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Para além de Princesas e Dragões

Por Miguel Horta

Continuando a falar
de momentos importantes
ao longo do ano de 2023

De 17 a 18 de Março, teve lugar em Albergaria-A-Velha, o encontro “Para além de princesas e dragões - a Biblioteca e a Aprendizagem Criativa"- promovido pela Biblioteca Municipal. Foi com gosto que participei neste encontro intervindo em plenário, desenvolvendo formação e apresentando as ilustrações do meu livro “Rimas salgadas”.


Este encontro foi importante para a minha evolução pessoal ao longo de 2023. Não só fui recebido com grande hospitalidade e carinho pela equipa da Biblioteca Municipal como, participei num painel em plenário e tive a oportunidade de voltar a dar formação presencial, depois de um longo ciclo em virtual. Bem sei que é muito importante o trabalho
on line pois permite comunicar com docentes de pontos muito afastados dos grandes centros que, sem estas oportunidades, dificilmente teriam acesso às propostas de Mediação Leitora Inclusiva. Mas o sentir e comunicar com o outro, ao nosso lado, a possibilidade física de folhear livros e experimentar material não livro fizeram a diferença, nesta oficina que explorou recursos de mediação para diversas situações de exclusão.


Um dos momentos mais agradáveis deste Encontro foi a inauguração da exposição com as ilustrações originais do meu livro Rimas Salgadas, que contou com a presença de António Loureiro e Santos, Presidente da Câmara de Albergaria-A-Velha, e Delfim Ferreira, Vice-Presidente que fez a apresentação da iniciativa. Fica aqui um abraço para o José Saro, simbolizando todos os professores bibliotecários (e outros) que estiveram presentes.







Ler e dar a ler - o vídeo

Por Miguel Horta

O programa do PNL “Ler e dar a Ler – Leitura orientada na sala de aula” ocupou uma boa parte da minha vida ao longo deste ano de 2023. É justo que aqui deixe a ligação para este vídeo que dá uma ideia do nosso trabalho (Laredo Associação Cultural) por terras de Trás-os-Montes e Alentejo. Um belo vídeo realizado por António Barbot. Ao mesmo tempo que fazia estrada, outros companheiros trilhavam os caminhos da Mediação Leitora, Andante, Paulo Condessa , No ar -Rádio de bolso, Dora Batalim e Elsa Serra. Sinto-me bem em itinerância, aprendi bastante no decorrer da ação. Tive desilusões e momentos felizes – Quando os docentes estão verdadeiramente empenhados, imediatamente se sente um reflexo nas crianças. Ainda uma palavra de gratidão para a Fátima Bonzinho, coordenadora interconcelhia das bibliotecas escolares do alto Alentejo (PNL) e á minha companheira de aventura, Maria José Vitorino. Mais aqui.

Sobre la necesidad de una nueva Ley de Bibliotecas en España

Por Roberto Soto

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El Sistema Español de Bibliotecas constituye el mayor ejército cultural de este país, el que más territorio abarca, el que a más personas llega, el […] Leer más

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Conversamos con Gemma Lluch sobre #Lectura, Papel, Pantalla

Por Luis Miguel Cencerrado

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Hoy traemos hasta nuestro blog a Gemma Lluch, una figura destacada tanto en la academia como en el plano operativo y experimental. Sin duda. Nuestra […] Leer más

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MIBE 2023: A Rede de Bibliotecas de Loulé Transforma Livros em Capas Vivas

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A Rede de Bibliotecas do Concelho de Loulé comemorou o MIBE 2023 (Mês Internacional das Bibliotecas Escolares) com uma atividade inspiradora: "Capas Vivas". Sob o lema "Biblioteca escolar: o meu lugar preferido para criar e imaginar", os utilizadores das bibliotecas do concelho foram convidados a dar asas à sua criatividade e transformar os seus livros favoritos em verdadeiras “obras de arte”. Deram vida às personagens, cenários e histórias que mais os marcaram. O resultado foi uma profusão de criatividade, que abrangeu os utilizadores de todas as idades.

Sendo o Mês Internacional das Bibliotecas Escolares (MIBE) um evento global que visa destacar a importância das bibliotecas nas escolas, incentivando a leitura e a criatividade entre os alunos, esta iniciativa foi uma oportunidade para promover a diversidade literária, a imaginação e a colaboração.

A fim de partilhar esta expressão incrível de criatividade com um público mais amplo, a Rede de Bibliotecas de Loulé organizou uma exposição virtual. Neste espaço em linha, é possível admirar as "Capas Vivas" criadas pelos jovens artistas.


Ver grande

Rede de bibliotecas de Oliveira de Azeméis: um trabalho partilhado

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O Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares (SABE) da Biblioteca Municipal Ferreira de Castro (BMFC) funciona desde 2008, com protocolo celebrado entre a autarquia e o Ministério da Educação, apoiando diretamente a Rede Concelhia de Bibliotecas Escolares de Oliveira de Azeméis.

Esta rede foi formalmente criada no âmbito da Candidatura Ideias com Mérito que envolveu todas as bibliotecas escolares do concelho de Oliveira de Azeméis e a BMFC, aprovada pela RBE, tendo nesse contexto sido criado o catálogo coletivo que integra as coleções das diferentes Bibliotecas Escolares e da Biblioteca Municipal. Visa-se, assim, estimular o empréstimo entre escolas e entre estas e a Biblioteca Municipal, promover e facilitar a circulação da informação documental existente, desenvolver uma política racional das aquisições para as coleções das bibliotecas e incrementar práticas colaborativas entre escolas, instituições e comunidade em geral, passando a política de desenvolvimento das coleções a ser pensada em conjunto.

O SABE da BMFC tem a particularidade de congregar uma rede de parcerias e de trabalho colaborativo que envolve todas as bibliotecas escolares do Município, bem como o Centro de Formação de Associação de Escolas dos Concelhos de Arouca, Vale de Cambra e Oliveira de Azeméis (AVCOA) cujo papel é crucial na formação e na concretização de múltiplas atividades. Os diversos parceiros reúnem quinzenalmente para planificar em conjunto, discutir e analisar soluções para problemas comuns, fazer formação conjunta quer na vertente mais técnica do tratamento documental, quer, por exemplo, na mediação da leitura, assim como para pôr projetos no terreno…

Imagem1.pngEsta rede tem um plano de atividades concelhio, concebido e desenvolvido de forma colaborativa, destacando-se o Chá literário, atividade integrada na Semana da Leitura, destinado a docentes e convidados locais que partilham experiências de leitura e leituras durante uma tarde, o Campeonato de Pesquisa na Internet, PesquisOAz, inicialmente destinado apenas aos alunos dos 2.º, 3.º CEB e Ensino Secundário do Município, tendo, desde o ano letivo 2021/2022, alargado aos alunos dos agrupamentos de escolas de sete concelhos de Entre Douro e Vouga. Na sua versão atual, já convidou outros concelhos e terá uma versão também para docentes.

As colaborações desta rede não se esgotam no âmbito do SABE, embora sejam sempre discutidas e planificadas nesse contexto, dada a tradição de reunir amiúde todos os parceiros para trabalho conjunto. Assim, temos, por exemplo, a colaboração anual recorrente das Bibliotecas Escolares com o município e a BMFC na Semana da Criança ou a colaboração anual destas com o CFAE AVCOA na Maratona Bibliotecária (anteriormente 24 horas das Bibliotecas Escolares), acabando por o trabalho colaborativo desta rede estar espelhado a diferentes níveis. Na verdade, a tónica desta rede e o que a destaca é o ambiente de apoio, interajuda e colaboração.

