a partilha de boas práticas e a produção conjunta de recursos, criando condições de implementação, usando como um dos meios, por exemplo, o canal YouTube da RCBE.

Porque é que o ensino da literacia mediática é essencial

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A literacia mediática ajuda os alunos a desenvolverem competências de pensamento crítico ao questionarem o que veem em linha.

Como educador que ajuda os colegas a ensinar literacia mediática, proponho esta lição concebida para alunos do ensino secundário.

Mostro aos alunos um vídeo que suscita uma reação emocional, especialmente quando o vídeo atinge o seu clímax, o homem que salva o cão do comboio in extremis. É cativante, está no TikTok e os alunos adoram-no. Tenho a sua atenção.

Pergunto-lhes então se é verdadeiro ou falso, pedindo-lhes que prestem mais atenção antes de o reproduzir novamente. São feitas afirmações, gritadas pelos quatro cantos da sala de aula. O envolvimento e as emoções são elevados. Verificamos os comentários ao vídeo; muitos não põem em causa a sua veracidade, comentando antes o heroísmo do homem que salvou o cão.

Peço então aos alunos que olhem com mais atenção. Os mais perspicazes reparam que a longa sombra do comboio sobre a figura esbaforida do homem deitado no chão, no final, não deveria estar lá. É de facto uma falsificação.

Essa é a parte mais fácil. Torna-se mais difícil quando pergunto aos alunos porque é que acham que este conteúdo falso foi criado. Os alunos entusiasmados ficam subitamente mais calmos, com expressões faciais que me dizem que estão a pensar. Fazem um brainstorming coletivo - por enquanto, não há afirmações certas ou erradas.

É ilegal ter excesso de peso no Japão?

Depois mostro-lhes o título de outro vídeo. É chocante, é cativante, dá vontade de clicar e ver. Será que isto é mesmo verdade? Peço-lhes que levantem rapidamente a mão para ver se querem ver o vídeo. A maioria diz que sim.

Visionamos juntos o filme e depois voltamos ao título. É ilegal ter excesso de peso no Japão? O vídeo não sugere isso, mas eu peço-lhes que procurem mais informações em linha. Fazem um bom trabalho, encontrando fontes fidedignas e não fidedignas, concluindo, em grupo, que o título é enganador. Não, não é ilegal, mas os cidadãos japoneses com idades compreendidas entre os 40 e os 74 anos são obrigados a submeter-se a exames de peso anuais.

Alguém escreveu este título - qual foi a motivação para escrever um título enganador? "Porque querem que as pessoas cliquem nele", exclama um aluno. Convido-os a irem mais longe, pensando paralelamente nas motivações da pessoa que criou o vídeo falso que vimos anteriormente.

"Porque querem ganhar dinheiro."

Eu sorrio.

O "porquê" do pensamento crítico

A aprendizagem é (demasiado) frequentemente uma experiência de caixa de verificação. Temos um conjunto de objetivos, rubricas e prazos a cumprir. Detetar uma falsificação? Verificar! Apontar um título enganador? Verificar! Verificar as afirmações e as fontes? Verificado! Todas estas são competências "técnicas" que temos de ensinar, mas e o porquê?

Ao cultivar o porquê, os alunos estão a desenvolver o seu pensamento crítico, a tomar uma posição, a abalar o status quo. O nosso objetivo é fornecer-lhes as ferramentas que lhes permitam questionar por que razão as aplicações das redes sociais são tão viciantes, por que razão muitas aplicações Web são, à primeira vista, gratuitas, por que razão os títulos enganadores - caça-cliques - prejudicam a nossa experiência em linha.

Ir mais longe no porquê mostra um conhecimento mais profundo da forma como a informação se difunde em linha. Porque é que as histórias em linha são normalmente negativas? Porque é que há engenhos informáticos a criar e a partilhar conteúdos? A questão aborda elementos aparentemente dispersos - desde a psicologia humana até ao modelo de dados da Web baseado em anúncios, desde o nosso instinto de sermos atraídos por títulos sensacionalistas até à nossa tendência para continuarmos a percorrer o ecrã sem objetivo. Todos eles, no entanto, se encaixam num puzzle.

Peças do puzzle: de volta à sala de aula. Com a ajuda de um chatbot de IA, imaginamos uma notícia de última hora sobre um protesto numa grande cidade e confrontos entre os manifestantes e a polícia. Em grupos, são atribuídas aos alunos peças do puzzle. A um grupo é pedido que escreva manchetes de caça-cliques; a outro, que crie posts virais enganadores nas redes sociais. Alguns estudam a criação de contas falsas em vários meios de comunicação social; outros são incumbidos de imaginar como os media de esquerda e de direita retratariam o evento. Um último grupo cria imagens falsas do evento com recurso a IA, utilizando uma das muitas ferramentas atualmente disponíveis para o efeito.

A capacidade de explicar é uma componente fundamental do pensamento crítico, e a turma ouve quando os grupos, mais tarde, não só apresentam os seus resultados, mas também mostram o processo e os passos que deram para chegar ao resultado final. A cada um segue-se uma fase de comentários. Desde o primeiro dia, tenho tentado promover discussões abertas, argumentação e autorreflexão, e estes momentos são fundamentais para isso, com os alunos a liderar o caminho, fornecendo observações e sugestões de melhoria. Explicar como chegaram a esta ou àquela conclusão é fundamental.

Aprender a pensar criticamente exige a capacidade de compreender como é que estas peças do puzzle se encaixam, por isso desenhamos um mapa mental no quadro e ligamos os pontos. Os alunos começam a perceber que a desinformação é muito mais do que simplesmente detetar uma falsificação.

Os alunos de amanhã crescerão, sem dúvida, numa Web radicalmente diferente da atual, mas independentemente da tecnologia, a sua capacidade de pensar criticamente levá-los-á a compreender, questionar e desafiar.

O porquê será tão relevante nessa altura como o é agora.

 

O texto deste artigo foi traduzido e publicado com a autorização da Edutopia:

Ketchell, J. (2023, 18 de maio). Why Teaching Media Literacy Is Essential. https://www.edutopia.org/article/media-literacy-high-school/ 

 

*Sobre Jonathan Ketchell:

Sou um ex-professor de inglês e cofundador da aplicação de tecnologia educativa Sutori. Também fundei a #FilterTheNoise, uma iniciativa de literacia mediática que visa ajudar os alunos a navegar nas notícias e a compreender a política através de lições e recursos gratuitos por e-mail.

Siga-me: Sítio Web: https://filterthenoise.org/


📷 Imagem de pikisuperstar no Freepik

A Inteligência Artificial nas Bibliotecas Escolares: Um Contributo para o Desenvolvimento Digital das Escolas

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No primeiro artigo da série “A inteligência artificial (IA) nas bibliotecas escolares”, exploramos os desafios e oportunidades criados pela IA. Neste segundo artigo, vamos centrar-nos na crescente relevância que os Planos de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas assumem atualmente e propor ações de integração da IA em contexto educativo, com o apoio da biblioteca. Estas ações são apenas sugestões que deverão ser adaptadas por cada agrupamento/ escola, com o apoio da biblioteca, tendo em conta a sua missão estratégica e o contexto específico em que se inserem.

 Integração da IA nos Planos de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas

A integração da tecnologia em contexto educativo é uma prioridade para a Comissão Europeia (2020), em alinhamento com outros organismos internacionais (OCDE, 2023; UNESCO, 2023), reconhecendo-se a necessidade de preparar os alunos para uma sociedade cada vez mais influenciada pela tecnologia.