SABE

No Festival Literário de Mafra

Por Miguel Horta

 

Malveira: 30 de Outubro e 7 de Novembro 2023

Foi com muito gosto que participei no primeiro Festival Literário de Mafra, como narrador, na Biblioteca Escolar Professor Armando Lucena. Foram 2 dias em crescendo partindo da tradição oral, à qual juntei os meus contos. A partir da primeira sessão (e foram 4) fui aquecendo a voz, vencendo limitações até chegar ao último dia em que me senti solto , sem encalhar na dicção. Na última sessão, com uma bela turma do oitavo ano, partimos, também, para a poesia dita de forma participada – uma festa! Também contei para turmas um pouco mais específicas, mais paradas, que precisam de ser acordadas através do contacto com os narradores e outros artistas. A escola é feita destas diferenças e o Narrador/mediador tem de fazer a leitura correta do jovem público que tem na frente, insuflando energia quando é necessária. A receção na Biblioteca Escolar foi calorosa; num painel (surpresa!) estava exposta a folha de sala/cartaz da minha exposição de desenho “Tinha uma Pedra” (Loulé 2023).

Foi um prazer rever a professora Bibliotecária Dália Santos e aproveito aqui para agradecer aos docentes que me apoiaram e antecedendo este momento de contacto com informação sobre o meu trabalho junto dos alunos escutadores. José Fanha, António Felgueiras e Carla Rodrigues estão de parabéns por terem erguido este festival repleto de encontros com escritores e pensadores da palavra. Mafra ficou mais rica. Das sessões a que assisti, gostei particularmente de escutar Cristina Carvalho em torno da obra de António Gedeão. Também assisti com igual prazer ao encontro sobre o Crioulo e a nossa língua, que trouxe Dulce Pereira ladeada por Germano Almeida e pelo veloz José Luiz Tavares.


Fotografias de Tatiana Oliveira Gomes

Contar em Alfazina

Por Miguel Horta


Assinalando aqui no blogue
o início do Rio de Contos
com uma sessão em Alfazina
que me soube muito bem.

A sessão de contos que marcou o meu início de Outubro foi, sem dúvida, a que realizei na Biblioteca Escolar da Escola Básica de Alfazina (Monte de Caparica), abrindo a IX edição do Rio de Contos (Encontro de Narração Oral de Almada).  Nessa manhã, no Miradouro de Alfazina, o público multicultural da escola começou meio adormecido, mas depois surgiu a escuta e a sessão fluiu com grande naturalidade. Assinalo o facto de o público ter sido alargado a um número muito significativo de adultos que assim escutaram a minha viagem pelos contos, da nossa costa até Moçambique. É sempre determinante o empenho do Professor Bibliotecário para tornar vivos estes encontros com a palavra. Fiquei com vontade de regressar à Biblioteca. Obrigado, também à Margarida Raimundo (Rede de Bibliotecas Municipais de Almada) pela atenção e empenho nesta realização. E viva o Rio de Contos!

Devolvendo o "anel da Caganita" à proprietária deste objeto mágico, a Professora Bibliotecária Olga Duarte






#BinomioFantastico23, biblioteca pública y escolar de la mano

Por Luis Miguel Cencerrado

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La semana que viene, durante los días 22 y 23 de noviembre se celebrará una nueva edición de las Jornadas Binomio Fantástico: Biblioteca pública y […] Leer más

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Cómo sacar el máximo partido a tus recursos: poca inversión y muchas ganas

Por Firmas invitadas

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Cuando se trabaja en una biblioteca situada en un municipio rural la mejor apuesta es la colaboración con otras instituciones.

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Configurar as bibliotecas para serem o melhor espaço na escola

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Demos uma espreitadela a bibliotecas escolares por toda a América para ver de que forma os bibliotecários estão a reestruturar o espaço para apoiar o crescimento social, emocional e criativo dos alunos, dando ao mesmo tempo prioridade a excelentes leituras.

Todos os dias, mais de 500 alunos visitam a biblioteca da Campbell High School em Smyrna, Geórgia - muitas vezes antes do início do dia escolar ou durante o período de almoço. Por outras palavras, os alunos optam por passar "o pouco tempo não estruturado que têm" na biblioteca, diz Andy Spinks, um dos dois especialistas em bibliotecas da escola.

A biblioteca recentemente renovada - agora conhecida como Learning Commons - é um centro polivalente espaçoso e luminoso dentro da escola. Há mesas de café onde as crianças podem trabalhar em conjunto; assentos confortáveis e flexíveis; um espaço de criação onde os alunos podem explorar atividades como costura e joalharia; um estúdio de gravação e produção de áudio; e um estúdio de produção de vídeo onde as crianças podem criar TikToks ou vídeos do YouTube utilizando os seus telemóveis ou computadores portáteis fornecidos pela escola. Está muito longe do espaço que costumava ser (uma folha de presenças de 2008 registou apenas 21 alunos a entrar na biblioteca num dia).

"É um local onde os alunos se juntam, interagem e constroem uma comunidade", afirma Spinks. Ouço frequentemente os adultos queixarem-se de que os adolescentes estão "sempre a olhar para o telemóvel" e não conseguem interagir com as pessoas cara a cara, mas não é isso que vejo. Vejo-os a conversar, a trabalhar em projetos de grupo, a jogar xadrez e Uno e a exercitar a sua criatividade de forma colaborativa. Até o tempo que passam no ecrã - a jogar jogos de vídeo, a fazer vídeos e a gravar música - é colaborativo".

Spinks e outros bibliotecários com ideias semelhantes em toda a América estão a transformar as bibliotecas escolares de repositórios silenciosos e sóbrios de conhecimento em espaços vibrantes que acolhem as crianças e encorajam "a exploração, a criação e a colaboração", escreve a investigadora e antiga professora Beth Holland. Através de uma planificação cuidadosa e com a ajuda do contributo dos alunos, a biblioteca da Escola Secundária Campbell, e outras semelhantes, oferecem um refúgio indispensável para escapar à agitação do dia a dia, servindo de núcleo de apoio a todo o tipo de necessidades sociais, emocionais e criativas - ao mesmo tempo que proporcionam acesso a bons livros.

Para termos uma ideia de como as escolas estão a repensar as bibliotecas, falámos com bibliotecários e especialistas em bibliotecas de todo o país sobre as soluções criativas que estão a utilizar para transformarem as bibliotecas nos melhores locais para estar na escola.

Colocando as crianças no centro

Na A. P. Giannini Middle School em São Francisco, quase metade dos livros trazidos para a coleção da escola provêm de pedidos dos alunos, diz a professora bibliotecária Shannon Engelbrecht. Se um miúdo chega e pergunta: "Tem este livro?" e eu respondo: "Não tenho; preencha a folha de requisição", recebemo-lo numa semana através do sistema de encomendas rápidas". O mesmo acontece com o espaço de criação, maioritariamente abastecido com artigos que os miúdos pedem, comprados a partir de um orçamento fornecido pela Associação de Pais.

"Vou ao Dollar Tree e vejo se têm máquinas de fazer pompons para que o que temos no centro de criação seja o que os alunos pediram", diz Engelbrecht. Assim, é muito mais provável que queiram ler um livro ou recomendá-lo aos amigos e dizer: "Escolhi este livro para a biblioteca. Devias experimentar". Ou 'Já experimentaste uma máquina de fazer pompons?'".

Depois de ter concluído uma avaliação das necessidades dos alunos, o bibliotecário Christopher Stewart, de Washington, D.C., começou a fazer pequenas alterações na biblioteca da escola, exibindo, por exemplo, tecidos e arte relacionados com as várias culturas dos alunos. "Quero que eles façam parte dela", diz Stewart. "Encomendar tecido afro-americano [para expor nos moldes de vestuário], encomendar arte do México que represente os alunos. Não basta ter uma coleção de livros que seja representativa. Queria garantir que os alunos se vissem não só nas páginas dos livros, mas também no mobiliário e na arte."

Stewart também contrata estudantes para agirem como "embaixadores da marca da biblioteca", funcionando como uma espécie de painel de pesquisa de mercado com informações sobre a coleção de livros da biblioteca, tipos de programação que gostariam de ver e seleções para o clube de leitura, entre outras coisas. "É bonito porque eles são os ouvidos dos seus pares", diz. "Está a mostrar intencionalidade da parte da biblioteca. Porque não quero dar-vos o que acho que devem ter; quero dar-vos o que querem e precisam."