A nível europeu, o Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027) da Comissão Europeia (2020) pretende apoiar a adaptação dos sistemas de ensino à era digital, visando uma educação inclusiva e acessível na Europa. As questões relativas à utilização ética da IA e de dados no ensino e na aprendizagem não foi esquecida, sendo uma das vertentes deste plano.

Os Planos de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas (PADDE) tornam-se, assim, instrumentos cruciais, não só para adaptar a escola à era digital, mas também para apoiar a integração eficaz da IA em contexto educativo.

A biblioteca escolar, enquanto centro de inovação e espaço cada vez mais híbrido, desempenha um papel crucial na (re)definição destes planos, podendo contribuir com ações estratégicas capazes de envolver toda a comunidade educativa na utilização da tecnologia, nomeadamente da IA.

A título de exemplo, apresentam-se algumas propostas de ação, para cada uma das três dimensões do PADDE, organizacional, pedagógica e tecnológica. Estas sugestões devem ser vistas como pontos de partida, que cada agrupamento/ escola deve adaptar às suas necessidades específicas, tendo em conta o seu contexto, visão e objetivos.

I. Dimensão Organizacional

A biblioteca escolar assume um papel crucial na integração efetiva da IA na esfera organizacional. A direção e as estruturas intermédias, entre as quais se integra a biblioteca, devem refletir sobre os desafios criados pela IA, tomando decisões sobre a sua utilização em contexto escolar, tendo em conta as orientações nacionais e internacionais, bem como os objetivos do Projeto Educativo e de outros documentos de referência do agrupamento/ escola.

Neste âmbito, sugerem-se as seguintes ações:

  1. Criar um grupo de trabalho para a IA

Este grupo de trabalho deve ser composto por representantes da biblioteca, da direção e de outros departamentos da escola. O objetivo deste grupo é coordenar a implementação da IA na escola e garantir que a sua utilização esteja alinhada com os objetivos da escola e com as recomendações nacionais e internacionais.

  1. Desenvolver um plano estratégico para a utilização da IA

Este plano deve estabelecer os objetivos do agrupamento/ escola para a utilização da IA e as ações a serem implementadas para alcançar esses objetivos. O plano deve ser desenvolvido com a participação de todos os stakeholders, incluindo o(s) professor(e)s bibliotecário(s).

  1. Monitorizar o impacto da IA

É importante monitorizar o impacto da IA no agrupamento/ escola, para garantir que está a ser utilizada de forma eficaz e responsável. A monitorização pode ser feita através da análise de dados, como por exemplo, os resultados dos alunos, as opiniões dos professores e dos alunos e o feedback dos diferentes stakeholders.

II. Dimensão Pedagógica

A biblioteca escolar posiciona-se como agente transformador, impulsionando a excelência no ensino e na aprendizagem e, por isso, desempenha um papel crucial na integração da IA em contexto escolar. Ao adotar a IA, as bibliotecas escolares criam um ambiente dinâmico e inovador que apoia a participação ativa dos alunos e a personalização das experiências de aprendizagem. Contudo, é fundamental garantir os princípios éticos na utilização da IA, preservando a privacidade e segurança dos dados.

Relativamente à dimensão pedagógica, sugerem-se as seguintes ações:

  1. Criar um repositório de recursos educativos

A criação de um repositório abrangente de recursos educativos (jogos, aplicações, vídeos e outros materiais que explorem as potencialidades da IA para a aprendizagem) facilita a sua utilização, promovendo a integração dessas ferramentas inovadoras em contexto educativo e fomentando a colaboração entre os professores.

  1. Apoiar os professores na utilização da IA

A biblioteca pode organizar cursos e oficinas de formação para apoiar os professores na utilização da IA em contexto de sala de aula. Poderá, também, criar pequenos tutoriais, para a utilização de diferentes ferramentas.

  1. Desenvolver atividades de aprendizagem com recurso à IA

A biblioteca pode desenvolver atividades de aprendizagem com recurso à IA, adaptadas às necessidades individuais de cada aluno, para promover a aprendizagem personalizada. Estas atividades podem ser utilizadas para apoiar a aprendizagem em diferentes áreas curriculares, mas também no âmbito das diferentes literacias.

  1. Criar programas de tutoria personalizados

A criação de programas de tutoria personalizados baseados em IA pode ser bastante útil para apoiar alunos com necessidades educativas. A IA pode ser utilizada para adaptar a tutoria às necessidades individuais de cada aluno, fornecendo feedback personalizado, identificando áreas de dificuldade e oferecendo estratégias de aprendizagem adaptadas.

  1. Criar programas de formação para alunos sobre o uso ético da IA

As bibliotecas escolares devem promover a literacia mediática dos alunos e uma compreensão ética do uso da IA, podendo fazê-lo através de atividades de aprendizagem e de formação. Os programas de formação podem incluir sessões, debates e projetos de investigação sobre os desafios éticos do uso da IA. Estes programas podem ajudar os alunos a desenvolverem uma compreensão crítica da IA e a utilizarem a tecnologia de forma consciente e responsável.

III. Dimensão Tecnológica

É necessário garantir uma infraestrutura tecnológica adequada e estabelecer políticas de segurança robustas, assegurando a conformidade com leis e regulamentos de privacidade de dados. Para tal, sugere-se a elaboração de um plano de gestão de risco que considere as implicações éticas associadas à implementação da IA na escola. A biblioteca escolar pode desempenhar um papel fundamental no apoio à elaboração deste plano, promovendo uma abordagem ética e segura na integração da IA em contexto educativo.

 

A biblioteca escolar, como centro dinâmico de recursos e conhecimento, desempenha um papel crucial no apoio ao desenvolvimento digital das escolas. Ao alinhar estrategicamente a integração da IA com os objetivos da biblioteca e da escola, os professores bibliotecários têm uma oportunidade única de liderar iniciativas que impulsionam a inovação. Através da colaboração, formação contínua e exploração responsável da IA, as bibliotecas escolares podem não apenas transformar-se em centros de aprendizagem digital, mas também capacitar alunos e professores para enfrentar os desafios de uma sociedade cada vez mais digitalizada.

Referências

  1. Comissão Europeia. (2020). Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027). https://education.ec.europa.eu/pt-pt/focus-topics/digital-education/action-plan
  2. OECD Education International. (2023). Opportunities, Guidelines and Guardrails on Effective and Equitable Use of AI in Education. https://bit.ly/41Kod1V
  3. (2023). Inteligencia Artificial¿ Necesitamos una nueva educación?https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000386262
  4. 📷 Imagem criada com IA – Designer 

 Dossier Inteligência Artificial:
Consulte os vários artigos sobre esta temática que têm vido a ser publicados no blogue RBE.

A Lídia no País das Armadilhas

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Lídia é uma jovem muito popular, na sua escola, “sabe responder na ponta da língua a quase todas as perguntas que lhe fazem, e isto quer as perguntas sejam postas por colegas, quer por professores”, mas também por ser muito imaginativa. Lídia, a jovem curiosa, provavelmente uma excelente leitora, foi com os seus colegas de turma e a Setôra Ideias visitar a Imprensa Nacional. Uma verdadeira aventura através do tempo!

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A visita ao edifício da Imprensa Nacional começou pela biblioteca, outrora denominada “Biblioteca da Impressão Régia”, instalada no Palácio de D. Fernando Soares de Noronha, encantou todos que permaneceram “um bocado a olhar para as paredes e para os livros. Entre os volumes encontravam-se coleções de revistas antigas com encadernações vistosas”.

Sabemos que atualmente, a biblioteca da Imprensa Nacional é a fiel guardiã de um acervo com cerca de 20 mil livros, incluindo os incunábulos e as primeiras edições da Imprensa Régia. A visita continua e Lídia acompanha os diferentes momentos históricos que atravessam a vida da Imprensa Nacional, assim ficamos a saber que “dentro da impressa nacional existiu uma escola. Ou melhor: várias escolas. Na verdade, desde a sua criação, cada oficina recebia aprendizes, normalmente com 14 anos, que eram ensinados a compor, imprimir, desenhar, gravar e fabricar letras” ou que a Imprensa Nacional “imprimiu obras e documentos importantes que hoje nos ajudam a compreender o impacto da ocupação francesa” ou ainda aprender sobre o trabalho feminino, entre o final do século XIX e o início do século XX, nas oficias.

A Lídia no País das Armadilhas - A história maravilhosa da Imprensa Nacional é uma aproximação ao livro informativo. O subtítulo indica-nos o tema, o glossário surge no final do livro, o texto é preciso, claro e rigoroso historicamente, mas a narrativa é pincelada com imaginação, dando ritmo à leitura. As imagens não são as típicas fotografias ou gráficos, que usualmente se encontram num livro informativo, mas sim, ilustrações elucidativas que ampliam a compreensão do texto. Nas últimas páginas muito aprendemos sobre a evolução dos prelos, das máquinas de impressão litográficas ou da primeira geração da offset. Sempre em tons de vermelho e verde recordando as cores da pátria.

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Conhecem a Gazeta de Lisboa? Talvez não. E, se vos perguntar se conhecem o Diário da República? Talvez já tenham ouvido falar ou necessidade de consultar. A publicação da legislação oficial hoje é disseminada em formato digital, mas nem sempre assim foi. Aqui fica o desafio para que os jovens leitores descubram a evolução desta publicação, assim como as capas de algumas das obras simbólicas da Imprensa Nacional.

 

ONU & IFLA: Integridade da informação e biblioteca

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Definição

Segundo Information Integrity on Digital Platforms, “integridade da informação refere-se à precisão, consistência e confiabilidade da informação [sublinhado nosso]” (UN, 2023, p. 5) [1]. Expressão frequentemente usada na computação, designa a qualidade de dados não adulterados e validados por especialistas.

Information Integrity on Digital Platforms é o oitavo de uma série de 11 Resumos de Políticas (Policy Brief) das Nações Unidas publicados entre março e setembro de 2023, que reflete sobre as implicações da desinformação e do discurso de ódio “na confiança [das instituições], segurança, democracia e desenvolvimento sustentável” (p. 10), considerando-os ameaça civilizacional e existencial.

Reconhece que a integridade da informação é uma prioridade política: previne o discurso falso e de ódio/polarizado que afeta sobretudo grupos vulneráveis, torna o ambiente digital menos inclusivo e representativo, exacerba conflitos e gera falta de coesão social, faz crescer o movimento anti-vacinação (“infodemia”) e pseudo-ciência, inibe a ação climática, influencia eleições e faz retroceder a governação democrática e a paz.

Esclarece que este não é um problema novo, mas que o surgimento de plataformas digitais, confere-lhe uma dimensão exponencial. Criado intencionalmente ou não, inclusive por atores estatais, afeta todos os setores do desenvolvimento, podendo comprometer o alcance da Agenda 2030 (esquema síntese, p. 13).

Código de Conduta

Information Integrity on Digital Platforms propõe um conjunto de princípios para um Código de Conduta para a Integridade da Informação em Plataformas Digitais que visa construir um “espaço digital mais inclusivo e seguro”, no qual se experiencie o “direito à liberdade de opinião e expressão e o direito de acesso à informação” (p. 2).

O Código de Conduta das Nações Unidas baseia-se em 9 princípios, dos quais se destacam os seguintes:

- Compromisso com a integridade da informação: “Todas as partes interessadas devem abster-se de usar, apoiar ou ampliar a informação falsa e o discurso de ódio para qualquer finalidade” (pp. 19, 20);

- Respeito pelos direitos humanos: “Os Estados-membros devem: (i) Assegurar que as respostas à informação falsa e ao discurso de ódio (…) não sejam utilizadas de forma a bloquear qualquer expressão legítima de pontos de vista ou opinião, inclusive por meio de desligamentos gerais da Internet ou proibições de plataformas ou meios de comunicação” (p. 19);

- Apoio a média independente e a “organizações independentes de verificação de factos nos idiomas locais” e garantir relatórios independentes e éticos e condições de trabalho para jornalistas (pp. 19, 20);

- Aumento da transparência: “As plataformas digitais devem: (i) Garantir transparência significativa em relação aos algoritmos, dados, moderação de conteúdo e publicidade. (ii) Publicar e divulgar políticas acessíveis sobre informação falsa, desinformação e discurso de ódio” (p. 20);

- Empoderamento/capacitação dos utilizadores: “Os Estados-membros devem garantir o acesso público a informações governamentais corretas, transparentes e de fontes confiáveis, particularmente informações que atendam ao interesse público, incluindo todos os aspetos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (p. 20);

- Maior confiança e segurança: “As plataformas digitais devem: (i) Garantir a segurança e a privacidade (…) juntamente com a aplicação consistente de políticas em todos os países e idiomas. (ii) Investir em sistemas de moderação de conteúdo feitos por inteligência humana e artificial em todos os idiomas (…) tomar medidas urgentes e imediatas para garantir o uso seguro, protetor, responsável, ético e compatível com os direitos humanos da inteligência artificial” (p. 21).

A aprovação deste Código de Conduta pelos Estados-Membros, que ocorrerá na Cimeira do Futuro de setembro de 2024, surge no contexto da aprovação, em 2022, do Código de Conduta em matéria de Desinformação da UE, cujas plataformas e empresas de publicidade signatárias - das quais o Twitter/X se retirou - se comprometem voluntariamente a:

- Reduzir os incentivos financeiros dos fornecedores de desinformação;

- Adotar medidas de transparência de publicidade política;

- Garantir a integridade dos serviços (informando e combatendo contas falsas, usurpação de identidade e deepfakes);

- Capacitar os utilizadores;

- Cooperar com a comunidade de verificação de factos;

- Proporcionar aos investigadores um melhor acesso aos dados [2].

O papel das bibliotecas

No seu parecer sobre este Resumo de Políticas, a IFLA, em representação de todos os setores das bibliotecas, considera muito positivo que o Secretário-Geral das NU reconheça a importância do acesso universal a informação fiável e da capacitação do utilizador, dando enfoque a uma literacia digital mais ampla que inclui saber lidar com a desinformação e o discurso de ódio e ter controlo sobre os próprios dados [3].

Celebra e associa-se ao “apoio aos meios de comunicação independentes de qualidade” e de “organizações independentes de verificação de factos, que desempenham um papel cada vez mais importante” e à necessidade de regulação para transparência das plataformas digitais que o documento destaca, bem como à importância destas soluções se aplicarem em todo o mundo e não apenas nos países ricos.

A IFLA tece “áreas para melhoria”, designadamente: “promover o acesso a toda a informação, e não apenas à que chega através da imprensa ou do governo”, conforme o artigo 19.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos e “o papel da ciência e, em particular, do acesso aberto e da ciência aberta” e das bibliotecas, cujo papel o documento não refere e que promovem o pensamento crítico/livre sobre informação de qualidade e jornalismo e media locais e dos cidadãos.