Reestruturação para a criatividade e até algum barulho

As bibliotecas do Herricks Union Free School District em Long Island, Nova Iorque, nem sempre são silenciosas - e isso é intencional, diz Michael Imondi, diretor de ELA, Leitura e Serviços de Biblioteca do ensino básico e secundário. Os dias de sussurros entre as prateleiras já lá vão e quando o distrito decidiu renovar as suas bibliotecas, as prioridades de design centraram-se nos quatro Cs - comunicação, colaboração, criatividade e pensamento crítico. "Este não é um espaço calmo", diz ele. "É um espaço de trabalho, um espaço de colaboração".

Existem mesas grandes para incentivar a colaboração dos alunos, bem como salas de estudo silenciosas onde as crianças podem trabalhar de forma independente. Na biblioteca da escola secundária, alguns tampos de mesa são quadros brancos nos quais se pode escrever diretamente quando se planificam projetos de grupo ou se traça um mapa de ideias. Um pequeno ajuste no nome - de biblioteca para Library Learning Suite - ajudou a enfatizar o novo foco. "As palavras são importantes", diz Imondi. Ter a palavra "aprendizagem" é importante porque é isso que está a acontecer agora. Quer venha ler um romance da prateleira ou utilize a nossa impressora 3D para construir algo para a sua aula de ciências, é um espaço de aprendizagem."

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Na biblioteca da Escola Secundária de Campbell, Spinks diz que uma das grandes mudanças nos últimos anos diz respeito ao papel fundamental das bibliotecas como espaços "principalmente preocupados com a informação que os alunos recebem". Agora, estão "a concentrar-se mais em fazer coisas, produzir informação e meios de comunicação". Uma dessas áreas é a das artes criativas: Spinks ficou surpreendido com o talento que os estudantes demonstraram nos estúdios de áudio e produção da biblioteca.

"Estes miúdos são tão talentosos, tão criativos", diz Spinks. Inicialmente, pensou que o estúdio poderia não ser muito utilizado durante o dia de escola, porque os alunos precisariam de uma ou duas horas para fazer qualquer coisa. Mas eles continuam a surpreendê-lo com o que são capazes de fazer em curtos períodos de tempo: "Eles chegam e, durante um bloco de almoço de 25 minutos, podem carregar a música, fazer um vídeo e ter algo para partilhar com os amigos."

Bibliotecas onde as crianças descontraem

Depois de se aperceber de que os alunos precisavam de um "espaço que fosse só deles" onde pudessem processar as suas emoções em segurança, Stewart criou uma sala de paz, amor e meditação dentro da biblioteca. "É o centro", diz ele. "Um lugar para não se sentirem julgados, para sentirem muito amor e para se sentirem aconchegados." Uma pausa bem-vinda e necessária do stress do mundo exterior, com música relaxante e uma fonte de água, também funciona como um local para sessões de educação para a justiça, bem como uma sala aberta que os conselheiros e terapeutas utilizam para atender às necessidades da comunidade escolar.

Criar uma zona livre de preconceitos no interior da biblioteca é também uma prioridade para Engelbrecht. Precisa de utilizar um dos computadores de secretária para terminar os trabalhos de casa antes da aula? Isso não é um problema. Está a ter dificuldade em manter os olhos abertos? A Engelbrecht não se importa que os alunos adormeçam ocasionalmente no grande sofá em forma de U no centro da sala - tem capacidade para cerca de sete crianças sentadas, e ela não lhe diz para manter os pés no chão. "Nunca se pode fazer isso na escola porque não é suposto pôr os pés em cima da mobília", diz ela. "Mas nós temos três peças de mobiliário especificamente para pôr os pés em cima".

Ainda assim, livre de preconceitos não significa sem regras, diz ela. Engelbrecht vai a todas as turmas de inglês uma vez por mês e dá diferentes lições sobre media, tecnologia, literacia digital e cidadania. O seu lema é "Assumir a melhor intenção, equidade de espaço, coração bondoso". As conversas que tem com os alunos sobre tudo, desde o cyberbullying a como reagir quando alguém nos faz sentir desconfortáveis, são cruciais para criar relações de confiança e estabelecer a biblioteca como um porto seguro.

Entretanto, nos estados onde as proibições de livros estão em vigor, falámos com bibliotecários que estão a encontrar formas de manter os seus espaços acolhedores e inclusivos - através, por exemplo, de exposições de livros que realçam diferentes culturas, valores e identidades.

"Todas as crianças merecem ir à biblioteca e encontrar um livro com alguém que se pareça com elas, ou que aja como elas, ou que tenha alguma semelhança com elas", diz Jamie Gregory, bibliotecária numa escola privada na Carolina do Sul. "Penso que é importante que a coleção da nossa biblioteca reflita a nossa comunidade, mas deve continuar a ser diversificada, para que os alunos possam aprender que não há pessoas de quem devam ter medo ou que os querem apanhar. Todos os tipos de comunidades merecem uma representação justa".

"A literatura é a prioridade. A coleção de livros impressos e eletrónicos é a prioridade", afirma Boyd. "A segunda prioridade é o acesso à tecnologia, para que os alunos estejam em igualdade de circunstâncias com outros alunos de todo o distrito e de todo o país. Quero certificar-me de que as crianças têm um acesso claro aos materiais, para que possam aprender e descobrir a independência, e não apenas através de uma tarefa na sala de aula."

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Manter um olhar atento sobre os livros para que sejam relevantes, interessantes e populares continua a ser uma prioridade para todos os bibliotecários com quem falámos. Apesar de reduzir frequentemente a coleção, nenhum livro é desperdiçado na biblioteca da escola secundária de Stacy Nockowitz em Columbus, Ohio. Tudo o que é eliminado é oferecido aos alunos como parte de uma oferta de livros. A oferta deste ano deveria ter durado uma semana, mas as provisões só duraram dois dias porque os miúdos "ficaram loucos pelos livros", diz ela. Há alguns anos, falou-se muito sobre "Será que as bibliotecas vão deixar de ter livros? Vão passar a ser totalmente digitais? Esse tipo de coisas. Tomámos uma decisão muito consciente de não o fazer. Nunca pensámos nisso, porque os nossos filhos adoram ter livros físicos nas mãos."

O texto deste artigo foi traduzido com a autorização da Edutopia:

Tutt, P. (2023, 8 de agosto). Setting Up Libraries to Be the Best Space in School. Edutopia. https://www.edutopia.org/article/setting-up-libraries-to-be-the-best-space-in-school

Sobre Paige Tutt

Sou uma jornalista sediada em Nova Iorque que se tornou editora, designer de bolos personalizados, diretora de redes sociais/comunicações e que voltou a ser jornalista.

Tenho um mestrado do Emerson College em Escrita, Literatura e Edição, com especialização em Edição de Revistas Online. Obtive o meu bacharelato na Universidade de Binghamton em Inglês, Literatura Geral e Retórica.

As questões da diversidade, equidade, interseccionalidade e inclusão na educação são-me extremamente caras e próximas. Estou empenhada em tornar visíveis os desafios que os estudantes das comunidades marginalizadas - especialmente as crianças negras - enfrentam diariamente, criando e participando no discurso e, em última análise, trabalhando para erradicar estas questões.

São Brás de Alportel celebra a Magia da Leitura com o (En)leio das Histórias

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O evento (En)leio das Histórias esteve de volta às bibliotecas de São Brás de Alportel, entre os dias 25 e 27 de outubro e marcou a comemoração do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares (MIBE). Os alunos do ensino pré-escolar e do 1.º Ciclo foram convidados a explorar as diferentes atividades lúdico-pedagógicas (Nós) relacionadas com a leitura e os livros:

NÓ DO CONTO- Era uma vez…

NÓ DA SURPRESA – Visita a… escola antes de Abril

NÓ DA ESCRITA- Enleia as palavras!