Em Bibliotecas como Pilares da Integridade da Informação [4], a IFLA sublinha que as bibliotecas “há muito que não só compreenderam a necessidade de informação fiável, verificável e precisa, como também a forneceram [sublinhado nosso] e podem contribuir para políticas futuras no setor.

Em geral, este Resumo de Políticas marca uma oportunidade de as bibliotecas reforçarem, no terreno, a sua participação no combate à desinformação, através da capacitação dos utilizadores e do reforço do investimento em outros setores interligados, dos quais é responsável, como a defesa do acesso aberto, da privacidade e da segurança.

Nota conclusiva

Sobre o contexto/implicações da integridade da informação, o Índice Mundial da Liberdade de Imprensa 2023 da ONG francesa, Reporters Without Borders, conclui que “o ambiente para o jornalismo é ‘mau’ em sete em cada dez países” e que o “jornalismo está ameaçado pela indústria de conteúdo falso” das redes sociais, fonte de notícias preferida dos cidadãos [5].

“Pelo 19º ano consecutivo, a governação democrática sofreu um declínio global”, afirma o relatório global anual da americana Fredoom House 2023. “A pontuação da democracia diminuiu em 11 dos 29 países do relatório” e os governos autocráticos “persistem no seu ataque interno aos restantes vestígios de independência institucional nos meios de comunicação social, na governação local e, sobretudo, na sociedade civil” [6].

A desinformação, o declínio da imprensa independente/livre, a repressão da liberdade de expressão e a censura são sintoma e terreno propício para crescimento de governos autocráticos/autoritários.

 

Artigos RBE sobre Resumos de Políticas das NU:

Referências

  1. United Nations. (2023, June). Our Common Agenda - Policy Brief 8: Information Integrity on Digital Platforms. https://www.un.org/sites/un2.un.org/files/our-common-agenda-policy-brief-information-integrity-en.pdf

        Versão em português do Brasil:

  1. Comissão Europeia. (2022). O Código de Conduta em matéria de Desinformação de 2022. https://digital-strategy.ec.europa.eu/pt/policies/code-practice-disinformation
  2. (2023, 22 Jun.). UN Secretary General’s Policy Brief on Information Integrity. https://www.ifla.org/news/un-secretary-generals-policy-brief-on-information-integrity/
  3. (2023, 6 Dec). Libraries as Pillars of Information Integrity: Event Report Released. https://www.ifla.org/news/libraries-as-pillars-of-information-integrity-event-report-released/
  4. Reporters Without Borders. (2023). 2023 World Press Freedom Index. https://rsf.org/en/2023-world-press-freedom-index-journalism-threatened-fake-content-industry
  5. Fredoom House. (2023). Nations in Transit. https://freedomhouse.org/sites/default/files/2023-05/NIT_2023_Digital.pdf
  6. 📷 [1]

 

Trabalho colaborativo e biblioteca escolar: uma aliança poderosa para o nosso desenvolvimento educativo

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No atual cenário educacional, o trabalho colaborativo desempenha um papel crucial no sucesso dos alunos e no crescimento das instituições de ensino. Mais do que uma simples tendência, o trabalho colaborativo nas escolas é uma necessidade premente para dar resposta às exigências crescentes que se fazem sentir. Quando as estruturas pedagógicas das escolas se unem em colaboração, elas têm o poder de criar experiências de aprendizagem mais ricas e significativas para os alunos.

Consciente dessa realidade, no papel de professora bibliotecária de quatro Bibliotecas, no Agrupamento de Escolas da Corga de Lobão, o meu compromisso é ir além do simples reconhecimento dessas necessidades. Em todas as iniciativas da Biblioteca, busco não apenas implementá-las, mas também criá-las em estreita articulação, valorizando, acima de tudo, o trabalho colaborativo com as equipas educativas de todos os anos de escolaridade. Iniciativas como "10 Minutos a Ler", "Miúdos a Votos", "Já sei ler", "Leitura em vai e vem", "Leitura Orientada com a Biblioteca Escolar", "Cidadania e Biblioteca Escolar", “Dia da Cultura Científica”, entre outras do Plano Anual de Atividades, são exemplos tangíveis dessa colaboração estreita e da parceria da Biblioteca com todos os docentes do Agrupamento. 

Acredito firmemente que é por meio dessa união de esforços que conseguiremos verdadeiramente enriquecer as experiências de aprendizagem dos alunos e promover um ambiente educativo mais dinâmico. Daí que as Candidaturas apresentadas e apoiadas pela Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) – Bibliotecas Digitais e Leituras com a Biblioteca – desempenham um papel crucial nesse processo, proporcionando oportunidades concretas para a implementação prática dessas ideias. Essas candidaturas não são apenas documentos formais; são expressões concretas do nosso compromisso coletivo com a inovação, a interdisciplinaridade e a promoção de práticas educacionais que transcendem as fronteiras tradicionais. Elas refletem a convicção comum de que o envolvimento conjunto de docentes, alinhados com objetivos comuns, é a chave para alcançar um impacto significativo na jornada educacional dos nossos alunos. Refira-se, ainda, que o sucesso dos projetos associados às Candidaturas, no nosso Agrupamento, não se limita ao período inicial de implementação (estendendo-se no tempo) e extrapola os anos de escolaridade inscritos (alargando-se a outros anos de escolaridade não previstos nos projetos iniciais), o que me deixa muito satisfeita e me motiva a continuar a apostar nesta forma de trabalhar com os meus colegas, que estão sempre recetivos e abertos a colaborar.

Na proposta da Candidatura Bibliotecas Digitais, proporcionamos formação certificada ao corpo docente, uma iniciativa conduzida por mim, professora bibliotecária, e um docente especializado em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) do Agrupamento. O propósito central foi impulsionar a criação de materiais e de recursos educativos em plataformas digitais que incentivassem a aprendizagem colaborativa, mas também fomentassem a interação e a participação ativa dos alunos. No âmbito da Candidatura Leituras com a Biblioteca, a nossa meta foi transcender as fronteiras convencionais das disciplinas, buscando – através da literacia da leitura, da informação e digital – tornar a aprendizagem mais eficaz, mas também mais envolvente. Esta abordagem procurou abraçar uma visão holística do conhecimento, interligando conceitos de diferentes disciplinas para criar uma compreensão mais profunda e contextualizada. Entendemos que ao articular os conteúdos de várias disciplinas, os alunos podem aplicar os seus conhecimentos de maneira mais eficaz e compreender como esses conceitos se relacionam com o mundo real.

Desta forma, as Bibliotecas Escolares que coordeno vão muito além de serem simples depósitos de livros e recursos; elas são centros de aprendizagem dinâmicos, amplamente reconhecidos pelo corpo docente como impulsionadores do trabalho colaborativo e da interdisciplinaridade. São espaços que proporcionam um ambiente propício para a interação entre professores, alunos e recursos, tornando-se locais ideais para a realização de pesquisas, discussões e desenvolvimento de projetos colaborativos.

Considero que, ao promover ativamente o trabalho colaborativo e ao aproveitar os recursos disponíveis na Biblioteca, estamos, na prática, a preparar os alunos para se destacarem num mundo cada vez mais complexo e interligado. Essa abordagem reflete não apenas o meu compromisso, mas sim um compromisso profundamente enraizado, no Agrupamento, de oferecer uma educação de qualidade. 

Ana Paula Couto
Professora Bibliotecária
Agrupamento de Escolas da Corga de Lobão, Santa Maria da Feira

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  1. *Qualquer semelhança entre o título desta rubrica e a obra Retalhos da vida de um médico, não é pura coincidência; é uma vénia a Fernando Namora.
  2. Esta rubrica visa apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.
  3. Se é professor bibliotecário e gostaria de partilhar um “retalho”, poderá fazê-lo, submetendo este formulário.