NÓ DA TROCA – Toma lá, dá cá!

NÓ DA ILUSTRAÇÃO – Títulos às avessas.

NÓ DA LEITURA – As aventuras de Cuscas!

NÓ DA TRANSMEDIA- As aventuras do Snoopy

cartaz_enleio_das_historias2023 - Ana Marta E. Bra

O (En)Leio das Histórias é uma iniciativa anual, promovida pela Rede de Bibliotecas do Concelho de São Brás de Alportel, com o apoio da Câmara Municipal de São Brás de Alportel e do Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas.

Fórum RBE 2023: Bibliotecas Escolares - ecos de liberdade e transformação

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Na sequência do Fórum RBE 2023: Bibliotecas Escolares - Liberdade e transformação, que teve lugar no dia 24 de outubro, nas instalações da Fundação Calouste Gulbenkian, ocorre refletir um pouco sobre a diversidade e a riqueza de ideias (e ideais) que foram, inevitavelmente, contagiando quem ali se encontrava. Essa riqueza e diversidade (transversalidade), essa liberdade e transformação serão, efetivamente, as pistas certas para o caminho que as bibliotecas escolares devem (continuar a) perseguir nos dias de hoje?

Diremos que sim, sem qualquer hesitação.

Como um ilustre orador confirmou, a biblioteca é (deve ser), o coração da escola. Que responsabilidade esta! É, porém, um coração especial, que pulsa livre, aberto, recetivo, pleno de recursos, ávido de partilha, diálogo e entrega.

Ser criança ou jovem no mundo atual é, à primeira vista, algo fascinante, repleto de maravilhas tecnológicas e barreiras derrubadas, muito para lá do alcance do visível. Mas, como quase sempre acontece, esse fascínio acarreta uma outra face, menos luminosa, na qual, nem tudo o que parece, é…

Como tão bem transmitiram alguns alunos convidados para o painel de partilha de ideias (e ideais), ao serem desafiados a identificar em si mesmos uma qualidade e um defeito, a dualidade dos conceitos e o “verso e o reverso” são uma realidade constante. Duas faces da mesma moeda, dilema, uma questão de perspetiva…

E a leitura, como vai? Como está a nossa relação com a palavra escrita? Sabemos que não é assunto pacífico, nem sequer consensual. Ir ou não ir à biblioteca escolar, eis a questão… O que tem para oferecer? Como são olhados os utilizadores? Que imagem passam para os seus pares? A questão da aceitação tem muito peso no meio juvenil.

O ato da leitura é solitário e o mundo chama-nos lá fora. Recolhimento e ruído não combinam. Em que ficamos? A contemporaneidade contém mais desafios do que podemos humanamente suportar. Como decidir se queremos apenas viver a nossa vida, no prazo que a natureza nos concedeu, ou se estamos tentados a experienciar memória de milhares de anos, desde que há registo gráfico, ou a alargar as nossas vivências através da imaginação dos escritores e dos conhecimentos que nos podem transmitir?

A leitura leva ao pensamento estruturado, estende os horizontes e facilita a competência escrita e a oralidade. Durante toda a nossa vida estas aptidões são essenciais para o exercício da nossa quota de cidadania, de forma independente, distintiva e única, contribuindo para o bem comum, a coesão e o desenvolvimento da sociedade, precisamente o contrário da tendência para a polaridade e o extremismo a que assistimos todos os dias.

Hoje, vendem-se ideias ao desbarato, porque são apenas opiniões pouco ou nada fundadas e fazem-se afirmações como se de verdades se tratasse, a um ritmo alucinante, à beira da náusea. Até para os mais avisados (e aqui a idade não conta) é necessário cautela e uma dose generosa de bom senso. Como fazer a triagem no enredado da teia (web) da sociedade da informação e da comunicação? Como distinguir o trigo do joio?

Cada vez mais, neste campo, a quantidade de conteúdos e a ineficácia da sua regulação, constituem fatores que dificultam exponencialmente a procura da qualidade, do que é fidedigno, correto, verdadeiro.

Os 15 minutos de fama de que falava Warhol, a que todos teríamos direito, um dia, foram completamente ultrapassados, a partir do momento em que todos podemos produzir conteúdos e publicá-los direta e gratuitamente. Uma fama perene, sem prazo, oferecida pela globalização, sem quaisquer custos…, mas os custos existem e são altos.

A pressa e a leveza dos dias que se sucedem tendem a precipitar-nos para atitudes irrefletidas e crédulas, e não combinam com o pensamento crítico e a capacidade analítica que tanta falta nos faz, enquanto sociedade. A Biblioteca Escolar assume uma responsabilidade acrescida, diríamos mesmo, basilar e inclui-se no conjunto de entidades cujos valores de “verdade e confiança”, validado por diversos estudos que colocam as bibliotecas e os museus em patamares iguais). Deste modo, a informação que a biblioteca escolar presta é digna de confiança, por ser credível – objetiva, rigorosa e equilibrada.

Foi tocante, em particular, a criatividade de alguns momentos.

Quem não gosta de uma boa história? E se, para além das palavras que escrevem a história, as personagens ganharem vida e contarem a história, emprestando o seu corpo e a sua voz, movimentando-se e encarnando seres outros, mágicos e enigmáticos, caricatos ou dramáticos, alimentando o nosso imaginário? Os elefantes dão boas histórias… e não se esquecem delas… por terem memória de elefante!

E não é que Arte e Ciência, afinal, andam de mãos dadas, tão próximas como velhas amigas? É algo comum um “artista” ser multifacetado, que a criação não conhece fronteiras. Um pintor que também é escritor… Uma compositora que também é performer… Um bailarino que também é cantor… Uma atriz que também é “graffiter”… Mas um(a) artista cientista ou um(a) cientista artista?!...  facto mais raro, capaz de surpreender…

Um orador confirmou-nos que sim, que têm existido pessoas de grande valor que combinam estes saberes. Têm de ser muito curiosas, estas pessoas extraordinárias. Querer saber, investigar, compreender, associar, criar, inventar, elaborar. São pessoas tais, que não esperam receitas, criam-nas, novinhas, sem precisar de instruções. Fogem à regra, pois então! Preferem estar do lado de fora da “caixa” e são maravilhosamente avessos a formatações… Talvez o termo “genial” seja o que melhor as caracteriza.

Estes seres notáveis contribuem para tornar o nosso mundo muito mais interessante, rico e emocionante. Até descobrem padrões ocultos na natureza e desvendam mistérios quiçá insondáveis para a maioria…

São seres livres e transformadores, capazes de nos inspirar.

Com um coração do tamanho do mundo, capaz de acolher todos em igualdade de acesso e oportunidades, queremos e cremos que assim sejam as nossas bibliotecas escolares, também elas capazes de nos inspirar.

IFLA: Declaração sobre bibliotecas e IA

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Potencial

Os sistemas de IA (Inteligência Artificial) têm potencial para transformar o modo como aprendemos/trabalhamos e vivemos e a gestão e serviços das bibliotecas na criação, classificação e pesquisa de conteúdo; assistência à aprendizagem e aprendizagem personalizada; realidade aumentada por IA; OCD (Optical Character Recognition/Reconhecimento Ótico de Caracteres); tradução automática e serviços mais acessíveis para todos.

Questões

No âmbito do uso de sistemas de IA em contexto de biblioteca escolar, há questões que se levantam:

  • Como é que os professores bibliotecários estão a comunicar aos alunos as potencialidades e os impactos de IA?
  • Estão a ensaiar novas formas de aprender baseada em investigação de IA, da qual os alunos são cobaias?
  • Ao familiarizarem-se precocemente com sistemas IA, criados para gerar/melhorar automaticamente conteúdos (texto, imagens, dados, códigos de programação…), os alunos poderão julgar, à primeira vista, que trabalhar não exige esforço?
  • Que competências de literacia de informação é que os professores bibliotecários ensinam aos alunos?
  • Incentivam a criação de informação/dados/História(s) sobre a comunidade local não contemplada na IA generalista e dominante?
  • Como é que os alunos estão a iniciar o seu próprio envolvimento intelectual (leitura/discussão/expressão) para que tenham pensamento crítico antes de utilizarem IA?
  • Como é que leem, escrevem e discutem factos e notícias, de modo a desenvolver o raciocínio e o espírito crítico?
  • Como é que podem procurar informação aprofundada, rigorosa e evitar resultados iguais e limitados?

Considerações

A declaração política da IFLA sobre Bibliotecas e IA estabelece considerações para a sua utilização com alunos e outros utilizadores:

  • “Deve estar sujeita a normas éticas claras (…), seguras [privacidade] e legais”;
  • Deve ser usada “significativamente”, no contexto de atividades relevantes para a vida diária dos jovens;
  • Deve ser acessível a todos e inclusiva, proporcionando “oportunidades equitativas de aprendizagem ao longo da vida, particularmente para as populações vulneráveis”.

Qual é o papel das bibliotecas e do professor bibliotecário?

A declaração política da IFLA sobre Bibliotecas e IA define o papel que os bibliotecários – e o professor bibliotecário - podem desempenhar no setor da IA.

1.

É necessário reforçar a MIL (Media and Information Literacy/Literacia Mediática e da Informação), de que faz parte a “literacia em IA” e, segundo a IFLA, esta inclui a compreensão de:

  • Como funciona/Qual é a lógica e limitações de IA e ML (machine learning/ aprendizagem automática) e dos algoritmos (“literacia algorítmica”, conforme documento) na forma como os utilizadores acedem e recebem informação;
  • Potenciais impactos sociais da IA, especialmente em direitos humanos;
  • Competências de gestão e proteção de dados pessoais – privacidade e ética;
  • Literacia mediática e da informação.

Neste contexto, os bibliotecários podem alargar as parcerias na área das tecnologias e da literacia algorítmica e digital e participar em “debates políticos sobre o que significa a IA ser utilizada ‘para o bem’”.

Para saberem ajustar os seus serviços à evolução das necessidades da sociedade, do mercado de trabalho e dos seus utilizadores, é importante que os bibliotecários reforcem a sua formação no setor.

2.

É fundamental que as iniciativas de literacia em IA sejam acessíveis, para que todos possam beneficiar - e não ser prejudicados – e fazer escolhas significativas de aplicações de IA, designadamente os grupos mais vulneráveis. Porquê?

Para:

  • “Promover a participação informada do público no diálogo político e na tomada de decisões em matéria de IA”
  • “Incentivar a transparência”, a qual deve prever “a capacidade de contestar”/reclamar o uso indevido de IA.

3.

Para além destas recomendações, a declaração da IFLA sobre Bibliotecas e IA define condições para a utilização e a aquisição de tecnologias de IA em contexto de biblioteca:

  • “Deve estar sujeita a normas éticas claras e salvaguardar os direitos dos seus utilizadores”;
  • Deve cumprir “os requisitos legais e éticos em matéria de privacidade e acessibilidade”.

Qual é o papel de associações de bibliotecas, formadores e governos?

1. Apresenta recomendações às associações de bibliotecas e formadores, das quais se destaca:

  • Defender a intervenção das bibliotecas na adaptação dos sistemas educativos às novas exigências no mercado de trabalho que a IA pode trazer;
  • “Colaborar com investigadores e programadores de IA para criar aplicações para uso das bibliotecas, que cumpram as normas éticas e de privacidade e respondam especificamente às necessidades das bibliotecas e dos seus utilizadores”;
  • Promover fóruns de partilha e “intercâmbio de boas práticas sobre a utilização ética das tecnologias de IA nas bibliotecas”.

A formação e a experiência destes profissionais em qualidade dos dados, curadoria, privacidade e uso ético de informação e literacia MIL habilita-os para esta intervenção.

2. E apresenta aos governos recomendações sobre IA:

  • Negociar com os criadores e empresas de ferramentas de IA, para que incluam exceções aos direitos de autor, para que possam ser usadas para fins de educação e investigação;
  • Dotar as “bibliotecas das infraestruturas e tecnologias necessárias” para uso de IA;
  • Assegurar que a regulamentação/legislação em IA “proteja os princípios da privacidade ou da equidade”, salvaguardando o interesse público/social da IA.

O SIG (Special Interest Group/Grupo de Interesse Especial) de IA da IFLA trabalha no sentido de implementar as recomendações para a utilização de tecnologias de IA no setor das bibliotecas, conforme constam da Declaração sobre Bibliotecas e IA da IFLA, acrescentando-lhe valor e impacto.

Publicou, a 30 de junho, um recurso não técnico sobre IA que pode ser útil aos professores bibliotecários. Apresenta um conjunto de tópicos simples, com bibliografia atual e um glossário, que pode ajudar a estruturar atividades com alunos [3].

A dinamização destas atividades é importante porque permite conhecer as perceções e utilizações dos jovens e permitem que eles saibam como foi construída, funciona, quais as melhores ferramentas, para o que se deve – e não deve – usá-la, que desafios éticos levanta, entre muitos outros aspetos. 

Referências

  1. (2020). IFLA Statement on Libraries and Artificial Intelligence. International Federation of Library Associations and Institutions. https://www.facebook.com/photo/?fbid=4003466199682295&set=a.598622580166691
  2. (2020). IFLA Statement on Libraries and Artificial Intelligence. International. Federation of Library Associations and Institutions. https://repository.ifla.org/handle/123456789/1646
  3. IA generativa para profissionais de bibliotecas e informação (rascunho). International Federation of Library Associations and Institutions. https://www.ifla.org/generative-ai/
  4. 📷 [1]

 

Biblioteca escolar: 18 anos de desafios e aprendizagem

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Há precisamente 18 anos, quando a então Presidente do Conselho Executivo me convidou para desempenhar o cargo de Coordenadora da Biblioteca Escolar no Agrupamento de Escolas de Monchique, aceitei, entusiasmada, sem quaisquer reservas. Era professora de Português, os livros fascinavam-me, desenvolvia, com os meus alunos, algumas atividades de leitura interessantes e tudo me parecia exequível e motivador. Estava longe de imaginar a odisseia que me aguardava!

Duas das bibliotecas do agrupamento acabavam de ser integradas na Rede de Bibliotecas Escolares e, mal comecei, percebi imediatamente que o cargo que assumira era muito mais complexo e exigente do que eu julgava. Questionei, então, a minha decisão, mas esmorecer nunca foi uma opção.

Começou por ser um trabalho físico, musculado, de reestruturação dos espaços e de reorganização do fundo documental. Não houve um livro (e eram muitos!) que tivesse ficado no mesmo lugar. As listagens sintetizadas da CDU foram, então, preciosíssimas. Dávamos, ao mesmo tempo, os primeiros passos nas tarefas de etiquetagem e catalogação.

Paralelamente, as ideias fervilhavam e iam surgindo atividades, novas atividades, que procuravam corresponder aos pressupostos dos normativos curriculares e aos interesses e expectativas dos alunos.

Surge, entretanto, o Modelo de Avaliação da Biblioteca Escolar. Que desafio! Por essa altura, a ação da biblioteca escolar já era reconhecida e valorizada na escola e na comunidade, graças, essencialmente, a um conjunto diversificado de atividades de leitura, que davam corpo ao Projeto aLer+ e que ultrapassavam os limites físicos do espaço escolar, conquistando adeptos. Não obstante, uma apreciação detalhada dos fatores críticos de sucesso, dos impactos nas aprendizagens e dos níveis de desempenho de cada domínio do MABE fizeram-me perceber que estávamos muito aquém de um bom desempenho. Senti-me, então, numa estrada sinuosa, semeada de obstáculos e com tantas etapas por cumprir.  Adivinhava-se, no entanto, lá ao fundo, um mar de oportunidades. O MABE era, inquestionavelmente, um instrumento pedagógico de referência e de melhoria contínua: orientava, apontava caminhos, incentivava ao trabalho colaborativo, fomentava parcerias, promovia a criatividade, incutia a vontade de fazer mais e melhor.