Bibliotecas escolares – espaços em transformação

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Mais do que as mudanças que se têm operado na escola, mudou o modo como os alunos aprendem e é fundamental que as bibliotecas escolares acompanhem esta transformação. Há que repensar, por isso, o espaço da biblioteca, adaptando-a às novas formas de aprender e de estar na escola.

Desde 2022-2023, a Rede de Bibliotecas Escolares definiu como uma das prioridades para as bibliotecas (de acordo com o Quadro Estratégico da Rede de Bibliotecas Escolares para 2021-2027) a necessidade de reequacionar o espaço físico, garantindo a inclusão, a segurança, o acolhimento, a multifuncionalidade e a flexibilidade e viabilizando as múltiplas vertentes da ação da biblioteca. Esta necessidade de reconfigurar o espaço da biblioteca não obriga, necessariamente, a uma mudança radical de paradigma ou conceção de biblioteca, mas deve permitir conciliar novas práticas com um uso mais convencional do espaço, correspondendo, sempre, às necessidades e expetativas dos seus utilizadores.

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É expectável que as nossas bibliotecas sejam espaços atrativos, confortáveis, flexíveis, multifuncionais, fluidos, seguros, acessíveis e inclusivos, mas estas mudanças nem sempre são fáceis.

Há que repensar o espaço físico e o modo como está organizado e equipado.  O mobiliário deverá ser o mais flexível e versátil possível, evitando barreiras visuais e permitindo múltiplas formas de utilização.

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Por onde começar, então?

1 – Repense, criticamente, o espaço: dê um passo atrás e observe com atenção. Veja a biblioteca como um todo. O que é que funciona e o que é que precisa de ser melhorado?

2 – Planifique as mudanças a fazer, tendo em mente palavras-chave importantes: amplitude, bem-estar, conforto, flexibilidade, fluidez, inclusão, inovação, mobilidade, multifuncionalidade, renovação, utilidade.

3 – Ouça os outros. É fundamental ouvir as opiniões dos utilizadores da biblioteca: os alunos, os professores, os assistentes operacionais, a direção... Que alterações fariam? Como é que melhorariam o espaço?

4 – Estabeleça parcerias (internas e externas): procure patrocínios, investidores ou mecenas disponíveis para contribuir com recursos que ajudem a otimizar o espaço.

5 – Reduza! Por vezes, menos é mais: não tenha medo de libertar as estantes e os armários. A biblioteca não pode ser um depósito de livros. (Aconselha-se a leitura atenta do documento Política de gestão da coleção: linhas orientadoras para a política de constituição e desenvolvimento da coleção)

6 – Experimente várias soluções. Nem sempre se acerta à primeira. Por vezes, é preciso errar para chegar à solução.

7 – Divirta-se. Tentar melhorar o espaço da biblioteca não é sempre um processo pacífico, mas pode ser algo divertido, principalmente se não for uma tarefa solitária!

 

 

 

 

Incorporar fotografias, vídeos e outros media na sala de aula

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Ao tratar os media como texto, os professores podem criar uma aula rápida, relevante e acessível que estimule um debate animado.

Perante o ataque 24 horas por dia de gráficos, imagens, áudio e vídeos que atingem os alunos de todas as idades, temos de os capacitar como utilizadores e de os ajudar a desenvolver as competências necessárias para lerem e analisarem os textos multimédia que os rodeiam. É fácil assumir que as crianças nativas na tecnologia sabem como navegar nos media. Mas "nativo digital" não é o mesmo que "competente digital".

Os alunos ainda precisam de ensino e prática explícitos sobre como ler todos os tipos de media. O desenvolvimento desta competência prática aumenta a adesão e ajuda a desenvolver as habilidades fundamentais de que os alunos necessitam para criarem os seus próprios produtos mediáticos.

Porquê utilizar os media: uma recapitulação

Se já utiliza textos multimédia na sua sala de aula, aqui está uma confirmação. Se não utiliza esses textos com regularidade, seguem-se algumas razões para reconsiderar.

Eficientes: A maioria dos media (fotos, vídeos, áudio, infográficos e memes) é curta, o que permite aos alunos analisarem vários textos e ganharem mais prática na aplicação de competências numa só aula. Experimente mais exemplos; reveja e analise mais histórias; pratique a identificação de contexto, subtexto, tom, simbolismo e temas em história e português.

Relevante: A utilização de textos multimédia é uma excelente forma de trazer diferentes locais, culturas e pessoas para a sua aula. Pode responder rapidamente a circunstâncias em mudança, incorporar acontecimentos da atualidade e explorar os interesses dos alunos. Além disso, desenvolverá a sua inteligência socioemocional ao ajudar os alunos a lerem e a analisarem a história, a cultura e as emoções presentes em cada objeto mediático.

Envolvente: Uma vez que é possível utilizar conteúdos multimédia que se relacionam com a realidade dos alunos, esses recursos podem lançar um diálogo mais autêntico e ajudar a envolver todos. Como ponto de partida, os textos curtos estimulam o debate, as tarefas de escrita, a reflexão, as ligações pessoais e a investigação, e podem levá-los a aprofundarem qualquer tópico.

Acessível: A natureza omnipresente dos media (incluindo fotografias, vídeos, áudio e memes) facilita a sua adição a qualquer aula. Não é necessário comprar livros ou textos, não é necessário preocupar-se com material desatualizado. Estão amplamente disponíveis opções gratuitas e de acesso livre.

Leitura e análise de media: questões para apoiar o trabalho dos alunos

Para além de discutir os 3Q+OP - Quem, O quê, Quando, Onde e Porquê - os textos multimédia oferecem inúmeras oportunidades para aprofundar o contexto e o subtexto de ideias, questões e acontecimentos. Ao partilhar media com os alunos, comece com os 3Q+OP e depois incentive-os a ler criticamente.

Veja algumas perguntas e atividades para ler textos multimédia:

  • Qual é o objetivo? O que é que o produtor quer que os utilizadores façam?
  • Que história está a ser contada?
  • Quem a está a contar?
  • Como é que a história vos faz sentir? Como é que a história vos fez sentir isso?
  • Que técnicas de narração de histórias se vêem? O que é que se ouve? 
  • Em que é que a história vos faz pensar?
  • Que ferramentas (luz, sombra, cor; movimento, imagens; som; composição, justaposição; densidade, espaço; carácter, pressupostos, estereótipos) estão a ser utilizadas para contar esta história?
  • Quem/o quê está a ser deixado de fora da história?
  • O que é que aconteceu antes do que está a ser apresentado? O que é que aconteceu depois?
  • Que dispositivos retóricos e recursos expressivos estão a ser utilizados? Pensem no seu impacto.
  • Como é que as cores, as imagens e o texto funcionam em conjunto?

Imagens como textos

As imagens são excelentes, em parte porque o chavão é verdadeiro: uma imagem vale mais de mil palavras. E quanto mais ajudar os alunos a aprenderem a ler fotografias, mais palavras irão descobrir. Quer as utilize como um alerta rápido, como inspiração para uma atividade de análise ou como ponto de partida para um debate, as imagens (incluindo anúncios, memes, fotografias, pinturas e esculturas) introduzem contexto em qualquer aula, com camadas adicionais de ação e emoção.