Também o referencial «Aprender com a Biblioteca Escolar» se revelou um guia fundamental para o desenvolvimento das literacias da leitura, da informação e dos media, enfatizando o contributo da biblioteca escolar para a aquisição de habilidades essenciais no século XXI.

Progressivamente, a biblioteca afirmava-se na escola como um polo dinamizador do saber, ao serviço da aprendizagem e do desenvolvimento das múltiplas literacias, com particular destaque para o domínio da leitura. Algumas das atividades desenvolvidas eram replicadas noutras escolas e consideradas boas práticas por entidades externas. Os relatórios da IGEC apresentavam considerações muito favoráveis em relação à dinâmica da BE, e os novos professores (que todos os anos chegam à escola) estranhavam, no início, mas, paulatinamente, iam-se tornando cúmplices, assumiam as propostas como suas e, muitas vezes, elevavam-nas a um patamar surpreendente.

Pessoalmente, tenho de admitir que o cargo de professora bibliotecária me dotou de saberes, competências e capacidades que dificilmente teria adquirido noutras funções. O trabalho em rede, quer localmente quer a nível nacional, desempenhou um papel crucial na minha capacitação profissional, proporcionando uma consistente e sistemática partilha de experiências, de recursos educativos e de estratégias pedagógicas e garantindo o acesso regular a formação contínua diversificada e de qualidade, antecipando, muitas vezes, os desafios que uma sociedade em constante mudança impõe à escola. Facultou-me ainda a oportunidade extraordinária de trabalhar colaborativamente com dezenas e dezenas de colegas de diferentes áreas e departamentos, em prol das aprendizagens, do bem-estar e do sucesso pessoal e escolar dos nossos alunos.

Por agora, já na reta final do meu percurso profissional, a biblioteca escolar, tal como a conhecemos nos últimos dezoito anos, está prestes a encerrar portas. A escola vai, finalmente, para obras. É tempo de desfazer dossiês, rasgar papéis, esvaziar gavetas e armários, encaixotar livros… preparar a saída da biblioteca para um espaço provisório. As memórias (boas memórias) cruzam-se com o movimento diário de alunos e professores, indiferentes à desorganização da mudança. Estão certos! Afinal, a biblioteca escolar é muito mais do que um espaço físico. É, acima de tudo, uma vontade, uma atitude.

Ana Paula Gervásio de Almeida,
Professora bibliotecária no Agrupamento de Escolas de Monchique, desde setembro de 2005.

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1. *Qualquer semelhança entre o título desta rubrica e a obra Retalhos da vida de um médico, não é pura coincidência; é uma vénia a Fernando Namora.

2. Esta rubrica visa apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.

3. Se é professor bibliotecário e gostaria de partilhar um “retalho”, poderá fazê-lo, submetendo este formulário.

 

Agradecimento [1]

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Em primeiro lugar, uma palavra de felicitação à Isabel e ao Jorge. Tenho que vos dizer que me sinto muito orgulhosa por partilhar esta lista de finalistas convosco, porque conheço a excelência do vosso trabalho.

Um agradecimento especial ao nosso júri que, com tanta dedicação e paciência, analisou as nossas candidaturas e que, pelo percurso profissional de cada um dos seus elementos, confere um enorme prestígio a este prémio.

Um agradecimento muito especial à Rede de Bibliotecas Escolares. Não pela criação deste prémio, mas por muito mais do que isso: pela genialidade com que alimenta todos os dias o trabalho das bibliotecas escolares; porque sonhou, em 1997, com bibliotecas escolares que fossem o coração da escola, transformador de práticas educativas, e conseguiu levar a cabo de forma tão espantosa esse desígnio que hoje as bibliotecas escolares portuguesas são reconhecidas como exemplos de inovação e criatividade.

Quando, em 2007, comecei a trabalhar em bibliotecas escolares percebi de imediato que estas eram lugares de luz, de sonho e de magia…, provavelmente já o sabia porque também como utilizadora me tinham encantado as histórias e o conhecimento contido nos livros…

Porém, não podia imaginar que, colaborativamente e em rede, construiríamos bibliotecas que são espaços flexíveis e multifuncionais, que nos permitem trabalhar múltiplas competências; que são também espaços inclusivos, porque a escola é agora de todos e esse todo significa a diversidade, diferentes percursos de aprendizagem, diferentes vivências, diferentes nacionalidades.

Não poderia também, nesse tempo, saber que viveríamos uma pandemia e que, mesmo nos momentos mais difíceis, as bibliotecas escolares não deixaram de estar presentes na vida dos seus utilizadores. Apostámos, então, numa presença digital sem precedentes, sendo que hoje oferecemos um serviço em linha de elevadíssima qualidade que nos permite chegar aos nossos utilizadores a qualquer hora e em qualquer lugar.

Testemunhar tudo isto e fazer parte deste processo de evolução, ser peça integrante desta rede que inspira, forma, constrói, desafia, estabelece parcerias, cria programas inovadores… dizia eu, testemunhar tudo isto e fazer parte deste processo de evolução é motivo de muito orgulho.

Agradeço e dedico este prémio a todos os alunos, professores, assistentes operacionais e parceiros externos do meu agrupamento que comigo têm colaborado e me têm feito crescer como profissional. Sendo impossível nomeá-los, porque são muitos, nomeio aqui algumas pessoas que me têm incentivado e inspirado ao longo deste meu percurso:

Um agradecimento à professora Sílvia Vidinha, diretora do meu agrupamento, uma entusiasta das bibliotecas escolares e de todas as propostas que tragam inovação à escola. Se não fosse a Sílvia, eu não estaria aqui, pois foi ela que me inscreveu neste prémio, apesar da minha relutância. Antes da Sílvia, ao professor Benjamim Moreira, ex-diretor do nosso agrupamento, com quem trabalhei em profícua colaboração durante 13 anos.

À minha coordenadora interconcelhia, Raquel Ramos, pelo exemplo de dedicação às bibliotecas escolares, pelas ideias criativas que me tem dado para os meus projetos, pelas palavras de incentivo quando a “espuma dos dias” nos traz pensamentos de desistência, pela exigência, porque é o querer sempre melhor que nos faz crescer enquanto professores bibliotecários.

Aos colegas bibliotecários do concelho de Viana do Castelo, exemplar comunidade de prática e grupo de colaboração e partilha.

À professora bibliotecária Nelma Nunes, minha colega e companheira de todos os dias nesta aventura que é fazer crescer as bibliotecas do Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior! Obrigada pela tua paciência, dedicação e inesgotável criatividade. Como tantas vezes dissemos uma à outra: O que seria de mim sem ti!

Por fim, mas estes são os mais importantes, agradeço à minha família pelo apoio, compreensão e carinho, porque quando a biblioteca ganha são eles que perdem. Perdem uns bocadinhos do tempo que poderia passar com eles, mas também sabem que, para mim, isso é ganhar. Ganhar a certeza de que ser professora bibliotecária significa deixarmos marcas nas vidas dos nossos alunos…

Na vida daquela aluna que, de saída para a universidade, vem à biblioteca dar-nos um abraço e dizer-nos como foi importante participar no projeto “TV na Maior” porque a ajudou a ultrapassar a sua timidez e falta de autoestima.

Mas também na vida daquele aluno que, aos 16 anos, nunca tinha lido um livro e um dia, já depois de ter vindo com a turma escolher um livro para os “10 minutos a ler” nos chega à biblioteca, muito orgulhoso, trazendo um livro debaixo do braço como quem traz um objeto precioso, e nos diz: “Professora, já li este, ajuda-me a escolher outro?”. E nunca mais deixou de frequentar a biblioteca!