Indicamos aqui algumas ideias para a leitura de fotografias:

  • Interagir com imagens: Ponha os alunos em movimento com estas atividades de Imagens Vivas. Nota: Embora as fotografias destaquem conteúdos de estudos sociais, as atividades são todas universais e baseadas em competências. Troque por fotografias relacionadas com qualquer conteúdo.

  • Inverter o guião: Para além de responder aos 3Q+OP e às perguntas de análise (acima), inverta o guião ao ler imagens: A maioria das pessoas nas culturas ocidentais lê da esquerda para a direita, de cima para baixo. Como é que leram a fotografia? O que acontece à história desta imagem se a lermos da direita para a esquerda? De baixo para cima? Alguma coisa muda?

  • Microinvestigação: Atribua a cada aluno ou grupo uma fotografia relacionada com um conceito, uma ideia ou uma pessoa. Os alunos investigam com base na fotografia. Bónus: Os alunos podem incorporar fisicamente a fotografia em apresentações para partilharem a sua investigação.

  • Mudar as lentes: Desafie os alunos a verem de forma diferente o que veem todos os dias: Como é que uma pessoa de uma geração ou cultura diferente poderia experienciar estes media? Os anúncios e os vídeos de música funcionam particularmente bem.

Algumas sugestões de coleções de fotografias e recursos:

Vídeos como textos

Quer tenha crescido com uma televisão, um sistema de projeção ou uma sala dedicada ao visionamento de filmes e curtas-metragens, alguma versão de vídeo fez parte da sua educação, tal como deveria ter feito. Os vídeos ajudam a captar todas as nuances que as palavras não captam e são ferramentas de envolvimento comprovadas.

Tal como acontece com a leitura de imagens, os alunos precisam de aprender a ler e a analisar todos os aspetos dos vídeos para os interpretarem plenamente. Ajude-os a aperfeiçoar as suas competências naturais e prepare-os para tarefas futuras de criação dos seus próprios vídeos.

Seguem-se algumas ideias para a leitura de vídeos:

Ler as camadas da história: Os alunos já sabem que há muitas ferramentas que ajudam a contar uma história. Da iluminação ao som e ao ritmo, desenvolva as suas capacidades de pensamento crítico com algumas instruções explícitas sobre técnicas de realização de filmes. Os alunos adoram este vídeo sobre a ratoeira, que suscita muito debate sobre a estrutura da história e o arco narrativo, a música e a iluminação. Da mesma forma, este vídeo (atenção - há um palavrão) tem tudo: risos, lágrimas e todas as emoções especiais.

  • Ler com todos os sentidos: Embora este vídeo de Michael Phelps já esteja ultrapassado, continua a ser um ótimo conteúdo com uma infinidade de camadas. A iluminação e as imagens, por si só, contam uma história, por isso, deixe-as contar. Apresente o vídeo uma vez e peça aos alunos que respondam às cinco perguntas. Apresente o vídeo uma segunda vez, desta vez sem som. Pergunte aos alunos: "O que é que viram?" Passe uma terceira vez, mas peça aos alunos que fechem os olhos e se limitem a ouvir. "O que é que ouviram? Sentiram?" Repita o visionamento uma última vez. "Como é que a mudança de sentidos influenciou a vossa leitura do texto?" "Como é que o realizador consegue manipular os sentidos para aumentar o impacto da comunicação?"

  • Ler o que os alunos querem: Peça aos alunos que partilhem os seus favoritos do TikTok e do YouTube. Se os alunos se identificarem com o conteúdo, terá mais sucesso. Defina tarefas de sala de aula e/ou de projeto que exijam que os alunos tragam vídeos relacionados com o conteúdo da aula. Um "Criador de contexto" encontra vídeos actuais que se baseiam nos tópicos e temas da aula; o "Arquivista" traz conteúdo histórico para aprofundar a compreensão; o "Influenciador" identifica imagens, memes e publicações das redes sociais que se relacionam com o conteúdo da disciplina. Talvez até tenha também uma função de "riso leve" responsável por trazer um pouco de humor - relacionado ou não com o conteúdo. Redistribua os papéis todas as semanas.

Eis alguns recursos adicionais:

 

A utilização de media na sala de aula liga os alunos aos conteúdos de forma autêntica e cativante e ajuda-o a ligar-se também aos seus alunos. A diversidade dos media torna-os uma excelente forma de dar início a uma aula, aprofundar um conteúdo ou encerrar um conceito. Independentemente do ponto de partida e do ponto de chegada, a utilização de vídeos, áudio, fotografias, infografias e memes na sala de aula será uma vitória.

 

O texto deste artigo foi traduzido e publicado com a autorização da Edutopia:

Bakkegard, D. (2023, 26 de outubro). Incorporating Photos, Videos, and Other Media in the Classroom. Edutopiahttps://www.edutopia.org/article/how-to-read-media-as-texts

Sobre Darcy Bakkegard

Darcy Bakkegard é professora de inglês/ teatro e formadora de professores. Com 10 anos de experiência no ensino de inglês e teatro, Bakkegard é especialista em estratégias interativas para a sala de aula, integração tecnológica significativa e construção de relações com os alunos. Bakkegard é uma Educadora Certificada ISTE, uma apresentadora internacional experiente e empoderadora de professores. É coautora do livro The Startup Teacher Playbook para ajudar os professores a reacender a sua paixão pelo ensino e a tornar o desenvolvimento profissional significativo.

Celebrado protocolo da Rede de Bibliotecas de Vieira do Minho

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No dia 12 de dezembro, teve lugar a assinatura do protocolo da Rede de Bibliotecas de Vieira do Minho, celebrado entre o município de Vieira do Minho e o Agrupamento de Escolas Vieira de Araújo.

O protocolo foi assinado pelo presidente da Câmara, António Cardoso, e pelo diretor do Agrupamento de Escolas Vieira de Araújo, Fernando Gomes. A cerimónia contou ainda com a presença da coordenadora interconcelhia da Rede de Bibliotecas Escolares, Regina Campos, e da bibliotecária da Biblioteca Municipal Padre Alves Vieira, Susete Calisto.

Informalmente a Rede de Bibliotecas de Vieira do Minho (RBVM) já existia e, por via da assinatura deste protocolo, vê agora reforçados os seus objetivos: criar e dar continuidade à organização e gestão de projetos de intervenção e cooperação na área das bibliotecas, promover e estreitar a ligação entre os responsáveis da comunidade educativa local, entidades públicas e privadas, na prossecução do objetivo comum de promoção do livro e da leitura, promover a troca de experiências, entre os seus membros, no âmbito da organização, gestão, animação e dinamização das bibliotecas da rede concelhia.

Para além destes, a rede vai permitir constituir e manter on-line o Catálogo Coletivo Concelhio de Bibliotecas de Vieira do Minho e servir de suporte à educação, à formação, à investigação e à difusão cultural, mediante a criação de um portal que efetive o acesso à informação e estimule a produção e difusão das ações desenvolvidas, bem como fomentar o empréstimo na biblioteca municipal e escolares e incrementar políticas de aquisições que visem a otimização de recursos e a promoção da leitura e das literacias.

Cultivar palavras saudáveis nas bibliotecas escolares do Algarve

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Sob a alçada do Projeto Saúde-Algarve ONline, nasce um projeto inovador no Algarve: o kit "Saúde das Palavras". As mentoras deste projeto são as Psicólogas Clínicas e da Saúde, Heloísa de Sousa Dias e Sónia Coelho Nunes. Com a Administração Regional de Saúde do Algarve, I.P. como entidade responsável, e o apoio do CRESC ALGARVE 2020/Portugal 2020/União Europeia - Fundo Social Europeu, este kit representa uma contribuição inestimável para promover a saúde emocional e mental na região.