Dra. Manuela Silva, permita-me dirigir-lhe agora algumas palavras, porque sei que coordena esta rede com a mesma paixão com que eu coordeno a minha biblioteca:

Dra. Teresa Calçada, dirijo-me também a si, com as mesmas palavras, porque é da sua responsabilidade a criação da Rede de Bibliotecas Escolares:

Tenho visitado muitas escolas europeias no âmbito do projeto Erasmus+ e nunca encontrei bibliotecas escolares com padrões de excelência que se comparem aos nossos. País nenhum soube ainda construir uma rede que espalhe por todas as escolas desígnio tão elevado e tão exigente.

As nossas escolas precisam muito das bibliotecas escolares e dos professores bibliotecários, porque são eles que ajudam a desenvolver o capital humano de que o nosso país tanto precisa.

Para mim, este prémio significa o reconhecimento do meu trabalho, de que muito me orgulho, é certo. No entanto, ele não me fará tomar como garantido o que fiz até agora. O meu compromisso é de continuidade e de melhoria.

Nunca tenhamos também as bibliotecas escolares como garantidas. Há sempre margem para fazermos mais e melhor.

E enquanto eu puder fazer parte desta rede, podem contar comigo.

Obrigada.

24 de outubro de 2023
Cláudia Santos

[1] Este texto corresponde ao discurso proferido por Cláudia Santos, no dia 24/10/2023, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, ao receber o Prémio Professor Bibliotecário 2023.

Llegar al corazón, por Jordi Bosch

Por Firmas invitadas

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Sigo a Jordi Bosch el suficiente tiempo en Twitter como para saber que cuando aparece en mi timeline lo va a llenar de inspiración, de […] Leer más

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Prémio professor Bibliotecário: Conheça os vencedores

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São cerca de 1400, os professores bibliotecários que, em todo o país, trabalham diariamente para que a biblioteca seja o coração da escola. Para que seja um lugar de descoberta, de exploração, mas também de partilha, de entreajuda, de criação de laços; um lugar que a todos os alunos e alunas deve acolher, apoiar na construção da sua autonomia e incentivar na reflexão aprofundada, na interrogação criativa e no conhecimento de si e do mundo.

O Prémio Professor Bibliotecário, instituído pela primeira vez em 2023, foi criado com o intuito de distinguir o trabalho de excelência nesta área profissional.

Nesta primeira edição, foi contemplada com o Prémio Professor Bibliotecário, Cláudia Vieira Santos, do Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior, em Viana do Castelo. As duas Menções Honrosas, foram entregues a Isabel Rodrigues Bernardo, do Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria, em Cantanhede e Jorge Soares de Carvalho, do Agrupamento de Escolas de Amares.

O júri deste Prémio, que realçou a enorme qualidade de todas as candidaturas apresentadas, foi constituído por Guilherme d’Oliveira Martins, que presidiu, Isabel Alçada, Teresa Calçada, Isabel Mendinhos e Sandy Gageiro.

Este Prémio só existe graças aos parceiros que, desde a primeira hora, abraçaram esta ideia.

O Grupo Leya, cuja Presidente, Dra. Ana Rita Bessa, aderiu entusiasticamente a esta iniciativa, ofereceu um valor monetário de 5.000,00 € ao Professor Bibliotecário premiado e de 2.000,00 € a cada um dos Professores Bibliotecários obsequiados com uma Menção Honrosa.

A Fundação Calouste Gulbenkian e, em particular, o Professor Doutor Guilherme d’Oliveira Martins, que apadrinhou a criação da Rede de Bibliotecas Escolares e tem acompanhado o seu desenvolvimento nos últimos 27 anos, concederam-nos o privilégio de poder atribuir este Prémio na Fundação, no âmbito do Fórum RBE 2023 – Liberdade e Transformação, que ontem se realizou.

A Universidade Aberta, representada pela Professor Doutora Glória Bastos, também se associou à iniciativa, oferendo a cada um dos finalistas uma Formação, na modalidade escolhida pelo próprio.

A Rede de Bibliotecas Escolares atribui um valor de 2.500,00 € às bibliotecas do Agrupamento de Escolas em que professor vencedor desempenha funções; e de 1.000,00 € às bibliotecas de cada um dos agrupamentos dos professores agraciados com menções honrosas.

A entrega deste Prémio, ondem realizada no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, foi particularmente emocionante, representando uma distinção que se estende a todos os Professores Bibliotecários, profissionais especialmente qualificados, que desempenham esta exigente função de forma comprometida e inovadora.

Veja uma síntese resultante dos portefólios dos professores premiados:

 

Fórum RBE 2023: Bibliotecas Escolares - Liberdade e transformação

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Hoje, no Fórum RBE 2023: Bibliotecas Escolares - Liberdade e transformação, teremos oportunidade de, juntos, celebrarmos o presente e o futuro da nossa Rede de Bibliotecas.

Imagem 1.pngSendo inúmeros os desafios que a humanidade atualmente enfrenta é imperioso à condição humana ser mais exigente sobre o seu papel no mundo, sendo para isso fundamental aprofundar o conhecimento, exercitar o diálogo e o sentido crítico.

A procura da felicidade, que é um desígnio sobre o qual todos estaremos de acordo, está ela própria relegada para uma espécie de segundo plano, substituída pela procura da sobrevivência.

O enorme feito da inteligência humana que é a inteligência artificial apresenta-nos tantas oportunidades como riscos.

Neste cenário, o saber, mas também a adaptação, a resiliência, a flexibilidade, a solidariedade e a empatia tornam-se essenciais às pessoas no sentido de as capacitar para encontrar as respostas mais consentâneas às circunstâncias específicas, conscientes de que as questões são cada vez mais globais, multidimensionais e complexas, o tempo cada vez mais acelerado e a realidade cada vez mais instável.

Para isso a biblioteca, na escola, tem por missão “acolher, apoiar, colaborar, desafiar, transformar e empoderar”[1] o que significa criar, para as crianças e os jovens, um ambiente inclusivo e seguro, um lugar onde os mais frágeis recebam alento e todos se sintam acolhidos, onde todos trabalhem em conjunto por objetivos comuns, onde a inteligência de cada um se sinta desafiada a pensar, a interrogar-se, a refletir sobre problemas, a procurar soluções e, sempre que possível, a pô-las em prática. Assim, a biblioteca será capaz de manter vivo o gosto por aprender, promovendo, de forma colaborativa, estratégias que preparem as crianças e jovens para lidarem com a incerteza, para serem mais empáticas, para seguirem caminhos individuais e coletivos de construção do saber, interligando conhecimentos, conhecendo diferentes perspetivas e pontos de vista, como base para uma melhor compreensão de si próprios e do seu lugar no mundo.

Tenho consciência de que a missão que a RBE definiu para si própria é muito exigente. Mas só o é, porque pode ser. Porque somos uma rede e temos a força de ser uma rede. Uma rede de pessoas, que abrange quem está mais diretamente implicado no desenho e na operacionalização dos programas e dos projetos, quem quotidianamente desenvolve a ação, os nossos professores bibliotecários e os assistentes de biblioteca, passando pela indispensável coordenação intermédia e dedicação dos nossos coordenadores interconcelhios e, por fim, pelo Gabinete RBE que define e gere os fios condutores desta rede.

A diferentes níveis, local, regional, nacional e internacional, a RBE conta com muitos parceiros que enriquecem a sua ação.

E tudo isto, tendo em vista aqueles que queremos que sejam os atores principais, os nossos alunos, para quem trabalhamos no sentido de que desenvolvam "saberes e competências indispensáveis numa sociedade cada vez mais dinâmica, imprevisível, digital e global." [2]

O Fórum RBE, estou certa, trará pensamento e novos contributos sobre as questões mais emergentes da atualidade, ajudando-nos a refletir sobre as alterações necessárias à escola e à educação, com tradução na biblioteca escolar enquanto lugar de leitura, de desenvolvimento de literacias, de acesso à cultura e conhecimento do mundo, de encontro, de interação, de co construção e enriquecimento do património da humanidade, garante que é de valores civilizacionais essenciais à condição humana como a liberdade e a democracia.