Esta iniciativa propõe-se a combater o bullying, fomentar o desenvolvimento socioafetivo e disseminar conteúdos de relevância ímpar para a saúde mental e emocional. Como propósito mais lato ou final, visa a promoção da cidadania, a paz positiva, a prevenção de riscos, o estímulo à empatia e a inteligência emocional.

O kit Saúde das palavras, disponível em formato físico e digital, vem equipado com materiais técnico-pedagógicos, que inspiram o desenvolvimento de atividades criativas, diálogos construtivos, empatia e assertividade.

Nas escolas, o kit será disponibilizado em todas as bibliotecas escolares do 1º ciclo e JI integradas na Rede de Bibliotecas Escolares, tendo as coordenadoras interconcelhias do Algarve articulado com as autoras a sua distribuição e utilização. Desta forma, as bibliotecas escolares assumem um papel crucial neste caminho de transformação, promovendo diversas literacias, entre as quais a da saúde emocional. A implementação nas bibliotecas escolares expande o alcance desta ação transformadora, integrando-a nos espaços dedicados ao conhecimento, reforçando o impacto positivo nas relações humanas das respetivas comunidades.

O Kit estará igualmente disponível em centros de saúde e em diversas outras instituições da região do Algarve. Além de profissionais, qualquer indivíduo pode adotar o kit como instrumento de comunicação saudável, particularmente as famílias.

O website da ARS Algarve proporciona acesso gratuito ao Kit e disponibiliza contacto para sugestões, informações, partilhas de experiências e eventos relacionados.

Explore o kit:

  • Kit da Saúde das Palavras
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Os materiais do Kit da Saúde das Palavras podem ser reproduzidos e utilizados, para fins não comerciais e sempre com a devida identificação e referência à ARS Algarve, não podendo sofrer qualquer alteração ou manipulação.

Saúde das Palavras é mais do que uma ferramenta; é um caminho de transformação. Com a sua utilização as bibliotecas escolares do Algarve contribuirão, colaborativamente, para moldar ambientes mais saudáveis e empáticos, cumprindo o Quadro Estratégico da Rede de Bibliotecas Escolares, designadamente o seu eixo Pessoas e a linha de ação “Induzir dinâmicas que conduzam a comportamentos e estilos de vida responsáveis, promotores de bem-estar (individual, coletivo, ambiental).”

Diário de Escritas

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O projeto Diário de Escritas (Plano Escola+ 21|23), tem como propósito fomentar laços afetivos e estabelecer uma relação funcional com a escrita. Isso é alcançado por meio do desenvolvimento de projetos individuais e/ou coletivos de escrita, nos quais os alunos se posicionam como "autores", promovendo uma reflexão sobre seus escritos.

O desenvolvimento dos projetos de escrita segue quatro etapas essenciais (Eu, aprendiz; Eu, escritor; Eu, produtor; Eu, editor), repetindo-se ao longo do ano letivo conforme uma planificação elaborada em conselhos de turma.

Recordemos as etapas do processo:

Eu, Aprendiz:

- Seleção de uma tipologia de texto a ser abordada (comentário, exposição, relato, relatório, resumo, texto de opinião, entre outros, conforme previsto no currículo das diferentes áreas curriculares). Essa escolha considera as disciplinas/áreas curriculares envolvidas e está alinhada com a planificação do projeto de escrita.

- Sessões na biblioteca, realizadas em colaboração com os docentes de Português/professores titulares de turma, visando o desenvolvimento de competências na escrita de textos da tipologia selecionada.

Eu, Escritor:

Momento de produção escrita dos textos da tipologia escolhida na biblioteca, durante o período letivo, nas disciplinas/áreas curriculares envolvidas. Os recursos da biblioteca podem ser utilizados durante essa fase.

Eu, Revisor:

Etapa de revisão e melhoria dos textos criados na etapa anterior, com o suporte da biblioteca escolar, em colaboração com os professores de Português/titulares de turma.

A revisão/(re)escrita dos textos ocorre em trabalho individual ou em grupo, procurando melhorar através confronto com outras opiniões/formas de abordar o conteúdo.

Eu, Editor:

Divulgação e partilha dos textos criados, seja em formato impresso ou digital, por meio de uma colaboração entre a biblioteca e o professor titular/conselhos de turma, em articulação com parceiros da comunidade.

Pode haver uma apresentação pública dos trabalhos, contando com a presença das famílias.

No corrente ano letivo 23/24, no Alto Alentejo, realizou-se a ação de formação "Diário de Escritas: práticas transdisciplinares com a biblioteca", onde participaram 22 professores de diversas áreas curriculares, incluindo professores bibliotecários. Entre as propostas apresentadas, destacam-se as seguintes:

Abril de A a Z

As formandas do Agrupamento de Escolas de Sousel apresentaram uma proposta de trabalho, a qual vai decorrer ao longo do ano letivo. O tema escolhido aborda os 50 anos do 25 de abril. Através de uma excelente proposta de curadoria digital, a biblioteca escolar apresentou uma série de sugestões de trabalho aos alunos. “Abril de A a Z” é um desafio lançado pela Biblioteca Escolar, no âmbito da comemoração do cinquentenário do 25 de abril. As turmas de 8º ano pegaram na letra B e exploraram a importância dos Baladeiros, ou seja, dos cantores de intervenção na Revolução. Seguiu-se a pesquisa e audição de diversas canções e a exploração das respetivas composições poéticas. O passo seguinte foi fazer Blackout Poetry a partir das letras das canções, como mostra o registo fotográfico. Foi uma atividade muito criativa e divertida!

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Vozes de ontem, palavras de agora

O mesmo tema serviu de inspiração a um grupo de formandas dos Agrupamentos de Castelo de Vide, Marvão e Crato. No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e, designadamente, da poesia de intervenção, leitura do poema “Tejo que levas as águas”, de Manuel da Fonseca (e audição do poema musicado por Adriano Correia de Oliveira); redação de textos narrativos a partir de estrofes do poema ou redação de textos poéticos a partir de palavras-chave de algumas estrofes, realização de um mural em torno das palavras-chave escolhidas; sessão de leitura dos textos e atuação musical no encontro Con.Raízes, em Abril.
Os trabalhos foram realizados com turmas dos Agrupamentos de Castelo de Vide, Crato e de Marvão.

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Poetinha Régio

O 30º aniversário do AE José Régio deu o mote para a proposta de um grupo de formandas deste agrupamento, as quais procuravam proporcionar aos alunos motivos para aprofundarem conhecimentos sobre a vida e a obra de José Régio. A proposta foi trabalhada com uma turma de 3ºano e outra de 5ºano.
Como propostas de escrita, textos poéticos e acrósticos e realizar atividades de escrita visual e "blackout poetry" a propósito da celebração do 30º aniversário da Escola José Régio, homenageando o seu patrono.

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O balanço foi muito positivo e destacamos o interesse dos docentes pela temática da escrita.

Referências
1. Rede de Bibliotecas Escolares (2021). Diário de escritas com a biblioteca. https://www.rbe.mec.pt/np4/DiarioEscritas.html 
2. Ministério da Educação (2021). 1.1.3. Diário de escritas. https://escolamais.dge.mec.pt/acoes-especificas/113-diario-de-escritas 
 📷 Imagem de diana.grytsku no Freepik

O Natal está no ar!

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Os dias estão mais curtos. O frio começa a sentir-se. O Natal aproxima-se.