[1] Bibliotecas Escolares: Presentes para o futuro. Programa Rede de Bibliotecas Escolares: Quadro Estratégico 2021-2027. Lisboa, p. 27.

[2] Idem.

Porque é que o nosso futuro depende das bibliotecas, da leitura e de sonharmos acordados.

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O Que Se Vê da Última Fila é um livro sobre paixões. Num tom intimista e pessoal o leitor ficará a conhecer discursos, ensaios e introduções de livros do próprio Neil Gaiman[1] ou de outros autores que admira, mas também algumas pessoas e escritores que influenciaram reflexões significativas para o autor. 

No mês em que se festeja, por esse mundo fora, a relevância das Bibliotecas Escolares e no Dia da Biblioteca Escolar em Portugal, fica o convite para (re)ler um dos capítulos deste livro - Porque é que o nosso futuro depende das bibliotecas, da leitura e de sonharmos acordados.  Trata-se do discurso feito, em Londres, em 2013, na Palestra da Reading Agency[2], cujo tema principal é o ato de ler e os efeitos da leitura e das mudanças que se ocorrem em nós, mas não só. Esclarece-nos sobre o poder da imaginação, o valor inestimável da palavra, de como a leitura de ficção ajuda a criar empatia e de como a descoberta da leitura é, por si só, um prazer.

Partilhamos da ideia de que todos nós temos a obrigação de falar de leitura e de livros, afinal, segundo nos dizem, “tudo muda quando lemos.” Naquela noite, na palestra, Neil Gaiman proclamou uma verdadeira ode à leitura, às bibliotecas e aos bibliotecários. 

Falou dos bibliotecários da sua vida, homens bons, que “gostavam de livros e que os livros fossem lidos”, uns verdadeiros ilusionistas, fazendo aparecer os mais incríveis livros sobre fantasmas, foguetões, vampiros, bruxas, prodígios, aventuras ou outros. Não eram snobs em relação às escolhas e preferências dos leitores, verdadeiros divulgadores das novidades editoriais, pedagogos na arte de requisitar livros em qualquer biblioteca, e na literacia da informação. Conseguiam a preciosidade de tratar os leitores com respeito.

As bibliotecas têm que ver com liberdade.”

Liberdade de aceder.
Liberdade de ler.
Liberdade de perguntar.
Liberdade de criar e imaginar.
Liberdade de refletir, descobrir e pesquisar.
Liberdade de comunicar.
...

Uma biblioteca é um lugar que serve de repositório da informação e permite a todos terem igual acesso à informação. […] é um espaço comunitário. “

As bibliotecas são espaços democráticos. Inclusivos.
Lugares de aprendizagem, de colaboração e cooperação.
Lugares de acessibilidade e conhecimento.
Lugares de imaginação e criatividade.
Lugares do “público, antes de ser o das coleções[3].
Lugares de descontentamento. Só os insatisfeitos “podem mudar e melhorar os seus mundos, deixá-los melhor do que os encontraram, torná-los diferentes.”
Lugares de conforto.
Lugares seguros, acolhedores e verdadeiros refúgios do mundo.
Lugares de leitura.
Lugares onde se cruzam a literatura, a arte e a ciência, o impresso e o digital, o áudio e o silêncio.
Lugares onde todos cabem.

Temos a obrigação de ler em voz alta aos nossos filhos. De lhes lermos coisas de que eles gostem. (…) De fazermos vozes, de as tornarmos interessantes e de não deixar de lhes ler só porque eles já sabem ler sozinhos. Temos a obrigação de usar esse tempo de leitura em voz alta como forma de fortalecer os laços que nos unem, um tempo em que não estamos a olhar para o telemóvel, em que pomos de parte as distrações do mundo.

As crianças e jovens que escutam o som das palavras ou que leem em voz alta com os pais, educadores, familiares ou amigos ampliam o sentido do texto, aguçam a curiosidade, esboçam os lugares mais inimagináveis e melhoram a sua relação com o mundo e com os outros.

A leitura pode não salvar, mas poderá ser prazerosa e isso é bom, muito bom. Devemos mostrar ao mundo que ler é uma coisa boa, inspiradora.

Deveremos dar a ler, abraçando diferentes géneros literários, e não esquecendo que a leitura de ficção é um ato de fuga. Oferece-nos o sabor da conquista de “lugares e mundos que de outra maneira nunca conheceríamos”, possibilita-nos o exercício da imaginação. Liberta-nos da realidade.

 Precisamos de bibliotecas. Precisamos de livros. Precisamos de cidadãos letrados.”

Nós, leitores, pais e educadores, cidadãos do mundo, temos o dever de apoiar as bibliotecas e “incentivar os outros a frequentá-las, de protestar contra o encerramento de bibliotecas.” Frequentar bibliotecas é valorizar a literatura, as artes e as ciências, as literacias, mas também dar voz a muitas vozes. É acreditar no futuro e não esquecer o passado.

Por último, ecoam, em nós, as palavras de Neil Gaiman:

Temo que, no século XXI, as pessoas não percebam o que são as bibliotecas e para que servem. Se pensarmos nas bibliotecas como sendo estantes de livros, a ideia poderá parecer-nos antiquada ou ultrapassada, especialmente numa época em que a maioria dos livros, embora não todos, estão disponíveis digitalmente. Mas pensar assim é falhar o essencial.”

Acreditemos no poder das bibliotecas, do livro e da leitura, mas também da palavra e da informação.

Acreditamos que ler poderá fazer a diferença.

Notas

[1] Neil Gaiman é autor de vários bestsellers, tais como Coraline e a Porta Secreta, Deuses Americanos, Mitologia Nórdica, O Oceano no Fim do Caminho, entre outros. Muitos são os títulos publicados em Portugal. Ao longo da sua carreira, foi distinguido com importantes prémios, entre os quais Newbery, Carnegie, Hugo, Nebula, World Fantasy, Will Eisner.  Neil Gaiman é romancista, dramaturgo, guionista para cinema e televisão, criador de novelas gráficas e BD.  Nasceu em Inglaterra, mas atualmente vive nos Estados Unidos da América, onde é professor na Bard College.

[2]  Reading Agency – uma” instituição de beneficência cuja missão é a de conferir oportunidades de vida idênticas a toda a gente, ajudando-as a tornarem-se leitores convictos e entusiastas. Uma instituição de beneficência que apoia programas de literacia, bibliotecas e indivíduos, e que, de forma pura e desinteressada, incentiva o ato da leitura. “Saiba mais em: https://readingagency.org.uk/

[3] Expressão usada por Michèle Petit, no livro Ler o Mundo.

Rede de Bibliotecas de Braga

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No dia 17 de outubro 2023, pelas 10h30, no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, foi apresentado o Plano Anual de Atividades da Rede de Bibliotecas de Braga 2023/2024, que baseia a sua ação em quatro grandes eixos: promoção da leitura e das literacias; cidadania, diversidade e inclusão; preservação do património imaterial e da memória; formação e capacitação.

A cerimónia, integrada nas comemorações do Mês Internacional da Biblioteca Escolar serviu também para a apresentação publica do novo Website da Rede de Bibliotecas de Braga, resultado de uma candidatura ao Programa da Rede de Bibliotecas Escolares no âmbito das “Redes Concelhias”, em 2022:

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A Rede de Bibliotecas de Braga é composta por diversos parceiros que trabalham em conjunto para alcançar um objetivo comum: estreitar a ligação entre as Bibliotecas Escolares do concelho, a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, o Município de Braga e a Universidade do Minho, bem como outras instituições de ensino profissional e universitário e as bibliotecas de juntas de freguesia que integram a rede e a Casa do professor. Atua como uma rede colaborativa que visa criar, organizar e gerir projetos de intervenção e colaboração na área das Bibliotecas, proporcionando troca de experiências, formação e dinamização das bibliotecas do concelho, no acesso ao livro e à promoção da leitura e das literacias.

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