É tempo de nos reunirmos e, em conjunto, exaltarmos a família, os amigos e a alegria de viver. Juntos celebramos a amizade e o amor, a generosidade e a solidariedade.

É tempo de presentear os que mais gostamos. Haverá melhor presente do que um livro?

A Rede de Bibliotecas Escolares disponibiliza algumas sugestões de leitura, neste Natal, para os mais pequenos.

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O Meu Primeiro Elmer de Natal é um  livro divertido que nos recorda  que é hora de levar o pinheiro de Natal para casa e enfeitá-lo para festejar os dias natalícios que estão quase… quase a chegar. “Elmer estava a dar uma volta com os elefantes mais novos, para escolherem uma árvore de Natal. Foi então que um alce disse: - Deixa-os ver o Papá Vermelho esta noite, mas fiquem escondidos.”  

Faltam apenas dois dias para a véspera de Natal, noite em que o Papá Vermelho faz a sua visita anual, para carregar os presentes para o trenó e os elefantes mais pequeninos estão muito agitados. Este ano para além de escolher, colher e transportar cuidadosamente o pinheiro, Elmer prepara uma surpresa especial, mas terão de se manter sossegados e escondidos…. Será que os jovens elefantes conseguem? 

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Todos sabemos que o Natal é mágico. A família reunida, um pinheiro com luzes a piscar, guloseimas e alguns presentes… O Pai Natal que Não Comia Queijo ou O Pai Natal das Memórias apresenta-nos as crianças do n. º4 da Rua das Papoilas, que adoravam surpresas de Natal e estavam longe de saber que uma surpresa as esperava. Estas crianças pensavam que as memórias eram coisas de velhos – mas será que o são? Naquele dia inesquecível, conheceram o minúsculo Pai Natal das Memórias que oferecia momentos únicos. Será que os mais jovens também guardam memórias?

 

 

 

 

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Preparados para dormir? 5… 4… 3… 2… 1…. Só faltam cinco noites até ao Natal!  Conseguem esperar? Os pacientes conseguirão, mas os mais ansiosos talvez não. As noites parecem longas, o sono teima em não chegar. Que fazer?  Sonhar com os presentes que irão chegar?  Ou ouvir as tradicionais canções de Natal? Talvez não fosse má ideia preparar um lanche para o Pai Natal e as suas Renas. Enquanto nada acontece, o tempo avança lentamente, continua-se a esperar” a visita do senhor das barbas, enquanto os sinos tocam as badaladas.”

O dia 25 de dezembro talvez seja o mais esperado pela maioria dos pequenos jovens por esse mundo fora.  Quem nunca sentiu a emoção da chegada do Natal? A magia da época, o desejo de que os dias passem depressa... E que tal tornar a última semana até ao Natal ainda mais emocionante?
Tic … Toc …Tic … Toc… a hora aproxima-se!

 

Feliz Natal a todos!

 

Outras sugestões:

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O papel central das Bibliotecas Escolares

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Teresa Calçada, na entrevista dada ao Jornal de Letras (5 a 18 de março de 2014), afirma que Em Portugal temos das melhores bibliotecas escolares do mundo. Esta perceção do longo e frutuoso trabalho desenvolvido pela Rede de Bibliotecas Escolares é também visível no Agrupamento de Escolas de Campo (AECampo), Valongo, que atualmente conta com quatro bibliotecas escolares, uma na Escola sede e três em Escolas Básicas, todas elas bem equipadas e com um plano de trabalho inovador ao integrar projetos de leitura e escrita, teatro, literacia digital, entre muitos outros. A dinâmica das bibliotecas é ainda desenvolvida nas restantes escolas do Agrupamento, onde está presente de forma estruturada e organizada (organização do espaço e documentação e dinamização de atividades e projetos).

Subscrevendo o princípio (Quadro estratégico 2014-2020) de que as BE são “estruturas nucleares na escola” (p.11), promotoras da “igualdade de oportunidades no acesso ao conhecimento e ao exercício da cidadania” (p.12), as professoras bibliotecárias do AECampo têm projetado as bibliotecas como centros de aprendizagens múltiplas, como espaços físicos e virtuais de leitura e de pesquisa, de mediação no acesso à informação, contribuindo para a construção do conhecimento. Neste sentido, desenvolvem o seu trabalho no apoio ao currículo, incrementando práticas de gestão flexível do currículo, implementando atividades e projetos de caráter curricular e de enriquecimento curricular, tendo como a primeira área estruturante a literacia da leitura, seguida da literacia dos media e a literacia da informação, para além da perspetiva transversal da literacia digital.

Com a implementação do Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas (PADDE) no Agrupamento, a biblioteca tem dado um manifesto contributo ao envolvimento efetivo e ao trabalho articulado entre todos, integrando de forma mais sistemática as tecnologias digitais e as oportunidades fornecidas pelas redes sociais nos processos de trabalho, de interação e de aprendizagem, numa aplicação pedagógica para apoiar e melhorar o ensino, a aprendizagem e a avaliação de e para as aprendizagens dos alunos, tendo em vista a transformação dos modelos didáticos e dos esquemas concetuais dominantes.

No presente ano letivo, e com duas ações “Escola a Ler” e “Diários de Escrita” do Plano 23|24 Escola+, a biblioteca foca também a sua intervenção nas prioridades do Agrupamento: a melhoria dos resultados escolares dos alunos nos anos de transição de ciclo. Da mesma forma prioriza, no seu Plano de Atividades, o PNL e o Projeto “Os Amigos da Biblioteca”: projetos promovidos pelo PNL, que têm como objetivos gerais desenvolver a formação leitora, promover o gosto/prazer, os hábitos e as competências de leitura, facilitar o acesso à leitura e ao conhecimento e aumentar os hábitos e os índices de leitura; o Projeto “Os Amigos da Biblioteca”, a funcionar na EBS, que tem como objetivo responder às necessidades dos pais/EE, numa perspetiva de Escola a Tempo Inteiro, proporcionando-lhes atividades de enriquecimento curricular, fora do seu horário letivo, de acordo com um plano de trabalho.

É neste sentido que a biblioteca no AECampo desempenha um papel central no desenvolvimento das literacias, no suporte à aprendizagem, na aquisição de competências de informação e na formação de leitores, através da dinamização de atividades muito diversas que convergem na biblioteca e envolvem as várias valências do Agrupamento, como por exemplo: as Famílias (Projeto Leitura em Família - Leitura vai e vem, no Jardim de Infância), o trabalho colaborativo e cooperativo com os   professores (pretendendo o desenvolvimento de um currículo integrado, em que a docentes bibliotecárias e os outros professores se envolvem na planificação e na criação de situações de aprendizagem de conteúdos curriculares em parceria, envolvendo toda a escola),  prestando-lhes também um serviço de curadoria e a implementação de uma “Escola Inclusiva” (constituindo-se como centro de recursos e de apoio).

A mudança é grande. A sociedade, hoje em dia, exige dos cidadãos uma participação mais ativa, envolvendo-os numa mobilização de múltiplos saberes. Neste sentido, o AECampo, envolvendo a BE numa perspetiva de trabalho colaborativo entre TODOS, promove ambientes educativos que favoreçam o cumprimento da sua Missão: “Prestar um serviço de educação pública universal, promovendo o Sucesso com Tod@s e para Tod@s, através de um ensino de qualidade, rigor e exigência, com base humanista, proporcionando apoio diferenciado a cada um/a, imprescindível para uma cultura de sucesso em que Tod@s possam aprender” (PE do AECampo: p. 39).

A Diretora,
Virgínia Varandas
Agrupamento de Escolas de Campo, Valongo

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